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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Gripe A (H1N1) – Novo round e histórias!

Quem já me acompanha sabe que em julho passado fiz dois posts falando dessa epidemia, e, trabalhando na área da saúde é difícil não dizer ou escrever absolutamente nada sobre o assunto, por mais cansativo e batido que esteja sendo, e coloque cansativo nisso, aliás, exaustivo. Entretanto, faz parte de toda campanha de vacinação esse ritmo frenético, pelo menos por aqui, imagino que no restante do Brasil seja da mesma maneira.

Uma coisa interessante é notar a presença das pessoas com suas dúvidas e, principalmente, com seus medos: umas porque podem receber a vacina, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde, e acabam não fazendo por temerem reações adversas; outras porque não se enquadram nestes critérios e gostariam de receber a dose, sentindo-se, desse modo, mais protegidas contra a doença. As coisas mudam rapidamente, portanto, atente-se, pois, quem não foi contemplado pode vir a ser e a mídia deverá divulgar.

Há e-mails circulando, há notas em blogs e sites, há pessoas até discutindo com funcionários acusando os mesmos de estarem aplicando “mercúrio” para causar assassinato em massa a mando das autoridades!

Eu fui vacinada e estou aqui para contar essa e outras histórias (se Deus permitir, claro!). Meu braço ficou doloridíssimo no dia da aplicação, no dia seguinte estava tudo bem, nenhum sintoma extra, porém, há profissionais da saúde que tiveram reações esperadas e sabidas, como febre e sintomas relacionados ao quadro gripal. Há colegas que nem sentiram aquele meu dolorido… Então, não há como saber a reação individual previamente, exceto em casos de pessoas que já tenham um histórico de contraindicação médica para determinados remédios e vacinas.

Como sabemos, ao longo da história da humanidade, num primeiro momento o medo do que é novo tende a se sobrepor, até mesmo sobre as mentes mais esclarecidas, centradas e conscientes da situação (como foi o meu caso e de outros trabalhadores da saúde, com certeza, pois, fomos os primeiros da fila e não havia ninguém para contar essa história a nós, soldados da linha de frente… ai Jesus!). Passado o susto, restou-nos dali por diante enfrentar o medo dos próximos: gestantes, crianças, doentes crônicos e por aí vai - e estamos indo, sem maiores obstáculos, exceto o próprio medo de cada um e sobre o qual nenhuma outra pessoa é capaz de interferir plenamente, a não ser o próprio indivíduo.

Por falar em medo, aqui abro um parênteses para um bom puxão de orelhas na faixa etária dos 20 aos 29 anos – decepcionaram em dois sentidos: não levam o cartão de vacinas (diga-se de passagem é UM DOCUMENTO IMPORTANTE, CIDADÃO!) e só procuram as unidades de saúde por causa da pressão, seja da própria sociedade, família ou da mídia. Aproveitamos, como bons funcionários que somos, para colocar o esquema vacinal desses jovens em dia, isto é, sob muitos protestos e queixas de “ai, vai doer?”, “é de agulha?”, “pode ser de gotinha?”, “só quero a H1N1… tetânica, febre amarela, rubéola não!” e assim muitos e muitos deles enlouqueciam e nos levavam à loucura junto!

As pessoas precisam entender que não se fica doente só da gripe A (H1N1) porque ela está em evidência, obviamente a epidemia deve ser contida de todos os lados, entretanto, façamos um alerta para tantas doenças e para as quais existe a PREVENÇÃO. Fazendo uma comparação, a grosso modo, quando a poliomielite devastava a vida de famílias com a paralisia, imagino que fosse semelhante ao drama de pessoas que tiveram parentes acometidos com a gripe A (H1N1) num estágio já avançado: O que fazer? Tem cura? Tem remédio? Tem retorno? Por que as autoridades não fazem algo?

Surgiram campanhas e até hoje elas existem no combate à paralisia infantil, não é? Digo que ainda há mães e pais que deixam passar essa oportunidade, mesmo com tanta divulgação, mesmo que façamos campanhas todo santo ano! Com as outras campanhas, idem! O fato de certas doenças terem diminuído nas estatísticas e não constarem no noticiário não quer dizer que sumiram do mapa! Agora o caso é com a Influenza H1N1 e Deus sabe lá o que pode surgir de novo, porém, o ciclo deverá ser o mesmo: muitos infectados, mortes, mobilização da mídia, indignação da população ao ver a medicina tão avançada sem dar conta em tempo real dos surtos, falta de governabilidade…

Logo aparecem as vacinas preventivas e… Bom, essa história eu já contei!

A informação é sua maior aliada!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

REFLEXÃO – Gripe A (H1N1) – 2º round

Estive a falar desse assunto não faz muito tempo como você pode comprovar neste post. Detalhe: muitos blogueiros estão a escrever sobre o assunto, o que é ótimo porque se preocupam e ajudam a divulgar, cada um ao seu modo, tal qual trabalho de formiguinha – parece que não faz efeito, todavia, logo vê-se um pequeno monte em crescimento.

