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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

REFLEXÃO - “A Paixão de Conhecer o Mundo”

Este é o título do primeiro livro que fui orientada a ler logo quando ingressei no Magistério na década de 90. Escrito por Madalena Freire e, não por acaso, filha do renomado educador Paulo Freire, ambos (livro, autora e pai) ampliariam meu mundo daquele momento em diante sem a menor possibilidade de volta.

Quanto conhecimento apreendi ao folheá-lo, mitos se desfizeram e quantas descobertas acerca do papel da verdadeira arte de educar! Eu, tão jovem e inexperiente, apaixonei-me mais por esse mundo, porém, ele é cruel, já diziam outros e, partindo para os braços desse desconhecido, dediquei-lhe meu coração. Amar as crianças não é suficiente, é requisito básico, depois disso, aprofundar as metodologias de ensino e transferir tudo o que se aprende na mesma proporção em que recebe ensinamentos dos pequenos é, realmente, “fazer arte” (já ouviu essa expressão antes? Mães, normalmente, a usam: “está fazendo arte, não é, menininho?”; “que arte aprontou agora?” ou “essa criança é muito arteira!”) e, para ser artista nessa vida é preciso brilhar, caso contrário, seremos figurantes, apenas mais um preenchendo o espaço vazio no cenário da vida. Eis um dos aspectos que a educadora vai abrindo ao leitor: crianças são artistas natas e lidar com tanta curiosidade e criatividade é trabalho exigente, contudo, gratificante demais.

Ler Madalena Freire naquele momento foi um misto de descobertas e de alerta às dificuldades que, certamente, viriam pelo caminho. E vieram. Na hora dos estágios e depois na busca do emprego deparei-me com situações diversas: de crianças perfumadas e com boa estrutura socioeconômica até às que cheiravam a xixi e sequer tinham piso no chão de casa, a não ser o barro batido; as primeiras tinham nutricionista elaborando cardápio semanal,as outras comiam dos alimentos da horta escolar (e esperavam ansiosas por eles!);enquanto umas transpunham dificuldades escolares com apoio psicopedagógico, aquelas outras seguiam em “turmas remanejadas” dependendo dos esforços de uma professora abnegada.

Estas e outras situações ao longo de uma busca que iniciou ainda quando criança, desgastaram-me, consumiram-me. Deparei-me com a exploração e a falta de respeito de uma diretora de pré-escola em relação às professoras novatas, jamais imaginei que pudesse sofrer e ouvir humilhações tamanhas de alguém que se comprometia com pais e crianças nessa arte de educar: a mim bastaram dois meses naquele lugar, quase deixei-me abater, quis odiar a infância (anjos de um maternal!) que nada tinha-me feito de ruim, estava transferindo a indignação de modo errado, saí de cena (e o mundo foi cruel, de fato, naquele momento), senti um alívio imenso e, por outro lado, frustração: teria eu escolhido a profissão errada por tanto tempo? Teria me equivocado e teriam se equivocado minhas mestras no curso também? Quem esqueceu de me avisar? E as boas notas, os elogios, os bons trabalhos e tudo mais, de que serviam, então? Onde estava a minha “paixão de conhecer o mundo” naquelas horas?

Como não se deve desistir na primeira dificuldade, segunda, terceira ou quarta em diante… aceitei, a convite de uma colega, lecionar inglês para crianças de 4 a 6 anos numa escola particular quando já cursava o segundo ano da faculdade. Consegui me apaixonar novamente e, após oito meses de excelente convívio com outros funcionários, professores e crianças, fui capaz de entender que a vocação não depende da opinião de uma só pessoa, ela subsiste dentro de você, apesar de forças contrárias tentando minar essa paixão. E compreendi que o mundo não é cruel, mas, uns e outros podem torná-lo assim. São pedras no caminho: tente empurrá-las dali se valer o esforço, nem sempre se consegue, há pedras que têm o desprazer de manter-se à frente entulhando seu trajeto; chute-as (precisará de bons sapatos, caso contrário, sairá machucado!) ou apenas as ignore, desvie-se e siga adiante. Sua personalidade e experiência de vida responderão por si. Naquela ocasião da pré-escola deixei a pedra para trás, talvez hoje, mais madura, teria dito umas poucas e boas, mesmo sabendo que a pedra sempre foi pedra e não se tornaria nada menos dura e vazia, compreende? Seria um desabafo, um não-engolir de sapos tão somente!

