Úrano, o planeta da mudança, inovação, progresso…da mente cósmica,
foi descoberto em 1781, ano em que os Estados Unidos viram reconhecida a sua
independência. Úrano estava em Gémeos quando foi descoberto por William
Herschel com um telescópio caseiro. Em 1789, inspirada na independência dos
Estados Unidos, deu-se a revolução Francesa e as três palavras que para sempre
a imortalizaram são também as palavras-chave ligadas a Úrano – “Liberté,
Egalité, Fraternité” (liberdade, igualdade e fraternidade), frase inspirada nas
ideias do filósofo iluminista suiço Jean-Jacques Rousseau. Úrano traz esta
necessidade de descondicionamento, de abertura de caminho - impulso para o que
Jung chamou de processo de individuação. Em astrologia, o processo de
individuação é simbolizado pelo eixo Leão – Aquário – O Eu Sou ao serviço do
Nós Somos. A expressão criativa individual, simbolizada por Leão, ao serviço do
Todo impessoal simbolizado por Aquário. “Leão rege os reis e a monarquia;
Aquário rege o homem comum e a democracia; o Sol como “rei” tem de aprender a
servir o homem comum ou, na situação inversa, temos de aprender que todos
trazem um “rei” dentro de si (…) Os indianos fazem isso simbolicamente quando
se encontram: juntam as mãos, inclinam-se e dizem: “Namaste” (Eu inclino-me
diante da divindade que há em ti). Dessa maneira, Aquário dá equilíbrio a Leão,
tal como o fazem todos os signos opostos”. In O Simbolismo Junguiano na
Astrologia de Alice O. Howell
Até à descoberta de Úrano, o primeiro dos três planetas
transpessoais, os astrólogos acreditavam existir apenas 7 planetas, sendo o
planeta limítrofe Saturno. A descoberta de Úrano foi a primeira de uma “sucessão
de revelações científicas e ideias revolucionárias que já transformaram o
mundo, a partir do final do Séc. XVIII. Este processo radical promete estimular
uma mudança ainda maior, à medida que se intensifica o actual avanço
tecnológico. (…)" I n - Haydn Paul – Espírito Revolucionário – Explorando o Úrano astrológico.
Úrano é o regente de Aquário. Permanece cerca de 7 anos em cada
signo, fazendo uma revolução completa em 84 anos.
Os planetas transpessoais marcam as mudanças de geração para
geração e, por isso, o seu significado em termos de signo tem mais a ver com o
colectivo do que com o individual - influencia o comportamento de uma
geração através do impulso que essa geração tem para promover e revolucionar os
temas do signo onde está. Em termos individuais, a influência do planeta será
na área de vida (casa) onde ele aparece no mapa natal e também a sua influência
nota-se muito quando o planeta é pessoalizado através dos aspectos que faz com
os planetas pessoais. A tónica de Úrano, quer na casa quer através de aspectos,
é sempre de originalidade, inconvencionalismo, trazendo uma maneira diferente
de ver as coisas. A casa que Úrano ocupa está mais sujeita a mudanças súbitas e
rompimentos, sendo a palavra de ordem descondicionamento. As pessoas com uma
tónica muito uraniana no mapa tendem a estar muitas vezes “à frente do seu
tempo” e a ter uma personalidade rebelde. Embora perceba que muitas vezes a rebeldia seja a promotora de mudanças, dado que é ela que faz “abanar” as coisas, o
que está cristalizado, no entanto, penso que é muito importante percebermos que
ser rebelde não é o mesmo que ser livre. Rebeldia e liberdade não são a mesma
coisa. Úrano vem depois de Saturno e por isso, só depois dá integração de
saturno, só depois de uma personalidade estruturada, só depois de assumirmos a
responsabilidade por quem somos e pela nossa vida enquanto co-criadores, estaremos
no caminho da Liberdade.
“Por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria
e a vós irmãos que rogueis por mim a Deus” – É disto que Úrano descondiciona,
de um Saturno limitador e não integrado. Substituamos culpa por
responsabilidade e deixaremos de precisar de intermediários.
“Úrano simbolizou uma abertura maior dos mistérios do universo,
uma nova dimensão do espaço ampliou a concepção humana do nosso sistema solar
e, ao mesmo tempo, abriu um canal correspondente na nossa mente e cultura
colectiva. (…) Na altura da sua descoberta, todo o mundo ocidental estava no
início de uma transformação social radical. A emergência da revolução
industrial estimulou uma nova era de ciência e tecnologia, que começou a
mecanizar as antigas formas de produção de trabalho intensivo e a atrair a
migração dos camponeses para o crescente trabalho fabril nas cidades em
expansão. As abordagens cientificas, intelectuais e mais racionais passaram a
ter maior predomínio cultural, e de muitas maneiras a população das nações
ocidentais começou a livrar-se das algemas paralisantes das tradições sociais e
restrições ao pensamento.
