A amigdalite passou cá por casa. Duas vezes. Ainda não descartei a hipótese de a ver uma terceira vez. Visitou o Samuel e o Marcos. No primeiro instalou-se à grande e levou o gaiato a temperaturas elevadas. O Marcos teve uma visita mais modesta, mas levou a primeira injeção de penicilina, coisa que não deverá esquecer tão rápido.
Ter os filhos doentes obriga-me a abrandar, especialmente se o marido estiver fora, em trabalho, como foi o caso. Há mais para fazer, por um lado, mais cansaço também, mas existe um sentido de urgência diferente. Acho mesmo que Deus usará estes momentos para isso mesmo. Há as noites mal dormidas ou até em branco, mas há um abrandamento forçado. Às vezes sento-me só para olhar para eles. Para contar uma história ou manter-lhes uma toalha molhada na testa. Nos últimos dias visualizámos filmagens antigas, daquelas guardadas em cassetes. Revimos o brilho doce e espanto nos olhinhos do Sammy e Jojó ao verem o mano Marcos pela primeira vez na maternidade. Impagável! Recordámos momentos vários com amigos, músicas, acampamentos, festas, surpresas, sobrinhos pequenos, fofos, fofos. Tantos momentos de profunda alegria! E pensar que tudo isto é só um fraco aperitivo do que nos espera no céu! Só é possível apreender tal possibilidade porque sabemos que então teremos um corpo livre de pecado. Melhor do que Deus já deu? Sim, infinitamente melhor! Deus tem feito tanto em nós, nos outros e à nossa volta, ao longo dos anos! Os Seus caminhos são sempre sábios, ainda que misteriosos e insondáveis.
O tempo avança veloz e não há como faze-lo parar. Há coisas que não voltam, que tiveram o seu tempo próprio. Há amigos que já não estão connosco. Nada do que julgámos um dia ser firme o é na realidade. Firmeza é achada Num só. E vez após vez Deus me ensina, com aquela paciência que só Ele possuiu, a confiar e depender dEle. Apenas dEle. É uma luta constante. Os cenários, circunstâncias e pessoas mudam, ora de forma mais lenta, ora mais repentinamente. Só Cristo permanece. Só Cristo não vai embora. Esta é uma lição que continuo a precisar que Ele me lembre, incessantemente. A alegria está nEle. A constância para cada dia também. E é na medida em que outros e eu falho e o chão me falta que melhor aprendo esta verdade. Que mais me achego a Ele como fonte única de satisfação e segurança. Deus abana o meu mundo certo para que eu me firme mais nEle. E a paz vem. Com ela chega também a visão do tanto que Deus tem dado e de tantos que tem trazido até nós nos últimos anos e da bênção que tal tem sido. A novidade pode ser uma coisa boa. E depois penso e constato que para além de paciente, Deus é misericordioso, pois ainda assim, conto amigos que estão lá desde sempre e continuam por perto. Deus mostra-nos sempre mais do que a dor que sentimos.