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segunda-feira, 25 de abril de 2016

Cogitações (4)

Finalmente. A Primavera parece ter perdido a vergonha.
Nada como começar mais uma semana com uma corridinha madrugadora e ter por companhia a paleta de cores que só céu limpo e o sol despertador podem dar. Revigorante.
Mas nada disso motivou esta perturbação cogitativa. Antes, foi o facto de ter escolhido um percurso nos arredores de Lisboa para correr e no qual se ouviam - em alto e bom som - as máquinas de manutenção dos jardins municipais às oito horas e trinta minutos da manhã. De um feriado nacional. Dedicado à Liberdade.
Inquietou-me pensar o que se terá passado neste município governado por comunistas para mandar trabalhar os seus funcionários numa linda manhã de feriado de 25 de Abril. Perturbando, por exemplo, os munícipes que a essa hora poderiam prolongar as suas horas de descanso.
Terei de visitar esta mesma zona para a semana, procurando saber se as mesmas forças libertadoras farão manifestação à porta de uma zona comercial conhecida pelas suas promoções no primeiro de Maio.
Este singelo episódio evidencia a extensão da captura efectiva da capacidade de avaliar criticamente a realidade. E, claro, do significado e alcance de conceitos e valores como o da Liberdade. Até mesmo, arrisco, da Igualdade.
Mas divago.
Boa semana.

domingo, 17 de novembro de 2013

O logro da inflação como algo supostamente benigno

Um par de dias depois do aniversário, a 15 de Novembro de 1923, do início do fim da devastadora hiperinflação da República de Weimar e numa altura em que regressam as Cassandras que anunciam a apocalíptica deflação para "justificar" conferir uma ainda maior aceleração à velocidade de operação das rotativas (hoje electrónicas) dos bancos centrais, creio oportuno insistir na tentativa de convocar o senso comum. É o que Simon Black volta a fazer em mais uma missiva, agora de Bangkok, que procurei traduzir como se segue:
15 de Novembro de 2013
Bangkok, Tailândia

Uma das maiores mentiras em matéria de finanças é este perpétuo logro de que a inflação é algo de bom.

Ben Bernanke, o actual sumo sacerdote da política monetária dos EUA, observou recentemente que é "importante evitar que a inflação nos EUA atinja valores excessivamente baixos".

Bem, claro, isso seria algo de indesejável, não é verdade? Imagine-se o caos e devastação que se seguiriam se o custo de vida de facto se mantivesse... digamos... o mesmo.

Estremece-se, só de pensar na estabilidade de preços.

Naturalmente que estou a brincar. A verdade é que a inflação beneficia aqueles que estão endividados até ao pescoço [a começar pelos estados] à custa dos que foram financeiramente responsáveis.

No entanto, os economistas encontraram forma de conseguir convencer as pessoas de que a inflação é justa e necessária. Todos sabemos que existe inflação. Mas fomos programados para a minimizar como se ela fosse uma parte natural do sistema.

Logro ainda maior constitui o modo como são divulgados os seus valores.

Os governos de todo o mundo mentem sobre a inflação; fazem-no porque a inflação tem um impacto enorme na política monetária.

A cartilha por que todos se regem é muito simples: seja a inflação "baixa" e os banqueiros centrais podem [têm "licença" para] imprimir dinheiro. Desde modo, é grande o incentivo que existe para a subavaliar.

Citando um relatório do Departamento do Trabalho dos EUA, por exemplo, numa manchete recente da Reuters afirmava-se que "Os preços no consumidor nos EUA sobem, mas a inflação subjacente é benigna".

Não tenho bem a certeza de como pode a inflação ser "benigna" quando os preços ao consumidor estão simultaneamente a subir.

E todavia, este é o duplipensar dos nossos dias proveniente do Ministério da Verdade entidade em quem todos nós somos supostos acreditar cegamente.

sábado, 26 de outubro de 2013

Robert Murphy recebeu uma carta da sua seguradora

relativa ao seu seguro de saúde. Esta:


que lhe suscita a seguinte observação (minha tradução):
«Eu pensava que estava contente com o meu seguro de saúde, mas de certeza que estava enganado. É a única explicação. Em qualquer caso, mal posso esperar para conhecer todas as poupanças que vou conseguir ter com o meu novo seguro e com a maior cobertura [de riscos] que me vai proporcionar!»
Se o leitor acaso pensar que lhe estou a apresentar (mais) uma prova irrefutável da perversidade própria de toda e qualquer companhia de seguros, em particular se for norte-americana, convido-o a ver o seguinte vídeo e, de seguida, a eventualmente reponderar a sua primeira impressão:


