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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Carta aberta de um americano, agente russo, a Vladimir Putin

Paul Craig Roberts
Independentemente do que se pense ou deixe de pensar acerca de Donald Trump, o facto é que nunca antes desta refrega eleitoral, nem mesmo durante os anos da II Guerra Mundial, se verificou uma tão ampla e violenta campanha contra (ou mesmo a favor) um candidato presidencial nos Estados Unidos. Se pensarmos em termos de Ocidente, essa campanha não foi menos virulenta, nem menos enviesada na Europa. Entre nós, não dei conta de um jornal, muito menos de um canal de televisão, que fosse sequer longínquamente neutro na disputa. Não dei conta de um político, de um jornalista que fosse pró-Trump antes de conhecerem os resultados eleitorais, o que, em circunstâncias "normais", seria, até estatisticamente, impossível. Por cá, só dei conta desta expiação. No grande esquema das coisas, a cadeia RT foi - é - a grande excepção. Conhecidas as relações, pelo menos financeiras, com a Rússia de Putin, as acusações à RT, que já vêm desde o seu início, subiram imenso de tom. Tornaram-se até histéricas. Não foi a Rússia de Putin acusada de interferir e mesmo manipular a campanha eleitoral, por exemplo, promovendo ataques informáticos para revelar emails embaraçantemente reveladores? E agora que a media tradicional, foi derrotada fragorosamente pelos novos canais e redes de comunicação, que mais se haviam de lembrar que descobrir websites de "notícias falsas"? De chegar ao ponto de o parlamento europeu acusar a RT de ser um desses canais e "recomendar" intervenções para remediar a irradiação de "notícias falsas"? Paul Craig Roberts ganhou a distinção de ter sido indicado como um dos mais de 200 websites de "mentiras". Resolveu, em conformidade, escrever uma carta a Vladimir Putin cuja tradução me pareceu pertinente. Ei-la:

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Citação do dia (192)

“O Mundo atingiu um estado paradoxal, no qual as nações credoras estão mais preocupadas com o destino do dólar do que as próprias autoridades americanas.
Assim, a evolução do papel do dólar como moeda de referência tem dado espaço a previsões muito pessimistas baseadas em teoria económica sólida. Não deve considerar-se uma surpresa que um número crescente de pessoas que tem activos em dólares, agora queira diversificar, parcialmente, esses activos para o ouro – o refúgio tradicional para a inflação ou para a adversidade política.”

Oleg V. Mozhaiskov, Vice Pres. do Banco Central Russo – Conferência LBMA, Junho 2004.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Serviço Informativo

"Notícias do Ouro"

Está no ar mais um programa noticioso do mercado do ouro por parte da GoldBroker. Um breve vídeo para colocar em contexto os mais recentes dados do mercado mundial dos metais preciosos.
Destacamos:
- as reservas de ouro da China e da Rússia;
- a governadora do banco central russo - Elvira Nabiulina - referiu-se à necessidade de rever a composição das reservas internacionais russas, conferindo maior importância ao ouro;
- as novas rotas do ouro com destino à China;
- Albert Edwards (Société Générale - SocGen) considera que os bancos centrais estão a preparar uma crise maior que a de 2008;

Acrescentamos a notícia de que um grupo indiano de investidores adquiriu a refinaria suíça Valcambi - que é a maior refinaria do mundo.

Continuação de boa semana.

sábado, 21 de março de 2015

A mão dura ou a suavidade arrepiante do aço

Realismo intervencionista

Há muito que nem os apaixonados pela "mão macia" da diplomacia se opõem a nada disto. Talvez tenham acompanhado sempre a intenção, mesmo que não a acção propriamente dita destes "falcões".
Veja-se como se justificam, com a simplicidade de uma martelada, as intervenções, os discursos, as sanções que os EUA impõem por esse mundo fora. Até a NATO - como artifício institucional - se desmascara aqui.
Sinto arrepios. E os leitores?

