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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Balanço do mercado e a força que resta

Fechou o mercado de inverno, e com ele chega a questão à qual importa sempre responder nesta altura: o FC Porto termina o mês mais ou menos forte? Na época passada, o FC Porto chegou ao final de janeiro claramente mais fraco, algo que acabou por se confirmar no fecho da temporada. Desta vez, o FC Porto chega ao início de fevereiro com menos variedade de soluções no plantel, com apenas mais uma opção no ataque... mas não necessariamente mais fraco.

Soares foi a única contratação, mas Nuno Espírito Santo teve outro reforço de luxo do qual ninguém tem falado: não perdeu nenhum titular. Todos os jogadores que saíram (Sérgio Oliveira, Evandro, Adrián e Varela) não estavam a ser nem primeiras nem segundas opções no FC Porto. Poupa-se na folha salarial e, desta forma, outros jogadores que não têm jogado muito mas que estavam no plantel, casos de Rúben Neves ou João Carlos Teixeira, teoricamente podem ter mais chances de serem opção. 

Entre os que saíram, Evandro era aquele que mais útil poderia ter sido ao FC Porto. Um médio completo, capaz de corresponder a qualquer momento do jogo e que seria útil em qualquer fase da temporada. No Hull, já jogou mais em duas semanas do que em meia época no FC Porto. 

NES nunca olhou para ele como opção, por isso a sua saída não acaba por surpreender, ainda que saia como um jogador que o FC Porto não aproveitou da melhor forma. Com o mesmo número de oportunidades, faria igual ou melhor do que outros concorrentes na sua posição. 

A saída de Sérgio Oliveira só merece subscrição. Passou meio ano só a treinar, pois entre o fecho do mercado de verão e o de inverno não jogou um único minuto. O Tribunal do Dragão comentou, na época passada, que Sérgio Oliveira tinha que aproveitar ao máximo os tempos com José Peseiro, pois provavelmente não voltaria a ter um treinador no FC Porto a dar-lhe tanto tempo de jogo. Assim foi. NES até o utilizou no início da época em 2 jogos, mas rapidamente se percebeu que nunca seria opção válida. A mentalidade competitiva também ajuda a evoluir, coisa que Sérgio Oliveira não revelou nos últimos meses. Vai jogar no Nantes, uma boa colocação por parte do FC Porto. No final da época há que rever a sua situação, mas dificilmente algum dia será opção inicial no clube. 

Chegou também o fim da era de Silvestre Varela no FC Porto. Oficialmente, pois já tinha acabado muito antes. Curiosamente, um dos primeiros posts d'O Tribunal do Dragão defendia que Varela devia ter saído em junho de 2014, terminando um ciclo no clube no momento apropriado. Já sai tarde, já bastante longe dos seus melhores tempos no FC Porto.

Varela é o melhor marcador português do Estádio do Dragão. Foi tricampeão, ganhou a Liga Europa, Taças e Supertaças. Abriu os 5x0 contra o Benfica, matou o Sporting na Taça, marcou no Jamor, resolveu no dilúvio de Coimbra e foi essencial para qualquer treinador que tenha passado no FC Porto desde 2009, exceção agora a Nuno Espírito Santo. Para quem não se recorda, foi um jogador contratado a custo zero, depois de uma época no Estrela da Amadora e dispensado pelo Sporting.  Fez 236 jogos, marcou 50 golos, fez 38 assistências, ganhou 11 títulos. Foi uma excelente contratação do FC Porto, que só pecou pelo momento tardio da saída. Maiores felicidades para o último jogador campeão pelo FC Porto a deixar o plantel. Faz parte da história do FC Porto e será recordado como tal. 

Sobra Adrián López, novamente de regresso ao Villarreal. NES tentou uma espécie de reabilitação logo em agosto (de certeza que Jorge Mendes agradeceu, pois revelou-se incapaz de encontrar uma solução para Adrián, e parece cada vez mais limitado aos milhões da treta no raide Rio Ave-Benfica-Atlético-Valência-Mónaco-Wolves), quando não tinha muito mais por onde escolher e não havia reforços à vista, mas infelizmente não correu bem. Há uma barreira, sobretudo psicológica, que impede Adrián de vingar no FC Porto. Não resta muito mais do que desejar o mesmo que na época passada: que se valorize em Espanha e seja possível o FC Porto fazer um encaixe com uma transferência, embora sejam poucas as vezes em que o FC Porto consegue de facto fazer bom dinheiro com excedentários.