Conhecer o mundo e alfabetizar podem ser companheiros de vida ou inimigos entre si, tudo dependerá do conceito que se tem de um e outro e como profissionais da área os transmitem. Nas diversas leituras de Paulo Freire, Jean Piaget, Emília Ferreiro entre tantos outros que se dedicaram à Arte de Educar, pude abstrair de cada um deles um pouco dessa mesma paixão que se traduz em conhecer o mundo (o nosso próprio, em particular, e o do outro) além de representá-lo por meio da comunicação oral e escrita, sobretudo, através das entrelinhas desta vida, das pausas, das reticências, das exclamações e interrogações intermináveis. Ponto final é difícil dizer.

Todos os educadores sabem (ou devem) que alfabetizar é muito mais que ensinar o bê-a-bá, vai além da simples transmissão do conhecimento uma vez que este não vem pronto e destinado igualmente para os cidadãos do mundo, sejam crianças, jovens ou adultos. Achegar-se a cada um desses mundos e levá-los à prática do ler e do escrever, especialmente, do tornar-se gente é tarefa das mais valorosas e nem sempre correspondida à altura. Sábias palavras contidas na “Carta de Paulo Freire aos professores”: sugiro uma releitura aos que já a conhecem e a leitura atenta para quem ainda não teve o prazer de lê-la e compreender de que paixão a filha Madalena Freire esteve a falar em seu referido livro e da qual compartilhei juntamente desde que me foi apresentada.

Se você quiser complementar essa leitura da Carta, assista ao vídeo e ouça palavras que, certamente, enriquecerão ainda mais seu/ nosso mundo!

Boa sexta-feira e um fim de semana cheio de paixão para você!

Bibliografia que inspirou o post de hoje:

"A Paixão de Conhecer o Mundo"