quarta-feira, 4 de março de 2015

Ucrânia, um debate por fazer (III - conclusão)

Com este post terminamos a tradução (iniciada aqui e aqui continuada) da declaração política que o Instituto Václav Klau publicou em 15 de Abril do ano transacto a propósito dos acontecimentos na Ucrânia. Àquela data, Yakunovitch, o presidente eleito em funções, tinha fugido do país e já se consumara a secessão (anexação, segundo outros) da Crimeia. Nesta última parte, é visível que os seus autores estão a escrever tendo em especial atenção os reflexos que o desenrolar da crise ucraniana possam provocar na República Checa que, como se refere no texto, se situa na "fronteira simbólica entre o Leste e o Oeste". Não obstante, a nosso ver, essa circunstância em nada afecta a relevância do texto. Há agora oportunidade para questionar os argumentos dos "legalistas" de ocasião que oportunisticamente se esquecem que a actual situação ucraniana resultou ela própria de um putsch (inconstitucional, por força das coisas). Depois, e mais importante, para os checos como para os portugueses, como para todos os europeus que prezam a Liberdade, alerta-se para as tentativas da elite globalista de Bruxelas, em consonância com os interesses estratégicos americanos, para acelerar o processo de unificação, centralização e burocratização fazendo jus àqueles que pensam "que nunca se deve desperdiçar uma crise séria".

Uma continuação de uma boa semana.

(Continuado daqui)
Parte IV: Fundamentalismo legalista e "vida real"

Referindo-se à contínua desintegração da Ucrânia - a separação da Crimeia e a sua incorporação na Rússia, as constantes declarações de todos os tipos de "repúblicas" russas separatistas e as novas exigências de referendos visando a separação de outras partes do leste da Ucrânia -, os comentadores ocidentais apresentam vários argumentos jurídicos asseverando que tais passos estão em contradição com o quadro legal e constitucional da Ucrânia de hoje, e, portanto, são ilegais e inaceitáveis. Também isto tem que ser colocado no contexto adequado, sem tentarmos passar por especialistas em direito ucraniano. Porque a questão não é essa.

Estes argumentos, em grande medida académicos, até podem estar correctos quando se analisa a ilegalidade de alguns dos passos dados pelos separatistas, mas isso é apenas metade da verdade. A vida real está sempre à frente da lei e esta só se ajusta àquela retroactivamente. A realidade alterada induz novas leis e estas, por definição, são igualmente apenas temporárias. A vida real e as necessidades reais costumam encontrar os seus caminhos, e muito raramente as alterações legislativas conseguem acompanhá-los.

Na história recente, houve apenas um caso de uma divisão verdadeiramente constitucional de um estado e que foi legalmente posta em prática - o da federação da Checoslováquia. A desintegração da Jugoslávia, e posteriormente da Sérvia como da União Soviética, foi por natureza caótica. Foi frequente o confronto e a violência, com numerosos faits accomplis. É inútil analisar isso. A maioria dos países modernos, na Europa e no resto do mundo, obteve a sua independência em resultado de uma luta violenta, ignorando a lei da altura. Negar às pessoas esse direito, invocando a ilegalidade do separatismo, é algo de impossível. Se não o reconhecêssemos, teríamos que negar a legalidade dos Estados Unidos ou, por sinal, o nosso próprio estado, que também nasceu contrariando a Constituição do Império Austro-Húngaro em 1918.

A Europa antes da I Guerra Mundial

terça-feira, 3 de março de 2015

Ucrânia, um debate por fazer (II)

Prosseguimos hoje com a publicação da tradução do texto, co-assinado por Václav Klaus e Jiří Weigl, cuja primeira parte foi publicada aqui. Depois de terem proporcionado um enquadramento histórico do espaço geográfico a que corresponde hoje a Ucrânia e dos povos que a habitam - A herança difícil do passado -, os autores dissecam agora as razões que, no seu entender, explicam o insofismável fracasso do estado ucraniano pós-comunista, antes e depois da "Revolução Laranja", à luz das quais devem ser interpretados os acontecimentos recentes. Irão esquissar dois modelos que, no essencial, suportam as duas principais "narrativas" em confronto e acabam por concluir pela imperatividade de evitar que se dêem passos que tornem efectivo o que já muitos designam de Guerra Fria 2.0. (Os realces no texto são os que constam da versão em língua inglesa do artigo.)