(Adaptação do post de Robert P. Murphy)

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Do elogio da extorsão tributária ao desprezo pela empresa bem sucedida

Ainda que sem ponta de surpresa, não deixo de considerar absolutamente abominável o comportamento dos políticos e dos media, respaldados no profundo ódio que a generalidade dos intelectuais nutre pelo capitalismo lucro, ao amplificarem sucessivas histórias de supostas “fugas” ao fisco por parte das empresas (ou de particulares), mesmo quando nada há de ilegal nas suas práticas. Ou seja, sempre que a empresa, no quadro legal vigente (tantas vezes em permanente redefinição), consegue fazer baixar a sua factura fiscal, tal é tipo por imoral e revelador de outra "fuga" - a referente à sua “responsabilidade social”. Aliás, em bom rigor, dir-se-ia até que a “responsabilidade social” de cada empresa se gradua pela taxa efectiva de imposto que suporta! E, como é evidente, ela será tanto mais "responsável" quanto mais impostos sobre os lucros pagar. Juntando-se-lhe o planeamento fiscal “agressivo” (e até mesmo) “abusivo”, também aqui assistimos ao importante papel mistificador da novilíngua.

É, pois, no domínio da moral que a questão se joga. E aí, para a opinião desgraçadamente maioritária, a geração de riqueza (e de postos de trabalho) levada a cabo pelas empresas, pesa muito menos que a "responsabilidade social" que evidenciem pelos impostos que pagarem. Na realidade, as empresas não são desejadas, elas limitam-se a ser toleradas. O esquizofrénico discurso "crescimentista" assim o atesta.

Chegou agora a vez da gigante Apple, de facto culpada de ser uma empresa altamente lucrativa. De facto culpada de ter sobrevivido à insignificância. De facto culpada do tremendo sucesso que conseguiu com o lançamento de uma torrente de produtos inovadores, altamente desejados por centenas de milhões de clientes em todo o mundo, sem que para isso tenha necessitado de "estímulos" e subsídios politicamente orientados. Partilho da ofensa sentida por Rand Paul no decorrer da audiência de Tim Cook (o presidente-executivo da Apple) perante um comité no Congresso, como o vídeo seguinte documenta. Não é a Apple que tem de "pedir desculpa" ou de "confessar" o "pecado" de não ter pago impostos "suficientes". Como Paul refere, o Congresso faria melhor se se olhasse ao espelho e, em consequência, tomasse a iniciativa de pedir desculpa. À Apple, evidentemente.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

A novilíngua e a tentativa de destruição da faculdade de pensar

Thomas Sowell, em artigo ontem publicado sob o título Words That ReplaceThought, discorre sobre o ataque cerrado a que está sujeita a faculdade de pensar. Ainda que o conteúdo do seu texto verse especialmente a realidade americana, creio não estar muito distante, observadas as devidas proporções, do que por aqui venho classificando de "pensamento mágico". Por esse motivo, pareceu-me poder ser interessante proporcionar uma tradução do seu texto (como habitualmente, da minha responsabilidade).
Thomas Sowell
Se alguma vez vier a ocorrer uma competição de palavras visando substituir o vocábulo "pensamento", "diversidade" deverá ser reconhecida como a indiscutível campeã mundial.

Não será necessária a mais ténue prova ou o recurso a um único passo de lógica, quando alguém escrever, com entusiasmo, acerca dos supostos benefícios da diversidade. A mera ideia de testar esta maravilhosa e mágica palavra contra algo tão desagradável quanto a realidade sugere algo de sórdido.

Se alguém perguntar se as instituições que promovem a diversidade 24 horas por dia conseguem obter melhores ou piores relações inter-raciais que as instituições que o não fazem, daí só poderá resultar para esse alguém ser tido por uma má pessoa. Apresentar evidências sólidas de que os locais obcecados com a diversidade têm piores relações inter-raciais é correr o risco de se ser rotulado de incorrigível racista. O pensamento livre não é livre.

O Supremo Tribunal dos Estados Unidos decidiu que o governo tem um "interesse imperioso" na promoção da diversidade - aparentemente mais imperioso que a exigência constante da 14ª Emenda referente à "igual protecção" de todos perante a lei.