Quanto a entradas, temos então Soares. Não será de estranhar se NES o utilizar já contra o Sporting, para tentar ganhar o jogador. Se Soares tiver a felicidade de contribuir ativamente para uma vitória no clássico, ganha desde logo um crédito enorme sobre a sua contratação. A sua contratação sugere que NES vai continuar no esquema de 2 avançados até ao final da época, restando saber qual a composição do meio-campo. Se o FC Porto não contratou nenhum médio e dispensou 2, não faz sentido ser agora que passe a jogar com 4, como contra o Estoril. Com Brahimi e Otávio de regresso, NES já tem todas as condições para formar um 11 muito forte, ainda que o plantel não tenha a profundidade e alternativas idealizadas. Mas sem lesões e castigos até ao final da época, e sem um calendário particularmente sobrecarregado, o FC Porto tem pelo menos uma base de 13 ou 14 jogadores que tem que jogar para ganhar em qualquer estádio em Portugal. 

Há que assinalar também a reintegração de Kelvin, mas não será surpresa nenhuma se NES nunca o considerar como opção. O minuto 92 aconteceu há quase 4 anos. Kelvin não evoluiu nada desde então e para as alas parte como última opção. E se por acaso faltarem extremos, o mais provável é NES fazer o mesmo que fez contra o Estoril: preferir abdicar de extremos e reforçar o meio-campo. Dificilmente será opção para o que resta da época, nem com NES nem com qualquer outro treinador no FC Porto. 

O FC Porto chega ao início de fevereiro com menos soluções, mas não com um plantel mais fraco. Não saiu nenhum titular, e ao contrário do que aconteceu no início da época, em que nem era claro se NES podia utilizar Brahimi, desta vez já não há a ameaça de uma saída antes do fim da época. E com isto conclui-se: neste momento, o FC Porto está com melhores condições para lutar pelo título. 


O FC Porto chega ao início de fevereiro novamente com uma das melhores defesas da Europa. Marcano e Felipe tornaram-se, com todo o mérito, uma dupla de centrais que dá todas as garantias. André Silva já deixou para trás todas as suspeitas (se é que elas ainda existiam) sobre se seria capaz de se assumir como o goleador da equipa. Brahimi está totalmente reabilitado. Danilo é neste momento um dos melhores trincos da Europa. Ou seja, em todos os setores temos elementos fulcrais que estão num excelente momento de forma. Mas não é tempo para continuar num limbo tático, com um sistema híbrido que acaba por não funcionar em parte alguma. NES não pode inventar no que resta da época. Já sabe que não vai perder ninguém, já sabe que tem jogadores dos quais não pode prescindir. Já não restam mais desculpas para errar, inventar ou ter mentalidade pequenina - livrem-se de, no caso de fazerem o 1x0 frente ao Sporting, fazerem o mesmo que fizeram contra o Benfica. 

O mais difícil foi conseguido: o FC Porto volta a depender de si próprio. Começámos janeiro a 4 pontos do Benfica. Neste momento, estamos a um. Mais: aos 78 minutos do Estoril x FC Porto, muitos já temiam ficar a 6 pontos do Benfica. As coisas mudam muito rapidamente. Tal como podem mudar nas próximas duas jornadas: os jogos contra Sporting e Guimarães vão ser extremamente difíceis.

Neste momento, não temos que olhar para o Benfica: só temos que pensar em chegar ao fim da 21ª jornada com 50 pontos. O rival vive um período de enorme instabilidade. Repare-se que o Benfica não conseguiu ganhar um único jogo em que tenha sofrido o primeiro golo da partida. Nem um. Quando sofre primeiro, o Benfica é incapaz de dar a volta ao jogo. É uma equipa que se enerva com muita facilidade. 

Além disso, o Benfica não conseguiu resistir ao mês de janeiro sem vender um titular. E pior do que isso: Luís Filipe Vieira teve que andar pela China e por Inglaterra a fazer leilão, a ver se pegavam em algum. Ao contrário de NES, Rui Vitória perdeu um jogador importantíssimo. E qualquer balneário fica desestabilizado ao perceber que vai haver alguém a ter que sair, quer queira quer não, porque o clube precisa de vender. Não é por acaso que o Benfica piorou precisamente no momento crucial do mercado de transferências. E agora já sente o bafo do FC Porto na nuca, e sabem que ao mínimo deslize podem perder a liderança.

Do lado do FC Porto, o momento é de concentração e responsabilidade. Basta perder com o Sporting e tudo entra novamente num estado depressivo. Para o Sporting, esta vai ser a sua derradeira palavra na luta pelo título: se perdem, adeus. É uma oportunidade tão grande para o FC Porto como para o Sporting. E só um pode estar satisfeito no final. 

