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terça-feira, 8 de março de 2016

Isto podia ser uma novela mexicana.


 
Há coisas que me obrigam a parar de uma forma muito específica. Ter um bebé e ter filhos doentes. Nenhuma relação entre elas, mas são as coisas que de uma forma mais natural me têm forçado a abrandar, se é que não há já aqui uma contradição, no facto de naturalmente ser forçada.
O filho mais velho esteve internado com uma miosite viral. Já está em casa há uns dias. "O que é isso?", perguntarão alguns. Consiste numa doença em que um vírus ataca os músculos. No caso do Samuel foram os músculos das pernas os escolhidos, deixando-o sem conseguir andar.
O relógio no hospital anda de maneira diferente. Não gira certinho e não corre. Bate ao ritmo da espera, dos resultados, das reações, dos enfermeiros que nos acordam de noite, do choro dos bebés, do sorrisos de outros pais, das palavras doces das auxiliares e da esperança. Estar num hospital sem confiar em Deus deverá ser uma coisa terrível. Ter um filho no hospital e não possuir a segurança que ele está nas mãos do Deus soberano e não de humanos limitados deverá ser angustiante.
As horas dentro do quarto de um hospital podem ser revestidas de uma tranquilidade muito especial. Melhor, de uma tranquilidade sobrenatural. É o que acontece quando a nossa confiança está assente no Criador. Podemos sentir paz em meio à maior incerteza ou à escuridão dos minutos seguintes. Não precisamos avançar nem saber, apenas aguardar, quietos. E isto parece loucura para tantos.
Ter um filho internado, permite-me sempre ter um tempo muito especial com ele. Acordarmos e adormecermos juntos. Conversamos, desvendamos sentimentos e olhares, partilhamos orações em sussurros, percebemos receios, abraçamos, rimos de tolices, enfrentamos desafios, olhamos a vista que a janela nos oferece, confiamos no Pai Celestial. Amar cada minuto que passamos e crescemos juntos. Creio que  estes momentos partilhados marcarão a vida de mãe e filho de uma forma muito específica e aprofundam laços. O amanhecer e o deitar de um dia atrás do outro e a certeza de que estamos ali, junto deles e que há um Pai fiel que está a cuidar de cada detalhe. Somos também relembrados de pais que vivem literalmente no hospital com os seus filhos, que renovam a sua esperança diariamente.
O carinho que temos sentido foi mais do que aquele que poderíamos esperar. Gratos pelas orações, telefonemas, mensagens, postais, preocupação e surpresa de colegas, apoio dos professores, pelos amigos que passaram só para nos abraçar e os que vieram para me ajudar, pelos familiares que ajudaram com os manos do Samuel, pelos doces caseiros feitos com carinho, os livros, os vídeos e fotografias de amigos de palmo e meio e tanto mais. E depois há os amigos que perguntam "E tu, como é que estás?" Ah...recebam o meu abraço mais sentido.
 

 
Ter só um filho doente não foi suficiente. Após a chegada a casa, o mano Jónatas ganhou uma inflamação nas placas de crescimento que o deixou também sem andar, pois não conseguia colocar o pé direito no chão, devido às dores. Isto tinha que animar mais um bocadinho e, de preferência, com algo pouco usual. Vamos ver se consegue escapar ao gesso. Tem melhorado e piorado.
Entretanto, como ter dois filhos em casa, após noitinhas sem dormir no hospital ainda não era o ideal, juntou-se mais um. Numa bela tarde em que vou buscar o mais novo à escola, na altura, o único que tinha deixado a andar sem qualquer problema, avisto do portão um menino a vir na minha direção a coxear. "Não, não, não! Aquele não é o meu filho!" Mas era. Toca de arranjar boleia para podermos chegar a casa. Hospital novamente. Apanhar pela terceira vez a mesma médica, que já não sabia muito bem se nos sorria ou se nos olhava desconfiada. Joelho apenas magoado, duas semanas sem fazer exercício físico.
Manter estes rapazes quietos é a mais difícil das receitas, mas, por alguma razão, foi a que nos calhou. As canadianas têm tido uma rodagem estonteante nos últimos tempos.
"Não salta!", "Descansa esse pé!", "Não jogues à bola na escola!" "Não corras!", "Anda mais devagar!" São frases contrárias a ser criança, mas, por vezes, necessárias. Estes meninos estão a aprender acerca da paciência e que nem sempre podemos fazer aquilo que mais gostamos, mas que, ainda assim, Deus é bom. Eu, aprendo com eles e vejo Deus a renovar-me as forças a cada dia.
 
