quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Só mesmo vinda de uma criança...



Definição de AvóArtigo redigido por uma menina de 8 anos e publicado no Jornal do Cartaxo. Uma delícia!
“Uma Avó é uma mulher que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros. As Avós não têm nada para fazer, é só estarem ali. Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as flores bonitas nem as lagartas. Nunca dizem 'Despacha-te!'. Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem apertar-nos os sapatos. Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo ou uma fatia maior. As Avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes. Quando nos contam histórias, nunca saltam bocados e nunca se importam de contar a mesma história várias vezes. As Avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo. Não são tão fracas como dizem, apesar de morrerem mais vezes do que nós.

Toda a gente deve fazer o possível por ter uma Avó, sobretudo se não tiver Televisão”

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Recordando


Almeida Garrett, escritor, dramaturgo, poeta, orador, político, nasceu no Porto a 4 de Fevereiro de 17799, há 210 anos.

Impulsionador do teatro em Portugal, foi uma das maiores figuras do romantismo, sendo o seu poema “Camões” a primeira obra romântica em português.
Editou a sua primeira obra “O Retrato de Vénus”, em 1821.

Da sua imensa obra, destaco algumas das mais conhecidas.

· “O Alfageme de Santarém”
· “Frei Luís de Sousa”
· “Flores sem Fruto”
· “Viagens na Minha Terra”
· “Folhas Caídas”


Inseri um poema de que gosto.
Os Cinco Sentidos

São belas-bem o sei, essas estrelas,
Mil cores- divinais têm essas flores;
Mas eu não tenho, amor, olhos para elas:
Em toda a natureza
Não vejo outra beleza
Senão-a ti- a ti!

Divina- ai! Sim, será a voz que afina
Saudosa - na ramagem densa, umbrosa.
Será; mas eu do rouxinol que trina
Não oiço a melodia,
Nem sinto a harmonia
Senão- a ti- a ti!

Respira- n’aura que entre as flores gira,
Celeste- insenso de perfume agreste,
Sei…não sinto: minha alma não aspira,
Não percebe, não toma
Senão o doce aroma
Que vem de ti -de ti!

Formosos- são os pomos saborosos,
É um mimo- de néctar e racimo:
E eu tenho fome e sede…sequiosos,
Famintos meus desejos
Estão- mas é de beijos,
É só de ti- de ti!

Macia- deve a relva luzidia
Do leito- ser por certo em que me deito.
Mas quem, ao pé de ti, quem poderia
Sentir outras carícias,
Tocar noutras delícias
Senão- em ti!- em ti!

A ti! ai, a ti só os meus sentidos
Todos num confundidos
Sentem, ouvem, respiram;
Em ti, por ti deliram.
Em ti a minha sorte,
A minha vida em ti;
E quando venha a morte,
Será morrer por ti.
Almeida Garrett in “ Folhas Caídas”
Foto:internet)

terça-feira, fevereiro 03, 2009

A " Turma da Mónica Jovem "



A versão adolescente em estilo mangá (palavra usada para designar história aos quadradinhos, feita no estilo japonês), de Mónica, Magali, Cebolinha e Cascão, o êxito mais recente de Maurício de Sousa, já está disponível em Portugal.

O autor quis chegar ao público adolescente. Assim, os heróis da turma rondam os 15/16 anos e sofreram algumas mudanças, como as poses sensuais de Mónica e Magali (que continua a comer muito, mas de forma equilibrada), Cebolinha, agora “Cebola”- que troca os “rr” pelos “ll” (quando está nervoso) e Cascão que já toma banho.

Esta colecção terá os desenhos a preto e branco e abordará temas importantes para os jovens numa perspectiva educativa e didáctica.

Pesquisa: internet
Foto: internet

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Janelas de Lisboa





Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quarta entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho
que as vigias são redondas.
E o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humidade,
e o silêncio, e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia.
E a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez, e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.

Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.

(António Gedeão)

(Fotos:recebidas por e-mail)

(vídeo meu)

domingo, fevereiro 01, 2009

Um dia de domingo...

Origem do mês de Fevereiro


O nome deste mês provém do latim Februarius que deriva, por sua vez, das festas que os romanos celebravam em honra de Juno ou Februa, deusa das purificações. Durante essas festas era costume imolarem-se animais em sacrifícios expiatórios.