(Continuado daqui)
Parte II: a transformação falhada da Ucrânia

Como se explicou acima, a Ucrânia nasceu após a queda do comunismo enquanto estado essencialmente não-histórico, amaldiçoado com um problema de identidade fundamental desde o primeiro dia. Isto foi sempre um impedimento sério ao desenvolvimento do país, situação que permanece até hoje.

A Europa Ocidental e os Estados Unidos, ou melhor, os político dessa parte do mundo, não vêm problemas nesse condicionamento e pensam que tudo o que é preciso é "introduzir a democracia e o estado de direito". Nada aprenderam até agora com o facto de as repetidas tentativas de "exportação da democracia" terem fracassado e que mesmo as duas décadas de apoio ocidental maciço à Bósnia-Herzegovina, artificialmente criada após a desintegração da Jugoslávia, não frutificaram. E isto para já não falar da Primavera Árabe.

Foto daqui

domingo, 1 de março de 2015

Ucrânia, um debate por fazer (I)

Qualquer que seja a opinião que se tenha sobre Václav Klaus, será difícil não lhe reconhecer a clareza e o desassombro que sempre coloca no expressar dos seus pontos de vista - a defesa liberdade e da economia de mercado, o repúdio dos venenos do multiculturalismo e do globalismo universalista, a recusa do consequencialismo neocon do "fim da história" ou o combate ao ecologismo delirante. Num tempo em que o "politicamente correcto" reina, inclusive em sedes que se reclamam adeptas do conservadorismo (quando não do libertarianismo...), o afrontar o pensamento único vigente impõe com frequência um preço pessoal elevado: o isolamento e, pior, o esquecimento advindo da supressão/ocultação da opinião dissidente. A meu ver, "A Contra-Corrente" seria um título que se ajustaria a umas eventuais memórias que entenda vir a escrever (leia-se, por exemplo, esta entrevista).

Václav Klaus
Klaus - talvez o principal artífice, a seguir à "Revolução de Veludo", do quadro institucional pós-comunista na antiga federação da Checoslováquia, da privatização em massa de uma economia estatizada onde se soube evitar a emergência de clãs oligarcas, e da separação, negociada e pacífica (incluindo a moeda), entre as duas nações que a compunham - é agora ainda mais ostracizado devido à leitura que faz dos acontecimentos na Ucrânia. Tendo terminado o seu segundo mandato presidencial em Março de 2013, Klaus fundou entretanto um Instituto através do qual, acompanhado nomeadamente pelo seu antigo chefe de gabinete, Jiří Weigl, vai mantendo um repositório das suas intervenções. É desse repositório, que escolhi um texto co-assinado por Klaus e Wegl, publicado em 15 de Abril de 2014, cujo título - Let's start a real Ukrainian debate ("Iniciemos um debate a sério sobre a Ucrânia") - não escondia ao que vinha. Passados mais de dez meses sobre a sua publicação, o debate para que apelava o texto não aconteceu. Para a esmagadora maioria da opinião publicada entre nós, como no Ocidente em geral, não só perdura o maniqueísmo dos "bons" contra os "maus" como, de então para cá, ele se acentuou. Como ainda ontem voltou a suceder com uma nova "prova" (mas afinal eram ainda necessárias mais?) da alegada malignidade do Kremlin. Deste modo, cremos que o texto mantém toda a actualidade. O debate sobre a Ucrânia continua por fazer.

