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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

PAZ Conciliadora!

Falar de paz parece-me algo tão complicado, especialmente quando o mundo está cada segundo mais e mais carente desse sentimento.

“Sentimento”? Será que se todas as pessoas sentissem a paz dentro de si as coisas estariam do jeito que estão ou do jeito que já foram quando estouraram guerras mundiais?

Sentir paz garante que tenhamos paz? Por muitas vezes estive em paz, porém, do lado de fora não havia nenhuma. Por quê? Penso que a falta de paz do outro acabava invadindo a minha calmaria e bagunçava com tudo! De quem seria a culpa? Dele porque me incomodava com seu desassossego ou minha porque me fechava em concha para o resto do mundo? Estaria eu vivendo um tipo de paz egoísta, então? Ou o outro estaria desprovido de algo que ele nem sequer desejaria sentir?

Trabalho diariamente com muitas pessoas, algumas nunca vi na vida, outras vejo toda santa hora e noto que a sensação de paz aparece sempre nas mesmas pessoas enquanto em outras a paz é inexistente, pelo contrário, travam batalhas e até verdadeiras guerras contra si e, lógico, contra os que estão à volta. Parece que sentir ou ter paz está relacionado com nossa disposição diante da vida, isto é, se eu me prontifico a ser “da paz”, provavelmente, minhas atitudes refletirão isso e não digo que ser “da paz” signifique ser “mosca morta”, hein! Nada disso! Talvez por essa razão muita gente menospreze quem seja conciliador, quem busque a paz em si e a transmita aos demais como o fez Mahatma Ghandi (1869-1948), por exemplo, que mesmo não tendo se valido de armas nem de atos violentos, conseguia apoio e adesão nas suas lutas, por isso lutar também não precisa, necessariamente, ser um ato de rebeldia, não precisa estar atrelado a nenhum tipo de arma que fira fisicamente outras pessoas, e muito menos, não precisa de armas psicológicas, que coagem, que humilham e deturpam a dignidade, em certas ocasiões ferem mais que um tapa!

A paz conciliadora que propus é aquela que precisa ao menos de dois lados para que, de fato, reine harmonia em mim, em ti, em nós.

Jesus, o Filho de Deus, alguém que experimentou e viveu neste mundo sabia o que estava dizendo aos apóstolos:“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize!(Jo 14,27).”

A paz que nos é dada pelo mundo está muito aquém da paz que Cristo estava deixando, por isso muitos procuram por esta última como quem busca um tesouro no fim do arco-íris, afinal, já devem ter experimentado a paz do mundo que não lhes satisfez plenamente.

Desejo que cada ser humano experimente a paz que não se abala com o barulho lá de fora, que não se fecha em si mesma, ao contrário, está voltada 360° para o próximo porque só assim a Paz Conciliadora pode sobreviver.

Este texto faz parte do Blog Blast for Peace promovido por Mimi Lenox.

“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize!(Jo 14,27).”

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

“Sempre fica um pouco de perfume…”

Todos tivemos e os que ainda frequentam os bancos escolares devem ter uma lista dos seus bons e maus professores e, inevitavelmente, mesmo que não gostemos de lembrar deste ou daquele, cada um compôs o mosaico de nossa carreira estudantil. Da mesma forma, para eles sempre haverá aquele “pestinha” a infernizar suas aulas, o “matraca” a disputar as atenções, outro “desligado” que parece estar sempre longe e tantos tipos característicos que bem sabemos existir entre os alunos.

Enquanto aluna fiz o tipo “muda” durante o fundamental e só no magistério é que acabei me desinibindo, já na faculdade interferia nos bons debates e mergulhava nos estudos em grupo, sugerindo e puxando os trabalhos em muitas das vezes. Do outro lado, no pouco tempo em que lecionei, fosse estagiando ou recebendo para isso, convivi com várias faixas etárias e comunicava-me bem com todas, exceto com alguns adolescentes, pois, faltava-me a experiência e a maturidade, creio que me viam como “uma deles” e isso era péssimo! O respeito e a disciplina nem sempre aconteciam de forma satisfatória, exauriam-me as forças! De qualquer maneira, essa troca fez com que eu crescesse e apreciasse ainda mais a profissão pela qual me apaixonei um dia.

