domingo, outubro 21, 2012

Momento de poesia com Agostinho Fardilha

João de Lemos

(1819- 1890)

“Este ultra – romântico e estrénuo miguelista, adepto furibundo da monarquia absoluta, nasceu no Peso da Régua, nas vésperas da Revolução de 1820. Vencidas as insurreições patuleias, desempenhou várias missões diplomáticas ao serviço de D. Miguel. O seu espólio poético está reunido em cancioneiro. A sua poesia é a mais aferrada a uma visão sentimmental – romântica das tradições; dela emerge uma ou outra nota de delicadeza, e sobretudo a mágoa de exilado que ficou gravada num dos mais famosos poemetos ro mânticos – a Lua de Londres”.


Vamos tentar absorver e transmitir o tecido poético de João de Lemos, através das composições que se seguem.






I

O Sino da minha Aldeia


Sonhando, ouço ao pé o toque
do sino da minha aldeia.
É alegre. Mais uma Alma
fugida da infernal cadeia.

Que repique tão festivo!
Que procissão infantil!
Criança, vou pertencer
ao Cordeiro e Seu redil.

No altar aguardando estou
a mulher da minha vida.
E o sino não esqueceu
nossa união tão querida.

O fruto do nosso amor
o lar encheu de alegria.
Da torre agradável  som
também nos fez companhia.

A idade não perdoa:
para Deus vi – me subir.
E, ao passar junto do bronze,
acenei, mas a sorrir.


II

A Noite é um Jardim

Pr’outras gentes foi o Sol,
o  arrebol
consigo leva e a sombra
vai tomando aéreo espaço,
como abraço,
mas só devagar assombra.

Aqui branco lugarejo
tem desejo
das luzes do escuro céu.
Por horas fica sem cor,
pois a flor
brilhante é apenas o véu.

Sem do dia a claridade,
de verdade
o regato a deslizar
já não retrata o azul;
no paul
os astros fica a admirar.

E nós, Amor, que faremos?
Ver iremos
as flores do teu jardim:
és a minha estrela – flor;
teu calor
abrasa dentro de mim.

Olha aquela luz correndo,
p’ra ti sendo.
Estes brilhos, flores em dança,
estreitam e seremos um :
mal nenhum
fará, querida; descansa.

Gostas destas flores de luz,
que te pus
agora no teu regaço?
Apolo ficou contente;
mas presente
Vénus mais seu embaraço.

Vem, Amor, uma e outra noite.
Que não coite
o dia de veres florido
e sempre variegado,
matizado,
jardim a ti parecido.



III

O Exilado




É triste ser exilado,
longe do torrão natal.
O tesouro armazenado
aqui não é o cendal
que encobre toda a frieza
imposta p’la Natureza.
Contraste com meu país,
faz lembrar, com saudade,
da minha terra a beldade.
Cá nunca serei feliz.

Não troco o Minho ou a Beira
Pela fortuna londrina.
Lá para nada há barreira;
Cá até p’ro ar puro há cortina.
E as Luas tão diferentes!
Não serão indiferentes
ao que se passa na Terra?
Lá ela protege o Amor.
Aqui, privada de cor,
C’o a Natureza faz guerra.

Em qualquer canto do meu
país, o sensual astro
protege o nobre ou plebeu:
à paixão serve de lastro;
beija as águas cristalinas
e anuncia que as matinas
vão acordar novo dia.
Vai amante Sol beijar,
abrindo de par em par
sua boca de magia.

Em Londres, a Lua pálida,
ficou toda enclausurada,
para todo o Amor inválida.
Por mais que seja esforçada,
não consegue rasgar véu
p’ra deixar sair do céu
as névoas que estão lá.
As estrelas fogem dela
e querem-na pôr em cela
ou expulsá-la de cá


.

Agostinho Alves Fardilha (o meu pai)
Coimbra



quinta-feira, outubro 18, 2012

Um olhar




Tons quentes dos telhados do casario da Ribeira, mitigando a sua degradação.

terça-feira, outubro 16, 2012

Pelos caminhos de Portugal...

Mosteiro de São João de Tarouca

Situado no interior da Beira Alta, na confluência de dois vales férteis, o Mosteiro de São João de Tarouca é um dos primeiros - se não mesmo o primeiro - da Ordem de Cister em Portugal (1113).
No século XVIII o Mosteiro foi alvo de sucessivas ampliações e renovação do mobiliário litúrgico e linguagem artística, como prova a renovação da fachada, a execução dos azulejos da capela-mor (1718), o cadeiral do coro, que tem a particularidade de possuir nos espaldares representações pintadas de figuras ligadas à Ordem de Cister, ou o órgão, encomendado em 1766.
Em 1996, a intervenção no Mosteiro de Tarouca, reconhecidamente um dos mais significativos monumentos da arquitectura cisterciense em Portugal, foi assumida como prioridade absoluta do IPPAR.

Pesquisa internet



























Primeira pedra da edificação do Mosteiro

Fotos minhas

sábado, outubro 13, 2012

Um olhar




Oh! Mas o que é isto? O que aconteceu?
Beleza Divina à Terra desceu?
P´ra suavizar o mundo odiento?
Flores e crianças são o meu alento.
Policrómia atrai populações
que descem à rua p'ra ouvir pregões
das vendedeiras, que no mercado ou rua,
anunciam mercadoria sua
ao longe, casais plenos de afeição
compram flores p'ra medrar união;
perto, um jovem, antes que Amor desperte,
traz ramo que seus corações aperte.

Agostinho Alves Fardilha (omeu pai)
Coimbra

quarta-feira, outubro 10, 2012

Pelos caminhos de Portugal...

Debruçada numa das "varandas" da Régua sobre o Douro, admirei esta paisagem deslumbrante, de características ímpares, onde paxorrento deslizava o rio envaidecido de tão belas margens ser ladeado.






Fotos minhas

sábado, outubro 06, 2012

Um olhar


Foto minha


Nada há de melhor que o silêncio, apenas cortado pelo murmúrio do deslizar da água, pois o ruído é o maior inimigo  do pensamento.


quarta-feira, outubro 03, 2012

Pelos caminhos de Portugal...

Rio Vizela 

Derivado do termo "Avicella", diminutivo de "Avis", o Rio Vizela ou "Avicella", na topomínia arcaica, significa, o mais pequeno que o Ave. 
Com uma extensão de cerca de 40 quilómetros, o Rio Vizela insere-se num numeroso grupo de pequenos afluentes do Rio Ave. No seu percurso, na direcção nordeste- sudoeste, banha sucessivamente os concelhos de Fafe, Felgueiras, Guimarães, Vizela e Santo Tirso.










Ponte D. Luís ou Ponte Nova (1911)

Toda em granito, esta ponte foi reformulada nos anos 40, depois do ciclone que destruiu parte do Parque das Termas.








Ponte Romana ou Ponte Velha

Monumento nacional desde 1910, construído em granito durante a época romana






Fotos minhas

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