Tratando-se de um texto algo longo, iremos publicá-lo por partes. A primeira tem por finalidade dar um enquadramento histórico sumário do espaço geográfico ucraniano e relembrar que as linhas de demarcação conhecidas por fronteiras têm, as mais das vezes, muito de arbitrário e volátil, situação que o checo Klaus, casado com uma eslovaca, conhece aliás particularmente bem.
15 de Abril de 2014
Por Václav Klaus e Jiří Weigl


Parte I: Introdução - A herança difícil do passado

O estado ucraniano de hoje é um triste resultado das tentativas de Estaline para misturar nações e fronteiras, perturbar laços históricos naturais e criar um novo homem soviético transformando nações originais em meros resíduos étnicos e remanescências históricas. Ter isto em consideração é o ponto de partida do nosso pensamento, algo que infelizmente está em falta nos debates políticos de hoje.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Lapso freudiano

A CNN passava uma peça onde se discutia uma eventual ajuda militar dos EUA a Kiev, na sequência da visita de Merkel a Obama. A RT estava atenta (o que não é propriamente novidade).

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Pat Buchanan: A Ucrânia Precisa de Paz, Não de Bombas

Com especial incidência desde o 11 de Setembro de 2001, que oficialmente iniciou uma aparentemente perpétua "guerra contra o terrorismo", que assistimos à eclosão de guerras sobre guerras marcadas pelo protagonismo da superpotência vencedora da Guerra Fria. De uma forma unilateral, de forma mais aberta ou velada, é como se os EUA se tivessem outorgado a si próprios o papel de um global Robocop (na expressão de Pepe Escobar) que, na esteira do messianismo wilsoniano, tem por missão "resolver" qualquer situação em qualquer parte do mundo que necessite ser "resolvida". Para o efeito, um dos instrumentos preferenciais tem sido o recurso aos bombardeamentos "humanitários" (que, se não estou em erro, foram inaugurados por Bill Clinton nos Balcãs) sendo notórios os "sucessos" que têm sido conseguidos: do Afeganistão ao Iraque, da Síria ao Sudão e à Somália, da Líbia ao Iémen, etc. E tudo parece conjugar-se para mais um envolvimento noutra aventura militar, agora na Ucrânia, muito embora isso não esconda a relutância da "Europa". Mas não foi Victoria Nuland quem, famosamente, exclamou "fuck the EU!" há um ano atrás nas vésperas de Maidan? Pat Buchanan, um paleoconservador antigo candidato à presidência dos EUA, tem sido uma das figuras da intelectualidade americana que tem ousado colocar perguntas pertinentes na tentativa de apelar à razão. Em mais um excelente artigo, apela ao bom senso. E à paz.

3 de Fevereiro de 2015
Por Patrick J. Buchanan


Entre os presidentes do período da Guerra Fria, de Truman a Bush I, havia uma regra não escrita: não desafiar Moscovo na sua esfera de influência na Europa Central e Oriental.

Patrick J. Buchanan
Nas crises de Berlim de 1948 e 1961, na Revolução Húngara de 1956 e na invasão do Pacto de Varsóvia de Praga em 1968, as forças americanas na Europa permaneceram nos seus quartéis. Víamos o Elba como a linha vermelha de Moscovo, e eles viam-no como a nossa. Apesar de Reagan ter enviado armas para os rebeldes anti-comunistas em Angola, Nicarágua e Afeganistão, para os heróicos polacos de Gdansk só enviou copiógrafos.

Essa cautela e prudência da Guerra Fria poderá ter terminado.

Isto porque o presidente Obama está a ser instigado pelo Congresso e pelos intervencionistas liberais [no contexto norte-americano, “progressistas”, de esquerda – NT] no seu partido para enviar armamento letal para Kiev, em guerra civil com rebeldes pró-russos em Donetsk e Luhansk. Esta guerra já custou 5000 vidas, entre soldados, rebeldes e civis. O cessar-fogo de Setembro em Minsk foi rasgado. Os rebeldes, recentemente, conquistaram cerca de mais 300 quilómetros quadrados, e dirigiram fogo de artilharia contra Mariupol, um porto do Mar Negro entre Donetsk e Luhansk e a Crimeia.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Coisas Reais