E, estereótipos à parte (ou não), lembro-me de muitos professores e professoras e , provavelmente, você tenha tido alguns semelhantes: minha primeira série foi marcada por uma “tia” bastante apática e sem graça, focada apenas no be-a-bá, ao contrário da professora subsequente que elogiava e, ao mesmo tempo, ralhava pelo excesso de páginas que eu preenchia nas redações (cinco ou seis) – ainda padeço desse mal! Entre a turma chegou a ficar afastada pelo descuido com as cordas vocais, punha emoção demais nelas! No terceiro e quarto anos do fundamental as “tias” eram, respectivamente, carinhosa e dada a ter alunos auxiliares em classe.

Da 5ª a 8ª séries alguns se destacavam por detalhes interessantes: uma professora de ciências que a todos cativava; um professor de história que nos levava a passeios para universidades e outros lugares fora da sala, uma figura com seus óculos fundo de garrafa; a professora de estudos sociais revoltada com “sistemas” fazia-nos sentar em círculo para não reproduzir a hierarquização social; um de matemática que nutria amor pela disciplina e pela educação, especial, mesmo para mim que preferia as letras aos números.

No ensino médio cursei o magistério e por lá houve vários mestres e mestras direcionando futuras(os) profissionais da educação. Uma que marcou não só a mim, mas, toda turma que se defrontasse com ela, professora de metodologia do ensino da matemática, tínhamos que ler vários livros das coleções “Vivendo a Matemática” e “A descoberta da Matemática”, resumir e propor atividades, era um suplício, entretanto, aprendíamos muito! Igualmente a professora de inglês precisava recuperar tempo perdido e guiou-nos por vários títulos da “Literature for beginners”; a de Alfabetização encantava-me assim como o de Psicologia, senti por não serem disciplinas com mais horas na grade. Na faculdade, recordo alguns: o bom e idoso professor de Latim fez-me aprender sintaxe como nunca; o mesmo professor que lecionou Teoria da Literatura no primeiro ano, também lecionou Literatura Brasileira no último ano e beirava a crueldade, às vezes, tamanhas eram as suas exigências! E a minha preferida foi a professora Lídia, de Produção de Textos, e, não fossem alguns percalços e frustrações acumuladas, eu teria feito especialização na referida disciplina, quando decidi recusar a chamada. Coisas da vida! Ela também me ensinou muito, porém, meus educadores ensinaram mais!

Impossível descrever tantos outros, porém, todos deixaram suas impressões, fossem boas, outras nem tão boas assim e, mais que impressões, deixaram conhecimento e um mundo a ser explorado a quem quisesse descobri-lo.

Hoje dedico sinceros agradecimentos aos professores que fizeram parte da minha trajetória escolar, deixando um pouco de si ou mesmo muito, cabendo completar o título do post: "...nas mãos de quem oferece flores!".

Compartilharei uma leitura que surgiu daqui e foi parar ali, resumindo quão importante, inovadora e desafiadora pode ser a arte de educar.

A cabeça e o coração dos professores são as coisas mais importantes.” ALVES, RUBEM. Revista Ler & Cia. Ensino: Novos caminhos para a educação. ed.28, p.17, set/out. 2009.

blackboard

Este texto é parte da Blogagem Coletiva “Professores do Brasil” proposta pelo Valdeir do Blog Ponderantes

Fonte da imagem: Google

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Blogagem Coletiva - O Filme da Minha Vida - PLEASANTVILLE