A grande força do FC Porto 2016-17 está no balneário, no grupo de jogadores. É o espírito de união e crer que se formou no grupo de trabalho que nos permite estar, neste momento, numa posição que deixa o FC Porto com condições na luta pelo título, algo que é assinalável depois de toda a preparação e gestão da pré-época. São os jogadores, mais do que nunca, que fazem os adeptos acreditar. Faltam 15 finais até ao final da época, e este grupo de jogadores merece o apoio dos adeptos até ao final. Sábado será um bom dia para mostrar isso mesmo. Alguém vai sair do Dragão de rastos. Que seja quem já lá ajoelhou. 

sábado, 11 de junho de 2016

Análise 2015-16: os extremos

Não deve haver portista que considere que os extremos de 2015-16 estiveram melhor do que os de 2014-15. E não é por causa de Quaresma, que passou um ano no Besiktas sem que ninguém se lembrasse dele, mas bastou fazer dois (excelentes) jogos pela Seleção para regressar ao mapa, e logo elogiado como nunca. É simplesmente um facto: os extremos desta época foram inferiores quando comparados com os da época passada. É certo que só Brahimi repetiu a presença do início ao fim, pois Tello saiu a meio, mas em vários momentos da época sentiu-se a falta daquele jogador que sabíamos que a qualquer momento podia resolver um jogo. E não é que ele não existisse.

Há um ano, Quaresma, Tello e Brahimi, os três extremos mais utilizados, foram responsáveis por 31 golos e 28 assistências. Este ano, Brahimi, Corona e Varela, os três mais utilizados, conseguiram apenas 20 golos e 16 assistências. Brahimi foi responsável por mais de metade do trabalho, com 9 golos e 10 assistências. Corona e Varela juntos tiveram intervenção direta em 17 golos. Há um ano, Quaresma, sozinho, teve intervenção em 17 golos e Tello em 19.

Dos extremos que compõe o plantel, talvez só Corona tenha o lugar garantido para 2016-17, ora porque a venda de Brahimi está há muito prevista, ora porque Varela não caminha para mais novo. Tello saiu e nunca foi substituído no plantel, o que também convida à entrada de mais um extremo. A continuidade de Marega no plantel parece ser tão provável como avançar para a Champions com um quarteto defensivo composto por Butorovic, Stepanov, Sonkaya e Benítez. Eh pah, o Sonkaya não era central. Pois não. Mas lateral-direito também nunca provou ser.

Contrato até 2019
Silvestre Varela - Não há treinador que não goste dele. Foi assim com Jesualdo, Villas-Boas, Vítor Pereira, Paulo Fonseca e... Lopetegui. Ou pelo menos parecia, tendo em conta que o pediu em 2014 e voltou a pedi-lo em 2015. Mas Varela mostrou-se uma sombra do que já foi. Começou a época como titular, mas rapidamente desapareceu das opções de Lopetegui. Reapareceu com José Peseiro, outro a confirmar que não há treinador que não veja utilidade em Varela, mas tirando três ou quatro bons jogos fez muito, muito pouco, sobretudo para quem teve um contrato renovado por três anos. Cada vez mais, o que se destaca em Varela é a capacidade defensiva: fecha bem o corredor, protege bem a bola. Mas há cada vez menos rasgo, menos golo, menos cruzamento/passe/assistência (apenas uma assistência em toda a época). Foi a sua pior época no FC Porto, de longe. E se a sua continuidade dependesse das exibições desta época, o seu futuro estaria mais do que definido.

Contrato até 2020
Jesús Corona - Foi o jogador que mais acusou a troca de treinadores. Já se imaginaria que seria um ano difícil para Corona, pois só chegou no final de agosto e não fez a pré-época. Conseguiu até entrar surpreendentemente bem na equipa, aproveitando a quebra de Varela e Tello, mas depois com a chegada de José Peseiro, e com uma abordagem tática completamente diferente, Corona perdeu-se. Dois treinadores e dois estilos de jogo totalmente diferentes, numa temporada em que não fez sequer pré-época, é demasiado para um extremo verdinho como Corona.

Corona até foi um dos melhores da primeira volta, mas desde janeiro que vinha sendo muitas vezes inconsequente. O ponto forte do jogo de Corona é o enquadramento com a baliza, daí que muitos defendam que joga melhor em zona interior. E é verdade. Corona tem um acerto de 61% nos remates que faz, a percentagem mais elevada no FC Porto. Contrariamente, é mau a cruzar, pois só acertou 17% dos cruzamentos que fez. Na primeira volta, Corona era mais objetivo até do que Brahimi. Basicamente, fazia em 4 toques o que Brahimi fazia em 10. Mas essa capacidade de Corona foi desaparecendo. Perdeu 58% dos lances em que tentou o drible, e eram poucas as vezes em que Corona conseguia ganhar metros em progressão, além de ser muito frágil fisicamente, na pressão e na proteção da bola. Pelo elevadíssimo investimento feito nele e pelo talento e potencial que tem, é de esperar muito mais para 2016-17. Corona não desaprendeu a jogar a partir de janeiro.

