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domingo, 12 de outubro de 2014

E agora algo diferente: Sporting queixa-se que o FC Porto cumpriu os regulamentos

O Sporting queixar-se não é novidade. O Sporting emitir comunicados não é novidade. O Sporting atacar o FC Porto não é novidade. Mas o Sporting queixar-se, emitir um comunicado e atacar o FC Porto por, pasme-se, estar a cumprir as regras é novidade.

«Pela primeira vez em jogos da Taça de Portugal, o Sporting foi obrigado a pagar todos os bilhetes requisitados sem possibilidade de qualquer devolução (recordamos que se trata de um jogo em que 37,5% da receita apurada é sua). Por exemplo, na época passada, no jogo da 4.ª eliminatória no Estádio da Luz, não foi pedido qualquer pagamento à priori, tendo o Benfica concedido os 10% regulamentares e permitido a devolução dos bilhetes não vendidos na véspera do jogo. Exatamente o mesmo procedimento que o Sporting teve com o FC Porto, em 2008, quando este visitou pela última vez o Estádio José Alvalade para um jogo da Taça de Portugal».

O Sporting revela toda a indignação no seu comunicado. E surge com uma estratégia... à falta de uma palavra mais elegante, sobram estas: absolutamente ridícula e hilariante. O rival Sporting usa os regulamentos para se queixar que o FC Porto está a cumprir os... regulamentos. Melhor que isto, só lendo o comunicado ao mesmo tempo em que toca a musiquinha do Benny Hill.

O Sporting diz que os amigalhaços do Benfica não exigiram qualquer pagamento à priori quando os defrontaram na Taça de Portugal e mostrou-se indignado por o FC Porto ter exigido ontem a transferência de 44 mil euros. E para se defender, o Sporting cita a seguinte parte dos regulamentos: «Os sócios do clube/SAD visitante têm direito de adquirir até 10% (dez por cento) da capacidade do estádio, desde que o solicitem ao clube/SAD visitado com a antecedência mínima de 8 (oito) dias e no mesmo prazo efetuem o pagamento do valor devido

Portanto, ontem, 11 de Outubro, o Sporting contactou o FC Porto e pediu a sua parte, até 10% dos lugares disponíveis, mas pelos vistos não lhe apetecia pagar. O FC Porto, esses tramados, resolveram exigir que o Sporting cumprisse o que dizem os regulamentos: paguem o devido valor e receberão o respectivo número de bilhetes.

Então, os bons samaritanos de Alvalade, como são uns tipos porreiros, até aceitaram pagar os 44 mil euros correspondentes aos 4 mil bilhetes a que têm direito. Uma atitude louvável, apesar dos malvados do FC Porto, volto a referir, terem exigido exactamente o que dizem os regulamentos: «Os sócios do clube/SAD visitante têm direito de adquirir até 10% (dez por cento) da capacidade do estádio, desde que o solicitem ao clube/SAD visitado com a antecedência mínima de 8 (oito) dias e no mesmo prazo efetuem o pagamento do valor devido».

Mas o Sporting, o grande embaixador do futebol português, que o melhor jornal inglês confunde com o Gijón e que tem tantas idas aos oitavos-de-final da Champions como o FC Porto em Taças de campeão da Europa conquistadas (2), e que tem ainda 3 milhões de fiéis adeptos, teme que não consiga vender os bilhetes todos. Então queriam os ingressos a que tinham direito, mas sem qualquer pagamento; depois, na véspera do jogo, aí sim pagavam e devolviam aqueles que não conseguissem vender.

O que dizem os regulamentos sobre a devolução de bilhetes? «Quando a FPF emita bilhetes compete ao clube/SAD visitado a devolução dos remanescentes no prazo de 4 (quatro) dias da realização do jogo». Neste caso, não há norma aplicável, pois a FPF não emite os bilhetes para esta partida e esta tarefa está a cabo da SAD. Então segue-se o segundo ponto: «Quando os bilhetes sejam emitidos pelo clube/SAD visitado encontra-se este obrigado a utilizar a imagem e o conteúdo definidos pela FPF».

E recordem-me lá, o que diz a FPF sobre a emissão/pagamento de bilhetes? «Os sócios do clube/SAD visitante têm direito de adquirir até 10% (dez por cento) da capacidade do estádio, desde que o solicitem ao clube/SAD visitado com a antecedência mínima de 8 (oito) dias e no mesmo prazo efetuem o pagamento do valor devido».

Só resta citar o que dizia, e bem, Bruno de Carvalho há bem pouco tempo: «Se os regulamentos existem têm de ser cumpridos».