Propostas Programa Eleitoral CDU Campo Maior

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sexta-feira, 6 de março de 2020

Os nossos 100

Cem anos é muito tempo. Para uma pessoa, é bem mais do que se espera que viva e não serão particularmente numerosas, no País, as instituições tão longevas. Na História, é um período suficientemente longo para registar impetuosos avanços e dramáticos recuos, períodos de convulsão e outros de acalmia, brutais guerras e frutuosos tempos de paz: a última centúria, no mundo como em Portugal, prova-o como poucas anteriores.

Ora, é precisamente o seu centenário que o PCP começa a comemorar amanhã, no comício em Lisboa. E só poderia ser ele a celebrar tão expressivo aniversário, pois tal feito não está (como de facto não esteve) ao alcance de mais nenhuma força política…

É que comemorar cem anos significa que se nasceu na agonia da Primeira República e se atravessou toda a longa ditadura fascista (a mais duradoura da Europa) e os mais de 45 anos que já leva a nossa democracia, o que só por si já seria notável. Mas dizer isto é dizer pouco, pois os comunistas nunca se limitaram a contemplar o espectáculo do mundo, antes foram dele destacados protagonistas.

Comemorar cem anos significou que o PCP não aceitou a proibição imposta pelo fascismo, que os restantes partidos obedientemente acataram, e que optou pela resistência nas condições mais adversas. E que resistiu quando outros claudicaram e lutou corajosamente quando os demais cederam, pagando um elevado preço por tal ousadia: foram comunistas a grande maioria dos presos políticos, os que cumpriram as mais longas penas e enfrentaram as mais duras privações, a maior parte dos mártires; era o Partido, a sua organização, os seus quadros e militantes os alvos privilegiados da repressão.

Para o PCP, comemorar cem anos significa igualmente que interveio nas mais diversas condições – da rigorosa clandestinidade à exaltante revolução, da acção de massas à intervenção institucional – e respondeu às mil-e-uma mudanças na situação social e política com os necessários acertos tácticos e redifinições estratégicas, consumadas sempre por decisão autónoma e com firmes princípios. Caso contrário, não tinha aqui chegado.

Ao longo destes quase cem anos, o Partido conheceu êxitos e insucessos, alcançou vitórias e sofreu revezes. Por mais de uma vez teve de recomeçar do zero (ou quase) e nenhum obstáculo foi forte o bastante para o impedir. As múltiplas exéquias fúnebres que lhe prepararam soçobraram uma após outra.

Se algo fica claro neste período de quase um século é que o PCP não se deixa condicionar por pressões ou chantagens nem vai atrás de cantos da sereia ou modas (pseudo) ideológicas. Há por isso quem, à direita ou à esquerda, não lhe perdoe e insista na necessidade da sua transmutação. O que espanta é que ainda tentem. Cem anos é tempo mais do que suficiente para perceberem que não vale a pena!

Gustavo Carneiro Avante!º 2414, 5.Março.2020

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Há 75 anos o Exército Vermelho libertou Auschwitz

MEMÓRIA Assinala-se na próxima segunda-feira, 27 de Janeiro, 75 anos sobre a libertação do campo de extermínio nazi de Auschwitz. Do muito que já se disse sobre o assunto, e do que seguramente se dirá nos próximos dias nos meios de comunicação social dominados pelo grande capital, não sobressai devidamente a identidade do libertador: a União Soviética e o seu Exército Vermelho.


Só quem andar distraído poderá achar estranho semelhante desvalorização ou mesmo ocultação, tal a dimensão e descaramento das operações de reescrita da História que marcam o nosso tempo. Elas são parte integrante da ofensiva ideológica que acompanha – e enquadra – o brutal e multifacetado ataque do imperialismo contra os direitos dos trabalhadores e dos povos.

A História, é sabido, constitui para as forças revolucionárias e progressistas de todas as épocas uma útil fonte de inspiração e um imprescindível instrumento de compreensão e transformação do mundo, com base nas leis do desenvolvimento social. Inversamente, o desconhecimento ou incompreensão da História facilita a penetração entre as massas de concepções e práticas contrárias aos seus próprios interesses. A ascensão, um pouco por todo o mundo, de forças de extrema-direita e de carácter fascizante (quando não mesmo neonazi) é disto exemplo maior, mas está longe de ser o único.

A própria crítica dos partidos e da política, a desvalorização dos sindicatos e da luta organizada, a secundarização e a negação da luta de classes em prejuízo de várias causas identitárias, devidamente separadas e descontextualizadas, o ataque às liberdades e à democracia inserem-se, em grande medida, na premeditada promoção de uma insuficiente (e deficiente) apreensão das lições do passado.

É precisamente por estar plenamente consciente da importância da História que o imperialismo dedica especial atenção ao que dela pretende que se registe e à forma como o faz, recorrendo aos extraordinários meios que tem hoje à sua disposição – dos livros de História aos documentários, dos currículos escolares às mega-produções de Hollywood.

A visão promovida pelo imperialismo sobre a Segunda Guerra Mundial é, a este propósito, paradigmática: o papel determinante da União Soviética e dos comunistas na derrota do nazi-fascismo é apagado, ao mesmo tempo que se sobrevaloriza o contributo de outros; a natureza de classe do fascismo é omitida, assim como a cumplicidade de que o nazismo alemão beneficiou por parte das potências capitalistas como a Grã-Bretanha, França ou Estados Unidos; sobre as impressionantes – e, para a maioria da população mundial, inéditas – conquistas alcançadas no pós-guerra cai hoje um denso manto de obscuridade.

Poderia o capitalismo monopolista, com suas ramificações, permitir que se soubesse que o fascismo é a sua própria ditadura terrorista? Ou que a guerra não resultou da «loucura» de um qualquer Hitler de serviço, mas da própria natureza do capitalismo na sua fase imperialista? Ou que foram os comunistas e o movimento operário e popular os principais obreiros da vitória sobre o nazi-fascismo?

Poderia permitir que os trabalhadores e os povos tivessem confiança na sua própria luta, capacidade de resistência e força transformadora?

Para lá de Hollywood

Por mais cinematográfica que possa ser, a versão repetida até ao absurdo que apresenta o Dia D como a chave da vitória sobre o nazi-fascismo e os aliados ocidentais como os seus principais protagonistas não tem qualquer fundamento. Quando as forças anglo-americanas desembarcam na Normandia, no início de Junho de 1944 (abrindo finalmente a segunda frente, há muito prometida), já as hordas hitlerianas batiam em retirada, somando derrotas atrás de derrotas às mãos do Exército Vermelho e das forças de resistência popular.

Aliás, depois de ocuparem quase toda a Europa sem grande dificuldade, foi na União Soviética que os exércitos nazi-fascistas se depararam pela primeira vez com uma oposição digna nesse nome: só no primeiro mês de invasão, mais de 110 mil soldados alemães tombaram e as unidades de tanques e motorizadas reduziram-se quase a metade. Era o fim da guerra-relâmpago (Blitzkrieg). Daqui por diante o avanço continuaria por alguns meses, mas foi penoso e lento…

A primeira derrota na guerra sofreram-na os nazi-fascistas às portas de Moscovo: quando a batalha pela capital terminou, em Abril de 1942, tinham perdido na União Soviética um milhão e meio de homens, cinco vezes mais do que na invasão e ocupação de 11 países europeus. No final da guerra o balanço não era menos revelador: os nazi-fascistas perderam nos combates contra a União Soviética 80 por cento dos seus homens e na Frente Oriental foram capturadas, derrotadas ou esmagadas 607 das suas divisões, mais do triplo do que sucedeu nas frentes do Norte de África, da Itália e da Europa Ocidental, todas juntas.