Contrato até 2019
Brahimi - Goste-se ou não do estilo, foi, é, o maior desequilibrador do FC Porto  e um dos poucos que ia sempre tentando remar contra a maré, entre o caos tático e coletivo que era tantas vezes o FC Porto. Por exemplo, é muito curioso compará-lo a Gaitán e Ruiz, os artistas dos rivais: Brahimi teve uma média de dribles eficazes de 3,8 por jogo, o dobro de Gaitán e Ruiz; Brahimi é o mais rematador dos três, com 2,9 remates/jogo; Brahimi é muito mais eficaz no passe do que Bryan Ruiz (86% contra 79%); Brahimi cria duas situações de finalização para os colegas por jogo, exatamente a mesma média de Gaitán e um pouco mais do que Ruiz.

Isto para dizer que o volume de jogo está lá. Brahimi, mesmo com as rotundas e voltinhas, cria mais lances de perigo do que Bryan Ruiz e Gaitán. É certo que não teve tanto golo, pois rematou mais e marcou menos; mas no papel de desequilibrador e de criador de situações de perigo, Brahimi esteve sempre acima da média. Então porque é que a sua época não foi considerada melhor do que a de Ruiz ou Gaitán? Porque é que não consideram que Brahimi fez uma boa época? A verdade é que, muitas vezes, faltou mais FC Porto a Brahimi do que Brahimi ao FC Porto. O criador esteve sempre cá; mas o sucesso de um criador depende sempre de quem aproveite o seu trabalho. A sua saída é uma inevitabilidade, resta torcer para que em 2016-17 haja extremos que criem tantas situações de perigo como Brahimi. Se tiverem um pouco mais de objetividade não fará mal a ninguém. 

Contrato até 2020
Marega - Havia dúvidas sobre se devia fazer parte da avaliação dos extremos. E dos avançados também. Neste limbo, acaba por entrar nos extremos. Tendo em conta que O Tribunal do Dragão não pode dizer nada de novo sobre o jogador, pois soaria a repetição, a avaliação fica para quem esperava algo mais de Marega e achou que seria este o reforço que ia devolver o FC Porto à luta pelo título em janeiro. Para a história ficam 13 jogos, 500 minutos e um golo. Seguindo o pensamento de Leibniz, já marcou mais do que Kaviedes, Cajú, Paulinho Cascavel, Rentería e Toninho Metralha. E os últimos três até foram campeões pelo FC Porto. O céu é o limite e o otimismo reina. 

Os jogadores que estiveram cedidos a outros clubes serão avaliados na análise aos emprestados.

Pergunta(s): Que expetativas para Corona em 2016-17? Marega e Varela merecem continuar no plantel? Confirmando-se a saída de Brahimi, quem deve ser o seu sucessor?

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Terapia A4

Goleada, jogo resolvido cedo, baliza inviolável, golos bonitos e quase todos os jogadores a exibirem-se a bom nível. Bons olhos vejam este FC Porto. Já não há muito a fazer no campeonato, mas em 2009-10 também pouco havia, e a equipa então treinada por Jesualdo Ferreira não deixou de acabar a época com oito vitórias consecutivas na Liga, antes de se lançar para a dourada era Vilas-Boas.

Preparar a final da Taça é o objetivo que resta, mas até lá há o moral para restaurar, e alguns jogadores têm que se reabilitar física e psicologicamente. A exibição de ontem cumpriu todos os pressupostos, sem dúvida a melhor desde a troca de treinadores e talvez a primeira em que houve consistência e qualidade do princípio ao final do jogo. 

Há que assumir o compromisso de honra de voltar a fazer do Estádio do Dragão um palco de terror e derrotas iminentes para os adversários, e não uma casa onde Moreirenses, Uniões, Aroucas e Tondelas conseguem discutir o resultado, fazer golos e pontuar. Porque uma coisa é aparecer um caso isolado, como a vitória do Leixões de 2008, outra é aparecer uma sequência tão negativa de jogos, como foi exemplo as últimas semanas. 






Ao ritmo do capitão
Héctor Herrera (+) - Mais uma exibição completíssima daquele que é o melhor jogador do FC Porto na segunda metade da época 2015-16. Com Lopetegui, era mais forte nas ações defensivas (tinha mais desarmes e recuperações de bola); com Peseiro remata mais, faz os passes em zonas mais adiantadas e melhorou imenso nos dribles (com Lopetegui acertava 23% dos dribles, com Peseiro subiu para 62%). Herrera foi a unidade que ligou todos os setores do FC Porto; dava apoio a Sérgio Oliveira, a Corona, a Varela e a André Silva, de forma incansável e em constante movimentação. Fez um golo, esteve perto de bisar, e voltou a estar bem no passe (ainda há quem alimente o mito de que Herrera falha muitos passes, mas Herrera sempre esteve acima da média neste capítulo, com 85% de acerto; melhor só os centrais ou o médio-defensivo).


