Eu quero pintar a minha vida de todas as cores
Eu quero pintar a minha vida de
todas as cores (Santos & Pecadores – Tela).
Hoje quero percorrer os caminhos da minha/tua tela. Com que pensamentos e emoções
costumas pegar no pincel?
Conhece-te a ti mesmo, é certamente uma das frases mais conhecidas
de Sócrates. Frase com mais de dois mil anos e cuja sabedoria não podia ser
mais actual. Arriscar-me-ia a dizer que começa hoje a ser profundamente
entendida e comprovada. Se é verdade que a maioria das vezes não controlamos o
que nos acontece, não é menos verdade que o significado que damos ao que nos
acontece depende de muitos mais factores do que o exterior. O mundo é a
interpretação que fazemos dele, depende do que acreditamos, do que valorizamos,
da nossa predisposição natural e da nossa história pessoal.
Vem comigo e vamos imaginar um
cenário:
São 8 da manhã e estás sentada
numa esplanada. Estão mais três pessoas. Embora o sol comece a salpicar de
dourado a paisagem, sentem o frio do Inverno. As quatro observam o que se passa
e estão atentas à melodia do movimento que cada despertar matinal traz.
Entretanto, veem sair de um prédio um menino de mais ou menos nove anos. Meio
ensonado ainda, mochila às costas e cabelo molhado. Todas constroem a história
do que estão a observar:
- “Este menino deve ter uma mãe que lhe
fomenta a independência. Vai sozinho para a escola… mostra autonomia... Isso é
muito bom!”
- “Coitado do miúdo, vai sozinho
e ainda de cabelo molhado… Com este frio ainda apanha uma pneumonia. A mãe não
deve ser muito cuidadosa!”
Finalmente, a terceira diz para si própria:
“Aquele menino tem um bom sentido de
responsabilidade. Tão crescido que ele é. Olha como ele vai tão direitinho.”
(Confesso que um dos meus “Eu”, a
astróloga, está a começar a entusiasmar-se com o assunto e começa a inundar-me
a mente com símbolos astrológicos … lua em aquário, lua em virgem, lua em
capricórnio).
Bom, continuemos na nossa
história. As três pessoas levantam-se e vão embora. Tu continuas a assistir
àquele momento. Vês um carro chegar, um homem sair e dirigir-se ao menino. Pega
na mochila e pede-lhe desculpa pela espera. O carro tinha ficado estacionado
longe no dia anterior. Já agora, o menino está naquela idade em que todos os
dias pôr gel no cabelo é muito importante.
O mapa não é o território! É uma
das expressões mais usadas em Programação Neurolinguística e é de Alfred
Korzybski, engenheiro, filósofo e matemático polaco. Refere-se à forma como o
ser humano percepciona a realidade. O real é o território e o mapa é, somente,
uma representação interna limitada desse território; cada pessoa cria um mapa
diferente para um mesmo território. Não existem duas pessoas que criem de igual
modo a representação das experiências, por isso, não existem dois mapas iguais.
Esta frase tão simples e tão
poderosa, abre-nos perspectivas ilimitadas. Se o mapa não nos está a levar no
melhor caminho rumo ao destino que queremos, então porque não mudar o mapa e
pintá-lo de todas as cores? Para quê ficarmos agarrados a um mapa antigo,
conhecido é certo, mas que nos conduz por caminhos velhos, longos, esburacados
… quando temos uma variedade de estradas bem asfaltadas e cheias de belas
paisagens por onde escolher?
O território é desconhecido e
isso pode fazer borboletas no estômago… dá medo… eu compreendo. Ainda assim,
tudo começa por um primeiro passo e esse primeiro passo, que pode ser um passo
bebé, só depende de ti, só depende de uma escolha tua. E se escolheres dá-lo,
fica sabendo que, embora o caminho tenha que ser percorrido com as tuas pernas,
não estás sozinha. Podes sempre pedir ajuda.
Um primeiro passo pode ser, por
exemplo, começares a adoptar uma atitude mental positiva, que pode abrir-te
caminho para poderes mudar de foco. Num território tão vasto e com tantas
coisas difíceis a acontecer (e uma atitude mental positiva não quer dizer que
vamos passar a ver tudo cor-de-rosa), é natural que o teu foco te leve para
atitudes mentais menos positivas. Nós achamos o que procuramos.
“Energy goes where attention flows”, “a energia
vai para onde está o fluxo da atenção”.
Vera Braz Mendes