Foi igualmente na União Soviética que se travaram as batalhas decisivas, que inverteram o rumo da guerra. A permanente resistência em todas e a cada uma das cidades, vilas e aldeias ocupadas; a heróica defesa de Leninegrado (sitiada durante 900 dias e nunca tomada) e a ruptura definitiva do cerco, em Janeiro de 1944; a vitória soviética em Stalinegrado, em Fevereiro de 1943, onde os nazis perderam cerca de um quarto do total forças imensas que concentraram na agressão à URSS, na sequência de encarniçados combates rua a rua e casa a casa – foram momentos decisivos para o desfecho da guerra. A partir da derrota na imensa batalha de Kursk, em Agosto de 1943, o comando nazi perdeu a iniciativa da guerra e nunca mais foi capaz de a retomar, até à sua derrota final, em Berlim, em Maio de 1945.

Entre as batalhas travadas em território soviético e a vitória definitiva, na capital do Reich, o Exército Vermelho e as forças de resistência patrióticas de várias nacionalidades libertaram a um ritmo avassalador 113 milhões de pessoas de 11 países europeus ocupados pelos nazi-fascistas. Foi precisamente neste processo que a 1.ª e a 4.ª divisões da frente ucraniana, comandadas respectivamente pelos generais Koniev e Petrov, chegaram às imediações do campo de concentração de Auschwitz, em Janeiro de 1945.

Teses insustentáveis

Ao pretender reescrever a História, o imperialismo não procura apenas apagar o papel decisivo da União Soviética na derrota do nazi-fascismo e o alto preço que por tal pagou – mais de 20 milhões de mortos. Numa recente resolução do Parlamento Europeu (aprovada com os votos dos deputados portugueses do CDS, PSD, PS e PAN), equipara-se mesmo o nazi-fascismo ao comunismo, ocultando-se que um e outro são opostos nos princípios e nas práticas e que o primeiro foi derrotado em 1945 graças ao contributo determinante dos comunistas.

A resolução tem objectivos mais amplos do que a falsificação da História, mas é dela que parte para construir uma narrativa que aponta à criminalização de todos os que denunciam a natureza exploradora, opressora, agressiva e predadora do capitalismo, particularmente os que protagonizam o projecto e a luta pela sua superação revolucionária. Para lá do muito que oculta, escamoteia que o pacto de não-agressão assinado em Agosto de 1939 entre a União Soviética e a Alemanha nazi teve como propósito fundamental ganhar tempo face à certa agressão nazi-fascista contra a URSS.

Nada diz, porém, sobre as inúmeras propostas feitas pelos soviéticos desde 1933 (ano em que Hitler chegou ao poder na Alemanha) para a criação de um sistema de segurança colectivo na Europa, destinado a prevenir a ameaça de agressão nazi-fascista, nunca concretizado devido à recusa de britânicos e franceses. Da mesma forma que cala a cumplicidade de Grã-Bretanha e França na ascensão do nazi-fascismo e na sua expansão para Leste: pese embora a oposição e propostas soviéticas em sentido contrário, estes dois estados consentiram a militarização alemã (1936), a intervenção de Hitler e Mussolini contra a República espanhola (1937-39) ou o desmembramento e ocupação da Checoslováquia.

Só quando era já evidente que as autoridades britânicas e francesas não só recusavam qualquer coligação antifascista como procuravam empurrar as hordas hitlerianas para Leste é que a União Soviética se decidiu, em Agosto de 1939, a subscrever o tratado de não-agressão com a Alemanha. Com ele, ganhou quase dois anos para se preparar melhor, no plano militar, para a invasão que inevitavelmente ocorreria. Quanto à suposta «partilha» da Polónia entre soviéticos e alemães, ela simplesmente não existiu, já que os territórios ocupados pela URSS foram os que o imperialismo lhe tinha subtraído com o Tratado de Brest-Litovsk: a Ucrânia Ocidental e parte da Bielorrússia.


O extermínio, a escravatura
e quem se escondeu por detrás do nazismo

A libertação pelo Exército Vermelho do complexo de campos de concentração de Auschwitz (como, antes, os de Treblinka ou de Maidanek) revelou ao mundo a tenebrosa máquina de morte do nazi-fascismo. Só nos campos de extermínio terão sido assassinadas 11 milhões de pessoas: judeus, ciganos, eslavos, deficientes, comunistas, sindicalistas e outros democratas e resistentes anti-fascistas. Morreram nas câmaras de gás e no pelotão de fuzilamento; na tarimba, famintos, doentes e exaustos, ou na marquesa de um qualquer «médico» que neles fez experiências tenebrosas.

Na obra A Rússia na Guerra (publicada em Portugal pela Europa-América), o jornalista britânico Alexander Werth relata as suas impressões ao entrar no campo de Maidanek, pouco depois de este ter sido localizado e libertado pelo Exército Vermelho: as câmaras de gás e os fornos crematórios, os montes de cinzas humanas acumuladas. «Incrível», assume, lembrando que o primeiro relatório que enviou para a BBC sobre esta tenebrosa realidade não foi publicado, pois a direcção considerava que o seu conteúdo era «propaganda russa». Só mais tarde, depois de terem sido descobertos pelas forças anglo-americanas os campos de concentração de Buchenwald, Dachau e Belsen «é que se convenceu que Maidanek e Auschwitz eram autênticos».

No funcionamento dos campos de extermínio como de toda a sua máquina de opressão e guerra, o nazi-fascismo contou com o empenhado apoio de alguns dos mais importantes grupos económicos e financeiros de então (e, alguns, de hoje), que o equiparam e beneficiaram do trabalho escravo dos prisioneiros: Thyssen, Krupp, Bayer, Volkswagen, IBM e Hugo Boss são apenas alguns deles. O fascismo, em todas as suas expressões, é a ditadura terrorista dos monopólios – e este é aspecto essencial que a actual ofensiva ideológica do capitalismo pretende esconder.

Gustavo Carbeiro | Jornal Avante! | 23.Janeiro.2020

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

O Avante! - 88 anos a dar voz a quem vive do seu trabalho


Como órgão central do PCP, o Avante! intervém na luta ideológica, componente essencial da luta entre o capital e o trabalho. Neste campo, o seu papel contribui para esclarecer a natureza do capitalismo, as suas contradições e limites históricos e afirmar o projecto do PCP de democracia avançada e socialismo.

Por outro lado, é o único jornal que no quadro da imprensa portuguesa dá voz e expressão aos interesses, direitos, lutas e aspirações dos trabalhadores e do povo, dos democratas e patriotas, dos micro, pequenos e médios empresários e agricultores, dos intelectuais e quadros técnicos, dos reformados, das mulheres e dos jovens.

É nas páginas do Avante! que se dá expressão à luta dos trabalhadores e do povo pela defesa, reposição e conquista de direitos, pela ruptura com a política de direita, pela alternativa patriótica e de esquerda, por uma democracia avançada vinculada aos valores de Abril, pelo socialismo e o comunismo.

O Avante! é porta-voz da verdade que as televisões não mostram, as rádios não falam e os outros jornais não escrevem. Há, pois, um imenso campo de potencialidades para promover a sua divulgação e venda.

Exigências acrescidas

De facto, perante a grande ofensiva ideológica e de propaganda do grande capital, com os poderosos meios de que dispõe, como se vê hoje na operação em curso contra o PCP, impõe-se ainda com mais força a necessidade de aumentar a venda regular do Avante!, dentro e fora do Partido.