 

quarta-feira, 2 de março de 2016

há uma solidão que é bonita.

 
 
 

 
Nos momentos em que os amigos iam embora e tudo acalmava, ficava o silêncio. Uma quietude serena. E na minha mente ecoava o hino:
 
Mestre, chegou a bonança! Em paz vejo o céu e o mar.
O meu coração goza calma, que não poderá findar.
Fica ao meu lado, bom Mestre, Dono da terra e céu.
E Contigo eu irei bem seguro ao porto, destino meu.
... Pois todos ouvem o Meu mandar: Sossegai! Sossegai!
Convosco estou para vos salvar. Paz! Paz gozai!”

 


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

um dia.

 
Posso semear com lágrimas, mas tenho a firme certeza que um dia, colherei com alegria. Pode até não ser nesta vida, como a conheço, mas nos novos céus e na nova terra que me espera, sei que a tristeza, sofrimento e desilusão não terá nunca lugar. Terei uma eternidade perfeita com Cristo. Esta esperança segura torna qualquer espera bonita. Adoça os dias.
 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

como é que se ensina um filho a esperar?


 
 
Este menino é paciente e isso também facilita a tarefa, é verdade. Porém, esperar é mais do que aguardar, sem nada fazer. É aguardar, em paz, recebendo o que Deus está a fazer e abraçando o que está por vir, seja o desfecho qual for. O filho de 9 anos enfrenta a incerteza de poder ou não jogar à bola novamente, uma das cosias que mais gosta de fazer e, deixem-me acrescentar, para a qual tem jeito. Há momentos em que vejo os olhos dele tristes, mas na maioria das vezes está alegre e confiante, tranquilo, mesmo quando vê os manos saírem equipados para os treinos ou quando grita da bancada pelo irmão mais velho, em campo. Esta espera é minha também e dou por mim a tentar mostra-lhe como funciona esta coisa de se esperar e de manter um coração agradecido em todo o tempo. Interessante enfrentarmos isto durante o advento, que é acerca disto mesmo, espera e gratidão. Por muito que me esforce e fale com ele e o faça sentir que a espera não é só dele, é nossa, daqueles que o amamos, sei que O melhor a ensinar-lhe acerca é o próprio Deus, que vai moldando o seu pequeno coração, dia a dia, fazendo-o perceber coisas que não se vêem com os olhos. Porque Deus trata cada um na medida certa. Esta é a nossa certeza e segurança. Deus é bom, aconteça o que acontecer.
 



quarta-feira, 13 de maio de 2015

muito além de nós.

 



Uma mãozinha quente pega na minha mão e dá-me um beijo. O filho do meio tem destas coisas. Passa a vida a dar-me beijos na mão. Pergunto-me se continuarei a ter beijos na mão dados por ele, no futuro. Quando forem homens feitos e não estiverem mais cá em casa [pausa para respirar] e tiverem as suas esposas. Há um tempo para todas as coisas, eu sei. Mas a possibilidade de continuar a receber beijos na mão no futuro é uma ideia que me aquece o coração e não me parece contradizer essa condição de "ser homem", pelo contrário. Portanto, continuarei a sonhar com os meus beijos na mão dados pelo Jojó.
 