Varela (+) - O regresso às boas exibições do melhor marcador português da história do Estádio do Dragão. Fazer um grande golo aos 2 minutos torna tudo mais simples. Não voltou a rematar tão bem e chegou a errar num passe atrasado, mas desta vez esteve sempre presente no jogo, com rapidez, profundidade e envolvência total na circulação de bola. Assim, pelo rendimento, o lugar é dele. 

Laterais (+) - Maxi novamente a bom nível (já é o 2º melhor assistente da equipa), José Ángel numa das melhores exibições com a camisola do FC Porto. Os laterais do FC Porto são responsáveis por metade dos passes para golo da equipa, o que diz tudo da sua influência; mas ontem o maior destaque foi a excelente forma como o FC Porto soube solicitar os seus laterais para os cruzamentos. O FC Porto bateu o recorde de cruzamentos em bola corrida esta época (25), e Ángel destacou-se neste aspeto, com uma assinalável precisão na hora de cruzar. 

Outros destaques (+) - Danilo Pereira, numa posição que não é (nem deve ser) sua, não cometeu erros e ainda subiu ao ataque para marcar (excelente jogada de laboratório no 3x0); Corona fez duas assistências, quatro passes para zonas de finalização e ainda tentou o golo em três ocasiões, apesar de ter sido inconsequente em alguns dos seus lances e por vezes lhe ter faltado objetividade; André Silva ainda acusa a ansiedade de marcar o primeiro golo, mas ele vai aparecer - esteve muito bem nas movimentações na grande área e no jogo aéreo; Aboubakar fez um bonito golo e aparentou estar mais confiante (as limitações de Aboubakar não são físicas, nem técnicas, mas sim psicológicas - e isso trabalha-se). 

De destacar ainda a boa exibição coletiva da equipa, que atirou 14 vezes à baliza (em 25 tentativas) e, apesar da velocidade na circulação de bola (muito bem nas triangulações entre lateral, médio de apoio e extremo) e na sucessiva variação de flancos, conseguiu uma eficácia de passe de 90% na primeira parte e acabou o jogo com 87%. Mas obviamente que não é um resto de campeonato a feijões e um único jogo, nomeadamente a final da Taça de Portugal, que pode aferir a continuidade de um treinador - essa decisão já tem que estar tomada, seja com vista à continuidade ou saída de José Peseiro (Jesualdo também acabou 2009-10 com oito vitórias consecutivas no campeonato, uma delas que estragou a festa antecipada do Benfica, e ganhou a Taça, mas a decisão já estava tomada e era irredutível: a sua saída; logo, nada que Peseiro possa fazer neste fim de época deve mudar o que estava previsto há uma semana, seja a sua saída, seja a continuidade). 






Descompensação defensiva (-) - Defeito ou feitio, não raras vezes o FC Porto encontrava-se em preocupante inferioridade numérica nos momentos de contra-ataque do Nacional. Por um lado, isso significa que a equipa envolve mais unidades no processo ofensivo, mas o FC Porto teve que ser mais rápido na transição defensiva no momento da perda. A vantagem madrugadora também contribui para isto, mas o FC Porto a determinada altura deu demasiado espaço ao Nacional para circular, tanto que a equipa madeirense acabou o jogo com 79% de eficácia de passe, bem melhor do que Paços (60%) e Tondela (61%) quando ganharam ao FC Porto. Mas claro, a deixar o adversário ter a bola, que seja quando o FC Porto já está a vencer e a controlar o jogo.

Como importa primeiro ouvir a reação de Pinto da Costa à reeleição, em mais uma entrevista ao Porto Canal, a análise aos resultados eleitorais será feita depois.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Seriedade, parte 2

Depois da forma como a equipa foi eliminada precocemente na temporada passada, o FC Porto poupa no entusiasmo o que ganhou em seriedade na Taça de Portugal. Resolveu cedo e não sentiu necessidade de fazer muito mais.

Se é verdade que do outro lado estavam amadores, estavam amadores a fazer o jogo das suas vidas. Do lado do FC Porto, 11 sem rotinas e estímulo competitivo baixo, a jogar contra 11 jogadores atrás da linha da bola, sem espaço, num mau relvado. Jogos que têm tudo para correr mal se não houver seriedade. 

De notar que entre as equipas da primeira liga, além do FC Porto, a única que se apurou sem ganhar pela margem mínima foi o Nacional. De resto ou é nos penáltis, ou no prolongamento, ou por um golo. Uma competição que é decidida nos detalhes, seja num dérbi, seja num jogo de David contra Golias. Que seja esta a imagem de marca a manter: seriedade.