Por outro lado, num ano tão exigente como este, com três eleições – em que se destacam desde já, pela sua proximidade, as eleições para o Parlamento Europeu a 26 de Maio – e em que os principais órgãos da comunicação social dominante tendem a silenciar ou manipular as posições e propostas da CDU, mais necessário ainda se torna dar uma grande atenção à divulgação do Avante! como jornal que informa, esclarece e difunde o trabalho ímpar desenvolvido pelos deputados do PCP no Parlamento Europeu.

É também o Avante! que realça o significado e importância do reforço da CDU nestas eleições para a afirmação de uma política alternativa patriótica e de esquerda que garanta a defesa da soberania nacional contra as imposições e constrangimentos do euro e da União Europeia.

Divulgar o Avante!
porque avançar é preciso

Dando corpo a esta acção, as organizações regionais do Partido têm vindo a desenvolver um diversificado conjunto de iniciativas e linhas de trabalho, que importa valorizar. Mas é preciso ir mais longe nesta acção e, integrando-a na intervenção geral do Partido, discutir a importância da venda e leitura do Avante!, do seu papel na ligação do Partido aos seus militantes, simpatizantes e outros democratas. É preciso valorizar o papel do Avante! na divulgação das posições, análises e orientações do PCP a nível nacional e internacional; na preparação para a intervenção na batalha das ideias; na divulgação da informação sobre a luta dos trabalhadores e dos povos.

Para tal, é preciso responsabilizar mais quadros pela promoção, divulgação e venda do Avante! e criar, nas organizações regionais, estruturas com esse objectivo; promover a abertura de novas ADE; organizar bancas e outras acções de rua; identificar pessoas a contactar para a compra semanal do Avante!; promover a sua venda regular nas empresas e locais de trabalho; dinamizar as vendas especiais.

O êxito político desta acção dependerá sempre da discussão que se fizer nas organizações, da tomada de medidas de responsabilização de quadros, de alargamento de contactos dentro e fora do Partido, da criação de redes de difusores, do envolvimento do colectivo partidário.

Para o reforço do Avante! é também importante uma maior e melhor ligação e colaboração das organizações regionais com o jornal, contribuindo mais para o seu conteúdo com informação oportuna e sistematizada.

Tarefa central

A divulgação do Avante! não é apenas mais uma entre as muitas e exigentes tarefas que este ano temos pela frente. É uma tarefa central que se cruza com todas as outras: quer o combate ideológico, quer a afirmação das propostas do PCP e da CDU, quer a divulgação de uma informação criteriosa e verdadeira sobre acontecimentos nacionais e internacionais, quer a actividade e o reforço do PCP, quer a luta dos trabalhadores e do povo, quer a afirmação do ideal e do projecto comunista são elementos que constituem a essência dos conteúdos do Avante!.

E, portanto, do reforço do Avante! resultará sempre o reforço do PCP e da CDU e a criação de melhores condições para avançar, intervindo e afirmando a política alternativa patriótica e de esquerda com soluções para um Portugal com futuro.

"Em Destaque", Avante!, 14.Fevereiro.2019

sábado, 17 de fevereiro de 2018

O Avante!, na vanguarda informativa desde 1931


O Avante!, que faz hoje 87 anos, é um dos principais instrumentos de que o Partido, os trabalhadores e o povo dispõem para travar a cada vez mais exigente luta ideológica, ao mesmo tempo que constitui um importante factor de reforço orgânico, político e ideológico do PCP.

O Avante!, fundado sob o fascismo em 1931 e publicado na clandestinidade durante 43 anos, integra justamente a galeria dos mais destacados títulos da imprensa comunista internacional. Desde logo pelo que representou na resistência ao fascismo e no impetuoso avanço da Revolução de Abril, mas também pelo radioso futuro que tem à sua frente, enquanto órgão central do Partido Comunista Português e porta-voz das classes e camadas sociais antimonopolistas da sociedade portuguesa do nosso tempo.

Jornal comunista, o Avante! aborda semanalmente nas suas páginas as análises, posições e propostas do Partido e a actividade das suas organizações, rompendo dessa forma com o bloqueio informativo a que os comunistas são votados na generalidade dos órgãos de comunicação social. Mas faz mais do que isso, ao assumir-se como divulgador dos problemas, aspirações e lutas dos trabalhadores e das outras camadas que integram o sistema de alianças sociais para a actual etapa de luta dos comunistas portugueses pelo socialismo, definida no seu Programa: a democracia avançada, de natureza e objectivos antimonopolistas e anti-imperialistas.

Celebrar o 87.º aniversário levando mais longe o Avante!


Proletários de todos os países UNI-VOS

domingo, 8 de maio de 2016

Comunista não entra (2)




Há elementos objectivos que deviam nortear quem é responsável pela transformação de acontecimentos em notícias – os órgãos de comunicação social. Um deles é o impacto que cada um tem, seja enquanto acção concreta, proposta ou simbolismo.

A solução política actual tem sido pródiga em notícias de acções simbólicas e os dias que rodearam o 42.º aniversário da Revolução de Abril foram exemplo disso. Na noite de sábado, 23, Catarina Martins esteve no Porto e foi ver o trabalho de uma associação que apoia sem-abrigo da cidade.

A porta-voz do Bloco de Esquerda foi levar a proposta de relançamento de uma estratégia de inclusão de pessoas sem-abrigo e um conjunto de outras propostas. A acção resultou num acompanhamento mediático apreciável: três quartos de página no JN, peças superiores a minuto e meio na TSF e Antena 1, e destaque nos noticiários das 13 horas das três televisões com uma média de dois minutos. Da declaração da dirigente bloquista resultam propostas, algumas já aprovadas, mas nenhuma em concretização.

Poucos dias depois, a 27 de Abril, o Secretário-geral do PCP esteve numa estação do Metro de Lisboa com reformados daquela empresa e da Carris a assinalar o dia em que foi concretizada uma das medidas previstas na Posição Conjunta que o PCP firmou com o PS. Finalmente os reformados daquelas empresas públicas voltaram a receber os complementos de reforma roubados pelo anterior governo.

Nesta acção assinalou-se uma realidade já concretizada. Desde Outubro de 2013 que os reformados do Metro lutavam pela reposição de um direito, sempre acompanhados pelo PCP. E por isso Jerónimo de Sousa lá esteve com eles nesse dia 27, como esteve outras vezes durante os últimos 27 meses.

O valor noticioso que tem a concretização de um dos pontos que permitiu a actual solução política é suficiente para que seja destaque e tenha um tratamento mediático adequado. Mas à excepção de uma peça de minuto e meio na Antena1, não houve notícias sobre o tema. Ou seja, a acção do PCP com os reformados do Metro e da Carris não só não foi notícia, como o facto em si passou ao lado de quase todos os meios de informação.

Aqui vemos mais uma vez que o problema da discriminação do PCP na imprensa portuguesa não tem nada a ver com ocasião, com falta de propostas ou com marketing. É que existem duas medidas para medir quanto vale um acontecimento como notícia: se tem comunistas vale menos. A menos que sirva para deturpar a história ou a posição do PCP, como o autêntico fumo sem fogo que o Expresso fez da saga sobre os «arquivos Mitrokhin».


PS: O mesmo Expresso, no jornal do último fim-de-semana, noticiava que Marcelo Rebelo de Sousa tinham encontro marcado com Malangatana durante a sua visita a Moçambique. Como desta vez o despautério foi longe demais, porque o pintor moçambicano faleceu em 2011, lá tiveram que se retratar. É este o semanário português que se diz «de referência».

