Falar de paz parece-me algo tão complicado, especialmente quando o mundo está cada segundo mais e mais carente desse sentimento.
“Sentimento”? Será que se todas as pessoas sentissem a paz dentro de si as coisas estariam do jeito que estão ou do jeito que já foram quando estouraram guerras mundiais?
Sentir paz garante que tenhamos paz? Por muitas vezes estive em paz, porém, do lado de fora não havia nenhuma. Por quê? Penso que a falta de paz do outro acabava invadindo a minha calmaria e bagunçava com tudo! De quem seria a culpa? Dele porque me incomodava com seu desassossego ou minha porque me fechava em concha para o resto do mundo? Estaria eu vivendo um tipo de paz egoísta, então? Ou o outro estaria desprovido de algo que ele nem sequer desejaria sentir?
Trabalho diariamente com muitas pessoas, algumas nunca vi na vida, outras vejo toda santa hora e noto que a sensação de paz aparece sempre nas mesmas pessoas enquanto em outras a paz é inexistente, pelo contrário, travam batalhas e até verdadeiras guerras contra si e, lógico, contra os que estão à volta. Parece que sentir ou ter paz está relacionado com nossa disposição diante da vida, isto é, se eu me prontifico a ser “da paz”, provavelmente, minhas atitudes refletirão isso e não digo que ser “da paz” signifique ser “mosca morta”, hein! Nada disso! Talvez por essa razão muita gente menospreze quem seja conciliador, quem busque a paz em si e a transmita aos demais como o fez Mahatma Ghandi (1869-1948), por exemplo, que mesmo não tendo se valido de armas nem de atos violentos, conseguia apoio e adesão nas suas lutas, por isso lutar também não precisa, necessariamente, ser um ato de rebeldia, não precisa estar atrelado a nenhum tipo de arma que fira fisicamente outras pessoas, e muito menos, não precisa de armas psicológicas, que coagem, que humilham e deturpam a dignidade, em certas ocasiões ferem mais que um tapa!
A paz conciliadora que propus é aquela que precisa ao menos de dois lados para que, de fato, reine harmonia em mim, em ti, em nós.
Jesus, o Filho de Deus, alguém que experimentou e viveu neste mundo sabia o que estava dizendo aos apóstolos:“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize!(Jo 14,27).”
A paz que nos é dada pelo mundo está muito aquém da paz que Cristo estava deixando, por isso muitos procuram por esta última como quem busca um tesouro no fim do arco-íris, afinal, já devem ter experimentado a paz do mundo que não lhes satisfez plenamente.
Desejo que cada ser humano experimente a paz que não se abala com o barulho lá de fora, que não se fecha em si mesma, ao contrário, está voltada 360° para o próximo porque só assim a Paz Conciliadora pode sobreviver.
Este texto faz parte do Blog Blast for Peace promovido por Mimi Lenox.