Até então havia uma linha (ainda que imaginária) dividindo melhor quem seria de quem não seria suspeito da gripe A(H1N1), porém, essa linha desapareceu por completo, ainda há casos de contato com pessoas que viajaram para países com altos índices de mortalidade e de outros que nem sequer têm noção das pessoas infectadas e olha que esses “outros países” estão mais perto do que se pensa, hein! Nesse sentido o Brasil ainda tem algo do que se orgulhar, tenta-se, ao menos, enumerar a quantas anda a epidemia, se por um lado parece algo frio ater-se aos números, por outro é importante para mudarmos as estatísticas: não queremos que elas sirvam apenas para contar vidas que se tornaram vítimas da mais nova epidemia que o mundo vem enfrentando, de modo algum. Pessoas que trabalham na área da saúde como eu têm família, não esqueça! Não estamos imunes, aliás, corremos um grande risco, entretanto, lá estamos à toda prova procurando a melhor fórmula para aliviar as tensões e cuidar dos que precisam.

Ressaltando as novas instruções (que mudam a toda hora por conta das mesmas estatísticas mencionadas anteriormente, daí sua importância para combate e controle da epidemia) no intuito de direcionar melhor a detecção e o manejo dos suspeitos da gripe A(H1N1), segue: pessoas que apresentem febre igual ou superior a 38°, tosse e/ou dor de garganta associada a outros dois sintomas pelo menos (dores musculares, dor de cabeça, diarréia, vômito, falta de ar, coriza) serão consideradas suspeitas e deverão ser isoladas em casa e monitoradas após consulta médica, ou seja, o paciente deve estar atento quanto à febre: abaixou, aumentou? De quanto em quanto tempo? De preferência seria bom que anotasse as temperaturas medidas, além dos demais sintomas que iniciaram junto da febre: estabilizaram ou pioraram? Lembre-se: nada de paranóia, isso não ajuda e ainda prejudica os que, de fato, estão doentes. Se está realmente tendo os sintomas e não apenas aquela "sensação", procure o serviço de saúde ou seu médico de confiança. Não espere que te perguntem: está com isso, aquilo ou aquilo outro? Médicos, enfermeiras e auxiliares/técnicos de enfermagem precisam de dados para conseguirem fazer o trabalho deles tramitar adequadamente. Já vi gente agir e responder grosseiramente, esperando que houvesse uma "bola de cristal" instalada e que "adivinhassem" a que vieram logo ao chegar na recepção! Uma unidade de saúde atende, atualmente, suspeitas de gripe A(H1N1), porém, outras doenças ainda existem e, como se não bastasse, confundem-se aos sintomas dessa nova epidemia.

Outro detalhe importantíssimo que eleva a suspeição dos casos ao nível dos “grupos de risco”: gestantes; crianças menores de 5 anos, especialmente as abaixo de 2 anos; pessoas acima dos 60 anos; imunodeprimidos (em tratamento quimioterápico, portadores de HIV); renais crônicos; cardiopatas; diabéticos; obesos mórbidos; portadores de doenças que alteram a hemoglobina como anemia falciforme; pneumopatas – essas pessoas serão passíveis de internação hospitalar em caso de contato com o vírus e apresentando os sintomas referidos no parágrafo anterior. Nesse link é interessante notar que um especialista reforça a importância da PREVENÇÃO, o que é muito bom e, curiosamente, discorda de crianças e idosos constarem nos grupos de risco. Quanto à prevenção creio que deveria ter sido anunciada desde o princípio de modo constante e incansável, já disse e repito. Agora o caldo está entornando, ainda estamos “segurando as pontas”, está dificílimo… ontem as escolas dispensaram os alunos que haviam retornado essa semana e orientaram nova volta às aulas dia 10 de agosto até segunda ordem. É uma boa precaução, contudo, não basta somente isso, é preciso CONSCIENTIZAR ainda mais a população nesse momento crítico. EVITAR AS AGLOMERAÇÕES DESNECESSÁRIAS; LAVAR AS MÃOS CONSTANTEMENTE, INCLUSIVE, APÓS TOSSIR, ESPIRRAR E USAR O BANHEIRO; NÃO COMPARTILHAR OBJETOS PESSOAIS AO SER SUSPEITO DA GRIPE A (H1N1) são as principais atitudes e não há médico ou funcionário de saúde que resolva o problema se não formos, cada um de nós, responsáveis por essa etapa da PREVENÇÃO!

Como os casos estão aumentando consideravelmente (para não dizer, galopantemente), a coleta de material para comprovar a contaminação pelo vírus A (H1N1) será por “conglomerado”, isto é, em famílias ou locais de trabalho em que várias pessoas daquele mesmo grupo apresentem os mesmos sintomas (recapitulando: febre igual ou maior que 38°, tosse e/ou dor de garganta mais outros dois sintomas gripais) num curto período de tempo, entre 2 a 7 dias de contato. Deverá ser coletada amostra de secreção nasal do caso mais recente e enviada para confirmação. Pois bem: assim como foi com a dengue, ou seja, (eu que fui contaminada em abril de 2007, posso dizer do alto de tão horrorosa experiência o que é ficar “dengosa”) primeiro temos os sintomas, e se Deus quiser, sobrevivemos a eles e somente após estarmos bem curados é que se obterá a confirmação daquilo que acometeu nossa saúde, em resumo: demora muito para ter tal confirmação devido à alta demanda e um número reduzido de laboratórios (para não dizer: insignificante de 3 apenas!) que receberam kits para diagnosticar a nova gripe num país enorme feito o nosso?

