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domingo, 27 de janeiro de 2013

Percepção é Projecção


Percepção é projecção
 
 

 


Certo dia, um rei chamou ao seu palácio o mestre zen Muhak - que viveu de 1317 a 1405 - e disse-lhe que, para afastar o cansaço e a tensão do trabalho administrativo, queria ter uma conversa completamente informal com ele. De seguida, o rei disse que Muhak parecia um grande porco faminto a procurar comida.
"E você, excelência", respondeu Muhak, "parece o Buda Sakiamuni a meditar, sobre um pico elevado dos Himalaias".
O rei ficou surpreendido com a resposta de Muhak.
"Comparei-te a um porco, e tu comparas-me ao Buda?"
"É que um porco só pode ver porco, excelência, e um Buda só pode ver Buda", explicou Muhak com um jeito humilde.
O rei sorriu, antes de admitir que a resposta de Muhak era uma lição de sabedoria.
(conto Zen)


Será que a realidade existe? Ou será que existe a minha, a tua… em mim… em ti…? Vários são os caminhos que nos guiam no sentido de que a realidade é apenas uma projecção… uma ilusão.

Segundo Mihaly Csikszentmihalyi (um dos grandes investigadores mundiais na área da Psicologia Positiva), a cada segundo entram na neurologia do nosso sistema nervoso cerca de 2 milhões de bits de informação, dos quais, o cérebro humano só é capaz de processar cerca de 134. 134 bits que chamamos realidade… É impossível processar conscientemente cada byte de informação que nos chega pelos sentidos... os 134 bits são seleccionados através de um processo de generalização, distorção e omissão da informação. Esta selecção vai produzir uma representação interna da “realidade” que gerará um estado emocional e uma fisiologia, que determinarão um comportamento. O cérebro é uma unidade de processamento de informações. As informações tornam-se numa representação interna utilizando imagens, sons, sensações, cheiros e gostos. A fim de lidar com 134 bits de informaçãpo por segundo, o cérebro processa-a dividindo-a em grupos de sete mais ou menos dois (7 + / - 2). A maioria das pessoas não se lembra mais de sete marcas diferentes de um determinado produto. Sete mais ou menos dois pedaços são a quantidade máxima de informação que podemos lidar conscientemente. Cada um de nós faz a sua própria selecção, a sua própria generalização, omissão e distorção, usando filtros que têm por base valores, crenças, “programas”, decisões, memórias… história pessoal. Nada pode ser mais libertador do que percebermos que mudando o nosso sistema de filtros, nova e diferente informação é processada, permitimo-nos assim uma existência totalmente diferente.

Não conseguimos ver outra coisa senão o que somos, por isso, quanto mais positivo e ilimitado for, por exemplo, o nosso sistema de crenças pessoal, mais positivo e ilimitado será o mundo que experimentamos. Aquilo que eu percebo do outro ou do mundo não é mais do que a minha imagem do outro ou do mundo. Percepção é projecção. Neste sentido, embora a grande maioria de nós viva no efeito, na verdade, nós somos a causa das nossas experiências… grandes mudanças têm lugar quando somos capazes de nos colocar na causa do que acontece porque é a única forma de podermos mudar o que acontece.

A única pergunta que me faço é: Sou feliz com os meus 134 bits? Há um universo de opções à minha volta, um universo de possibilidades… porque é que recrio sempre a mesma realidade, os mesmos padrões? Porque é que olhando no mesmo sentido alguns percepcionam oportunidades...? porque é que onde eu vejo e encontro negro, outros encontram o arco iris? o que me impede de mudar? Está tudo dentro de mim!


“Energy goes where attention flows”, “a energia vai para onde está o fluxo da atenção”

 
Exercício:

The three blessings – As três bênçãos

Todos os dias antes de te deitares, regista num caderno três coisas positivas que aconteceram no teu dia e pelas quais estás grata. Se no início for difícil, vais ver que depois se torna num hábito.
 
 
 
 
 
 
Vera Braz Mendes