O filme “A vida em Preto e Branco (1998),versão do original: Pleasantville, tem Tobey MacGuire (Homem-Aranha) e Reese Whiterspoon (Legalmente Loira), como irmãos, interpretando cenas que vão nos conduzir pela cidadezinha pacata do seriado Pleasantville, década de 50, para onde são transportados (e, juntamente com os personagens, também somos nós!), subitamente, em meio a uma briga pela posse de um estranho controle remoto. O elenco é composto por Jeff Daniels, Joan Allen e William H. Macy entre outros.
Aparentemente é um filme sem grandes efeitos especiais se comparado a alguns aos quais estamos acostumados, contudo, é exatamente nisso que reside toda a magia da trama. A transformação dos personagens é acompanhada das cores que vão se propagando aqui e ali, a começar por uma rosa vermelha. Onde tudo era “perfeito”, coisas acontecem à revelia de uma cidade pautada pela organização, pela ordem, pela mesmice.
Usamos diariamente palavras que conotam significados para expressar o que somos, fazemos ou sentimos em relação ao mundo, por exemplo: Fiquei bege com aquela pergunta! Estou roxo de raiva! Ele é flamenguista roxo! Fiquei vermelha de vergonha! Está até verde de náuseas! Estou azul de fome! Entre outras expressões que você já deve ter dito ou ouvido. Cores são importantíssimas, não só para alegrar ambientes, objetos, vestimentas, etc., elas carregam significados vários, estuda-se cromoterapia,
psicologia das cores entre outras que abordam o assunto a fim de modificar o mundo, ou melhor dizendo, pessoas, de alguma maneira.
Neste filme, em especial, as cores são a metáfora de um mundo em transição constante. A alegria e o medo, do que é novo e diferente, serão revelados de diversas formas.
A VIDA EM PRETO E BRANCO, certamente, é um filme para entreter e fazer pensar: que cores estão saturadas em minha vida e quais ainda faltam para completar o arco-íris dela?

Como toda opinião particular, digo por mim, que é um filme
M-A-R-A-V-I-L-H-0-S-0!
Para mais dados sobre sinopse, elenco e ficha técnica, siga o link do blog
Filmes com legenda











Fonte de imagens: Google

domingo, 26 de abril de 2009

ENCONTROS E DESENCONTROS

Amigos da blogosfera, estou em dívida com alguns, pois, nos últimos dias não tive o tempo necessário para comentá-los, aqui e ali consegui ler alguns posts, porém, acredito que todos tenham, em algum momento, essas dificuldades (nem cabe citá-las tão banais parecerão e empobrecerão deveras o blog...rs! Deixarei o mistério no ar!). De qualquer modo, agradeço sempre os que, apesar disso, continuam a ler e comentar meus posts. Fico muito feliz!
E, aproveitando o gancho desses "desencontros" que bem conhecemos pela blogosfera afora, e, principalmente, pela vida toda, venho expor o conto que escrevi com carinho especial para o blog Palavrentas e Escrevedores, proposto no evento realizado ontem, intitulado "Encontros e Desencontros", aliás, foi um exercício ótimo desenferrujar as ideias nesse sentido, pois, quem já me acompanha, sabe bem que adoro escrever, contudo, aqui no blog evito mostrar tanto o que produzo nesse sentido porque não me sinto à vontade para fazê-lo, sabe, aquele medo do ridículo que deixa a gente viver pelas metades, é por aí!(rs). Entretanto, tem vezes que nos propomos a deixar isso de lado e ver no que dá! Então, deu nisso...