Detalhes irritantes da bur®ocracia à parte, como “brava gente brasileira” que somos, apesar do caos que está se instalando (como se já não houvesse caos suficiente no serviço público!), tenhamos o que se é para ter a vida toda, não só agora, certo? Sabe o quê?

FÉ!

Simples e eficaz assim!

Que posso mais dizer, além de toda informação? Se somente ela bastasse, então, estaríamos livres de tantas outras epidemias e coisas do tipo que assolam um país, um estado, uma cidade, um bairro, uma rua, uma família…(xi…a coisa vai chegando tão perto da gente e, catástrofes que parecem acontecer só na casa do vizinho, subitamente, acontecem também na nossa?). Não sejamos ingênuos.

Cuidemos de nós e dos nossos! Especialmente daqueles que já têm uma saúde mais frágil, ok? A gripe em si não é o problema maior e sim as complicações oriundas dela.

Espero que possamos ter muitos bons finais de semana longe dessa nova gripe e, se não, que consigamos segurar os números que insistem em aumentar, especialmente, os que estão ceifando vidas! Prevenção da Gripe A (H1N1)

Fonte de imagem: Google

sexta-feira, 3 de julho de 2009

REFLEXÃO - Por amor ou pela dor?

"O burro nunca aprende, o inteligente aprende com sua própria experiência e o sábio aprende com a experiência dos outros".Provérbio chinês

Tenho pensado em postar algo sobre um assunto pertinente ao meu trabalho e, principalmente, a todos nós sujeitos ao vírus da influenza A(H1N1), que começaram a chamar de gripe suína e que foi erroneamente interpretada por isso (então, a culpa é do porquinho?), por conta desse alarde muita gente ficou apavorada em consumir a carne e, consequentemente, os suinocultores não ficaram muito felizes com o termo, eu também não, simplesmente pelo fato de achar o nome horroroso, concorda? Gripe A(H1n1) soa mais "bonitinho" que gripe suína...rs. Enfim, creio que o mal-entendido tem sido desfeito aos poucos. Ah! Tenho um cunhado que acredita na "teoria da conspiração", pode ser que queiram super valorizar a produção da vacina ou algo parecido para o controle da nova gripe e disseminaram o vírus criado em laboratório, também tem gente que acredita que alguns grupos queiram acabar com o hábito de comer carne suína e impuseram o termo primeiro para disseminar o medo! Quem sabe!
Quais os sintomas? Todos perguntam. Oras, os mesmos de qualquer gripe! Por isso a população se torna alvo fácil dessa nova mutação, nosso organismo ainda não criou defesas, felizmente, muitos de nós supera e superará muitas gripes, contudo, não pensemos em nós somente, pensemos, sobretudo, em crianças, idosos, imunodeprimidos e tantas outras pessoas que poderão ser acometidas pela gripe A(H1N1) e necessitarão de leitos hospitalares, os quais, se requisitados em número maior que o disponível, disputados com outras doenças além da nova gripe...isso não vai prestar, já viu esse filme antes? Eis aqui um belo conselho que ouvi de uma enfermeira, porta-voz das ansiedades dos funcionários envolvidos no trabalho e também expostos a mais essa doença, dentre as que já conhecemos e convivemos: antes de nos preocuparmos apenas quanto à letalidade da gripe A(H1N1), cuidemos para que a epidemia não caia sobre nossas cabeças feito uma avalanche. E como? Cuidados básicos para começar a prevenção e controle, ou seja: lavar bem as mãos com água e sabonete antes das refeições, após espirrar, tossir ou usar o banheiro; evitar tocar olhos, nariz e boca após contato com superfícies; proteger com lenço descartável ou papel higiênico a boca e nariz ao tossir ou espirrar; indivíduos suspeitos ou confirmados da nova gripe devem ficar em casa em repouso (exceto casos de risco), com alimentação balanceada e ingerir muito líquido; manter ambientes ventilados; evitar as aglomerações desnecessárias. São medidas simples que podem contribuir muito para que, de fato, não sejamos nocauteados por mais essa epidemia, lembre-se do que foi a dengue sem a devida conscientização! Ainda continuemos a eliminar água parada, hein! O Aedes Aegypti está à espreita, aguardando nosso vacilo em meio a essa nova epidemia.
