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terça-feira, 9 de setembro de 2014

O polvo que anda de patins e o princípio de Licá

Edo Bosh merecia ser severamente punido. Quanto a isso, não há discussão. Não só a nível federativo como interno. A agressão a um jogador do Benfica na final da Taça de Portugal de hóquei em patins foi bárbara e não foi a primeira vez que Bosh esteve associado a um episódio do género. O castigo é incontestável. O problema, como sempre, está nos dois pesos e duas medidas.

Castigado, sim, mas
com que medida?
Um castigo desportivo de 15 jogos é algo sem paralelo na FPP. Onde pelos vistos a memória também é curta. Isto remontando ao caso em que Mariano Velazquez, antigo capitão benfiquista (e conhecido por ser um «santo»), agrediu Tiago Barbosa, antes de um Benfica-Juventude de Viana, levando a que o adversário tivesse que receber tratamento hospitalar. Neste caso, como as instâncias federativas nada tinham reportado, o jogador teve que recorrer à justiça civil. Só após o CD ter conhecimento da queixa-crime decidiu avançar, levando o jogador a manter-se apenas na expectativa de uma punição na justiça desportiva. Resultado: 5 jogos de suspensão.

O CD da FPP, para quem não sabe, é liderado por Feliciano Pereira Martins. E para quem não conhece o indivíduo, trata-se de um ex-candidato à Mesa da AG do Benfica, o clube do coração.

Situação comum à da LPFP, onde Carlos Deus Pereira, o fiel escudeiro vermelho de Mário Figueiredo e ex-jogador do Benfica, violou todo e qualquer princípio democrático pelo qual se devia trabalhar numa Mesa da AG. Situação já abordada com profundidade aqui.

Ladra, não morde,
mas não larga o osso
Isto a propósito da mais recente entrevista de Mário Figueiredo, à RTP. Em fogo-cruzado, agarrou-se ao mais básico populismo para tentar ganhar um balão de oxigénio: atacou a Olivedesportos, a FPF, elogiou Bruno de Carvalho, puxou a «teia de influências» de que todos falam mas que ninguém identifica (pois, não convém esmiuçar as mesas da AG), atacou a estrutura do FC Porto e aconselhou o Benfica a não seguir o mesmo caminho (sabe-se lá que caminho esse, pois Figueiredo parece ter frequentado a escola Bruno de Carvalho - fala, fala, fala, mas acaba por não dizer nada além de um populismo insosso, que agrada às massas).

Mário Figueiredo tenta manter-se na LFPF da mesma forma que lá chegou: na crista da onda, sendo o presidente da conveniência. Chegou à liga prometendo o apetecível alargamento para os clubes pequenos e a centralização dos direitos televisivos. Conseguiu derrubar o candidato que tanto o FC Porto como Benfica e Sporting apoiavam, António Laranjo. Qual Hércules, Mário Figueiredo rompeu a teia de influências de que ele próprio se queixava - afinal parece que os 3 grandes nem sempre conseguem mandar assim tanto.

A sua gestão da liga é caótica, viola todos os princípios democráticos, condena clubes em praça pública quando os estatutos dizem que é seu papel defendê-los, e mesmo sendo vice-presidente da FPF deu-lhe para bater no organismo liderado por Fernando Gomes. Porque está na moda atacar Paulo Bento e Fernando Gomes, claro está. E porque sabe que Paulo Bento não vai durar muito e que Fernando Gomes já tem porta aberta para entrar na UEFA. E sabe também que, se o barco da LPFP se afundar (e vai afundar), terá que saltar para outro lado. Depois do «Apanha-me se puderes», eis o «Agarra-te ao que puderes».

De Licá a Luís Castro

Sempre gostei de Licá. Um profissional dedicado, portista, trabalhador, humilde e com uma postura correctíssima. Só havia um problema: não tinha/tem qualidade futebolística para jogar no FC Porto. E daqui partimos para Luís Castro.

Segundo alguma imprensa, Lopetegui não está satisfeito com o trabalho de Luís Castro na formação. Pelos vistos, só precisou de um par de meses para ver aquilo que muitos portistas continuam a não ver (ou a não querer que vejam) ao fim de 8 anos: Luís Castro não tem competência técnico-táctica que o recomende para as funções que desempenha no FC Porto.

É preciso mais
Regressamos ao «princípio de Licá»: os que condenam Licá por ser jogador do FC Porto não podem apoiar Luís Castro (aliás, não podem subscrever a sua continuidade, pois apoio todos os profissionais do FC Porto devem ter nos momentos em que representem o clube), por uma questão de coerência. Luís Castro é portista e quando foi chamado para a ingrata tarefa de substituir Paulo Fonseca soube representar o clube com cordialidade. Os resultados foram um desastre, mas era difícil fazer melhor. Teve resultados na equipa B do último ano, mas muito graças aos jogadores que vinham da equipa A. Este ano, ao que consta, Lopetegui não vai mandar jogadores para a equipa B. E se já é difícil com uma equipa basicamente de sub-20 competir na segunda liga, pior ficará sob um técnico que não tem a mínima vocação para a formação.

O fiasco do projecto Visão 611 já aqui foi abordado. Luís Castro foi/é o homem de Antero Henrique para a formação, mas foi Pinto da Costa quem decidiu premiá-lo no fim da última época com um contrato de 3 anos. Mas tal como Lopetegui achou que não devia trabalhar com Licá na equipa principal, tem o direito de entender que não deve ter Luís Castro como braço direito para a formação. Mas Lopetegui não pode chegar e contrariar uma decisão presidencial tomada a três anos, por isso este é assunto que tem que passar pela mais alta patente.

A competência não tem clube. Ou se é competente, ou não se é. Luís Castro validou dispensas de vários jogadores que são hoje titulares nas selecções jovens, alguns já com destaque na Champions de sub-19 e no rival, e tem validado outras tantas contratações de valor duvidoso. O problema não é esse, pois até Teles Roxo e Pinto da Costa já trouxeram carradas de jogadores estrangeiros de qualidade indiscutível - indiscutível quanto à sua inexistência. O problema é continuar-se, ao fim de 8 anos, na formação do FC Porto, num cargo privelígiadíssimo, sem nunca ter feito nada substancial por ela. Luís Castro não é mais do que Licá... e o FC Porto precisa de mais.

PS: A Porto Editora já foi avisada quanto à mais recente alteração na língua portuguesa: «indemnizar» é substituído por «investir». Seja que clube for, seja que fundo for, a realidade acaba sempre por ser a mesma: a partilha de risco não existe e os fundos nunca, nunca têm prejuízos.  Hoje estendem-te a mão, amanhã puxam-te o braço. Por vezes é necessário aceitar a mão estendida, mas não ignorem que o puxão acaba sempre por aparecer.