Uma chance para amar

Repentinamente, corpos se esbarraram, olhos se cruzaram e pedidos de desculpas foram simultaneamente pronunciados, enquanto mãos, desajeitadas e apressadas, tocavam-se ao retirar do chão toda papelada que havia caído. Até aqui nenhum deles havia chegado tão perto um do outro, embora trabalhassem todos os dias na mesma repartição.
O dia transcorreu aparentemente igual, entretanto, pensamentos e sensações os inquietaram dali por diante. Como poderia um simples esbarrão despertar pessoas tão diferentes? Enquanto ela repetia há meses para si que jamais permitiria ser magoada novamente, ele se abria para cada chance que a vida ameaçava lhe dar.
Poucos dias foram necessários para que eles deixassem a lacuna da indiferença ser preenchida por mais olhares e alguns sorrisos entrecortados pela timidez fugaz. A curiosidade aumentava consideravelmente na proporção em que o tempo passava, a ponto de não conseguirem disfarçar o despretensioso interesse. Que sentimentos alimentavam realmente?
Ele logo decidiu dar o primeiro passo, afinal, havia algo no ar que sinalizava positivamente. Enviou um enorme arranjo de flores campestres e um bilhete que dizia: Quero encontrá-la hoje. Aguardarei ansioso pela conversa. Segue meu e-mail e telefone. Até lá!
A surpresa foi agradabilíssima, que mulher não se lisonjearia? Ela, porém, não se deixou arrebatar mesmo assim. Respondeu que tinha um compromisso importante naquele horário.
Outras tentativas e o encontro ficou adiado. Ele não compreendia o porquê de tamanho distanciamento, apesar dos constantes e, recentemente, mal-disfarçados olhares, não se conformava com as inúmeras desculpas esfarrapadas e a falta de assertividade com que ela o repelia. Ela mortificava os próprios sentimentos.
Entretanto, ao terminarem o expediente, certo dia em que uma chuva torrencial desabava dos céus, ele, desprecavido de um guarda-chuva, aproximou-se a convite dela para chegarem até o ponto onde haviam estacionado. A enorme sombrinha pouco os ajudou debaixo de tanta água, falavam efusivamente sobre aquilo, quando, no instante em que ambos chegaram até o carro dele, houve um silêncio abrupto e, sem mais nenhuma palavra, os sentimentos tornaram-se transparentes, pareciam ter sido lavados pela grossa chuva, um beijo demorado e ardente os desarmou por completo. E, naquele resto de tarde o tempo parou, só havia eles, mais ninguém.
Chamado para trabalhar fora daquele Estado, algo que há algum tempo almejava, Victor decidiu obter uma resposta concreta de Louise, afinal, já não eram apenas amigos como antes, um passo importante poderia ser dado, bastava ela consentir, porém, todo aquele medo que a paralisava fez com que ele resolvesse partir sem resposta. Passaram-se meses de tristeza, o sentimento de frustração dele não destoava muito daquele de arrependimento dela.
Certa ocasião, num desses feriados prolongados, ela o viu de relance, o coração disparou, as mãos ficaram trêmulas e, por um segundo, ousou desvencilhar-se das amarras que mantinham seus sentimentos estancados desde que fora abandonada sem nenhuma explicação à porta da igreja, apenas uma frase ecoava nas suas amargas lembranças: querida, sinto muito, não posso fazer isso! Como assim? O que aconteceu? O que fiz de errado? Pensava ela, enquanto milhares de outras perguntas eclodiam em sua cabeça, e ainda houve, por parte do noivo, um beijo de Judas na despedida daquele fatídico dia.
Agora havia uma centelha de esperança em recuperar sua autoestima, ali estava alguém que fazia enorme diferença em sua vida como nunca pudesse crer que haveria. Ainda atordoada, pôs-se atrás e, sem que pudesse dar novo passo, esteve perplexa ao notar a presença do recém-nascido que uma mulher acabara de reclinar no colo dele. Não havia nada que refutasse a prova cabal do que presenciara. Victor a esquecera e dera continuidade à vida, aliás, nova vida se fez. A culpa era dela, a felicidade era dele.
Voltou à estaca zero, fechou-se novamente e acreditou que não teria alguém com quem compartilhar a velhice, caso chegasse até lá. Seu destino estava desgraçadamente traçado, solidão seria sua companhia eterna.
Já em casa, jogou-se no sofá, acabou-se em lágrimas, sentiu-se ridícula ao imaginar que tanto tempo depois ele manteria intactos em seu coração os poucos e maravilhosos momentos. Pior sentia-se ao lembrar da alegria estampada no rosto dele segurando aquela criança.
A campainha tocou insistentemente. Como Louise não atendesse, um bilhete surgiu pela fresta da porta: Quero encontrá-la hoje. Aguardarei ansioso pela conversa. Segue meu e-mail e telefone. Até lá!
Embora muito confusa, viu reacender ao longe a chama do sentimento que acreditou nunca ter encontrado ou merecido.
Frente a frente, mal-entendidos foram desfeitos, ele pôde entender porque ela o afastava, apesar dos sentimentos à mostra, enquanto Louise soube que o bebê não passava apenas de um sobrinho querido. Puderam conversar horas a fio, sem meias palavras, sem desculpas, sem medo, sem nenhum segredo.
Dali por diante foram inúmeros telefonemas e e-mails. O que pareceu apenas um flerte no início e uma relação fadada ao fracasso por conta da distância, culminou em muitos encontros que compuseram uma história de amor.
Naquele dia, Louise esteve com os nervos à flor da pele, convidara os amigos e sua família esperava ansiosamente pela união promissora do casal. Felizmente, os sinos da igreja anunciaram a alegria de ambos, contrariando todas as expectativas mutiladas pelo passado.
Logo vieram filhos, o tempo passou... Bodas de ouro, bisnetos e uma certeza de que o amor merece uma chance toda vez que houver desencontros pelos caminhos desta vida.