Avante! 5.Maio.2016

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

84º Aniversário do Jornal «Avante!» - 14.Fevereiro.2014 - Viseu



84º Aniversário do Jornal «Avante!», o jornal que nunca foi à censura.

A Comissão Concelhia de Viseu do PCP, Partido Comunista Português, realizará um evento com algumas iniciativas no assinalar do 84º aniversário do Jornal «Avante!», o órgão central do PCP, em Viseu, no próximo dia 14 de Fevereiro de 2015.

Num momento em que se discute de forma generalizada na opinião pública e se faz um rescaldo de toda a situação envolvente aos acontecimentos do Charlie Hebdo, torna-se ainda mais apropriado afirmar o papel da imprensa e o da liberdade da mesma, confrontando com o papel que teve e tem o Jornal «Avante!» ao longo destes 84 anos, um jornal que nunca se submeteu à censura e sempre combateu ao lado do povo e trabalhadores portugueses.

Assim, pelas 10h30 da manhã de Sábado, na zona Rossio-Rua Formosa-Quatro Esquinas, haverá uma venda de rua do Jornal «Avante!» pelos «ardinas» do PCP, animando o espaço, bem como a demonstração, com a utilização de um prelo clandestino, de como eram produzidos e compostos os jornais «Avante!» no tempo da ditadura, em papel bíblia, dos quais as pessoas poderão levar consigo um exemplar.

À tarde, pelas 14h30, no Centro de Trabalho do PCP em Viseu, na rua 21 de Agosto, bloco 5B 2ºA, haverá um debate aberto a todos os interessados, com a presença de Domingos Mealha, actualmente redactor do Jornal «Avante!», com o tema «A Importância Histórica do Jornal «Avante!» na luta pela Democracia e as Transformações Sociais».

A Comissão Concelhia de Viseu do Partido Comunista Português

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Desorientação política em Portalegre


Aumento do preço da água

A CDU votou contra o aumento do preço da água exclusivamente às instituições culturais, desportivas e de beneficência do concelho de Portalegre. Este aumento, aprovado em reunião de Câmara no dia 1 de Dezembro, prevê um agravamento de 33,3 por cento no preço da água que será cobrada em 2015 a essas associações e entidades.

Para a Coligação PCP/PEV, estes aumentos são «injustos e reveladores da total insensibilidade política para com a actividade destas entidades e para com o esforço abnegado das pessoas que as compõem». «É, além disso, uma atitude de discriminação negativa, tanto mais quando a todos os outros consumidores de escalão único, nomeadamente o Estado, as garagens particulares, as autarquias e a própria Câmara Municipal, não é aplicado qualquer aumento», alerta-se numa nota de imprensa, onde a CDU critica a Câmara de Portalegre por «penalizar o movimento associativo concelhio e as instituições particulares de solidariedade social, a quem já praticamente não atribui qualquer tipo de apoio, nomeadamente financeiro».

CDU reclama investimentos

O desenvolvimento de Portalegre, através da reindustrialização, criação de riqueza e promoção do emprego foi aprovado pela Assembleia Municipal, por proposta da CDU.

O documento estratégico contém 11 medidas que passam pela capacidade de Portalegre se assumir como capital do distrito, exercendo influência junto do Governo para a captação de investimento e fundos estruturais e pela assunção pela Câmara de uma função facilitadora da fixação de empresas, catalisadora das sinergias necessárias ao funcionamento das indústrias do concelho e medidora dos interesses inerentes ao processo de reindustrialização.

O controlo dos custos de produção, a quantidade dos serviços de competência municipal, como sejam o abastecimento de água ou os transportes públicos municipais, a qualidade das vias de comunicação do município, nomeadamente as ruas e estradas municipais, a clarificação da tipologia de classificação de zona industrial, a colaboração com as empresas existentes, assumindo como prioridade a manutenção do seu funcionamento e salvaguarda dos postos de trabalho, são outros aspectos contidos no documento estratégico aprovado pela Assembleia Municipal.

Recuperar o prestígio de Portalegre como «a cidade branca do Alentejo», limpa, atractiva e com qualidade de vida ao nível turístico, desportivo e cultural, e apostar em indústrias diferenciadas, ao nível da transformação dos recursos endógenos, da promoção das artes e ofícios tradicionais e da criação de clausters de indústrias criativas, são igualmente medidas preconizadas no documento.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Limpeza no município (C.M. Lisboa)


Adesão à greve comprova razão da luta
 
 
Os trabalhadores da Higiene e Limpeza Urbana da Câmara de Lisboa aderiram em massa à greve, em defesa do serviço público e para que este permaneça municipal.
 
 
A greve iniciou-se às 22 horas de dia 23, segunda-feira, com uma adesão superior a 85 por cento, como informaram o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local. Numa primeira nota à comunicação social, pouco depois de arrancar a greve, os sindicatos da CGTP-IN na CML lembraram os objectivos da paralisação, que se iria prolongar até dia 27, na Limpeza, abrangendo dia 26 todos os demais serviços, mantendo-se a greve ao trabalho extraordinário até 5 de Janeiro:
 
- lutar contra a externalização de serviços e de atribuições e contra a privatização de serviços públicos essenciais da CML, em defesa do serviço público municipal;
- lutar pelo direito inalienável que é o vínculo laboral dos trabalhadores do município;
- lutar contra o esvaziamento de atribuições de serviços da CML.
 
Para os sindicatos, o nível de adesão no início da greve – que se manteve nos dias seguintes e teve efeitos visíveis nas ruas da capital – é demonstrativo do descontentamento dos trabalhadores perante as intenções do presidente da CML.

Na noite de quinta-feira, 26 de Dezembro, o Secretário-geral da CGTP-IN esteve com o piquete de greve, na garagem dos Olivais, uma das principais instalações da Higiene e Limpeza Urbana da CML. Arménio Carlos reafirmou a solidariedade aos trabalhadores em luta e, questionado pelos jornalistas sobre o lixo por recolher em toda a cidade, remeteu a responsabilidade para a Câmara presidida por António Costa, apelando a que fosse solucionado o conflito laboral e salientando que a defesa do serviço público é também a defesa da boa imagem de Lisboa.

A Direcção da Organização da Cidade de Lisboa do PCP, numa nota que emitiu no dia 28, saudou todos os trabalhadores da CML e realçou que «a forte adesão à greve realizada nos últimos dias demonstra a justa razão da luta, que não é só na defesa dos seus postos de trabalho, mas também na defesa dos cidadãos de Lisboa e do serviço público municipal».


A lei não manda
 
A Lei 56/2012, preparada e aprovada pelo PS e o PSD, impôs uma «reforma» administrativa em Lisboa, reduzindo de 53 para 24 o número de freguesias e alterando a distribuição de competências entre estas e o município. No entanto, a lei não determina peremptoriamente o que tem que passar para as juntas de freguesia. Como salientou a célula do PCP na CML, num comunicado de 20 de Dezembro (quando os mesmos PS e PSD aprovaram na Câmara a transferência para as freguesias de parte da limpeza urbana e das bibliotecas, da maioria das instalações desportivas, dos jardins de infância e de cerca de 1800 trabalhadores), ao município cabe definir quais são os «espaços, vias ou equipamentos de natureza estruturante para a cidade ou para a execução de missões de interesse geral e comum a toda ou uma parte significativa da cidade».