Desde a semana passada, quando pela primeira vez tivemos uma suspeita da nova gripe (ainda sem confirmação, pois os exames "viajam" aos laboratórios responsáveis e tudo isso demanda tempo), sei que foi um rápido "Deus nos acuda!", todos os funcionários colocando máscaras, isolando a paciente, atordoados, como quem diz "E agora? Que faremos? A danada chegou aqui também?" (como se o vírus precisasse de passaporte ou convite para cruzar fronteiras, não é?), entretanto, aquele susto súbito do que é inevitável batendo em nossa porta passou, buscamos mais informações, recebemos mais instruções sobre o planejamento que o ministério veicula para os que trabalham com saúde (às vezes sem...) e pela saúde! Tal episódio fez-nos crer que o vírus nos encontrou no mapa: Ai Jesus! Que bichinho esperto, hein!
Agora sério! Vi outro dia um breve lembrete sobre a inevitável epidemia que está chegando ao Brasil, ainda que na referida propaganda o médico diga estarmos "preparados" para a tal gripe. Estamos mesmo preparados para o ataque do "inimigo invisível"? É a pergunta que me faço atualmente e a repasso para quem queira saber como uma epidemia é capaz de suplantar nossa inteligência, daí a citação que fiz questão de colocar logo no topo do post e que também inspirou o título de hoje. Quantas vezes você já ouviu te dizerem: "se não for por amor, será pela dor...", na intenção de alertar que algo precisa e será feito, de um jeito ou de outro. No caso da saúde, seria melhor que fosse por amor, todavia, nem sempre é possível, a dor está (quase) inexoravelmente atada a nossa realidade. Façamos com que ela seja minimizada e evitada, se tanto!
Como "façamos"? Quem tem que fazer não são os órgãos responsáveis pela saúde?
Sim e não. Sim no quesito informar ao máximo possível, conter os "invasores"da melhor maneira que puder, cuidar, tratar e monitorar os que forem expostos. Aqui abro um parênteses (o que diferencia a gripe A(H1N1) nesse momento das outras é o fator CONTATO: apareceram sintomas de gripe? Esteve viajando nos últimos 7 dias? Esteve em contato com quem viajou recentemente e também apresenta sintomas? Esses "contatos" têm nome e endereço ou são apenas frutos de um diz que me diz? Foram ao médico e confirmaram a gripe referida por exames, ou ainda, são suspeitos até que os resultados saiam? Estão em isolamento domiciliar?).E não, quando digo que cada pessoa é responsável pela transmissão e disseminação do vírus, caso não se comprometa com a prevenção e controle, achando que é problema dos outros, tornando-se uma grande aliada do vírus mutante.
Parece um tanto desumano falar em isolar alguém, não acha? Contudo, sem vacina ou remédios apropriados e prescritos por médico, aliás, não se automedique! Pode ser fatal!É um verdadeiro tiro no pé! A opção que sobra viável para o momento é o isolamento, evitando assim que o vírus se dissemine descontroladamente como já ocorreu com toda América do Sul, mais drasticamente com nossos vizinhos e, desse modo, "por amor" daremos preferência aos casos mais graves que venham a surgir.
Imagina se todos que derem um espirro correrem aos postos e hospitais já autodiagnosticando a nova gripe? Colapso total! Além de não ser nada inteligente "aglomerações", lembra? Por ora tenho percebido uma certa letargia por parte das pessoas, olham-nos de máscara e até acham engraçado: "Olha, é verdade que a nova gripe já chegou aqui!" - isso porque não há um caos instalado, parece que estão só esperando por ele para tomar consciência real do que o mundo "lá fora" vem enfrentando. Também não vá esperar mais que 48 horas cheio de sintomas e ainda se encaixando naquele parênteses ali atrás, ok? Nem 8 nem 80, por favor!
Volto ao provérbio do início: seremos burros, inteligentes ou sábios ao lidar com essa situação?
Claro que eu desejo o último!
Não esquece de lavar as mãos depois de mexer nesse teclado e nesse mouse, hein! Quantos já os usaram hoje?
Bom humor é algo que não deve ser confundido com irresponsabilidade, com falta de conscientização ou descuido desde agora, eis porque fiz uso dessas charges. Confira outras no link da fonte de imagens.
Bom final de semana para todos nós!

