Percepção é projecção
Certo dia, um rei chamou ao seu palácio o mestre zen Muhak -
que viveu de 1317 a
1405 - e disse-lhe que, para afastar o cansaço e a tensão do trabalho
administrativo, queria ter uma conversa completamente informal com ele. De
seguida, o rei disse que Muhak parecia um grande porco faminto a procurar
comida.
"E você, excelência", respondeu Muhak,
"parece o Buda Sakiamuni a meditar, sobre um pico elevado dos
Himalaias".
O rei ficou surpreendido com a resposta de Muhak.
"Comparei-te a um porco, e tu comparas-me ao
Buda?"
"É que um porco só pode ver porco, excelência, e um
Buda só pode ver Buda", explicou Muhak com um jeito humilde.
O rei sorriu, antes de admitir que a resposta de Muhak era
uma lição de sabedoria.(conto Zen)
Será
que a realidade existe? Ou será que existe a minha, a tua… em mim… em ti…?
Vários são os caminhos que nos guiam no sentido de que a realidade é apenas uma
projecção… uma ilusão.
Segundo Mihaly Csikszentmihalyi
(um dos grandes investigadores mundiais na área da Psicologia Positiva), a cada
segundo entram na neurologia do nosso sistema nervoso cerca de 2 milhões de bits
de informação, dos quais, o cérebro humano só é capaz de processar cerca de 134. 134 bits que chamamos realidade… É impossível processar
conscientemente cada byte de informação que nos chega pelos sentidos... os 134 bits são seleccionados através de um processo de generalização,
distorção e omissão da informação. Esta selecção vai produzir uma representação interna da
“realidade” que gerará um estado emocional e uma fisiologia, que determinarão
um comportamento. O cérebro é uma unidade de processamento de informações. As informações tornam-se numa representação interna utilizando imagens, sons, sensações, cheiros e gostos. A fim de lidar com 134 bits de informaçãpo por segundo, o cérebro processa-a dividindo-a em grupos de sete mais ou menos dois (7 + / - 2). A maioria das pessoas não se lembra mais de sete marcas diferentes de um determinado produto. Sete mais ou menos dois pedaços são a quantidade máxima de informação que podemos lidar conscientemente. Cada um de nós faz a sua própria selecção, a sua própria
generalização, omissão e distorção, usando filtros que têm por base valores,
crenças, “programas”, decisões, memórias… história pessoal. Nada pode ser mais
libertador do que percebermos que mudando o nosso sistema de filtros, nova e diferente informação é processada, permitimo-nos assim uma
existência totalmente diferente.
Não conseguimos ver outra coisa senão o que somos, por isso, quanto mais positivo e
ilimitado for, por exemplo, o nosso sistema de crenças pessoal, mais positivo e
ilimitado será o mundo que experimentamos. Aquilo que eu percebo do outro ou do
mundo não é mais do que a minha imagem do outro ou do mundo. Percepção é
projecção. Neste sentido, embora a grande maioria de nós viva no efeito, na
verdade, nós somos a causa das nossas experiências… grandes mudanças têm lugar
quando somos capazes de nos colocar na causa do que acontece porque é a única
forma de podermos mudar o que acontece.
A única pergunta que me faço é: Sou feliz com os meus 134 bits? Há um universo de opções à minha volta, um universo de possibilidades… porque é que recrio sempre a mesma realidade, os mesmos padrões? Porque é que olhando no mesmo sentido alguns percepcionam oportunidades...? porque é que onde eu vejo e encontro negro, outros encontram o arco iris? o que me impede de mudar? Está tudo dentro de mim!
A única pergunta que me faço é: Sou feliz com os meus 134 bits? Há um universo de opções à minha volta, um universo de possibilidades… porque é que recrio sempre a mesma realidade, os mesmos padrões? Porque é que olhando no mesmo sentido alguns percepcionam oportunidades...? porque é que onde eu vejo e encontro negro, outros encontram o arco iris? o que me impede de mudar? Está tudo dentro de mim!
“Energy goes where attention flows”, “a energia vai para
onde está o fluxo da atenção”
Exercício:
The three blessings – As três bênçãos
Todos os dias antes de te deitares, regista num caderno três
coisas positivas que aconteceram no teu dia e pelas quais estás grata. Se no
início for difícil, vais ver que depois se torna num hábito.
Vera Braz Mendes