Guardian US e Washington Post partilham Pulitzer por revelações de Snowden (link corrigido)
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Capa da The Economist da semana |
22 de Fevereiro de 2014
Por Eric Margolis
Nos inícios deste mês, a diplomacia americana na crise da Ucrânia foi sintetizada, pela alta funcionária do Departamento de Estado, Victoria Neuland, uma destacada neoconservadora: "Que se f*** a Europa!"
Na sexta-feira [21 de Fevereiro - NT], a Europa respondeu intermediando um compromisso sensato na cada vez mais perigosa crise ucraniana, quando o exército se aprestava a intervir. Se o pacto for respeitado, o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, irá renunciar a alguns dos seus poderes, será formado um governo de unidade, serão realizadas eleições, e os manifestantes presos serão libertados. O destino da líder nacionalista presa, Yulia Timoshenko, permanece incerto.
Aqui estava uma solução diplomática inteligente para uma crise que poderia ter levado a um choque frontal entre a NATO e a Rússia, ambas potências nucleares.
"Temos urgentemente de pôr cobro a esta espiral recessiva, em que a redução drástica da procura leva ao encerramento de empresas e ao agravamento do desemprego." - Cavaco Silva, mensagem de Ano Novo de 2013.
"Portugal, não Espanha, é o verdadeiro milagre económico na Península Ibérica." - análise do Commerzbank conhecida hoje.
Chile, 27 de Dezembro de 2013
Em Setembro de 1939, seis dias após o Reino Unido ter declarado guerra à Alemanha, Charlie Chaplin começou a rodar o que viria a ser um dos seus filmes mais épicos de sempre... e o primeiro filme sonoro da estrela do cinema mudo.
Tratava-se de um projecto corajoso - o "Grande Ditador" satirizava directamente Adolf Hitler.
No final do filme, Chaplin enfrentou a câmara e fez um discurso sobre princípios intemporais - a paz, o respeito mútuo, a liberdade de nos defendermos de homens perversos que aspiram a liderar nações.
Isto fez com que Chaplin não tivesse ganho amigos em Washington onde se ansiava pela manutenção da neutralidade oficial.
E pagou bem caro por isso - o Grande Ditador marcou o início de toda uma década de turbulentos problemas entre Chaplin e o governo dos EUA.
O director do FBI, J. Edgar Hoover, abriu um dossier sobre Chaplin e lançou uma campanha de difamação para manchar a sua imagem pública. Os principais meios de comunicação rapidamente ajudaram à "festa", ao acusarem Chaplin de ser um simpatizante comunista.
Acabariam por encontrar numa lei obscura um pretexto para o levar a tribunal e à prisão.
Chaplin ganhou o caso em julgamento... por pouco... mas acabou arrastado na anti-comunista caça às bruxas do senador Joseph McCarthy.
Na sua autobiografia, Chaplin resume os seus problemas com o governo dos EUA:
"O meu prodigioso pecado foi, e ainda é, ser um não-conformista. Embora eu não seja um comunista, recusei-me a enfileirar-me nos que os odiavam... Em segundo lugar, opus-me à Comissão das Actividades Anti-Americanas - uma designação desonesta desde logo, suficientemente elástica para envolver o pescoço e estrangular a voz de qualquer cidadão americano cuja opinião honesta fosse minoritária."Chaplin atingiu o ponto de ruptura quando, enquanto cidadão britânico, percebeu que seria de facto expulso da Terra dos Livres. Como ele escreveu,
"A minha reentrada naquele infeliz país teve pouca importância para mim. Gostaria de lhes ter dito que quanto mais cedo me livrasse daquela atmosfera sitiada de ódio , melhor, que eu estava farto dos insultos e da pomposicade moral da América e que todo o assunto foi terrivelmente entediante."Ele levou a sua família para a Suíça e viveu o resto dos seus dias num cenário idílico, perto de Genebra.