Fonte das imagens: Kibeloco

sexta-feira, 26 de junho de 2009

REFLEXÃO - Eita mundo muderno!


Fico pasma quando paro e penso na quantidade de informações que esse novo mundo conseguiu acumular virtualmente e que só tende a aumentar. A Internet revolucionou, globalizou e também isolou. Não é um contrassenso dizê-lo? Acredito que não, logo mais entenderá o que quero alcançar com essa reflexão hoje. E olha que eu fui conhecê-la de perto quando já era bem grandinha, muito depois de ter feito curso de datilografia em máquina mecânica, sonhando que poderia usar a máquina elétrica um dia...ô coitada! Aposentaram-nas. Levaram-nas para museus, talvez para algum lugarejo distante dessa realidade virtual. Tão diferente de meu filho que teve acesso a esse cibermundo desde muito pequeno, a mãozinha em pouco tempo dominou o teclado e o mouse, que loucura!
Tenho estado pouco por aqui, não ausente, mas pouco.
Dia desses, numa longa troca de e-mails (Olha que maravilha esse instrumento! Contacto quem quero e DIG(it)O tudo que quero, se assim desejar e tiver o acolhimento do meu destinatário, lógico!) meu contacto dizia estar um pouco ausente também da blogosfera, que se sente em débito com os demais, que sente saudade de seu cantinho construído com tanta dedicação e carinho. Há alguns anos esse tipo de conversa não existiria, entende? Posso chamar de conversa quando não se ouve a voz do outro? Quando não se observa gestos, pausas na fala, a respiração, o tato? Claro que posso! No entanto, em nível textual apenas, os dados sensoriais não nos chegam em anexo, ainda que existam recursos tentando supri-los, especialmente nos chats, em que o texto também é a ponte que conecta o outro, criaram os emoticons, inseriram a webcam e recursos de voz, na tentativa de aquecer a frieza das máquinas. E, assistindo a programas, devo ressaltar, bons programas de televisão, numa mesma semana percebi a questão suscitada sob diferentes aspectos, todos com a preocupação final: Aonde chegaremos? Quais os perigos que nossas crianças podem encontrar no espaço virtual? Sabemos lidar com as novidades? Tanta informação é bem aproveitada? Se temos tudo isso a favor do nosso bem-estar, por que não temos tempo suficiente para nós mesmos e para os outros? As queixas de estresse, insatisfação e depressão só aumentam, às vezes sinto que as pessoas estão vivendo uma epidemia desses quadros, mais do que dengue e gripe A(H1N1), sem falar na obesidade que partiu do processo de sedentarismo (tela, teclado, mouse, bolachinha, refrigerante, horas a fio no micro...) e do processo de raciocínio (tudo pronto?), diga-se de passagem, o discutidíssimo uso do Ctrl+C e do Ctrl+V entre alunos e até professores. Tento encontrar em meio a essa "facilidade digital" algo a que me proponho toda sexta-feira: REFLETIR! Sim, tento não deixar as conexões neurais bitoladas, embora esse mundo nos seduza enormemente e transpareça um certo fim em si mesmo.
Voltando às trocas de e-mails, sem contudo, mudar de alhos para bugalhos, eu poderia encontrar a pessoa tête-à-tête, olho no olho, talvez pelo telefone, mas, telefone era objeto de luxo e usado em casos muito necessários, enfim, não daria para dizer mais que meia dúzia de palavras, não adiantaria nesse caso. Hoje em dia, praticamente todas as crianças já têm ou querem muito ter um celular cheio de recursos, é até sugestão de presente para o Papai Noel! (A propósito: elas ainda acreditam nele?). Caramba! Eu conquistei meu primeiro agora porque foi presente do Dia dos Namorados! Nem havia pedido, ainda não senti a necessidade do talzinho nem sou do tipo que fica de orelha pregada ao telefone, o atendo demais no trabalho, em casa quero descanso dele! Mas, confesso, estou gostando de fuçar aqui, enviar mensagem de texto ali, descobrir as funções (o manual veio bonitinho, um catatau!) e tive paciência pra lê-lo? Está aí uma coisa que me enfada ler!kkkk! Talvez o use para desvendar alguma função mais complicada, contudo, estou satisfeita com o que aprendi até agora, aliás, tem celular que faz de um tudo e a função primeira que seria "ligar" ou "receber ligações" é a menos utilizada pela pessoa - muitas vezes está fora de área, sem crédito! Seria mais um contrassenso dos tempos modernos?
Uma antítese todo esse assunto, concorda? E devo dizer que ela permeia nossa vida continuamente. Justifico meu distanciamento do blog nesse ponto. Não é revolta, nem tristeza, nada disso! Adoro esse espaço, gostaria de dedicar-lhe mais tempo, estive a dizer quando esse pequeno completou seu primeiro mês que era um tanto exigente, ainda é! E eu? Sou a mesma pessoa ao longo dos anos? Você é? A essência deve ser, todavia, essa mudança frenética tem afetado até nossas essências. Lembre-se do seu antes e do seu agora. Toda essa tecnologia, esse volume de informações armazenados em bytes (perdoem-me os técnicos em informática e os adiantados nesse assunto, é algo que não aprofundei e nem intento demais!), esses aparelhos que estão se reduzindo, afinando, diminuindo de tamanho e contendo muito mais recursos... preenchem realmente todas as lacunas vazias?
Entenda bem, não estou contra a tecnologia e o emprego dela, se fosse assim, eu não estaria levantando tais pontos num blog! Talvez o fizesse por outros meios, não é? Só estou a compartilhar a preocupação, ao que noto, não é exclusivamente minha, uma vez que, por vários programas coletei e observei os fundamentos dessa questão infindável, através dos livros de apoio e orientação na tarefa de ser melhor mãe, também pelos blogs que acompanho e, sempre que posso estou a ler e a comentar, tenho visto assuntos acerca do vasto tema, muito bem costurados, por isso, hoje decidi juntar-me a essa colcha de retalhos! E mais do que colorida e diversificada, ela possa aquecer ideias e sentimentos reais, no convívio dos nossos!
Fonte das imagens: Google

sexta-feira, 19 de junho de 2009

REFLEXÃO - Quem mexeu no meu queijo?

Em outras postagens estive a considerar e refletir pontos que *"mexem em nossos queijos" vida afora. A quem queira reler ou ler pela primeira vez, basta clicar aqui, ali ou acolá. Tais posts tanto independem um do outro quanto criam, em algum momento, um ponto de intersecção entre si, mais ou menos como a medicina, que tanto pode ver o paciente como um todo (clínica geral), quanto tratá-lo por áreas específicas (especialidades). Simples e complexo assim!(rs)

O título em questão já deve ser velho conhecido de muitos. Não estou aqui para fazer críticas nem elogios ao livro, pois, o mesmo já foi bastante divulgado, nem sou apta para tanto, sou apenas alguém que gosta das parábolas, troco ideias a respeito e reformulo continuamente a opinião primeira, aliás, quem já não leu o mesmo livro ou assistiu ao mesmo filme algumas vezes em tempos diferentes e não os viu com novos olhos? Em especial, leitura e releitura abarcam essa mudança, esse novo olhar, por isso, o mundo das letras é mais forte que o pulsar do coração, ele resiste às muitas intempéries, daí alguns escritores serem citados e lidos, receberem homenagens, ainda que póstumas, através dos tempos (não estou a falar do título em questão, veja lá, hein!).