Bueno (+) - Lopetegui dizia dele que era um avançado disfarçado de médio. Contra o Angrense foi um extremo disfarçado de finalizador. Não tem velocidade para rasgar a partir da ala, mas foi interessante vê-lo nesta nova função: jogar atento ao espaço interior, dar o corredor a Ángel e aparecer mais vezes na grande área (algo que tem faltado muito ao FC Porto quando se usa e abusa de Aboubakar em zonas recuadas). Resultado: duas vezes na grande área, dois golos à ponta-de-lança. Se é difícil encaixá-lo no meio-campo, Lopetegui ganhou mais uma solução para encaixar Bueno na equipa.


Ángel (+) - Não tendo nada para fazer defensivamente (que, basicamente, é o que acontece com Layún e Maxi na maioria dos jogos do campeonato), tinha que dar nas vistas no ataque. E fê-lo. Sempre a dar profundidade, a decidir com maior precisão e rapidez e a cruzar para o 1x0. Foi contra o Angrense, pois foi, mas a confiança tinha que começar a ser ganha em algum lugar. E não ia ser na Champions, de certeza. Uma palavra para Imbula, confortável na posição 6 e mais rápido e prático a decidir, embora o Angrense não oferecesse pressão nenhuma.





É preciso mais (-) - Esperava - e espero - muito mais de Varela no FC Porto de Lopetegui. Excessivamente lento e preso de movimentos desde que começou a partida. Notou-se a falta de entendimento com o lateral, normal para um 11 com poucas rotinas, mas não foi objetivo, não fez bons cruzamentos e não ultrapassou nenhum defesa em velocidade. Muito, muito pouco. O mesmo para Osvaldo. Fez a assistência para o 2x0 e nota-se a vontade de trabalhar fora da grande área, mas não está a conseguir ser incisivo e muitas vezes decide mal. Nunca foi um goleador, o FC Porto saberia isso desde que o contratou, mas temos que esperar mais dele. Sobretudo nas próximas semanas, pois o mercado de janeiro está aí à porta.

Terça-feira é dia de alcançar o segundo maior objetivo da época: a qualificação para os oitavos-de-final da Champions. De preferência invicto, com mais uma vitória, e logo se verá se com o estatuto de cabeça de série para os 1/8. Lopetegui pode ser o primeiro treinador de um grande português a ir duas vezes aos 1/8 da Champions nas últimas 6 épocas. Se fosse fácil, não era para nós.

terça-feira, 7 de julho de 2015

O resgate de um reforço

Champion in the making. Começou a pré-época e ao segundo dia de treinos já se registou uma excelente notícia: a reincorporação de Silvestre Varela no plantel, com contrato renovado até 2019.

É cedo para dar por garantido que fará de facto parte do plantel - ainda há hipótese de ser transferido para outro clube, o que só se compreenderia a título definitivo -, mas faz todo o sentido que assim o seja. Lopetegui queria-o em 2014-15, mas a tal promessa que é um clássico na gestão segundo Pinto da Costa, de ficar mais um ano e sair, já tinha sido feita e refeita.

Contrato até 2019
Infelizmente, não houve clube que pagasse o que Varela valia e queimou-se um jogador que teria sido importante e útil para o FC Porto, se estivesse de cabeça limpa. O jogador acabou por ficar mal na fotografia quando Pinto da Costa falou sobre a sua situação em entrevista ao Porto Canal. Mas isto é algo que teria forçosamente que ser ultrapassado, até porque tratou-se da pior entrevista dada pelo presidente em muitos anos. Basta lembrar os três nomes que falou como apostas na formação a curto prazo: Abdoulaye, Pedro Moreira e Tozé.

Com Varela reintegrado, o FC Porto só tem a ganhar. Trata-se de um extremo inteligente, equilibrado, que cruza e finaliza bem, garante uma boa média de golos e assistências por época e é o melhor amigo de qualquer lateral. Saíndo Quaresma, recuperar Varela é a melhor solução possível. Por mais contraditório e polémico que isto possa soar, se calhar a maioria dos laterais prefere jogar com Varela à frente do que com Quaresma. Isto porque, apesar de Quaresma ter melhorado defensivamente, Varela é mais forte taticamente, sabe dar o correr ao lateral, é forte no movimento interior e fecha muito bem o flanco. Por motivos que nunca compreendi, por vezes era uma espécie de mal amado. Por cá, é bastante apreciado e torço para que fique, definitivamente, no plantel.

Adiante. Uns entram, outros saem... e a outros ainda não se sabe o que fazer. Isto a propósito dos jogadores que têm contrato com o FC Porto, mas não fazem sequer parte do grupo de trabalho para iniciar a pré-época.

