"É preciso validar a nossa criança interior, é preciso validar a sua dor para podermos encontrar a sua alegria, a sua criatividade, todo o seu potencial"
“…I found the greatest love of all inside of
me. The greatest love of all is easy to achieve, learning to love yourself, it
is the greatest love of all.” (Eu encontrei o maior amor de todos dentro
de mim. O maior amor de todos é fácil de alcançar, aprender a amar a si mesmo é
o maior amor de todos). The greatest love of all – Whitney Houston
Na semana passada prestaram-se
homenagens a Whitney Houston um pouco por todo
o lado. Eu própria o fiz no facebook. Mesmo quem não gosta do tipo de música,
não fica indiferente à voz. Eu também não fico. Gosto muito de Whitney
Houston.
Não me lembro quando foi a primeira vez que ouvi esta
canção, The greatest love of all, mas sei que me emociono sempre com a letra. “Learning to love yourself it is the
greatest love of all” (aprender a amar a si mesmo é o maior amor de todos). Olhando
para vida de Whitney, possivelmente ela não foi capaz de o fazer, não foi capaz
de encontrar o maior amor de todos. Nem sempre é assim tão fácil. Deixamos que
demasiadas sombras tapem a nossa luz, ou tentamos levar a vida a negar que a
sombra também existe em nós. E tudo aquilo que não somos capazes de aceitar
como uma parte nós acaba por ganhar demasiada importância, passa a dominar a
nossa vida. Começa a espreitar em cada esquina, em cada relacionamento. Carl Jung
afirmou; “Uma pessoa não se torna iluminada a imaginar figurinhas de luz. Uma
pessoa torna-se iluminada ao tornar a escuridão consciente”. Este tornar a
escuridão consciente é darmo-nos a nós próprios a oportunidade de levar luz à
nossa escuridão, em vez de nos identificarmos com ela ou fingirmos que não
existe. Muitas vezes passa por sermos capazes de objectivar a nossa própria
subjectividade. Perdemo-nos na nossa subjectividade e é necessário ganharmos a
capacidade de nos dissociar, olharmos de fora. Outras vezes, passará por deixar
de lado tanta objectividade e permitirmo-nos sentir. Todos somos diferentes e
acredito que todos nascemos para brilhar.
Em todos nós vive uma criança formada a partir das memórias
das nossas vivências pessoais. É a nossa criança interior. No fundo, a criança
interior representa a forma como percepcionámos o mundo, como recebemos o
mundo. A criança interior é aquela que ficou registada no nosso inconsciente a partir da nossa memória das vivências pessoais. Todos
queríamos ser especiais para as pessoas que amávamos. Todos queríamos colo.
Todos queríamos protecção. E há aqueles que tiveram e nunca chegava, queriam
sempre mais. E há aqueles que pouco ou nada tiveram e habituaram-se a isso, como
se não merecessem. Muitas vezes, não tem a ver com aquilo que nos foi dado, tem
a ver com a maneira como por nós foi recebido e o que fazemos com isso, de que
forma é que utilizamos as experiências para alavancar a vida. Todos somos humanos, ninguém teve pais perfeitos, andou numa escola
perfeita ou se relacionou com seres perfeitos. De uma forma ou de outra, em maior ou menor grau, muitos sentiram-se mal-amados, negligenciados, ou excessivamente criticados, ou rigidamente disciplinados, ou superprotegidos ou…ou...ou. .
Os aspectos vulneráveis e carentes da criança que fomos um dia levam-nos a desenvolver maneiras de nos protegermos e compensar necessidades que não foram preenchidas. Nós crescemos, tornamo-nos adultos, mas essa criança com necessidades não preenchidas continua lá, não cresce. E é essa criança ferida que aparece em muitos momentos da nossa vida, em muitos relacionamentos. O mundo é um espelho. Quando estamos num relacionamento que nos devolve uma imagem de nós distorcida e pequenina, a pergunta não é “ porque é que a outra pessoa faz isto?” A pergunta é “o que é que me leva a estar com uma pessoa que me diminui e distorce o tamanho?” As respostas vão ser variadas. Não há boas ou más respostas.
Os aspectos vulneráveis e carentes da criança que fomos um dia levam-nos a desenvolver maneiras de nos protegermos e compensar necessidades que não foram preenchidas. Nós crescemos, tornamo-nos adultos, mas essa criança com necessidades não preenchidas continua lá, não cresce. E é essa criança ferida que aparece em muitos momentos da nossa vida, em muitos relacionamentos. O mundo é um espelho. Quando estamos num relacionamento que nos devolve uma imagem de nós distorcida e pequenina, a pergunta não é “ porque é que a outra pessoa faz isto?” A pergunta é “o que é que me leva a estar com uma pessoa que me diminui e distorce o tamanho?” As respostas vão ser variadas. Não há boas ou más respostas.
É preciso validar a nossa criança
interior, é preciso validar a sua dor para podermos encontrar a sua alegria, a
sua criatividade, todo o seu potencial. É preciso encontrar a nossa criança
Divina. Acredito que é absolutamente necessário amá-la. É aqui que encontramos
o Amor Maior, dentro de nós próprios. Amarmo-nos, aceitarmos toda a nossa luz e
toda a nossa escuridão, é sem dúvida o maior Amor de todos. E esta aceitação
abre espaço para sermos o que viemos para Ser.
Exercício:
Há muitas formas de entrarmos em
contacto com a criança interior. Escolhi uma pequena meditação. Um exercício
simples para começares.
Senta-te ou deita-te confortavelmente. Inspira
profundamente e expira. Relaxa cada parte do teu corpo.
O objectivo é encontrares-te a ti mesma, quando eras criança, em algum lugar. Essa criança pode estar a brincar no jardim, na praia, em casa… Pode estar a rir, chorar, mal-humorada, feliz. Chama essa criança da maneira que te chamavam quando eras pequena. Conversa com ela, ouve-a. O que é que ela precisa? Pergunta-lhe. Brinca, abraça-a, canta-lhe. Dá a essa criança o que ela mais precisa. Quando perceberes que a criança ficou satisfeita, volta ao aqui e agora.
Vera Braz Mendes - Publicado Sapo Mulher