Como é que um país racialmente homogéneo como o Japão consegue ter uma educação de alta qualidade sem o ingrediente essencial da diversidade, para a qual existe, supostamente, uma necessidade "imperiosa"?

De modo contrário, por que razão a Índia, uma das nações etnicamente mais diversas da Terra, tem hoje um registo de intolerância intergrupal e de letal violência que é pior que o que existia no nosso Sul nos dias de Jim Crow [link]?

O simples acto de se colocarem tais perguntas faz com que surjam acusações de tácticas indignas e motivos demasiado rasteiros para serem dignos de resposta. Não que os crentes ferverosos da diversidade pudessem de qualquer modo responder.

Entre as palavras candidatas a tornar o pensamento obsoleto, logo após "diversidade", está a palavra "justo".

Aparentemente, todos têm direito a um justo quinhão da prosperidade de uma sociedade, seja trabalhando 16 horas por dia para ajudar a criar essa prosperidade, seja não fazendo mais que viver à custa dos contribuintes ou a depender da mendicidade ou do crime para arranjar uns quantos dólares.

Aparentemente devemos-lhes algo, simplesmente por nos podermos agraciar com a sua presença, mesmo que sintamos que poderíamos muito bem passar sem eles.

No outro extremo da escala dos rendimentos, é suposto que os ricos paguem a sua "justa parte" de impostos. Mas em nenhum dos extremos da escala dos rendimentos se define a "justa parte" como sendo um determinado número ou proporção, ou outra qualquer forma concreta. É apenas um sinónimo político para "mais", embrulhado numa sonoridade retórica moralista . Na realidade, "justo" significa apenas mais poder arbitrário para o governo.

Uma outra palavra que desactiva o pensamento é "acesso". Das pessoas que não conseguem satisfazer os padrões do que quer que seja, da admissão à universidade à concessão de um empréstimo hipotecário, frequentemente se diz que lhes foi negado o "acesso" ou a oportunidade.

Mas igualdade de acesso ou igualdade de oportunidades não é o mesmo que igual probabilidade de sucesso. Aos republicanos não lhes são negadas iguais oportunidades para votar na Califórnia, embora na realidade as hipóteses de um candidato republicano conseguir ser eleito na Califórnia sejam muito menores que as hipóteses de eleger um democrata.

Pela mesma razão, se a todos for permitido apresentar candidaturas à admissão na universidade, ou à concessão de um empréstimo hipotecário, e se as suas candidaturas forem todas avaliadas pelos mesmos padrões, então todos têm igualdade de oportunidades, mesmo se o idiota da aldeia tiver uma menor probabilidade de entrar na Ivy League [link] e alguém com um mau historial de crédito tiver menos probabilidade de que lhe emprestem dinheiro.

"Acessível" é uma outra popular palavra que serve como um substituto para pensamento. Dizer que todos têm direito à "habitação a preços acessíveis" é muito diferente de dizer que todos devem decidir que tipo de habitação ele ou ela consegue pagar.

Os programas governamentais de promoção de "habitação a preços acessíveis" são programas destinados a permitir a algumas pessoas que decidam que habitação pretendem e a forçar as outras pessoas - contribuintes, proprietários ou quem quer que seja - a absorver uma parte do custo de uma tomada de decisão onde estes não tiveram voz.

De modo mais geral, fazer com que diversas coisas sejam "acessíveis", de maneira alguma aumenta a quantidade de riqueza numa sociedade acima do que sucederia fossem os preços "proibitivamente caros". Pelo contrário, os controlos de preços reduzem os incentivos para produzir.

Nada disso constitui matéria transcendente. Mas se cada um não parar para pensar, não importa ser-se um génio ou um idiota. Palavras que impeçam as pessoas de pensar, reduzem até mesmo pessoas inteligentes ao patamar de idiotas.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

François Hollande: o aniversário do vazio da retórica crescimentista

Há cerca de um ano atrás, o Expresso achava por bem noticiar o que suporia vir a constituir um dos primeiros marcos na nova era que François Hollande, o Crescimentista, vinha inaugurar: Hollande já escolheu o carro presidencial. É um híbrido a diesel ("uma opção verde e modesta")!