"No fim do arco-iris está a procura física asiática"

No primeiro aniversário do programa "Get Real", que se tem dedicado a analisar o mercado de vários bens tangíveis (dos metais, ao petróleo ou ao vinho, por exemplo), Jan Skoyles (The Real Asset Co) conduz mais uma entrevista. Desta vez o entrevistado é Ned Naylor-Leyland (Quilter Cheviot I.M.) e são analisados os seguintes assuntos:
- o ano de 2014 e a procura mundial dos metais - ouro e prata;
- a desmistificação da verdadeira dimensão e volume do mercado do ouro - o volume de ouro (sintético/papel) transaccionado diariamente em Londres (LBMA) é várias vezes superior ao volume de transacções financeiras (Dow Jones e FTSE londrino) - são 250 a 300 mil milhões diários e não 20 milhões como noticia o Financial Times;
- a natureza do mercado físico dos metais na China e na Índia - investimento, poupança e garantias de crédito;
- a Índia estabelece protocolos com a Royal Mint e o World Gold Council;
- o balanço do referendo suíço (Swiss Gold Initiative);
- as reservas estruturais de ouro europeias - as iniciativas de repatriamento (Alemanha, Holanda, Aústria, França) serão tentativas de preparação face ao risco dos programas QE na Europa?
- A Rússia e o rublo.

Pouco mais de vinte minutos fazendo o balanço a coisas reais.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Radar

A guerra na sua dimensão financeira está ao rubro: Moscovo procura impedir o pânico relativamente à sua moeda.
Naquilo que parece ser um universo à parte, a China antecipa a inauguração da plataforma de transacção física de ouro para a próxima quinta-feira. Confirme-se na peça outras bolsas de transacção que estão programadas para iniciar funções nos próximos tempos. Notável.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

domingo, 14 de setembro de 2014

25 anos depois, um novo muro na Europa agora subsidiado por Bruxelas

Em mais um episódio da cerrada floresta de decepções em que a Ucrânia se vem mostrando pródiga[1], a acusação que Kiev fazia a Moscovo, em Abril, de pretender construir um novo "muro de Berlim", transformou-se na intenção de efectivamente o materializar só que agora por parte de Kiev e com co-financiamento da União Europeia! É para este perigoso absurdo que Christopher Booker nos chama a atenção na sua coluna de ontem no Telegraph (minha tradução e anotação):
Quem poderia prever há uns meses atrás que o 25º aniversário da queda do Muro de Berlim seria marcado pela construção na Europa de um outro "muro", de quase 1600 km de comprimento, para impedir as pessoas de atravessar uma fronteira internacional?

Com o nome de código oficial de "Muro", é este o plano do periclitante regime de Kiev para construir valas, trincheiras e uma "vedação resistente a explosões" ao longo da fronteira entre a Ucrânia e a Rússia, que o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko [2], tem esperança que a UE venha a co-financiar. Sem dúvida que Bruxelas ficará feliz em canalizar o nosso dinheiro para um projecto insano como este, até porque toda esta confusão foi desencadeada pelas suas movimentações imprudentes e provocatórias com a finalidade de absorver a Ucrânia na UE e na NATO.

Foi também por isto que aviões da NATO transportaram na semana passada duas rampas de lançamento de mísseis para Kharkov, para ajudar o exército ucraniano a chacinar ainda mais civis no leste da Ucrânia do que aqueles que já matou. Mas por que razão o nosso secretário da Defesa Michael Fallon – ao se encontrar com os seus colegas da UE em Milão na passada quarta-feira - se apressou a aplaudir este perigoso absurdo?
[1] Ontem, sábado, houve mais um segundo "comboio humanitário" que entrou na Ucrânia vindo da Rússia mas que passou, significativamente, despercebido ao contrário do furor ocorrido com o primeiro.