António Costa e o PS optaram «pelo desmantelamento dos serviços municipais e pela dispersão de equipamentos, com o propósito de se “livrarem”, para já, de 1800 trabalhadores e abrirem as portas à privatização de um conjunto de serviços de interesse público», acusa a célula do Partido.
A «descentralização» aprovada no executivo com os votos contra do PCP e a abstenção do CDS) e que terá que ir ainda à Assembleia Municipal – foi feita «de forma atrapalhada e pouco clara», acusa o PCP, referindo que, nuns casos, ela foi imposta, noutros teve «acerto de interesses», e «sempre sem qualquer quantificação dos encargos financeiros, de funcionamento ou de recursos humanos».
Ora «o que a lei define é uma descentralização, mas não esta descentralização, feita à pressa e à peça, de forma demagógica, sem qualquer critério, e que esconde o objectivo claro, há muito perseguido pelo PS e o PSD: desarticular os serviços públicos municipais, para os privatizar».
Mistificação paga
 
Em anúncios de página inteira, a CML fez publicar em vários jornais, no dia 21, sábado, anúncios assinados pelo seu presidente a clamar que «Descentralizar não é privatizar» e a asseverar que os trabalhadores que pretende transferir para as freguesias manterão todos os direitos.
No dia seguinte, a célula do PCP na CML acusou António Costa de se mostrar «um verdadeiro artista» e de gastar dinheiro público em «anúncios que não informam e ainda menos esclarecem».
Depois de recordar que o presidente e a sua maioria recusaram a proposta do PCP de manter o vínculo municipal dos trabalhadores que fossem prestar serviço nas freguesias, vindo agora dizer que lhes reserva «lugares cativos» no mapa de pessoal do município, a célula pergunta se Costa acha que «pode manter lugares cativos a seu belo prazer e pelo tempo que entender».
O próprio texto do anúncio desvenda o caminho para a privatização, quando tenta explicar que ficam «lugares cativos» no mapa de pessoal da CML, «para que qualquer dos funcionários possa regressar, se alguma vez a freguesia decidir recorrer ao outsourcing do serviço».
«Informar não é mistificar», contrapõe a célula do Partido.
 
Avante! 31 de Dezembro de 2013



quinta-feira, 13 de junho de 2013

«Fellows bilderberger» - Avante!



O Portugal News, jornal de língua inglesa mais lido no país, com conexões e interesses significativos das potências anglófonas, chamou a A. J. Seguro «fellow bilderberger», companheiro Bilderberg, de P. Portas.

Sabe-se deste Clube da «elite» financeira, ideológica e política europeia ocidental e norte-americana, que foi criado em 1954 por um núcleo de oligarcas próximos da CIA, com a preocupação de «combater o anti-americanismo». Desde então reúne anualmente «notáveis», que vão rodando em torno do «Comité de Governo», cujo «Chairman» é agora Henri de Castries, um conde francês, patrão da multinacional AXA, com experiência de governo com Chirac e de CEO nos USA e Reino Unido e em que participa, há muito, Pinto Balsemão, «deputado independente» no fascismo, primeiro-ministro do PSD, patrão dos media, banqueiro internacional, etc.

O Comité escolhe os convidados das suas conferências anuais, espécie de MBA em mistificação ideológica neoliberal e geoestratégia do imperialismo e dos seus objectivos de articulação e «Governo Mundial». É praticamente indispensável o «certificado Bilderberg» para ter lugar ao mais alto nível na ofensiva de esbulho da soberania dos estados, de espoliação dos povos, de saque dos direitos e ajuste de contas com os trabalhadores, de guerra, ocupação e recolonização imperialista.

Há anos que todos os primeiros-ministros das políticas de direita, do PS e PSD, recebem o «canudo» Bilderberg. Assim, não é novidade o convite a Seguro, nem tão pouco a ostentação da opção de classe de o ter aceite, como assumido «candidato a primeiro-ministro», num país sob ocupação da troika imperialista. Nem surpreende a confiança discreta que o Clube Bilderberg finalmente expressou em Portas, que há anos se bate por isso.

Mas registe-se os factos para memória futura: que Seguro e Portas passaram ao mesmo tempo pelo Bilderberg; que avança o namoro PS-CDS, com Portas a copiar o PS sobre o «Estado Social» e a ser elogiado por isso; e que Seguro, com o CDS em silêncio, aponta «a dimensão económica e política» duma UE mais federalista.

Até onde irão juntos os «fellows bilderberger»?
 

Carlos Gonçalves in Avante!, 13.junho.201
 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

2013: A LUTA CONTINUA (Cavaco Silva - promulga OE inconstitucional)

 
 
O Presidente da República – que, no acto de posse, jurou pela sua honra cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa – promulgou o inconstitucional Orçamento do Estado para 2013. Ou seja: em vez de, como a honra e o interesse nacional lhe exigiam, vetar esse diploma iníquo e fora da Lei Fundamental do País, promulgou-o. Contra os interesses dos trabalhadores, do povo e de Portugal. Contra os interesses e direitos da imensa maioria dos portugueses.
 
 
Na verdade, o que Cavaco Silva promulgou foi mais desemprego; mais injustiças sociais; mais ataques aos direitos laborais e sociais; mais roubos nos salários, pensões e reformas; mais ataques à saúde dos portugueses; mais falências de empresas; mais atropelos à independência e soberania nacional, em suma, mais declínio para Portugal e mais dificuldades, pobreza, miséria e fome para os trabalhadores e o povo.
 
Com isto, o Presidente da República, enquanto tal, embarcou de corpo inteiro na nau da política do Governo PSD/CDS – política de direita, antipatriótica, de afundamento nacional.
 
Contudo, a atitude de Cavaco Silva, inadmissível e inaceitável, não surpreende. Basta termos em conta o seu currículo de governante – que, sublinhe-se, é o mais extenso da história de Portugal depois do 25 de Abril.
 
E é importante não esquecermos – em momento nenhum e mais ainda na situação presente – as responsabilidades directas do actual Presidente da República no estado dramático a que Portugal chegou.
 
 
Como primeiro-ministro, ele foi, durante dez anos – trágicos para os trabalhadores, o povo e o País – o implacável continuador da política de direita iniciada por Mário Soares. Prosseguindo e intensificando os ataques às conquistas económicas, sociais, políticas e culturais da revolução de Abril; destruindo a indústria, a agricultura, as pescas; depositando o poder político nas garras do poder do grande capital; malbaratando a independência nacional – e com tudo isso preparando o terreno para os seus sucessores, desde António Guterres a Passos Coelho/Paulo Portas, darem continuidade à tarefa de afundar Portugal.
 
 
Como Presidente da República… é o que já tínhamos visto no primeiro mandato, e o que acabamos de ver com a recente promulgação do OE/2013.
 
Um dia depois de ter promulgado o inconstitucional Orçamento – que vai empurrar o País mais para o fundo e fazer a vida ainda mais negra aos portugueses – o Presidente da República, na sua recorrente mensagem de Ano Novo, veio desejar um bom 2013 aos portugueses. Isto, não obstante saber, e reconhecer, que o ano agora chegado vai ser pior do que o que passou, que foi péssimo…
 
 
Sem surpresas, portanto, a atitude do Presidente da República.
 
Registe-se, ainda, que na longa prática deste governante, nem com uma forte lupa é possível detectar qualquer sinal de Abril. Mas são bem visíveis, nas suas decisões, os sinais dos tempos que, em Abril, Abril venceu.
 