Nos primeiros 9 meses da época 2014-15, os jogadores emprestados pelo FC Porto custaram ao clube 2,83M€. Nunca o FC Porto teve a falha salarial tão sobrecarregada às custas de jogadores cedidos a outros clubes. Por exemplo, na época passada, nos primeiros 9 meses só tinham custado 145 mil euros. Por isso, emprestar um jogador, se não houver perspetivas de evolução e reintegração no plantel, é igual a prejuízo. Tanto que as receitas com emprestados em 2014-15 foram de apenas 736 mil euros até ao R&C intercalar.

Portanto, há que varrer a casa. Só assim se pode suportar a massa salarial de Imbulas, Casillas ou Maxis. Não é só a questão salarial para 2015-16 - é também o dinheiro que se poupa em salários futuros, em comissões de empréstimos, e o próprio retorno que uma venda a título definitivo pode significar. 

A situação de Carlos Eduardo  pode servir como exemplo. Que jogador de mais de 25 anos voltou ao FC Porto após um empréstimo? Se Carlos Eduardo não contava para 2015-16, provavelmente nunca mais iria contar. Então arranjou-se saída a título definitivo, por uma quantia que se julga ser razoável. Provavelmente não 7M€, pois um valor desses motivaria todo o interesse em que fosse comunicado à CMVM (apesar de Carlos Eduardo não estar na lista de ativos que a SAD declara em todos os R&C), mas emagre a lista de excedentários, a massa salarial e gera lucro. Fossem todos assim.

Saudando o regresso de Varela, ficam apenas votos de que haja capacidade de repetir o processo de reintegração com Rolando. São casos diferentes, mas se resolvidos acabam com o mesmo resultado: o FC Porto só tem a ganhar. 

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

«Se tiver que morrer em campo por este clube, morrerei» - E se for fora de campo?

«(...) Mas a Quaresma importa deixar o aviso: não pode, doravante, «ir para o balneário normalmente», como ele disse que o fez após não ter ido aplaudir os adeptos em Lille. Como capitão do FC Porto, jogue bem ao mal, muito ou pouco, tem sempre que liderar os agradecimentos aos adeptos. Ser digno da braçadeira não é uma questão de titularidade, mas de atitude. E não pode haver dias em que a atitude fica no banco ou na bancada. Que Quaresma tenha aprendido a lição, tal como vai aprender que o «eu» já não existe neste FC Porto. Quaresma tem 9 dias para decidir se está pronto para isso. Ou talvez a decisão já esteja tomada.»

Fazer mea culpa
não chega
Quaresma, o autor da frase que dá título a este post, é um caso muito particular de amor ao clube. Diria que Quaresma não aprendeu a amar o FC Porto entre 2004 e 2008, quando representou o clube, mas sim após ter saído. Algures entre Istambul, onde foi ídolo, e os Emirados, onde se entregou ao esquecimento, Quaresma percebeu que nunca foi tão feliz como no FC Porto. E chamou a isso a amor ao clube.

Um amor com asteriscos. Quaresma, amas o clube ou amas aquilo que conseguiste no clube? Foste titularíssimo, ídolo, mágico, acarinhado. Torceste os rins ao Argel, ao Nélson e ao David Luiz. Mandaste o Petr Cech ir lá buscá-la um dia depois dos ingleses te terem perguntado o que era uma trivela.  Calaste Istambul no último minuto, calaste os próprios adeptos que te assobiavam no último minuto contra o Aves. Marcaste em Alvalade, esqueceste os anos que lá passaste e bateste com a mão no peito antes de saltares para o colo do Baía, o teu mais emblemático festejo.

O que amas, Quaresma? O FC Porto ou aquilo que foste no FC Porto? Tiveste tempo para reflectir e rapidamente percebeste que o que tens aqui não voltarás a ter em lado nenhum. Mas sabes quantos extremos com 30 anos foram titulares indiscutíveis no FC Porto? É preciso mergulhar nos arquivos para descobrir a resposta.

As palavras podem sair da boca de qualquer um. Não importa quantas juras de amor voltarás a fazer, Quaresma. Importa é que tenhas consciência de que a braçadeira e a camisola que vestes são mais importantes do que o «eu». E que quem se preocupar com o «eu», não será feliz no FC Porto de Lopetegui. O mercado até pode fechar na próxima semana, mas as regras duram a época toda. Prepara-te, porque vais ficar muitas vezes no banco, algumas até na bancada. Não tens que te conformar com isso, mas tens que ser o primeiro a aplaudir os que estão no teu lugar. E tens que entrar com a mesma determinação em todos os jogos, seja em 90 minutos de um clássico, seja num minuto na Taça da Liga. Porque a camisola que vestes é sempre a mesma. E o símbolo na frente será sempre mais importante que o nome atrás.

