Luis Filipe Vieira assume. O Benfica vai contrair o seu nível de investimento no futebol profissional, quer seja em contratações, quer seja em salários. Em discurso na inauguração da nova imagem da casa do Benfica de Almada, o presidente foi claro. Vender, Vender, Vender. Formar bem para Vender. Confiar na capacidade potenciadora de Jesus para Vender. Cortar na folha salarial. Tudo medidas de controlo de gastos.
Há muito que defendo este caminho, sob pena de um belo dia o Benfica pura e simplesmente ruir. Não podemos continuar a gastar 30M€ em contratações por ano, manter mais de 70 jogadores sob contrato e esperar que as finanças não sofram com isso. É demagógico afirmar, como se tem feito nos últimos anos, que o Benfica gera receita suficiente para um nível de investimento tão grande. E que não é necessário vender ou ir à Liga dos Campeões com campanhas razoáveis. É necessário sim, face ao nível de endividamento a que chegámos.
Espero sinceramente que seja esse o caminho, aliás corroborado pelos recentes actos no final de Agosto, principio de Setembro. A aposta na formação tem de ser uma realidade. Não como única solução (igual a parar completamente o investimento na equipa), mas sim como complemento real às contratações cirúrgicas que se devem fazer.
O presidente do clube, afirmou que não vai permitir que a casa venha abaixo e merece o meu aplauso por isso, só que é bom não esquecer o que de mau foi feito que levasse a esta situação.
Faz-me lembrar a história da cigarra e da formiga, conto popular tão importante a explicar às crianças que o trabalho é muito importante. Faz-me lembrar esta história, na medida em que, nos último anos, o Benfica viveu num Verão à grande e à francesa (outra expressão popular ajustada à situação).
Tínhamos dinheiro fresco a entrar todos os anos, proveniente de avultados empréstimos obrigacionistas, antecipação de receitas das vendas milionárias através de empréstimos, o fundo criado em 2009, enfim, parecia não acabar o nosso poder de captar este financiamento. Pudémos rir, cantar, e festejar sem preocupações, com todos os recursos que estavam à nossa disposição, mas nunca ninguém dentro do Benfica se movimentou no sentido de por um travão à megalomania que assolou o clube.
Chegámos ao fim do verão senhores, e agora temos de ultrapassar o inverno que se aproxima, com muitas dificuldades. E para quê? Para termos um campeonato ganho em 5 anos? Tivéssemos sido mais cautelosos com os recursos e hoje porventura, teríamos os mesmos resultados e uma capacidade para arrasar a concorrência interna, que já se viu que também andou a cantar feita cigarra e agora sofre as mesmas consequências que nós! Mas eles ainda têm alguma coisa para mostrar...
Parece-me sinceramente que ainda se deram conta deste grave problema a tempo. Assim tenham a coragem de confirmar a inversão de politica com acções.