Havia apenas um problema. A totalidade da substancial riqueza de Chaplin estava nos EUA. E ele esperou demasiado tempo - até ser exilado do país - para sequer pensar em colocar no estrangeiro algum capital.
Assistimos à sucessão da história de quarta-feira, relativa à recolha massiva de registos de chamadas telefónicas por parte da NSA [National Security Agency], por uma outra ontem [quinta-feira, dia 6 de Junho] agora dizendo respeito ao acesso directo, pela mesma agência, aos servidores das maiores empresas prestadoras de serviços de internet em todo o mundo. Não tenho tempo de momento para abordar todas as repercussões destas revelações pois - pedindo emprestada uma frase de alguém - estou ansioso pelas futuras revelações que estão por surgir (o que acontecerá em breve), e não em olhar para trás para aquelas que já vieram à luz.
Mas pretendo assinalar dois pontos. Um acerca dos whistleblowers, e o outro relativamente às ameaças de investigação emanadas de Washington:
1) Desde que a administração Nixon assaltou o escritório do psicanalista Daniel Ellsberg, a táctica do governo dos EUA tem sido a de atacar e demonizar os denunciantes, como forma de desviar a atenção da exposição das suas próprias prácticas preversas, tentando destruir a credibilidade do mensageiro para que todo o mundo não ligue à mensagem. Sem sombra de dúvida, essa manobra também aqui será tentada.
Daniel Ellsberg
Direi algo mais adiante, mas por agora: como estes actos de denúncia são cada vez mais demonizados ("repreensíveis", como ontem os classificou o Director da National Intelligence, James Clapper), disponha o leitor por favor de um momento para considerar as opções disponíveis a alguém com acesso a numerosos documentos classificados de Top Secret [Muito Secreto].
Poderiam enriquecer facilmente vendendo esses documentos em troca de enormes somas de dinheiro a serviços secretos estrangeiros. Eles poderiam tentar prejudicar o governo dos EUA dirigindo-se a um adversário estrangeiro e, secretamente, transmitindo-lhe esses segredos. Poderiam, gratuitamente, expor a identidade de agentes secretos.
Nenhum dos denunciantes perseguidos pela administração Obama, no seu ataque sem precedentes aos denunciantes, fez nada disso: nenhum deles. Nem nenhum daqueles que são responsáveis pela divulgação dos factos correntes.
Eles não agiram com qualquer interesse próprio em mente. A verdade está no pólo oposto: eles incorreram em grandes riscos pessoais e sacrifícios por uma razão abrangente: tornar os seus concidadãos cientes de que o seu governo está a fazer nos bastidores. O seu objectivo é educar, democratizar e responsabilizar os que estão no poder.
As pessoas que fazem isto são heróis. Elas são a personificação do heroísmo. Elas fazem isto sabendo exactamente o que é provável que lhes venha a acontecer pela mão do governo mais poderoso do planeta, mas fazem-no não obstante. Elas não retiram quaisquer benefícios para si destes actos. Eu não pretendo simplificar excessivamente: os seres humanos são complexos e geralmente agem sob motivos mistos e múltiplos. Mas leia-se este notável ensaio sobre as revelações desta semana do especialista em segurança do The Atlantic, Bruce Schneier, para entender por que são esses bravos actos tão cruciais.
Bradley Manning
Aqueles que tomam a iniciativa de expor estes casos raramente retiram daí qualquer benefício . Aqueles que beneficiam são vocês que descobrem o que se deveria saber mas que vos é ocultado : nomeadamente, os actos de maiores consequências que são levados a cabo por aqueles com o maior dos poderes, e de como essas acções estão afectando a sua vida, o seu país e o seu mundo.
Dow Jones encerra acima dos 15 mil pontos pela primeira vez em 117 anos de históriaA estória:
Número recorde de lares beneficiários de "vales de alimentação" -- 1 em cada 5
bem resumida no seguinte tweet de Bill Gross, presidente executivo do maior fundo de obrigações do mundo, a PIMCO (via ZH):
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Retirado daqui |
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Imagem daqui |