Há que enaltecer a gestão de plantel que os responsáveis benfiquistas estão a fazer esta temporada, com particular destaque para o treinador, Jorge Jesus. Na ressaca de dois anos muito maus, com muitos erros próprios, e chegados ao inesquecível principio de Setembro de 2012, muitos adivinharam uma continuação do trajecto menos bom para 2012/2013. Confesso que fui um deles, escaldado por acontecimentos que não interessa agora revisitar. Com eleições em Outubro, adivinhavam-se perturbações sobre a equipa também nesse aspecto.
O certo é que, o Benfica entra em Abril, como há muito, muito tempo, não se via.
- Líder incontestado da Liga, com 4 pontos de avanço sobre o segundo classificado.
- Com um pé e meio na final da Taça de Portugal.
- A lutar efectivamente pela Liga Europa.
O que terá mudado então de anos anteriores para este, de modo a que se veja esta aparente transfiguração da equipa encarnada? Mudaram algumas coisas, mas a mais importante considero ser a gestão do plantel. Ao cabo de 3 épocas, Jesus mudou a sua forma de gestão. Ao contrário de outros anos, a rotação no plantel é feita em todos os jogos, com diferentes jogadores a serem poupados, e com critério na forma de rotação. Vimos este ano, jogadores inicialmente considerados de menor valia (casos de Jardel, Matic e André Almeida) a corresponderem de forma muito positiva quando chamados à equipa. A sua utilização esta época reflecte-se no sucesso da equipa.
Um caso paradigmático é a gestão do meio campo. Por hábito, Jesus nunca poupa Matic e Enzo Perez em simultâneo. Ora descansa um, ora o outro. Isto não só permite o descanso a cada um, como a entrada no ritmo competitivo de jogadores como os portugueses, André Gomes e Roderick.
No ataque a mesma coisa. Cardozo, Lima e Rodrigo têm alternado entre si a posição no banco de suplentes, com oportunidades dadas a todos eles de jogarem e marcarem.
Esta rotação ou gestão positiva, como eu lhe chamo no titulo do artigo, tem ainda mais significado quando nos apercebemos das condicionantes que envolveram a equipa durante toda a época. As saídas sucessivas e num curto espaço temporal de Javi Garcia e Witsel, o caso Luisão, as eleições no clube, a saída precoce da Liga dos Campeões, o mercado de Janeiro, as movimentações nos corredores do poder (este ano visivelmente saídos da toca). Ao considerarmos todos estes factores (e tendo em conta o historial de 3 anos de dirigentes e equipa técnica) era difícil a qualquer um prever um progresso destes. Em anos anteriores qualquer uma destas coisas seria causa suficiente para nos deixar atrás dos rivais internamente (não esquecer que o Porto está a fazer um campeonato invicto tal como nós), mas desta vez não há dúvidas do bom trabalho realizado.
Todo o mérito tem de ser atribuído a quem o merece e neste caso nada há a dizer. O nosso treinador está de parabéns pela mudança de paradigma operada e que julgo que o tornou num melhor treinador. Ele que já possuía bastantes e inegáveis qualidades.
PS: A minha previsão de que o Benfica não será campeão mantém-se, pois já se viu bem o que anda a ser preparado jornada após jornada. Tenho no entanto alguma esperança de que continuemos a ser mais fortes que tudo isso.