Um ano volvido, o mesmo Expresso noticia hoje: Hollande sem razões para festejar. Daniel Ribeiro, o correspondente em Paris, a propósito da austeridade do rigor que se instalou no palácio do Eliseu novamente a marcar a diferença, escreve a certa altura (realce meu): "Para tentar cativar a perda de confiança do seu eleitorado (...) todos os símbolos servem. Até a venda de vinhos de luxo da cave do Eliseu. No fim do mês vão ser leiloadas em Paris 1200 garrafas, entre as quais estão diversas "Petrus 1990", avaliadas em 2200 euros cada uma. A ideia é comprar vinhos mais baratos para o Palácio e incluir o excedente no orçamento." A fé depositada nas acções simbólicas -e "modestas"! -, inteiramente partilhada pelo jornalista, é realmente extraordinária!

Num registo um pouco mais sério, o i interroga-se: A crise do socialismo é mais grave do que parecia? Enumerando o rol de insucessos de Hollande, a articulista acha por bem contrapor a importância  do cumprimento da promessa eleitoral de fazer aprovar a lei do casamento homossexual sublinhando que o presidente francês foi ainda "mais além" consagrando agora a lei a possibilidade de adopção de crianças por parte de duas pessoas do mesmo sexo. Neste tema, confesso não conseguir discernir onde estará o impulso na actividade económica mas não me custa conceder que "haja mais vida para além do crescimento económico".

Em ambiente de verdadeira implosão económica Hollande está hoje acossado por todos os lados, inclusivamente dentro do seu próprio partido. Tal como aconteceu com a "Hope" de Obama também rapidamente se esfumou o mote "Le-changement-c'est-maintenant".

Conclusão: o pensamento mágico está longe de ser um exclusivo lusitano.

sábado, 4 de maio de 2013

Breve reflexão sobre o pensamento mágico em vigor

Qual a razão que leva o comum das pessoas a pensar que, ao contrário do que sucede com uma qualquer entidade privada (famílias ou empresas), seria possível ao estado, sistemática e indefinidamente, gastar mais do que colecta através dos impostos (actuais ou futuros/diferidos)?

Será por ser ele, estado, que detém o monopólio legal da emissão de papel-moeda, por essa via obtendo a "isenção" da observância de um princípio elementar que reconhecemos como evidente e essencial na gestão das finanças familiares? Dificilmente. Com efeito, se aceitássemos este excepcionalismo como válido, não seria lógico que, por exemplo, o Zimbabwe fosse hoje uma das nações mais ricas do mundo? Mais: se o que nos separa da prosperidade é simplesmente pôr "as rotativas a trabalhar", de que raio estamos à espera?

Se será razoável supor que muitos intuam o funcionamento da lei da procura e da oferta num mercado (como creio que suceda no quotidiano com os produtos agrícolas), qual a razão que leva quase todo o mundo a supor ser possível contrariá-las, por mero acto de vontade política, por exemplo através da fixação de um salário mínimo nacional? Acaso esperarão que o emprego cresça quando se aumenta administrativamente o seu preço?! Parece que nada se aprendeu com a ruína do comunismo e com a impossibilidade de funcionamento de uma economia desprovida de um sistema de preços reais.

É certo que há economistas (?) que muito têm contribuído para alimentar esta trágica e generalizada iliteracia económica. Paul Krugman é, evidentemente, um dos mais proeminentes como o título do seu último livro manifesta - End This Depression Now! Para o über-ultra-hiper-keynesiano e seguidores, a receita para a saída da crise é muito simples: o estado deve "estimular" a economia aumentando os níveis de despesa pública ao mesmo tempo que o banco central faz a sua quota-parte "estimuladora" imprimindo furiosamente moeda e manipulando as taxas de juro para níveis a rondar os zero por cento (quando não negativas!). O quanto gastar e o quanto imprimir é algo de indefinido - é "o que for preciso". A regra a observar é, pois, muito simples: ir aumentando sucessivamente as doses até que, um dia, finalmente, a crise acabe. Quando tal suceder, invocará a sua razão e lamentará o tempo perdido e a (supostamente inútil) dor provocada na perseguição dessa coisa terrível que é a "austeridade" - post hoc ergo propter hoc.