Nos dias de hoje é bastante comum a busca da autoajuda, por quê? Penso que a simplicidade foi invadida pela complexidade do mundo moderno (tudo tão fácil e tão acessível, tão descartável...), assim, nos lamentamos muito mais, nos deprimimos muito mais, nos estressamos muito mais... e você, certamente, já parou para pensar nisso, não é? Já leu autoajuda também? kkkkkk! Rio junto contigo porque eu assumo, já li e leio coisas assim, leio outras também, mas, há os que repudiam tal escolha no mundo da literatura (tão farta de ótimos e memoráveis livros). Bem, cada qual com seu cada qual. Ler não é o problema, ficar dependente como se fosse remédio tarja preta é que acredito ser, então, não me incomodo. Posso queimar neurônios lendo textos científicos, quanto ler divertidamente um bom gibi infantil e, ainda assim, tirar proveito de ambos para a vida, entende?

Caramba! Você vai dizer já, já: quanta justificativa e divagação? Onde chegaremos?

Aí é que está: Onde se quer chegar? Que objetivos traça para viver melhor? Quanto questionamento é preciso fazer e refazer para alcançar o que se quer? Quer alcançar algum objetivo, pra começo de conversa?

Temos o velho hábito de apenas reclamar quando tudo vai mal, de reclamar quando as coisas mudam (estava tudo tão bom do jeito que estava!), de declinar os verbos da dificuldade antes dos verbos da perseverança, afinal, parece ser bem mais fácil assim, pois, enfrentar novos desafios despertam o medo e quem não teme? Ainda bem que as pessoas são bem diferentes umas das outras, que nem todas são pessimistas ao extremo (haveria suicídio em massa, cruzes!), em contrapartida, nem todas são otimistas ao extremo também (haveria "cegueira" geral diante dos problemas, aff!). Um misto disso e daquilo, ponderando prós e contras, reafirmando o que é bom, desprezando o que é ruim, encontrando saídas para o *labirinto são coisas a considerar sempre diante dos desafios desta vida.

Então, espero que todos possamos procurar por *queijo novo e encontrá-lo, apesar das dificuldades, que não fiquemos parados chorando pelo *queijo que se foi, afinal, você é um homem ou um rato?

Uma boa sexta-feira!


*os termos marcados pertencem ao título em questão e podem ser apreciados resumidamente em vídeo do Youtube.


Fonte da imagem: Google

Bibliografia do Livro: SPENCER, Johnson. Quem mexeu no meu queijo?
Título original norte-americano WHO MOVED MY CHEESE?

terça-feira, 31 de março de 2009

"Comendo bola..."

Os pais chegam ao hospital com o filho adoentado há um dia, com queixas de febre intermitente, tosse um pouco produtiva e dor abdominal. A pediatra plantonista faz os exames básicos de rotina: garganta, ouvido, ausculta os pulmões e após tamborilar os dedos sobre a barriga da criança, diagnostica:
—Olha mãe, essa barriguinha está um “pandeiro”...é uma infecçãozinha intestinal. Bastante mamão com laranja, ok? Teve diarréia?
— Não, doutora. Aliás, como ele já esteve internado com pneumonia há pouco mais de um ano neste mesmo hospital, além de três outros começos de pneumonias tratados com antibióticos via oral, já vim preocupada com isso, inclusive, estou aplicando inalação em casa porque teve acompanhamento de pneumologista e fui orientada, e lógico, a queixa da “barriga dodói...”, pode ver que a ficha dele aqui está extensa...
—Também pensei que fosse. Pode ser que ele tenha diarréia, qualquer coisa volte.
Os pais saem meio aliviados, com uma receita de antitérmico nas mãos, mas ainda preocupados, no entanto, a médica estudou para tal e não haveriam de discordar, ela sabia o que fazia, afinal, tantas e tantas crianças atendidas diariamente naquele hospital infantil, não é? A mãe fica um pouco inculcada porque gostaria que a pediatra tivesse solicitado um raio-x do tórax do filho, mas não é ela quem deve diagnosticar, sua função é cuidar do pequeno e ficar em alerta enquanto a febre não cede. Aliás, o antitérmico prescrito nem faz tanto efeito na criança, nesse caso, a mãe já conhece o filho que tem e continua com os que controlam melhor a temperatura, além de banhos mornos. E dá-lhe mamão com laranja!
No dia seguinte, a criança ainda mais prostrada nem tem condições de ir à escola, a febre não cede, tosse e dores abdominais pioraram. A mãe conversa com o pai e decidem levá-lo a uma pediatra particular, que após saber do caminho já percorrido por eles, diz:
— Estou ouvindo estertores. Levem-no para o hospital para fazer um raio-x e, de preferência, que ele tome medicação endovenosa. Aliás, dores abdominais têm relação com problemas pulmonares.
Eles saem muito frustrados, de volta ao mesmo hospital do dia anterior, onde passam por outro pediatra que, finalmente, solicita o exame. Feito isto, novo diagnóstico:
— Vamos interná-lo, mãe. Está com pneumonia.
Mãe atônita:
— Como assim, internar? Ontem pela manhã estivemos aqui e era uma infecção intestinal! É só um começo de pneumonia, não é, doutor? Ele já teve isso outras vezes e foi o que enfatizei para a pediatra que o atendeu primeiro!
— Não, mãe. Há dois terços do pulmão direito “manchado”, medicação via oral não resolve. Temos que interná-lo mesmo.
— Como de um dia para o outro o quadro muda para pneumonia a ponto de ter que interná-lo?
Após indignar-se, a mãe aguarda os procedimentos para tal enquanto o filho queima de febre em seus braços. O sentimento de revolta toma conta de si e só aumenta porque a demora é tamanha para que a papelada fique pronta para a internação. Aqui alguns diriam: é porque se trata do SUS. Enganam-se. Era pelo convênio.
Já instalados, a técnica de enfermagem verifica que o pequeno está muito quente e sugere um banho, o que a mãe faz prontamente e acrescenta:
— Tenho antitérmico na bolsa, por acaso não o usei ainda porque aguardava que o fizessem estando aqui sob seus cuidados...
— Na verdade,o doutor é quem prescreve, mas já que é a mãe, pode fazê-lo. Ah, não podemos pegar a veia do seu filho ainda por causa da febre, pode estourar...
Era tudo o que uma mãe aflita gostaria de ouvir, não acha?
A enfermeira responsável pelo setor chega com uma prancheta na mão:
— Olá mãe, o que houve?
— O que houve? O que houve é que estive ontem pela manhã neste hospital na intenção de que fosse feito um raio-x e estava tratando da pneumonia com mamão e laranja! Estou cansada de ver médicos “comendo bola” a todo tempo. Já fizeram isso com meu esposo, com minha falecida mãe e agora com meu filho! O que está acontecendo? Faculdades de medicina demais, qualidade de menos? Estão desgostosos com os salários?
— Sabe, é complicado mesmo. Tem raio-x que num dia está limpo e no outro já apresenta manchas. – retrucou a enfermeira.
A esta altura, o pai tenta acalmar a mãe, sabe tanto quanto ela que houve erro, negligência, pouco caso ou, seja lá como queiram chamar o fato, mas não adiantou. Mesmo sem ser grosseira, a mãe dispara, põe para fora toda indignação:
— Da próxima vez exigirei a conduta do médico, procurarei segunda opinião como o fiz, contudo, se algo pior acontece, muitos dirão que os pais foram relapsos, que foi fatalidade e não quero pagar para ver. Ouço diariamente diversas histórias assim. E as vivenciei também. Chega!
Após quatro dias de internação, o pediatra libera mãe e filho, prescreve um xarope para a tosse remanescente e um vermífugo para aquela queixa de dor abdominal.