Fonte da imagem: Google

sábado, 18 de abril de 2009

Blogagem Coletiva - Quem foi seu Monteiro Lobato?

Memórias de uma leitora

Prefácio
Falar sobre o 18 de Abril, Dia Nacional do Livro Infantil e de seu representante maior Monteiro Lobato não é tarefa fácil, todavia, muito gratificante porque o prazer de brincar com as palavras e recontar coisas passadas não se mensura, um misto da literatura na vida e da vida na literatura. Incomparável, sua obra infantil deixou marcas em minha geração, deixará também para as subsequentes posto que é imortal.

Capítulo 1 – em casa: o pontapé inicial da literatura
Meu pai, que fora criado com o mínimo de estudo, na base da enxada, em nossa infância, contava a mim, ao meu irmão e minha irmã, basicamente duas histórias: João e Maria, em que a parte mais interessante era a tensão de saber se a bruxa descobriria a mentira das crianças na tentativa de se livrarem dela e, Ali Babá e os 40 ladrões, desta que ficou marcada a célebre frase “abre-te Sésamo!”, funcionava como mágica num mundo distante e diferente do nosso cotidiano. Coitado de meu pai! O seu repertório era composto apenas por estas e sempre pedíamos para que ele as repetisse, mil vezes que fosse!
Capítulo 2 – o primário: caminho das letras
Aos sete anos e meio iniciei a primeira série. Aprendi o alfabeto no velho método da abelhinha, quem se lembra? Em cada letra uma história, um som, uma grafia. As dificuldades eram substituídas por muitas repetições com a introdução de fichas no alfabeto silábico.
Já no ano seguinte, descobri a escrita de outra forma: produzindo redações: temas livres ou direcionados, não importava, eu queria muito inventar situações e pessoas, tanto que a professora chegou a pedir certa vez que eu preenchesse um pouco menos que cinco ou seis páginas dos pequenos cadernos de brochura, afinal, aquilo não era para ser um livro!
Na terceira série fui premiada com um coelhinho “Quick”, por ter escrito a melhor história numa competição entre os colegas da turma. Esse “troféu” dormiu, passeou e ficou ao meu lado por muito tempo.
Por essa época estava a frequentar a biblioteca, por ser um colégio novo não tinha muitos livros, contudo, dentre os que li, apenas uma coleção, em especial, passou a fazer parte das minhas várias idas e vindas naquele lugar:
Anita, escritos por Marcel Marlier e Gilbert Delahaye. Como toda criança, buscava algo que chamasse a atenção pelos sentidos: os olhos viram as capas duras e as lindas ilustrações. O cheiro do livro levava-me a viajar junto com a protagonista nas diferentes histórias. Folheá-los era a certeza de encontrar um pouco mais de aventura, podia, inclusive, ouvir as vozes, os sons...