Na promoção da irracionalidade (insanidade lógica), a novilíngua é evidentemente indispensável. Gastar passou a ser considerada uma virtude enquanto poupar se transformou numa actividade de desprezível avareza e, em consequência, merecedora do respectivo opóbrio e merecido castigo - as tais taxas de juro nominais de 0%. Levando o "raciocínio" um pouquito mais além, há até quem defenda como solução um "regime de despesa privada obrigatória"!

Confirma-se assim que a Grande Insanidade, o "Pensamento Mágico", se instalou. Como Gary North observou, "Politicians cannot bring themselves to stop spending money the governments do not have" e, acrescento eu, haverá sempre "economistas" dispostos a sancionar, "cientificamente", a vontade dos políticos.

Não vejo pois razão alguma para optimismos.

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P.S.: tenho por dispensáveis quaisquer comentários às "medidas" ontem anunciadas por Passos Coelho bem como quanto à "agenda para o crescimento" que o ministro Álvaro Santos Pereira tirou da cartola. Não tenho nada para acrescentar ao que aqui escrevi.

domingo, 10 de março de 2013

O alarmismo mais ruinoso de sempre

é, de longe, a grande distância do já poeirento (porque inóquo) bug milenar, aquele supostamente provocado pelo "aquecimento global de origem antropogénica", expressão que por sinal praticamente desapareceu nos meios alarmistas após uma bem orquestrada e bem sucedida campanha que os media se aprestaram a amplificar (como sempre ocorre em todo o movimento politicamente correcto).

Com muita mestria e igual perfídia - reconheça-se - foi substituída por uma outra, mais abrangente e pluralizada. Tinham chegado as "alterações climáticas" que depressa se instalaram de armas e bagagens (inclusivamente na denominação de ministérios em múltiplos governos). Esta "ligeira" alteração terminológica - exemplo perfeito do desenvolvimento da novilíngua activista e do sempre ávido intervencionismo governamental (sempre pronto a proteger-nos de nós próprios, seja à esquerda ou à "direita") - viria permitir que virtualmente qualquer desastre natural, furacão ou tornado, seca ou cheia, etc., constituísse "prova" evidente da mão humana e da sua "pegada carbónica". (Não me admiraria que se vulgarizasse a expressão "desastres climáticos" com que já alguns tentam "enriquecer" o léxico catastrofista).

De facto, quando nos últimos 15 anos, e usando as próprias estatísticas das temperaturas mundiais dessa instituição co-líder na eco-teocracia mundial que é o Hadley Centre do Met Office1 do Reino Unido, o que se obtém é o que está figurado, percebe-se melhor a o estado de necessidade da golpada semântica verificada.

Imagem daqui
Como Lawrence Solomon (o autor do gráfico) explica, de um ponto de vista estatístico, não está fácil ser-se verde  (via  Christopher Booker, na sua coluna de ontem no Telegraph).

O gelo do Árctico regressou a patamares de que não havia registo há já várias décadas e a teimosia do Antárctico em resistir aos profetas da desgraça é igualmente notável. Aliás, globalmente, a extensão de gelo das calotes polares é agora a maior desde que se iniciaram as mensurações por satélite, em 1979.

Quanto aos furacões e tornados, cheias e secas, as "novidades" são do mesmo teor. Não admira pois que a opinião pública, por todo o mundo, venha perdendo o entusiasmo pela coisa.

Quanto aos governos, capturados pelo complexo ambio-industrial e pela regulação que o  próprio promove, temo que só a bancarrota financeira os conseguirá afastar do caminho que têm vindo trilhando (Portugal incluído).

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1 - Se o leitor experimentar "googlar" a expressão Met Office (o equivalente ao nosso ex-Instituto de Meteorologia, o primeiríssimo link que lhe aparecerá tem este aspecto: Met Office: Weather and climate change. Todas as dúvidas ficam esclarecidas. Inclusive por parte do motor de busca (o resultado é bem diferente se usarmos o Bing...).

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Custos de interesse particular

é a correcta retroversão dos orwellianos CIEG (Custos de Interesse Económico Geral), só possíveis pelo acobertamento estatal e pelo politicamente correcto, dos governos e, muito em especial, de Bruxelas, "justificados" por um suposto aquecimento global que os termómetros teimam em não registam nos últimos 16 anos (daí o entretanto rebaptismo para "alterações climáticas"). Sócrates foi um seu agressivo agente, mas como repetidamente tenho chamado a atenção, e o Prof. Pinto de Sá aqui explicita, relativamente ao pensamento do vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva, este é um tema que tem sido alimentado (e explorado) por boa parte do "centrão". A factura, para os consumidores e para as empresas, virá já a seguir.