Era também neste mês que os romanos homenageavam Pan, o protector dos campos, dos rebanhos em geral e sobretudo dos pastores, bem como outros deuses – como era o caso de Termino ou Termo, divindade tutelar dos marcos e balizas dos campos.

Não existindo no primitivo calendário, só nele veio a ser introduzido com a reforma de Numa Pompílio, segundo rei de Roma.

Fevereiro era simbolizado por uma figura vestida de azul com uma ave aquática na mão e um vaso transbordante de água na cabeça.


(Pesquisa: internet)
(imagem:internet)

sábado, janeiro 31, 2009

Morreu há 20 anos



Fernando Namora, escritor, poeta, médico, morreu há 20 anos a 31 de Janeiro de 1989.
Estreou-se com “Relevos” (1938), livro de poesia.


Será homenageado, hoje, no auditório da Ordem dos Médicos, em Lisboa, onde serão lidos textos da sua obra “Retalhos da Vida de um Médico”.
Amanhã, será exibido no cinema S. Jorge o filme baseado na sua obra “Domingo à Tarde”, realizado por António Macedo.


Poema de Amor


Se te pedirem, amor, se te pedirem
que contes a velha história
da nau que partiu
e se perdeu,
não contes, amor, não contes
que o mar és tu
e a nau sou eu.

E se pedirem, amor, e se pedirem
que contes a velha fábula
do lobo que matou o cordeiro
e lhe roeu as entranhas,
não contes, amor, não contes
que o lobo é a minha carne
e o cordeiro a minha estrela
que sempre tu conheceste
e te guiou — mal ou bem.

Depois, sabes, estou enjoado
desta farsa.
Histórias, fábulas, amores
tudo me corre os ouvidos
a fugir.

Sou o guerreiro sem forças
para erguer a sua espada ,
sou o piloto do barco
que a tempestade afundou.

Não contes, amor, não contes
que eu tenho a alma sem luz.

...Quero-me só, a sofrer e arrastar
a minha cruz.

Fernando Namora, in”Relevos” (1938)

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Reconhecem Luanda ???

Olhando estas fotografias, nem acredito no que vejo! … mesmo sendo imagens dos arredores (musseques). Luanda transformou-se numa cidade do terceiro mundo…uma lixeira…

…e eu que leccionei durante 6 anos em escolas do “musseque”….


O que fizeram à “minha” LUANDA?!!!
























quarta-feira, janeiro 28, 2009

Faria 93 anos


Vergílio Ferreira, escritor, ensaísta, poeta, professor, nasceu a 28 de Janeiro de 1916.

Foi galardoado em 1992 com o Prémio Camões.
A sua obra “Manhã Submersa”, foi adaptada ao cinema pelo realizador Lauro António.

Inseri uma breve passagem de uma das suas obras “Aparição” e um poema (de que gosto).

“Sento-me aqui nesta sala vazia e relembro. Uma lua quente de Verão entra pela varanda, ilumina uma jarra de flores sobre a mesa. Olho essa jarra, essas flores, e escuto o indício de um rumor de vida, o sinal obscuro de uma memória de origens. No chão da velha casa a água da lua fascina-me. Tento, há quantos anos, vencer a dureza dos dias, das ideias solidificadas, a espessura dos hábitos, que me constrange e tranquiliza…”. “Ah, ter a evidência amarga do milagre que sou, de como infinitamente é necessário que eu esteja vivo, e ver depois, em fulgor, que tenho que morrer.”
Vergílio Ferreira “Aparição"


Que há para lá de sonhar?

Céu baixo, grosso, cinzento
e uma luz vaga pelo ar
chama-me ao gosto de estar
reduzido ao fermento
do que em mim a levedar
é este estranho tormento
de me estar tudo a contento,
em todo o meu pensamento
ser pensar a dormitar:
Mas que há para lá do sonhar?

Vergílio Ferreira, in “Conta-Corrente 1”
Foto:internet

terça-feira, janeiro 27, 2009

Ok! Do you want something simple?


Hoje, há pouco veio-me o título desta música à memória, assim meio do nada.

Esta letra fascina-me pela veracidade do que é proferido, escrito, pensado, sentido.

Do you want something simple? The love,the friends, the sex, the words,the job, the life, the family,the money,the songs,the cloths,the looks
, the fun...