(…) Úrano associa-se com frequência ao estímulo das ideias que
jazem um pouco abaixo da superfície da consciência, e assim elas irrompem
subitamente na vida com poder e impacto transformadores. (…)
No dia 4 de Julho de 1778, os Pais da Pátria reuniram-se em
Filadélfia e criaram a Constituição norte americana. (…) Os ideiais mostrados
ao povo, como uma luz norteadora estavam gravados na legislação, que visava
promover o direito das pessoas de decidir o que para elas era felicidade
pessoal e buscar essa felicidade. (…) as sementes da declaração de
independência norte-americana exprimem os elevados ideais e a fé na bondade intrínseca
da humanidade. Nesse sentido, reflectem os mais positivos ideais uranianos
aplicados na prática. Essas mesmas ideias circulavam em França e muita gente se
sentia estimulada a tornar-se mais responsável e a afirmar o seu poder
colectivo. A Declaração de Direitos de 26 de Agosto de 1789, que afirmava que
todos os homens são livres e têm direitos iguais.”
In - Haydn Paul – Espírito Revolucionário – Explorando o Úrano
astrológico.
Interessante como hoje, depois dos atentados às Torres Gémeas em
2001, depois dos atentados em Paris há umas semanas, tudo isto começa a ser
posto em causa precisamente nos EUA e em França, através da popularização da
Frente Nacional em França e de pessoas como Donald Trump nos EUA.
“Úrano simboliza o despertar para uma situação diferente e
libertadora, através da criatividade, da intuição, da inventividade, do
idealismo e do desejo de romper e ultrapassar todas as situações limitantes e
estáticas. Simboliza a exigência em serem gerados novos impulsos de modo a que o
indivíduo e a colectividade evoluam para novos rumos.” (In Escola de Astrologia
Nova Lis)
Novos impulsos precisam-se!
A tensão está em nós desde o dia em que nascemos… Tensão que todos os dias sentimos entre a necessidade urgente de mudança, de descondicionamento da ilusão de vida que criámos e que muitas vezes está longe de expressar quem somos e, ao mesmo tempo, o medo que temos da mudança. A mudança traz incerteza… penso que é isto que andamos a fazer… habituarmo-nos à incerteza para encontrarmos a certeza que vem de dentro, da fé. Encontrar o Divino dentro de cada um de nós dissolve ilusão da separação... temos que sentir, integrar... deixar de “pregar” a verdade e Ser verdade.
No mito, Úrano (o Céu) e Gaia (a Terra) eram casados. Casamento entre a ideia não manifestada e a forma manifestada e limitada – a visão e a sua concretização nem sempre coincidem. Quando Úrano descia para fertilizar Gaia – as suas belas visões geravam monstros. Úrano perdeu o seu poder depois de ser castrado por Cronos (Saturno), o seu filho. O primeiro Deus (Úrano) foi separado da sua criação (Gaia). Talvez estejamos num tempo de reconciliação, onde percebamos realmente que o mundo é a materialização dos nossos mais belos sonhos ou pesadelos.
O amanhã age através do hoje. E assim, o que parece desafinado é uma sinfonia perfeita, se cada um de nós decidir ser Maestro da sua própria sinfonia.
Novos impulsos precisam-se!
A tensão está em nós desde o dia em que nascemos… Tensão que todos os dias sentimos entre a necessidade urgente de mudança, de descondicionamento da ilusão de vida que criámos e que muitas vezes está longe de expressar quem somos e, ao mesmo tempo, o medo que temos da mudança. A mudança traz incerteza… penso que é isto que andamos a fazer… habituarmo-nos à incerteza para encontrarmos a certeza que vem de dentro, da fé. Encontrar o Divino dentro de cada um de nós dissolve ilusão da separação... temos que sentir, integrar... deixar de “pregar” a verdade e Ser verdade.
No mito, Úrano (o Céu) e Gaia (a Terra) eram casados. Casamento entre a ideia não manifestada e a forma manifestada e limitada – a visão e a sua concretização nem sempre coincidem. Quando Úrano descia para fertilizar Gaia – as suas belas visões geravam monstros. Úrano perdeu o seu poder depois de ser castrado por Cronos (Saturno), o seu filho. O primeiro Deus (Úrano) foi separado da sua criação (Gaia). Talvez estejamos num tempo de reconciliação, onde percebamos realmente que o mundo é a materialização dos nossos mais belos sonhos ou pesadelos.
Vera Braz Mendes