 
E é empunhando a Constituição da República Portuguesa – essa Lei Fundamental do País desprezada e aviltada pelos governantes – que os trabalhadores e o povo darão a resposta necessária à política de direita no novo ano agora chegado. Um ano em que a luta de massas, dando os necessários passos em frente em matéria de participação, poderá pôr termo à política das troikas e impor um novo rumo para o País.
 
No que respeita ao colectivo partidário comunista, também o ano de 2013 será um tempo de intervenção e de luta. Como, aliás, aconteceu no ano anterior e em todos os anos anteriores desde que, em 1921, o Partido Comunista Português foi criado.
 
Para isso, impõe-se a aplicação das linhas de trabalho definidas pelo Comité Central, na sequência do XIX Congresso, designadamente: o desenvolvimento, até Maio, da campanha nacional «resgatar Portugal da dependência, recuperar para o país o que é do país, devolver aos trabalhadores e ao povo os seus direitos, salários e rendimentos» – uma campanha centrada na afirmação da política patriótica e de esquerda proposta pelo PCP;
 
a preparação e realização das eleições autárquicas de Outubro – ou seja: a afirmação da CDU, do seu projecto, do seu percurso de trabalho, honestidade e competência, do seu exemplo de amplo e coerente espaço de convergência e unidade democráticas;
 
o desenvolvimento do trabalho unitário a todos os níveis, construindo a convergência de todos os democratas genuinamente empenhados na luta pela ruptura com a política de direita e a libertação de Portugal da teia da dependência e submissão, rumo a um País de desenvolvimento, progresso e justiça social;
 
o sempre necessário e indispensável reforço do Partido, concretizado na acção concreta e na ligação das organizações e militantes às massas – e na divulgação e valorização do «Programa para Uma Democracia Avançada – os valores de Abril no futuro de Portugal»;
 
as comemorações do centésimo aniversário do nascimento do camarada Álvaro Cunhal que, subordinadas ao lema «Vida, pensamento e luta: exemplo que se projecta na actualidade e no futuro», decorrerão durante todo o ano em todo o País e que, pelo seu significado, constituem importantes factores de reforço do Parido e da luta dos comunistas e das massas trabalhadoras.
 
 
São tempos de muito trabalho os que aí vêm. E de muitas dificuldades. E de muitas exigências. Mas também tempos de muita confiança, quer nas capacidades do nosso grande colectivo partidário, quer na determinação e na força da luta dos trabalhadores e do povo português para derrotar a política causadora de todos os nossos dramas e conquistar a necessária política patriótica e de esquerda inspirada nos valores de Abril.
 
Editorial do Avante! José Casanova, 3.Janeiro.2013

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Escândalos nucleares (Fukushima - Japão) - Avante! - às Quintas


(25 por cento das verbas da reconstrução foram usadas para outros fins)

Três dos seis peritos nomeados pelo governo japonês para implementarem os requisitos de segurança nos reactores do país lideraram investigações financiadas por empresas ligadas à indústria nuclear, caso ao qual acrescem denúncias de má-gestão dos fundos destinados a fazer face às consequências do maremoto, e a persistência da contaminação radioactiva com origem em Fukushima.
 
Artigo completo aqui
 
Avante!, 8.Novembro.2012

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

África do Sul e a luta de classes

(O primeiro número do "Avante!" a 15 de fevereiro de 1931)
 
Os trágicos acontecimentos na mina de Marikana, na África do Sul, que resultaram na morte de dezenas de mineiros, sindicalistas e polícias, são graves e têm uma indiscutível importância política. Por aquilo que representam objectivamente, mas também pela carga simbólica e política que adquirem num país marcado historicamente pela violência do apartheid. A violência ocorrida, e especialmente a acção da polícia, não pode merecer senão a viva condenação das forças que como o PCP estão solidárias com a luta dos trabalhadores, com a defesa dos seus direitos e que desde sempre estiveram ao lado da luta daquele povo contra a opressão social e racial e pela concretização e aprofundamento da revolução democrática e nacional iniciada com o derrube do apartheid. Mas esta indiscutível condenação e expressão de solidariedade aos trabalhadores da milionária indústria de extracção mineira não deve, e não pode, ignorar as razões de fundo destes acontecimentos e a evolução da situação política na África do Sul e das suas forças sociais e políticas.
 
Duas décadas passadas sobre a vitória do povo sul-africano e do ANC a razão de fundo destes acontecimentos reside na manutenção de uma situação que em múltiplos aspectos pode ser caracterizada como de «apartheid social». Apesar de evoluções positivas persistem graves problemas herdados do sistema de segregação racial tais como o desemprego (que no sentido restrito atinge cerca de 25% da população, e em sentido lato cerca de 40%); a pobreza; a alta taxa de emprego na chamada «economia informal» (cerca de 40% do emprego) e, acima de tudo, a imensa desigualdade na redistribuição da riqueza e da terra, que continua a ter uma fortíssima componente racial.
 
As políticas definidas pelo ANC para corrigir as assimetrias na distribuição da riqueza, acesso ao emprego e à terra e participação na actividade económica, apesar de bem intencionadas, não resolveram o essencial desses problemas, e um dos traços da evolução desde 1994 foi a emergência de uma nova grande burguesia negra, que em muitos casos assume o papel de «face visível» dos grandes grupos económicos das potências coloniais, que tem influência no aparelho de estado sul-africano e que, sobretudo na «era» Mbeki, ganhou peso no ANC introduzindo contradições no seu seio e no seio de um dos pilares fundamentais da aliança tripartida: a poderosa COSATU, a central sindical de classe da qual o NUM, o sindicato dos mineiros, é filiado, e cujo congresso no próximo mês antecederá o congresso do ANC de Dezembro onde será discutida a actual política e direcção do ANC encabeçada por Jacob Zuma, que em vários aspectos rompeu, ainda que não substancialmente, com as políticas prosseguidas até 2009.
 
É à luz da complexa e explosiva situação social sul-africana; das contradições e processos de clarificação em curso no seio do ANC e da própria COSATU; da frustração de camadas operárias da população negra sul-africana relativamente ao ANC; da acção das multinacionais da indústria mineira que tentando dinamitar os acordos de contratação colectiva instigam divisões no movimento operário e financiam sindicatos populistas como o AMCU (que alguns identificam como tendo cariz tribal e que já várias vezes foram acusados de fomentar violência entre trabalhadores), que se deve ler os acontecimentos de Marikana. Acontecimentos que tendo uma base real de frustração e de revolta dos trabalhadores sobre-explorados aconselham a olhar para a hipótese da instrumentalização das contradições sociais e políticas para dar espaço ao populismo e «quebrar a espinha» à aliança tripartida por via do enfraquecimento da COSATU, uma estratégia importante para quem queria pôr em causa ou condicionar os desenvolvimentos no seio do ANC. Acontecimentos que demonstram mais uma vez o papel central da classe operária na evolução das sociedades e da política e que aconselham a não esquecer a acção do imperialismo que, como a história recente do Zimbabwe demonstra, sempre tentou criar e tirar partido de dificuldades e erros para fazer andar para trás a história da descolonização africana.
 
Ângelo Alves - Crónica Internacional
 
Avante! 30.Agosto.2012

domingo, 22 de janeiro de 2012

A quem traiu a UGT?

É com a CGTP-IN que os trabalhadores podem contar!

Não é fácil adjectivar o acto que a UGT cometeu ao assinar o último Acordo de Concertação Social. É evidente que uma palavra surge imediatamente à cabeça – traição! Mas cautela. É evidente que se os dirigentes da CGTP-IN tivessem assinado aquele acordo teriam cometido uma abominável traição, à gloriosa história da Central criada pelos trabalhadores ainda no tempo do fascismo, aos seus princípios e ao seu projecto, e teriam traído todos os trabalhadores portugueses, os que ontem lutaram pela conquista do que agora se pretende oferecer ao patronato, aos que hoje e amanhã sofreriam o acréscimo de exploração que este Acordo, a ser implementado, acarretaria.