[2] Há poucos dias a Wikileaks divulgou este telegrama "diplomático", assinado pelo embaixador americano em Kiev em 2006, onde o agora presidente ucraniano era então designado de "nosso insider", isto é, um informador dos EUA.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

As acções de Putin na Ucrânia: "inaceitáveis" ou provocadas e previsíveis?

Independentemente de isto se vir a confirmar - caso em que, a meu ver, só acelerará a importância do eixo Moscovo-Pequim (tal como a intervenção no Iraque acabaria a reforçar a posição do Irão) -, parece-me pertinente a devida referência à coluna de sábado do insuspeitíssimo Christopher Booker, no Telegraph, relativa à situação na Ucrânia e da qual retirei o título que encima o post.[1] [2] A tradução é da minha responsabilidade bem como os realces de segmentos do texto.
É sempre revelador quando os políticos nos transmitem que algo é "inaceitável". O que eles querem dizer com isso é que, muito embora as pessoas possam ter a expectativa de que eles irão fazer alguma coisa a esse respeito, o facto é que não têm a menor ideia do quê. Foi por isso que os líderes ocidentais, incluindo David Cameron, reunidos para a cimeira da NATO no País de Gales, nos disseram que a intervenção do presidente Putin na Ucrânia era "inaceitável".

O verdadeiro problema aqui não é apenas o de os nossos dirigentes não saberem o que fazer relativamente a Putin e à horrível guerra civil na Ucrânia, que já matou quase 3,000 pessoas e que os russos parecem estar a ganhar sem grande esforço. A questão é que eles e muitos outros no Ocidente têm vindo a fazer uma leitura errada desta crise desde que ela começou no início do ano.

Nunca será demais repetir que o que desencadeou a crise não foi a vontade de Putin em restaurar as fronteiras da União Soviética, mas antes a ambição absurdamente insensata por parte do Ocidente em ver a Ucrânia ser absorvida pela UE e pela NATO. Nunca teria sido possível que Putin ou todos aqueles falantes de russo no leste da Ucrânia e na Crimeia amavelmente assistissem a que o país que foi o berço da identidade russa se tornasse parte de um bloco do poder ocidental. A Rússia ficaria ainda menos contente em ver os únicos portos de águas quentes da sua marinha nas mãos de uma aliança militar que tinha sido formada para, em primeiro lugar, para a conter.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Delícias para as noites de Verão

Buscando articular a realidade - revisitação

Correspondendo à tentativa de tentar juntar as peças que gravitam dispersas, publica-se uma outra entrevista de Ambrose Evans-Pritchard (curioso este interesse que aqui decidi acompanhar). Desta vez a entrevista é levada a cabo por um jornalista que tem larga experiência na investigação em torno dos metais monetários (ouro e prata), Lars Schall em nome da empresa suíça Mattherhorn Asset Management.
Note-se a mudança de tom do entrevistado quando, mudando da descrição da situação actual para os fundamentos últimos da mesma, a voz se vai entrecortando. Em particular quando a situação do repatriamento do ouro alemão e as implicações da importância estratégica do metal na relação de forças global são abordadas.
A análise da situação demográfica e económica chinesa é, no mínimo, preocupante. E quando coloca a variável da dívida na equação, então compreendemos a magnitude dos problemas que teremos pela frente globalmente. E a situação europeia? Moeda, energia, relações com a Rússia e a China. Bem, atendendo aos recentes desenvolvimentos no governo francês e as movimentações de Merkel, algo se desenvolve por detrás das cortinas.
Será que conseguimos ver o que será?

Votos de uma tranquila e proveitosa noite de Verão.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Pat Buchanan: Será Putin pior que Estaline?

O trágico derrube do avião civil no leste da Ucrânia no passado dia 17 desencadeou, nesse mesmo dia, o cortejo habitual de acusações indignadas e o brandir de novas ameaças de sanções por parte dos EUA/NATO para com a Rússia de Putin. O que volta a impressiona nos relatos dos media de "referência" é a sua absoluta disponibilidade para veicular o discurso da potência dominante (uma notável excepção aqui) sem que sequer tentem responder à pergunta essencial aquando de qualquer incidente que, sem muita dificuldade, pode desencadear tragédias subsequentes numa escala muitíssimo maior: Cui bono? Quem beneficia com o derrube do avião?