Imagem retirada daqui
Mas há alguns motivos para estar moderadamente optimista para, pelo menos, se conseguir suster a insanidade de concretização de negócios sustentados em agendas políticas (na mira dos subsídios e empréstimos que sempre acompanham estas políticas "activas"). É o tema do artigo recentemente publicado no Wall Street Journal sob o título "Silicon Valley's Green Energy Mistake".

Um outro sinal, a meu ver bem relevante, é o tom lúgubre com que George Monbiot, no Guardian, reconhece o esmorecimento do fervor eco-teócrata, que a ausência do tema na campanha para as presidenciais americanas denotou.

Por último, a título só aparentemente de comédia, via NoTricksZone, um sinal quiçá indicativo da aproximação do estertor eco-teócrata (e ecofascista), foi o do episódio do psicótico professor de música da universidade de Gartz, na Áustria, que achou por bem propor a "terminação" física de todos os "negacionistas" do aquecimento global em ordem a evitar a morte futura de centenas de milhões de pessoas no futuro. Entre os indivíduos a liquidar está, segundo o Professor Richard Parncutt, o próprio papa! Para quem não acreditar, vá até aqui certificar-se de que é mesmo verdade.

Entretanto, tem sido esta a evolução das emissões de CO2 nos EUA, que agora regressaram aos níveis de 1992. Principal responsável por este resultado, de longe: a adopção generalizada do gás natural tornada possível pela exploração das imensas jazidas de gás de xisto.
Imagem retirada daqui

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Impressoras monetárias e novilíngua (2)

O BCE pariu uma nova sigla, o programa de OMT - "Outright Monetary Transaction" - sob o qual o Banco Central Europeu desencadeará compras de dívida soberana, "sem limites", no mercado secundário (alguns detalhes aqui). Nada de novo, apenas mais uma sigla. Mais um novo passo no processo de monetização progressiva da dívida pública dos países da Zona Euro. Imprimir, imprimir e imprimir (cada vez mais) moeda. Nisto consiste o papel do banco central.

Leitura complementar: A Gentle Reminder Of The Effectiveness Of Prior ECB Bond Buying; Draghi Acts: Is It Inflationary?

domingo, 2 de setembro de 2012

Desígnios e desastres

O Professor Carlos Zorrinho, actual líder da bancada parlamentar do PS, observou, em jeito de ironia, que o "[p]astel de nata" não serve como desígnio nacional". Para o extraordinário Zorrinho que, recorde-se, após ter sido coordenador do esfunado e funesto "Plano Tecnológico", foi secretário de estado da Energia, é um "erro estratégico" que o actual governo tenha apagado a "luz" a um dos desígnios com que o Governo de Sócrates, ufano, "'puxava' pelo comboio europeu": a promoção da "economia verde", das "energias renováveis" e do carrinho eléctrico na busca de um suposto "crescimento sustentável".

À pala deste "crescimento sustentável", acumulámos um gigantesco défice tarifário cuja resolução irá passar, inevitavelmente, por novos e substanciais acréscimos na factura eléctrica (e fiscal), para as famílias e para as empresas, para beneficiar, pela outorga estatal de generosíssimas tarifas aos produtores de "energia verde" rendas económicas totalmente injustificáveis. E o que o actual governo vem fazendo para reduzir essas tais rendas, ditas "excessivas", tem sido muito, mas muito modesto e pessoalmente tenho ainda alguma esperança que a troika venha exigir novas e substanciais reduções das mesmas. Repare-se que, ao contrário do que alguns menos pensarão, o governo não tem reduzido os custos da energia. Não! O que o governo tem conseguido é que o seu agravamento futuro não seja tão agressivo quanto ocorreria sem as renegociações havidas ainda que, repito, bastante modestas.

O governo, pelo contrário, sacrificou interesses de longo prazo (menores preços da energia eléctrica) em prol de benefícios imediatos (maximização do valor conseguido com a alienação da EDP). Irá fazer algo de semelhante com a venda em bloco da ANA. Isto, sim, é profundamente lamentável, para não dizer economicamente criminoso.