 
Olho o filho mais velho em campo. Olho outra vez, com os olhos mais abertos. Mesmo? Aquele rapaz alto, com músculo nas pernas é o meu bebé que nasceu com pouco mais de 2kg? Que dormia como se ainda não tivesse nascido?
Esta coisa complexa de ser mãe de três rapazes. De criar meninos e ensiná-los a serem homens. Serem homens de Deus, é o que mais desejo para eles. Porque tudo o resto é demasiado curto. Sei que só em Deus há plenitude de vida e fartura de eternidade. O meu desejo é ver os meus filhos firmarem-se no caminho estreito com entusiasmo, ousadia e humildade. Semeio, orando para que Deus faça brotar cada semente plantada em amor e, mesmo aquelas que planto toscamente, peço a Deus que as segure e não deixe que o vento as leve ou a amargura as estrangule. Misericórdia, preciso. Graça para esta coisa de ser mãe e educar meninos neste mundo, com a minha imperfeição.
 
 
Preciso que Deus aumente a minha fé e me ensine a repousar nEle. Sei que nada, em última instância, depende dos meus grandes feitos ou bonitas palavras, mas somente dEle. Trazemos preocupação ao nosso coração de maneira quase tola, tantas e tantas vezes, porque no fundo, nada está nas nossas mãos. A boa coisa é saber em que mãos estão. Isso dá esperança real. Prosseguimos. Oramos para que as raízes na vida deles sejam fortes. Damos alimento consistente. Oramos. Entregamos. Prosseguimos.
Tudo o que nos chega é pura graça, uma vez de nada sermos merecedores. Cada derrota grita-nos que não é em nós mesmos que conseguimos. A humildade é uma disciplina para a vida e anda de mãos dadas com a graça. Abrange tanto! Caminho longo, o que temos de percorrer, num sopro apenas.
 
 
 
O mais pequeno vem dar-me um abraço. É algo muito dele, procurar-me do nada para me abraçar, só porque sim. Mantenho-o junto a mim durante alguns segundos e depois largo-o. Abro os braços devagar e deixo-o ir. Acho que Deus inventou os abraços como uma preparação da hora em que temos de deixá-los ir de vez. Aquele momento em que deixamos de fazer pressão para os manter junto a nós e vamos descolando devagarinho até eles irem embora a correr, felizes. Largamos, confiantes que sentiram o nosso amor por eles. Mas é mais do que isso. Esperamos que através de nós tenham sentido um amor maior. No domingo, ouvia que o melhor que podemos dar aos nossos filhos é Deus. Assim, simples. Mas nós temos uma aptidão grande para complicar. Também posso concordar que nem sempre é tarefa simples, devido ao nosso pecado. Por outro lado, não serão também as nossas imperfeições um trampolim para os nosso filhos verem mais da graça do próprio Deus? Manter o foco, é preciso. Tudo se resume a isto. Graça. Graça de Deus para connosco. A graça que precisamos demonstrar aos nossos filhos. E a graça que eles precisam demonstrar a nós.
Abrimos os braços, mas mantemos os olhos fechados, em oração. Prosseguimos.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

as pausas da vida

"Tudo Deus fez formoso no Seu tempo", lemos no livro de Eclesiastes. As coisas bonitas demoram e a espera está no propósito dEle. Tendemos a valorizar mais algo quando demora para chegar, mas somos muitas vezes impacientes no durante. Entretanto, Deus apura em nós a paciência, molda o carácter, prova a fé, revela as fraquezas, cultiva a dependência dEle, fala e conforta através da Palavra e de amigos, renova a esperança, aumenta a gratidão e alarga a alegria. Ensina-nos acerca desta coisa a que chamamos tempo.
Deus nunca para de ser bom. Mesmo quando nos deixa em espera.
Belo. Tudo. No Seu Tempo.


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

terça-feira, 9 de setembro de 2014

a viagem.



Ter prazer na pausa é descansar no poder de Deus.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Salmo 27:14

Espera no Senhor; sê forte, anima-te, e espera no Senhor.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

esperando...

 as esperas não são tarefa fácil. mas são necessárias para algo melhor ter início.