Posso dizer que foi o marco zero de minhas leituras e elegê-la como alusiva ao meu Monteiro Lobato remonta a estas memórias, concomitantemente, Lobato apareceu-me de outro modo: pela televisão através dos muitos episódios exibidos no programa Sítio do Pica-pau Amarelo. Era um vício assisti-los todas as tardes, certa vez cheguei a sonhar com o Minotauro tentando me encurralar num labirinto, foi muito pior que sonhar com a Cuca! Meu personagem favorito era o Visconde de Sabugosa, tão culto e cheio de explicações inteligentes, fazia um ótimo par com a Emília nas suas intermináveis filosofias e ideias.
Na 4ª série tomei “ares de professorinha”, pois a “tia” cultivava o hábito de seus alunos serem auxiliares em classe: escrever na lousa, confeccionar cartazes, ajudar os colegas com dificuldades, etc. Coloquei na cabeça que seria professora no futuro.
Capítulo 3 – o ginasial: tomada de decisões
Da 5ª a 8ª séries a coleção Vaga-Lume, que acredito ter sido uma coqueluche entre professores e alunos da época, foi outra que apreciei muito, tendo lido vários, dentre eles alguns como: O Mistério do Cinco Estrelas; Sozinha no Mundo; A Ilha Perdida; Açúcar Amargo; Aventuras de Xisto; Deus me Livre!; O Caso da Borboleta Atíria; Os Barcos de Papel ; Xisto e o Pássaro Cósmico; Xisto no Espaço; etc.
Nesta fase, o estudo da Língua Portuguesa, além de Inglês e Estudos Sociais eram as disciplinas que mais me agradavam.
A partir da 7ª série comecei a trabalhar. O mundo foi ficando mais complexo, difícil e, ainda assim, com muito esforço conseguia manter meus estudos de modo saudável, não tanto quanto antes que só me dedicava a eles, porém, jamais deixei de ser uma boa aluna, uma boa leitora.

Capítulo 4: 2º grau profissionalizante – o Magistério
Meu sonho de ser professora teve seu início, meio e fim, infelizmente, o fim foi FIM mesmo. Cursei-o com dificuldades por trabalhar no comércio, contudo, jamais o releguei ao segundo plano: dormia tarde, sacrificava feriados e finais de semana, férias nem as tive para cumprir meus estágios. Já formada, travei batalha com o sonho perante a realidade, esta última foi dura e deixou que o primeiro sucumbisse diante dos obstáculos. Boa teoria e vontade não bastaram para seguir adiante, eram necessárias “provas de títulos” ou salários ínfimos, ambos não me eram possíveis naquele momento. Fazia parte de uma família, almejava construir a minha também e era preciso algo concreto. O sonho acabou por ora.
Capítulo 5: curso superior – Letras: orgulho de ser
Pedagogia ainda foi uma ideia que alimentei por um tempo, logo trocada pelo curso de Letras, sugerido por meu marido (namorado ainda na época). Jamais houve arrependimento, creio que foi a melhor coisa que fiz depois do magistério. Ambos corroboraram para tornar-me alguém muito melhor. Cheguei a lecionar inglês em escola particular para crianças, provei que era capaz, fui feliz, entretanto, a vida faz das suas, precisei tomar novo rumo, priorizar pessoas e coisas. Comecei a trabalhar na área da saúde com a burocracia onde continuo até hoje.