Madalena Freire
São Paulo: Editora Paz e Terra

Fonte da Carta de Paulo Freire aos Professores:Instituto Paulo Freire

sexta-feira, 22 de maio de 2009

REFLEXÃO - A diferença que faz a diferença

Olá meus amigos e visitantes da blogosfera! Há quanto tempo! Uma semana inteira...aliás, quem aparece regularmente já deve ter notado que neste mês estou postando apenas às sextas-feiras e eu mesma me perguntei "o que houve?" e a resposta está mesclada por: correria, cansaço... (não são novidades para todos que trabalham, têm família, filhos, etc.) e, no meu caso, sobretudo, por uma pessoinha que completará mais um ano daqui a alguns dias...maio para mim é especialíssimo! Lá se vão praticamente 5 anos de mudanças tremendas quando decidimos trazer uma criança ao mundo, tudo muito planejado, esperado, comemorado... e a razão porque deixei o blog em banho-maria, digamos.
Espero que estejam sentindo falta (por mínima que seja) da minha discreta presença por aqui, caso contrário, melhor "pôr a viola no saco" e sair de fininho...rs.
Gracejos à parte, hoje é dia de comemorar mais uma semana de batalhas travadas, seja dentro ou fora do lar, especialmente, dentro de nós mesmos enquanto pessoas e cidadãos do mundo - qual mundo? O real ou o virtual? Faz DIFERENÇA?
Acredito que não, afinal, sou a mesma pessoa aqui dentro ou lá fora, certo? Ao menos deve haver uma coerência nisso tudo, embora a maneira de nos relacionarmos tanto com o virtual quanto com o real seja bem diferente e possa influenciar (negativa ou positivamente) nossas decisões, nossa vivência. Mesmo não postando, saio lendo posts dos blogueiros que aprecio, sinto vontade de discutir vários assuntos em evidência nestes últimos dias que são de suma importância, entretanto, deixo para próximas oportunidades manifestar solidariedade e consideração, além de aumentar a fileira dos que querem debater e propor mudanças reais, não virtuais. Por ora, contento-me em comentar alguns desses posts lidos.
E, pegando um gancho nesses assuntos (comemorações e mudanças), por que comemorar algo se à nossa volta existe tanta coisa errada? Não sei exatamente, meu marido discorda que seja necessário grandes comemorações, é sempre um dilema nessa época e o foi em outras: casar? Ele:Só uma troca de alianças e a assinatura no cartório bastam! Eu: Ah! Não mesmo! Quero toda pompa com que sonhei! aniversário? Ele: Só um bolinho com os mais próximos. Eu: Ah! Não mesmo! Chama a família inteira!
Às vezes e, em partes, concordo com ele, mas, se é coisa minha ou típico de mulher, se é coisa dele ou típico de homem (ser prático em tudo! Nada de complicações extras...), não importa, acabamos entrando em acordo e pensando o melhor para o futuro (nosso e de nosso filho), portanto, chego ao "x dessa questão" de hoje, qual seja, FAZER A DIFERENÇA (sempre POSITIVA). Quando digo que quero festejar não é para ignorar a pobreza alheia tampouco esbanjar recursos, quero apenas dizer "cheguei até aqui!", não é a mesma alegria do calouro que passou no vestiba? do empregado que recebeu aumento ou cargo melhor? daquele mesmo calouro que se formou após anos esquentando a cuca e a cadeira na faculdade?
Pois bem! Com vistas a um mundo que possa ter muito mais a comemorar do que a lamentar, o texto abaixo do site Otimismo (adoro lê-lo e o nome já diz tudo!) dá uma pequena explanação do porquê e do como é possível sermos diferentes, no melhor dos sentidos!
Uma sexta-feira e um final de semana DIFERENTES para você!

A DIFERENÇA QUE FAZ A DIFERENÇA
Os desejos primários de todas pessoas são: ser felizes, progredir e ganhar mais dinheiro. Uma forma efetiva de alcançar estes anseios é sendo ricos e prósperos. Assim como há pessoas pobres e pessoas ricas, há países pobres e países ricos. A diferença entre os países pobres e os ricos não é a sua antiguidade.
Fica demonstrado pelos casos de países como Índia e Egito, que tem mil de anos de antiguidade e são pobres. Ao contrário, Austrália e Nova Zelândia, que há pouco mais de 150 anos eram quase desconhecidos, hoje são, todavia, países desenvolvidos e ricos.
A diferença entre países pobres e ricos também não está nos recursos naturais de que dispõem, pois o Japão tem um território muito pequeno e 80% dele é montanhoso, ruim para a agricultura e criação de gado, porém é a segunda potência econômica mundial: seu território é como uma imensa fábrica flutuante que recebe matérias-primas de todo o mundo e os exporta transformados, também a todo o mundo, acumulando sua riqueza.
Por outro lado, temos uma Suíça sem oceano, que tem uma das maiores frotas náuticas do mundo; não tem cacau mas tem um dos melhores chocolates do mundo; em seus poucos quilômetros quadrados, cria ovelhas e cultiva o solo quatro meses por ano já que o resto é inverno, mas tem os produtos lácteos de melhor qualidade de toda a Europa. Igualmente ao Japão não tem recursos naturais,mas dá e exporta serviços, com qualidade muito dificilmente superável; é um país pequeno que passa uma imagem de segurança, ordem e trabalho, que o converteu na caixa forte do Mundo.
Também não é a inteligência das pessoas a tal diferença, como o demonstram estudantes de países pobres que emigram aos países ricos e conseguem resultados excelentes em sua educação; outro exemplo são os executivos de países ricos que visitam nossas fábricas e ao falar com eles nos damos conta de que não há diferença intelectual.
Finalmente não podemos dizer que a raça faz a diferença, pois nos países centro-europeus ou nórdicos vemos como os chamados ociosos da América Latina (nós!!) ou da África, demonstram ser a força produtiva desses países. O que é então que faz a diferença?A ATITUDE DAS PESSOAS FAZ A DIFERENÇA.Ao estudar a conduta das pessoas nos países ricos, se descobre que a maior parte da população cumpre as seguintes regras, cuja ordem pode ser discutida:
1. A moral como princípio básico
2. A ordem e a limpeza
3. A integridade
4. A pontualidade
5. A responsabilidade
6. O desejo de superação
7. O respeito às leis e aos regulamentos
8. O respeito pelo direito dos demais
9. Seu amor ao trabalho
10. Seu esforço pela economia e investimento.
Necessitamos de mais leis? Não seria suficiente cumprir e fazer cumprir estas 10 simples regras? Nos países pobres, só uma mínima (quase nenhuma) parte da população segue estas regras em sua vida diária. Não somos pobres porque ao nosso país falte riquezas naturais, ou porque a natureza tenha sido cruel conosco, simplesmente por Nossa Atitude. Nos falta caráter para cumprir estas premissas básicas de funcionamento das sociedades.