Amigos da blogosfera,
Conforme havia dito no post anterior, aqui está narrada a parte principal da situação que vivenciei semana passada com meu filho e alguns detalhes sórdidos - como puncionar a veia dele sem nenhuma psicologia ou coisa que o valha para acalmar ânimos, tanto dos pais e, principalmente, da criança - também não mencionei, mas quem passou por isso, sabe do que estou a falar...
Tenho constatado que a medicina atual é um paradoxo completo: vivemos na era da tecnologia, das descobertas fantásticas e de tantos esforços em HUMANIZAR a relação
pacientes x médicos x funcionários, e, de outro lado, aparecem coisas desse tipo pela qual passei e ouvi, hipocritamente: “graças a Deus não houve o pior... olha mãe, não precisaremos drenar o pulmão dele, está num estágio inicial, logo sara... há crianças que chegam aqui precisando desse procedimento, já pensou?”
Pensei sim, pensei comigo: se acontecer algo mais grave dirão que os pais demoraram a procurar ajuda ou, na falta dessa, jogarão a culpa no “inevitável” ou na parceira dele: a “fatalidade”.
Por essas e outras que me sinto no dever de alertar, não só os pais, como a todos nós, adultos e idosos, independente dos recursos que se tenha: ou confiamos cegamente nos médicos e no seu profissionalismo ou procuramos ouvir segundas e até terceiras opiniões sobre nossa saúde, esse bem tão precioso.
Não quero afirmar com isto que todos os profissionais da área em questão são negligentes e propensos ao erro, apesar de serem humanos antes de serem médicos, há que se procurar o melhor, aliás, todos procuramos o melhor o tempo todo, por que esperaremos menos deles? Logo deles?
Criticar apenas por criticar não é o caso, sou alguém bastante flexível, não discuto à toa, contudo, em se tratando de situações extremas como esta, em que há risco de complicações, não há quem resista, concorda?
Façamos nossa parte, sempre. Sejamos pacientes realmente “pacientes”, no melhor sentido que a palavra possa ter. Nada de tomar o remédio pela metade, ou menos que isso, esperar que só a olhadela na cara do médico já cure nossos males; nada de usar de “empurrologia”, sabe, aquela medicina em que o vizinho diz para o outro que tomou o remédio “x” e resolveu seu problema ou o remédio “y” que o farmacêutico empurra sem prescrição médica.