Mas o mesmo se pode dizer da UGT? Da central sindical criada pelos patrões, pela CIA e os serviços secretos alemães, cuja fundação foi formalmente patrocinada pelo PS, pelo PSD e pelo CDS, a troika da contra-revolução e do actual pacto de agressão? De uma central usada ao longo de todo o processo contra-revolucionário como instrumento dos patrões no ataque à contratação colectiva, à legislação laboral, aos salários, à unidade e luta dos trabalhadores? Que fez a UGT de diferente daquilo que foi criada para fazer? Nada. Então, como caracterizar de traição um acto que tem tanto de repugnante como de consequente?

É certo que a UGT aderiu à última greve geral. Mas havia algum espaço para não aderir? Poderia continuar a desempenhar o papel para o qual foi criada se se tivesse colocado fora daquela greve geral? Poderia hoje estar a fazer o papel de «representante dos trabalhadores» nesta fantochada de concertação social, onde os patrões concertaram consigo próprios o incremento da exploração dos trabalhadores? Só tem razão para se sentir traído quem se deixa iludir sobre o que é, de facto, a UGT. É por isso que digo que não assistimos a nenhuma traição, mas sim a uma clarificação.

Está agora nas mãos dos trabalhadores, de todos os trabalhadores, dar a resposta que este acordo merece: incrementar a luta até o derrotar. Com a CGTP-IN, cujo Não é um daqueles onde, como dizia o Vinicius, a razão se agiganta, pois é muito mais do que uma recusa ou um apelo à luta, é a consciência de classe que se eleva.


Manuel Gouveia, Avante! 19.Janeiro.2012

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Jornal Avante! Hoje nas bancas



Está hoje nas bancas, mais uma edição do semanário Avante!

O primeiro número saiu em 15 de Fevereiro de 1931.

Dos partidos políticos existentes durante as mais de quatro décadas de fascismo em Portugal, só o PCP – que este ano comemora 90 anos de vida e de luta - não acatou a ordem de dissolução decretada pelo fascismo, optando pela resistência, uma opção só possível nas condições da mais severa clandestinidade - e o Avante! foi a palavra escrita dessa resistência, o seu divulgador, o seu incentivador de todos os dias.

O Avante! é hoje, nas suas diferentes expressões, um jornal incontornável e insubstituível para compreender as grandes questões do nosso tempo, acompanhar a luta dos trabalhadores e do povos de todo o mundo, conhecer a amplitude e intensidade da intervenção do PCP. Vendido e divulgado por centenas de militantes do Partido nas empresas e locais de trabalho, nas ruas e praças do nosso país o Avante! é também o jornal que dá nome à maior e mais importante iniciativa política e cultural do país -a Festa do Avante! - e assume, na intervenção quotidiana do Partido Comunista Português, um papel incontornável no esclarecimento e mobilização para a luta. 

Na edição de hoje N.º 1981

Podemos encontrar, vários artigos de opinião, os temas que marcaram a semana de luta dos trabalhadores, as intervenções, críticas e propostas dos deputados do PCP e PEV na Assembleia da República (local mais apropriado para levar a voz dos que não se podem expressar). Um Jornal como o Avante! não se fica por aqui, aborda igualmente temas de carácter nacional, da Europa e internacionais.

Porque o futuro, embora construído no passado e reforçado no presente, pertence sobretudo à juventude, as suas lutas e tomadas de posição, de onde destacamos "A maior assembleia da FMJD dos últimos 20 anos" estão igualmente presentes no jornal que há mais tempo é editado em Portugal. 

O humor também faz parte da luta dos trabalhadores, logo, o espaço Cartoon nos brinda semanalmente com uma caricatura oriunda dos mais diversos países onde os trabalhadores não desistem de lutar pelos seus direitos.

Por todos estes motivos se justifica a leitura do Avante! O principal órgão de informação para quem vive do seu trabalho!


 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Subvenções Vitalícias (PCP Sempre foi contra)





O PCP reagiu, anteontem, através de um comunicado do seu Gabinete de Imprensa, às notícias vindas a público sobre as subvenções vitalícias a ex-detentores de cargos públicos:

«A propósito das notícias sobre a atribuição das subvenções vitalícias a detentores de cargos públicos e da campanha que ardilosamente tem sido promovida no sentido de amalgamar atitudes e responsabilidades, o PCP esclarece, independentemente das motivações que estão por detrás da actualidade dada a essa questão, que:

«1. O PCP não pode deixar de recordar que foi desde sempre contra a instituição das subvenções vitalícias, tendo assumido e expresso essa posição isoladamente em mais do que uma ocasião. Na verdade, foi pela mão de PS e PSD, com o voto contra do PCP, que esta subvenção foi criada.

«2. O facto dos eleitos comunistas não prescindirem de acederem a essa subvenção enquanto estiver em vigor, não ilude o facto de ser orientação do PCP a não utilização dessa verba em proveito pessoal e de esta ser colocada ao serviço dos trabalhadores e do povo português, do seu esclarecimento e da sua luta.»

Avante!, n.º1978, 27.Outubro.2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A escolha certa



Ao cognome de pai da política de direita, Mário Soares junta um rol infindável de epítetos da mesma família.

E o facto de, sendo ele o maior inimigo da democracia de Abril, lograr fazer-se passar por «pai da democracia», faz com que lhe assente como uma luva o título de rei dos embusteiros.

Curiosamente, à medida que a idade lhe vai pesando – e à semelhança do criminoso que volta ao local do crime para apreciar a obra feita - ele desdobra-se em revelações sobre as suas actividades ocultas, desnudando-se e expondo as vergonhas, das quais, babado, se orgulha.

Disse ele, há dias, relembrando a concentração de 19 de Julho de 1975: «Conspirei activamente com D. António Ribeiro». E explicou: «todos os párocos disseram nas igrejas que seria bom que os católicos se juntassem na Fonte Luminosa contra o PCP». E confessou: (sem o apoio da Igreja) «nós não teríamos conseguido aquela manifestação que derrubou, no fundo, o caminho para onde se estava a dirigir o País».

Dizendo o que disse, Soares não disse nada que não se soubesse: a novidade está em ser ele a dizê-lo... sabendo bem que as razões que levaram a alta hierarquia da Igreja a apoiá-lo contra Abril são, no essencial, as mesmas que a levaram a apoiar o regime fascista durante quase meio século.

Notícia foi, também, o encontro Soares/Carlucci, na embaixada dos EUA - provavelmente na mesma sala onde, no auge da contra-revolução, ao abrigo do investimento nele feito pela CIA, era semanalmente recebido para despacho.

Recorde-se que Carlucci - o mandante e pagador - era senhor de um notável currículo nesta matéria, comprando quem se lhe vendia e eliminando pragmaticamente os que, com dignidade, recusavam trair os seus povos e as suas pátrias.

Desde novo, ele esteve em todo o lado onde a democracia, a liberdade e os direitos humanos o chamavam: no Congo, onde organizou o bárbaro assassinato de Patrice Lumumba, em 1960; na Tanzânia, donde foi expulso por ligação ao golpe contra Nyerere, em1964 – dali partindo para o Brasil com a tarefa de assegurar a execução de vários dirigentes progressistas.

E estava em Portugal para o que desse e viesse.