A converseta politicamente correcta do "crescimento sustentável" é uma contradição nos seus próprios termos. Na verdade, tal expressão, criada para veicular a salvação da "Mãe Terra" da maldição do Homem, na correspondente entrada do dicionário da Novilíngua, tem um significado bem diferente e preciso: o de "crescimento insustentável".

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Impressoras monetárias e novilíngua

Fed não descarta estímulos perante "sérias preocupações" económicas.

Tradução: parece vir aí mais uma injecção de "liquidez estimulante" (moeda digital criada do nada nos computadores da Fed). A única curiosidade que restará é saber se depois das primeiras acções de "quantitative easing"1, conhecidas pelos acrónimos QE1 e QE2, teremos agora uma ronda Q3, a que seguirá QE4... até QEn (onde 'n' é indeterminado) ou se assistirá a mais um mero exercício de criatividade linguística.
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1A tradução, literal, daria algo como "alívio quantitativo". Soa-lhe mal? Também a mim. Mas o problema está no original...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Barack Obama ou a miséria dos intelectuais

Thomas Sowell, autor do indispensável Intellectuals & Society, desmonta a vacuidade, presunção e iliteracia que o intelectual-em-chefe, Barack Obama, procura iludir por recurso à habilidade retórica (via Fiel Inimigo).

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O despudor fiscal do Monstro

Quantas vezes já nos contaram a patranha segundo a qual o "combate" à evasão fiscal é algo de moralmente imperativo porque - assim reza a ladainha - se "todos pagassem a sua parte", a carga fiscal sobre os cumpridores seria inferior à que existe?

Ora, se algo tenho por certo é que, pelo contrário, quanto maior for o nível de impostos arrecadados maior será o nível de despesa pública o qual, por sua vez, exigirá ainda mais e maiores impostos, seja no presente, seja de modo diferido (para pagar a dívida pública).

O que o Governo, recorrendo à mentira costumeira, nos vem agora pedir é que colaboraremos no apertar do "torno fiscal", a troco da dedução de uns miseráveis euros na colecta do IRS, numa inspiração sul-americana, que embarquemos no canto da sereia insaciável da despesa estatal. Fá-lo precisamente no ano em que, num pérfido exercício de novilíngua, "matou" as deduções fiscais na educação, saúde, PPR, etc., para diminuir a "despesa fiscal" (repescando a habilidade linguística introduzida por Teixeira dos Santos para camuflar uma nova e REAL subida de impostos).

Considero tudo isto um autêntico insulto à inteligência do contribuinte pois só há uma via para a redução dos impostos: a correspondente redução da despesa pública. Que saibamos ater-nos a esta simples verdade.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Capitalismo e novilíngua

Extracto de Blaming Capitalism for Corporatism, por Saifedean Ammous e Edmund Phelps, via Azizonomics:
The term “capitalism” used to mean an economic system in which capital was privately owned and traded; owners of capital got to judge how best to use it, and could draw on the foresight and creative ideas of entrepreneurs and innovative thinkers. This system of individual freedom and individual responsibility gave little scope for government to influence economic decision-making: success meant profits; failure meant losses. Corporations could exist only as long as free individuals willingly purchased their goods – and would go out of business quickly otherwise.

Capitalism became a world-beater in the 1800’s, when it developed capabilities for endemic innovation. Societies that adopted the capitalist system gained unrivaled prosperity, enjoyed widespread job satisfaction, obtained productivity growth that was the marvel of the world and ended mass privation.

Now the capitalist system has been corrupted. The managerial state has assumed responsibility for looking after everything from the incomes of the middle class to the profitability of large corporations to industrial advancement. This system, however, is not capitalism, but rather an economic order that harks back to Bismarck in the late nineteenth century and Mussolini in the twentieth: corporatism.
...

sábado, 4 de dezembro de 2010

If the Government Does X, It Is Called Y

É especialmente no que tem a ver com a política externa que os governos se escudam no "segredo de Estado" para restringirem o acesso à informação relativa às suas actividades. Como a divulgação de documentos que o Wikileaks está a levar a cabo bem demonstra - mesmo que o seu teor seja, pelo menos até à data, relativamente inócuo - os governos, melhor, os Estados são muito ciosos dos seus segredos.

Porém, como facilmente se imagina, o "segredo de Estado" e o orwelliano newspeak é também praticado em grande escala na política interna. O video que se segue é a animação de um texto de Robert Higgs particularmente dedicado aos EUA, mas é fácil encontrar aplicação também ao nosso governo.