Há uma constante ambiguidade no que muitas vezes pensamos, sentimos e na forma como agimos. Queremos atingir o amor perfeito, encontrar O homem ideal, aquela pessoa com quem temos tudo o que não teríamos com outra pessoa, o êxtase da paixão, a cumplicidade, a química, a sintonia, o companheirismo.

Não queremos o simples, o banal, o atingível mesmo de sempre, a repetição de todas as histórias do passado, de todas as experiências falhadas...queremos ter a love story improvável, a intensidade desmedida, a relação inabalável, a felicidade indescritível e duradoura, a certeza de um sempre.

Passamos a vida a medir, a quantificar, a comparar com o que já tivemos, com o que poderíamos ter tido e não tivemos, com os «ses» que nos esmagam e nos imobilizam; pensamos e não agimos, agimos sem pensar, pensamos em demasia e vivemos a conta-gotas.

Exigimos a perfeição sem que nós próprios alcancemos essa perfeição, vivemos em harmonia com os nossos defeitos, falhas, mas queremos a antítese no resto, nos namorados que tivemos e nos que ainda iremos ter, nos amigos que temos e nos que já tivemos, na realização profissional pela qual esperamos, mas nem sempre lutamos; nas escolhas que fazemos, mas pelas quais nem sempre damos a cara.

Vivemos na busca constante de um estado zen constante, de um equilíbrio estável entre nós e todas as pessoas que fazem o nosso mundo girar e esquecemo-nos de simplificar o que parece complexo e de viver livres e despidos da nossa própria complexidade.

Joana Pargana
(uma amiga)

Inscrição para uma lareira



A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!

Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida…

(Mário Quintana)
(Foto:internet)

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Comemoração



D. Vicente da Câmara, de 80 anos de idade, personagem incontornável da história do fado, comemora hoje e amanhã no Tivoli, em Lisboa, os seus 60 anos de carreira. Tudo começou em 1948, quando ganhou o prémio da Emissora Nacional.

“ A Moda das Tranças Pretas”, foi o seu principal cartão de visitas.





domingo, janeiro 25, 2009

O laço



Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço…uma fita dando voltas? Enrosca-se mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço. É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braços. É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço. E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando…devagarinho, desmancha, desfaz o abraço. Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido. E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço. Ah! Então, é assim o amor, a amizade? Tudo que é sentimento? Como um pedaço de fita? Enrosca, segura um pouquinho, mas pode-se desfazer a qualquer momento, deixando livre as duas pontas do laço. Por isso é que se diz: laço afectivo, laço de amizade. E quando alguém briga, então diz-se: romperam-se os laços. E saem as duas partes iguais, os meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço. Então o amor é isso…não prende, não escraviza, não aperta, não sufoca uma vez que, quando vira nó, já deixou de ser laço.

(Autor desconhecido)
(Foto:internet)

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Continuando com poesia...


Escalar-te lábio a lábio

Escalar-te lábio a lábio
percorrer-te: eis a cintura
o lume breve entre as nádegas
e o ventre, o peito, o dorso
descer aos flancos, enterrar
os olhos na pedra fresca
dos teus olhos,
entregar-me poro a poro
ao furor da tua boca,
esquecer a mão errante
na festa ou na fresta
aberta à doce penetração
das águas duras,
respirar como quem tropeça
no escuro, gritar
às portas da alegria,
da solidão.
Porque é terrível
subir assim às hastes da loucura,
do fogo descer à neve.
Abandonar-me agora
nas ervas ao orvalho-
a glande leve.

Eugénio de Andrade
(Foto:internet)

quarta-feira, janeiro 21, 2009

47-º aniversário da morte de João Villaret

O actor e declamador João villaret morreu a 21 de Janeiro de 1961, em Lisboa, aos 48 anos de idade.

Contribuiu para a divulgação da poesia e de poetas como Fernando Pessoa , José Régio, entre outros.

Ouçam -no numa das suas declamações.

142 anos depois continua actual...


terça-feira, janeiro 20, 2009

Momento de Poesia


A escola e os ovos

Não tinha leite nem ovos
A escola onde aprendi
Tinha antes palmatórias
E os “safanões” que sofri

Tem agora boa cantina
Mas ausência de valores
Com muita indisciplina
E agressões a professores

A política chegou à escola
E agora muito mais
Conta é o lugar político
Não os alunos e pais

O que será deste país
Quando os homens do poder
Forem os alunos de agora?
Não é difícil prever…

(António Faria)
S. Mamede de Infesta

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