Talvez muitos já se tenham esquecido de umas certas "armas de destruição maciça" cuja existência constituía uma ameaça tão intolerável que "justificava" uma mortífera guerra no Iraque de que não se vê o fim, 11 anos decorridos. Havia provas, diziam, insofismáveis. Era mentira. Como mentira se revelou o cruzamento de uma certa "linha vermelha" pelo regime de Assad - as "provas" voltaram a ser insofismáveis - da utilização de gás sarin por parte do regime sírio. Novamente, cui bono?

É preciso parar de brincar com o fogo, actividade a que o transversal Partido da Guerra se dedica com afinco desmedido. E volta a ser da denúncia do Partido da Guerra, cuja sede principal se situa nos EUA, que trata este novo artigo de Pat Buchanan que pensei ser interessante partilhar com os leitores. A tradução é da minha responsabilidade bem como a adição de fotos, links e notas.
25 de Julho de 2014
Por Patrick J. Buchanan
Será Putin pior que Estaline?

Patrick J. Buchanan
Em 1933, o Holodomor decorria na Ucrânia.

Após os "kulaks", os agricultores independentes, terem sido liquidados na colectivização forçada da agricultura soviética, foi imposta à Ucrânia uma fome genocida através do confisco da sua produção de alimentos.

As estimativas dos mortos situam-se entre dois a nove milhões de almas.

Walter Duranty, do New York Times, que apelidou os relatos da fome de "propaganda maligna", ganhou um Pulitzer pela sua mendacidade.

Em Novembro de 1933, durante o Holodomor, o maior liberal [1] de sempre, FDR [o presidente Franklin Delano Roosevelt (1933-1945) - NT], convidou o ministro dos Negócios Estrangeiros Maxim Litvinov para receber o reconhecimento oficial dos EUA do regime assassino do seu senhor Estaline [2].

O genocida José Estaline
No dia 1 de Agosto de 1991, apenas quatro meses antes da própria Ucrânia ter declarado a sua independência, George H. W. Bush advertiu o poder legislativo em Kiev:
"Os americanos não apoiarão aqueles que buscam a independência com o propósito de substituir uma tirania distante por um despotismo local. Eles não irão ajudar aqueles que promovem um nacionalismo suicida baseado num ódio étnico."
Em suma, a independência da Ucrânia nunca fez parte da agenda da América. De 1933 a 1991, nunca constituiu um interesse vital dos EUA. Bush I opunha-se a essa independência.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Fronteiras (também a propósito da Ucrânia)

Uma confissão prévia: não só não me dei conta da passagem do "dia da Europa" (o que poderia passar por mera distracção) como - e mais "grave" - desconhecia mesmo a sua existência. De resto, não fora um outro cartaz na rua, dificilmente evitável ao olhar, e umas quantas fotografias sorridentemente indigentes no facebook (e também capa de um jornal) onde descortinei o que julgo ter sido um candidato a candidato a presidente da Comissão Europeia, e corria o risco de não me dar conta de a campanha eleitoral para as eleições "europeias" se ter iniciado. Bem, exagero um pouco pois não apenas sou um visitante frequente do Euro Referendum como procuro seguir o caminho que o UKIP e o seu líder, Nigel Farage, vão trilhando (e as sondagens prometem-lhe uns saborosos 20%!).

Agora que começam a chegar os primeiros resultados dos referendos de ontem em várias zonas da Ucrânia do Leste, parece-me oportuno sublinhar duas coisas relevantes para os europeus:
1) Que o "desafogo" a que agora assistimos no financiamento da dívida pública, que determinou ao governo português uma "saída limpa", é totalmente artificial (os "mercados" estão a exigir à república portuguesa um prémio menor do que fazem, por exemplo, à Austrália, um país de rating AAA);