Lembras-te onde estava o Baía quando o abraçavas em 2006-07? No banco. E lembras-te o que aconteceu ao Baía com Mourinho? Baía é um dos símbolos do FC Porto e nunca foi mais do que os outros. Não és tu que o serás, Quaresma. E se o FC Porto é a tua casa, isto é uma lição que já não precisas de aprender, mas sim que tens que ensinar, pela responsabilidade e honra que é ser capitão. Se não estás preparado, podes ficar connosco, mas não serás um de nós.

Silvestre Varela, o negócio possível

Obrigado, Varela
Não há muito mais a acrescentar sobre a saída de Varela em relação ao que já tinha sido escrito aqui. Infelizmente, contra as expectativas da própria SAD, não houve propostas concretas que agradassem a clube e jogador e o empréstimo ao WBA, um clube com pouca expressão em Inglaterra, foi uma solução de recurso.

Nunca será um mau negócio, pois chegou a custo zero ao FC Porto, resolveu diversos jogos, ajudou a ganhar títulos e conseguiu ser um titular indiscutível com 5 treinadores completamente diferentes. Infelizmente, se em 2013 havia propostas mas não havia condições para abdicar do jogador (após o falhanço Bernard), agora em 2014 há condições para abdicar dele mas não há propostas. 

Um desfecho cruel para um jogador que dizia, em 2012, que jamais trocaria o FC Porto pelo Atlético de Madrid. Como as coisas mudam. Varela tem um palmarés respeitável, marcou no Euro 2012 e Mundial 2014, foi tricampeão pelo FC Porto e ganhou uma Liga Europa. Tem todas as condições para brilhar na Premier League e, com muita sorte à mistura, no final da época poder render uma verba mais condizente com o seu valor. Ao jogador as melhores felicidades, que bem as merece!

sábado, 7 de junho de 2014

Silvestre Varela: está na hora

Revista Sábado
Cinco épocas, 11 títulos, 195 jogos (top 50 do clube), 47 golos marcados (top 40 do clube). Contrato até 2016, 29 anos. Silvestre Varela, único jogador do FC Porto a representar Portugal no Mundial, assume que chegou a altura de se fechar um ciclo no Dragão. Com razão?

É a primeira vez que o extremo assume publicamente que quer sair. O que não significa que seja a primeira vez que tem esta intenção. Em 2012, chegaram várias abordagens ao FC Porto. Algumas descartadas por Varela, todas pelo clube. O empresário, Paulo Barbosa, dizia ao jornal O Jogo. «Acham que o Varela ia deixar o FC Porto para ir para um Atlético de Madrid, um Génova ou um Saragoça?». Nesse defeso, Falcao, Belluschi e Rúben Micael saíram para esses clubes, respectivamente. Quantos jogadores da liga portuguesa recusariam o Atlético?

Varela foi premiado com renovação de contrato, até 2016, nesse ano. Cumpriu a época 2012-13 e completou o tricampeonato. Como outros jogadores, entendeu que estava na hora de sair e comunicou-o à SAD, perante propostas de Inglaterra e Alemanha. Já com 28 anos, as oportunidades não iriam abundar muito mais. Tudo tratado devidamente: entre jogador e dirigentes e não na praça pública.
Em 2012, não queria o Atlético
de Madrid. Quantos fariam o mesmo?

O falhanço na procura de extremos (Ricardo, Licá e Josué foram os reforços para as alas) de qualidade superior levou a que a saída de Varela fosse vetada. Tanto para Paulo Fonseca como para a SAD tornou-se essencial a permanência. «Temos quatro ou cinco alas, além da experiência e qualidade do Varela». Repare-se que foi o único jogador a merecer uma apreciação individual de Antero Henrique na entrevista a O Jogo, em outubro de 2013.

Depois de um ano com muita contrariedade à mistura, chegou a altura de deixar Silvestre Varela sair. Já não há argumentos para impedir o desejo do jogador. Deixar sair Lucho González, o capitão de equipa, em janeiro, foi abrir o precedente para que outros jogadores exijam que também não lhes neguem a oportunidade de ir ao encontro de um contrato mais vantajoso financeiramente.

E se no caso de Lucho a ambição era exclusivamente monetária quando rumou ao Qatar, Varela tem o desejo desportivo de experimentar outra liga europeia. Não é mal remunerado no FC Porto (tem a receber 2,4 milhões de euros até ao fim do contrato), mas um clube que se enuncia como sendo «vendedor», no qual os jogadores «têm ciclos de três anos», mas se pode chocar perante isto.

Em saldos, não. Mas permitir que Varela e o seu representante ofereçam uma solução satisfatória para todas as partes, sim. Mas até ao momento, não há propostas.

Contratos a dois anos do seu termo, sobretudo para jogadores que não são trintões, devem levar sempre o clube à reflexão: é para renovar ou para sair? Nesse caso, Varela é apenas um dos 10 casos do plantel principal a resolver.

Dez jogadores a dois anos do fim de contrato: quase um 11 titular.