E, concluindo, o título do texto “comendo bola” é um termo que usei e uso algumas vezes em lugar de “comendo barriga” – pode rir! (não sei, acho estranho “comer barriga”... (rs) apesar de ser a expressão idiomática mais comumente utilizada neste sentido). Minha mãe era dessas pessoas que, quase sempre, tinha um velho ditado ou uma expressão idiomática na manga. Cresci ouvindo e herdei alguns deles. Segundo ela: “comiam bola” as pessoas que participavam dos bingos em quermesses e, distraídas, deixavam de ouvir um número “cantado” que aparecia naquela bolinha extraída do globo giratório.
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sexta-feira, 13 de março de 2009

REFLEXÃO - Drauzio Varella

Novamente sexta-feira, novamente "oooooobaaa!". E, para dar um "up" no nosso final de semana (que já começou), proponho sempre uma leitura reflexiva e, com ela, espero melhorar gestos e pequenas atitudes diárias, assim, tão simples. Procurar pela "porta do lado" não significa fraqueza ou mesmo "idiotice" em ceder. Nossa convivência já é difícil por si só, por que complicá-la, por que turrar? Sou daquelas que dou um boi para não entrar na briga e uma boiada para não sair, mas, se puder prezar pela harmonia, tanto melhor! É um exercício que devemos aperfeiçoar sempre: tolerância. (repito: TOLERÂNCIA, não impulsividade!).
TENHAMOS UM ÓTIMO FINAL DE SEMANA!

"A PORTA DO LADO" por Drauzio Varella

Em entrevista dada pelo médico Drauzio Varella, disse ele que a gente tem um nível de exigência absurdo em relação à vida, que queremos que absolutamente tudo dê certo, e que, às vezes, por aborrecimentos mínimos, somos capazes de passar um dia inteiro de cara amarrada.E aí ele deu um exemplo trivial, que acontece todo dia na vida da gente. É quando um vizinho estaciona o carro muito encostado ao seu na garagem (ou pode ser na vaga do estacionamento do shopping). Em vez de simplesmente entrar pela outra porta, sair com o carro e tratar da sua vida, você bufa, pragueja, esperneia e estraga o que resta do seu dia. Eu acho que esta história de dois carros alinhados, impedindo a abertura da porta do motorista, é um bom exemplo do que torna a vida de algumas pessoas melhor, e de outras, pior. Tem gente que tem a vida muito parecida com a de seus amigos, mas não entende por que eles parecem ser tão mais felizes. Será que nada dá errado para eles? Dá aos montes.Só que, para eles, entrar pela porta do lado, uma vez ou outra, não faz a menor diferença. O que não falta neste mundo é gente que se acha o último biscoito do pacote. Que "audácia" contrariá-los! São aqueles que nunca ouviram falar em saídas de emergência: fincam o pé, compram briga e não deixam barato.Alguém aí falou em complexo de perseguição? Justamente. O mundo versus eles.Eu entro muito pela outra porta, e às vezes saio por ela também. É incômodo, tem um freio de mão no meio do caminho, mas é um problema solúvel. E como esse, a maioria dos nossos problemões podem ser resolvidos assim, rapidinho. Basta um telefonema, um e-mail,um pedido de desculpas, um deixar barato.
Eu ando deixando de graça, para ser sincero.
Vinte e quatro horas têm sido pouco para tudo o que eu tenho que fazer, então não vou perder ainda mais tempo ficando mal-humorado.Se eu procurar, vou encontrar dezenas de situações irritantes e gente idem, pilhas de pessoas que vão atrasar meu dia. Então eu uso a "porta do lado" e vou tratar do que é importante de fato. Eis a chave do mistério, a fórmula da felicidade, o elixir do bom humor, a razão porque parece que tão pouca coisa na vida dos outros dá errado.
Fonte da imagem: Google

terça-feira, 3 de março de 2009

Vã preocupação

Senti um medo imenso de que tua ausência
se tornasse presente constante...

de início esperei,
a falta de notícia preenchia o desespero

o medo transformou-se em raiva
e até lembrei da reação de minha mãe:
passada uma semana da cirurgia
em que seu pneumologista, um tanto reticente
deu-lhe o diagnóstico de melanoma metastático
ela também teve medo e,

naquele dia uma explosão de fúria,
mais tarde nos confessou
era o medo das perdas...
perder a capacidade de sentir alguma alegria e motivação
perder o apetite e ainda sentir náuseas após comer

(das poucas coisas que ainda fazia com prazer até então)
de não se manter mais em pé, dignamente;
medo das dores, perda da vaidade...
perda da capacidade de falar e de se movimentar...
o câncer tomou seu corpo e sua mente
tomou nossa paz!
Fizemos o que era humanamente possível
Muitas orações, consultas, exames, medicamentos...
Por 70 dias se tornaram a sua rotina

E o medo da quimioterapia, da queda dos cabelos,
Nem houve tempo para tanto
E o medo da solidão e da ausência aumentou nela
e, em nós também...
Mesmo com todas as visitas
Pena! Embora não fosse intenção,
só reforçavam o amargor da inevitável despedida
com um aperto no peito, um nó na garganta
E com os olhos marejados
voltei a ti meus pensamentos, meu amor,
e ao nosso filho, ainda criança, que tanto de nós precisa
na sua infância tão ingênua
vã preocupação...
chegaste, enfim! Oh! Lembrei, de fato, tinhas avisado
em lugar do medo, senti uma gratidão reconfortante
em tê-lo por perto, ainda que efemeramente
e rogo a Deus que permita
envelhecer a todos nós na plenitude
que o sentimento de perda não nos persiga
nem a mim, nem a ti, nem a ele
não nos consuma, não nos mate em vida
porque descobri que,
mesmo para a morte, existe remédio...



Texto de
Fonte de imagens: Google