Considerações finais
Síntese é algo que tenho trabalhado ao longo da escrita e ao longo da vida, porém, bem sabemos que é quase impossível reduzir tantas histórias e tantas memórias em poucas palavras. Tentei ao máximo e peço sinceras desculpas se meu caro amigo leitor ficou enfadado, a intenção não era essa, de modo algum. A intenção maior foi suscitar algo, por mínimo e simples que fosse, de Monteiro Lobato em suas muitas e muitas criações. Minhas memórias podem não ter o glamour das aventuras de seus mais famosos personagens, porém, como foi proposto pela blogagem coletiva do
Fio de Ariadne, apoiada por Jorge Zahar Editor, apontei pessoas, fatos e autores que trilharam comigo esta trajetória no mundo da leitura. Assim se fez. Assim se faz. Era uma vez. Nada mais.
Fonte de imagens coleção Anita: site Editora Verbo
Fonte das demais imagens: Google

segunda-feira, 9 de março de 2009

Blogagem Coletiva - Inclusão Social

Assunto vasto esse da inclusão social... a princípio pensei escrever algo especificamente sobre o âmbito escolar, afinal, a escola é o meio mais eficaz formador de ideias e opiniões, é ali que encontramos professores e livros abertos ao conhecimento dinâmico e fomentador, é na escola que nos deparamos com o diferente, com o heterogêneo, com os preconceitos e tudo mais, ali também podemos debater e mudar pensamentos e atitudes, contando, claro, com o apoio de todos que estão inseridos direta ou indiretamente nessa realidade. Daí me perguntei: e quem não tem ou teve esse espaço de descobertas, feito sob medida para educar, o que faz nesse mundão de meu Deus? Ah! Como bons brasileiros que somos, logo descobri algo que me chamou a atenção e respondeu à pergunta que não calava. Embora não saibamos ou talvez, até ouçamos e deixemos de lado como algo menos importante, a educação apreendida fora dos bancos escolares acontece e inclui as pessoas proporcionando uma "dignidade" que, nem sempre têm tal acesso. Lembrei de uma avozinha na classe de alfabetização de adultos, junto da neta de 7 anos, uma ensinando a outra: isso me comoveu e, hoje, ao abordar assunto tão sério como o da inclusão social, senti-me egoísta tratar somente do que está dentro dos portões da escola. Não me entenda mal! Aliás, conteúdo esclarecedor e detalhado consta nesse link para quem quiser saber mais:http://www.redebrasil.tv.br/salto/boletins2002/ede/edetxt1.htm
Sou defensora de um país que valorize a classe dos professores e se empenhe muito, mas, muito mais mesmo para ter educação de melhor qualidade em todas as esferas, especialmente, incluindo as PPD (pessoas portadoras de deficiência - seja física, auditiva, visual ou mental), afinal, de dentro das escolas devemos esperar pessoas melhores. E, sob este ponto de vista, devo entender que, quanto menos favorecidos, mais dificuldades encontrarão, tanto sócio quanto economicamente, aqueles que, diferentes de você e eu, não puderam sentar num banco escolar e, ao contrário do que possa parecer, essas pessoas têm muita sabedoria no seu jeito peculiar de conduzir a vida, sendo incluídas por seus valores culturais por outras que aprenderam no banco escolar a dar importância às coisas singelas que poderiam passar despercebidas.
Em poucos minutos a gente consegue abstrair uma alegria de viver, como a dona Valdênia mesma diz: "e cantar no palco, no meio dos colegas, pra mim é uma formatura..." veja:



http://www.youtube.com/watch?v=xhT6OOejWZc
Vídeo gravado no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, como parte do projeto "Memória dos Brasileiros", desenvolvido pelo Museu da Pessoa.
CRÉDITOS
Imagens: Eduardo Barros e Rafael Buosi;
Edição: Eduardo Barros;
Pesquisa e Entrevista: Thiago Majolo, Cláudia Leonor,
Winny Choe e Antônia Domingues;
Coordenação: Cláudia Leonor;
Produção: Sérgio Milleto.