Fonte do texto: Otimismo
Fonte da imagem: Google

segunda-feira, 9 de março de 2009

Blogagem Coletiva - Inclusão Social

Assunto vasto esse da inclusão social... a princípio pensei escrever algo especificamente sobre o âmbito escolar, afinal, a escola é o meio mais eficaz formador de ideias e opiniões, é ali que encontramos professores e livros abertos ao conhecimento dinâmico e fomentador, é na escola que nos deparamos com o diferente, com o heterogêneo, com os preconceitos e tudo mais, ali também podemos debater e mudar pensamentos e atitudes, contando, claro, com o apoio de todos que estão inseridos direta ou indiretamente nessa realidade. Daí me perguntei: e quem não tem ou teve esse espaço de descobertas, feito sob medida para educar, o que faz nesse mundão de meu Deus? Ah! Como bons brasileiros que somos, logo descobri algo que me chamou a atenção e respondeu à pergunta que não calava. Embora não saibamos ou talvez, até ouçamos e deixemos de lado como algo menos importante, a educação apreendida fora dos bancos escolares acontece e inclui as pessoas proporcionando uma "dignidade" que, nem sempre têm tal acesso. Lembrei de uma avozinha na classe de alfabetização de adultos, junto da neta de 7 anos, uma ensinando a outra: isso me comoveu e, hoje, ao abordar assunto tão sério como o da inclusão social, senti-me egoísta tratar somente do que está dentro dos portões da escola. Não me entenda mal! Aliás, conteúdo esclarecedor e detalhado consta nesse link para quem quiser saber mais:http://www.redebrasil.tv.br/salto/boletins2002/ede/edetxt1.htm
Sou defensora de um país que valorize a classe dos professores e se empenhe muito, mas, muito mais mesmo para ter educação de melhor qualidade em todas as esferas, especialmente, incluindo as PPD (pessoas portadoras de deficiência - seja física, auditiva, visual ou mental), afinal, de dentro das escolas devemos esperar pessoas melhores. E, sob este ponto de vista, devo entender que, quanto menos favorecidos, mais dificuldades encontrarão, tanto sócio quanto economicamente, aqueles que, diferentes de você e eu, não puderam sentar num banco escolar e, ao contrário do que possa parecer, essas pessoas têm muita sabedoria no seu jeito peculiar de conduzir a vida, sendo incluídas por seus valores culturais por outras que aprenderam no banco escolar a dar importância às coisas singelas que poderiam passar despercebidas.
Em poucos minutos a gente consegue abstrair uma alegria de viver, como a dona Valdênia mesma diz: "e cantar no palco, no meio dos colegas, pra mim é uma formatura..." veja:



http://www.youtube.com/watch?v=xhT6OOejWZc
Vídeo gravado no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, como parte do projeto "Memória dos Brasileiros", desenvolvido pelo Museu da Pessoa.
CRÉDITOS
Imagens: Eduardo Barros e Rafael Buosi;
Edição: Eduardo Barros;
Pesquisa e Entrevista: Thiago Majolo, Cláudia Leonor,
Winny Choe e Antônia Domingues;
Coordenação: Cláudia Leonor;
Produção: Sérgio Milleto.