Sou de todos os portos, do barulho das suas docas
De todos os enormes navios fundeados nos cais
E dos que estão encalhados nos bancos de areia (...)
Sou de todos os faróis que há nas noites das costas
Indicando, nos segundos cronometrados da sua luz,
A traição dos continentes, das ilhas e dos bancos de areia (...)
Sou de toda a extraordinária força da gente marítima
Que se entrega aos abismos do mar com a sinceridade
De quem se dá ao único destino possível da terra (...)
Sou de todos os voos de gaivotas e das suas travessias
Quase incompreensíveis aos homens da terra tão lentos
E tão distantes do entendimento das asas duma gaivota (...)
Por isso a minha pátria é o mar (...)
João Meneres de Campos, Mar vivo, In " A poesia da Presença"