No Congo, face à dignidade de Lumumba, fez o que fez.

Em Portugal, fazendo de Soares o seu homem de mão, fez a escolha certa.

José Casanova, Avante, 16.06.2011

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

NOS OITENTA ANOS DO AVANTE!, Editorial, José Casanova


Comemoramos este mês, em todo o colectivo partidário, os oitenta anos de vida do Avante!.

Fazêmo-lo com o legítimo orgulho de quem tem a consciência de que, falando do nosso jornal, estamos a falar de um caso singular na história da imprensa portuguesa.

Único jornal que durante a longa ditadura fascista nunca se deixou amordaçar nem se submeteu à censura salazarista/caetanista, o Avante! foi, nesse tempo opressivo e repressivo, a voz dos anseios e aspirações dos trabalhadores e do povo, das suas reivindicações, das suas lutas: a voz dos que não tinham voz.

Criado em 1931 – na sequência da reorganização que, dois anos antes, dera um significativo passo na construção do PCP como partido marxista-leninista – desde logo passou a constituir um alvo preferencial da repressão fascista. Estava, então, em curso acelerado o processo de fascização do Estado levado a cabo por Salazar: à criação do partido único fascista, ocorrida em 1930, sucedia-se um vasto conjunto de medidas de carácter político, económico, social, ideológico, cultural, complementado com a criação de um poderoso aparelho repressivo.

Em consequência disso – e também porque o Partido estava a dar os seus primeiros passos na organização da actividade clandestina – a publicação do Avante! nos primeiros dez anos da sua existência sofreu várias interrupções.

E foi com a reorganização de 1940/41 – que viria a criar as condições para a transformação do PCP num grande partido nacional, no grande partido da resistência e da unidade antifascistas, na vanguarda revolucionária da classe operária – que o Avante! estabilizou a sua publicação: de Agosto de 1941 até ao 25 de Abril de 1974, o Órgão Central do PCP foi publicado ininterruptamente, sempre composto e impresso no interior do País – assim se afirmando como o jornal que, a nível mundial, mais tempo resistiu com êxito à clandestinidade.

A montante desse êxito estavam a dedicação e a coragem ilimitadas dos seus construtores – muitas vezes pagas com a prisão, a tortura e a própria vida.


Por tudo isso o primeiro número do Avante! após o 25 de Abril foi, em termos mediáticos, o exemplo mais expressivo da liberdade de informação acabada de conquistar.

E nos dias e meses que se seguiram ao derrubamento do governo fascista, ele foi a voz das massas conquistando as liberdades; do movimento operário e popular avançando para as grandes conquistas revolucionárias; da aliança Povo/MFA colocando os primeiros tijolos do luminoso edifício de uma democracia avançada que a Constituição da República viria a consagrar.

Do mesmo modo que, nestes quase trinta e cinco anos de contra-revolução – de liquidação das conquistas de Abril e de recomposição da capitalismo monopolista do Estado; de ataques brutais aos direitos e interesses dos trabalhadores, do povo e do País; de venda a retalho da independência e da soberania nacionais – o Avante! tem sido o singular porta-voz da resistência; das lutas dos trabalhadores e do povo contra a política de direita com a qual os partidos da contra-revolução – PS, PSD e CDS/PP – têm vindo a afundar Portugal; da luta pela ruptura e a mudança; da luta pelo cumprimento da Lei Fundamental do País.

E porque, em consequência da contra-revolução e do domínio do grande capital, a maioria dos média voltou a ser propriedade dos grandes grupos económicos e financeiros – e, portanto, a definir os seus critérios informativos de acordo com os interesses exclusivos dos seus donos – o Avante! é, hoje, a única voz ao serviço dos interesses dos trabalhadores e do povo; é, hoje, como no tempo do fascismo, a voz dos que não têm voz.

E, da mesma forma que, honestamente, não é possível fazer a história de Portugal sob o regime fascista sem consultar o Avante!, também só consultando-o é possível escrever com rigor sobre os últimos 36 anos da nossa história colectiva.


Num tempo marcado por uma forte ofensiva ideológica, com a qual os média dominantes fazem chegar todos os dias a milhões de pessoas a desinformação cirurgicamente organizada que serve os interesses do grande capital, a divulgação e leitura do Avante! coloca-se com questão crucial não apenas para os militantes comunistas mas para a generalidade dos trabalhadores – para todos os que sofrem na pele as consequências da política de direita; para todos os que assumem como referência maior os valores e os ideias de Abril.

O anticomunismo, em muitos casos retomando as suas formas mais primárias e boçais; a apresentação do capitalismo explorador e opressor como sistema ideal; o roubo de direitos aos trabalhadores, apresentado como uma necessidade, uma inevitabilidade, uma normalidade; a pregação multiplicada da passividade, do conformismo, da resignação, do não vale a pena; a disseminação do medo; o silenciamento das ameaças, das chantagens, da repressão sobre os trabalhadores – constituem linhas dessa ofensiva às quais, no plano mediático, só o órgão central do PCP dá resposta.

Os nossos leitores sabem que há um vasto conjunto de notícias, informações e opiniões sobre Portugal e sobre o mundo que só no nosso jornal poderão encontrar – notícias, informações e opiniões indispensáveis para o conhecimento da realidade existente e para o desenvolvimento da luta pela sua transformação. Uma luta que a leitura do Avante! ajuda a que seja mais forte e mais consciente.

Assim, fazer chegar o nosso jornal a mais e mais leitores, militantes e não militantes do Partido, é uma das mais relevantes tarefas políticas do colectivo partidário comunista.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Querem vampirizar-nos o eleitorado?


Tem vindo a afirmar-se nos últimos tempos essa velha fórmula do anticomunismo que é a tentativa de vampirização do eleitorado do PCP. Manifesta-se quer em apelos para a «coesão de todos» (para que objectivos?) quer para uma «unidade da esquerda» (para que política?).

Compreende-se que para o capitalismo serôdio dos nossos tempos o comunismo continue sendo um espectro, como já dizia em 1847 o Manifesto Comunista. As esconjuras a esse fantasma, por parte dos senhores do capital e seus agentes, variam com as épocas. O apelo à imaginação política dos manipuladores da opinião é portanto muito intenso.

Nas sociedades «pós-modernas», massacradas por decénios de demagógicas campanhas de pretensa «defesa da democracia», não podem cair bem as brutezas de Hitler, Salazar, Pinochet, ou mesmo dos tribunais de «actividades anti-americanas» do macartismo, nos USA. (Estarão metidos em alguma gaveta de espera?).

A história não se faz ficando sentados à espera dela. Como dizia Marx: a história não faz nada, não luta em nenhuma batalha. Não é a história mas sim o ser humano, vivo e real, que tudo faz e luta por tudo.

É assim que nós, comunistas portugueses, pensamos. Por isso lutamos.

Temos um património histórico valioso. Mas como mostra a nossa própria experiência, não basta o património herdado para se responder às questões sempre novas que a vida suscita. Impõe-se sempre darmos e aprofundarmos resposta às novas condições que se registam na vida.

Mantendo a nossa identidade, temos provado ter condições para dar continuidade ao nosso passado. Temos e mantemos um partido com princípios e objectivos claros, estruturado e coeso. Terão de ter paciência os que querem vampirizar o nosso eleitorado: o património político do PCP não está em saldo. A Festa do «Avante!» novamente o comprovou. E os participantes na apresentação do candidato do PCP à Presidência da República confirmaram-no, na passada semana.

Os capítulos mais importantes da história do PCP estão ainda por escrever. Sejamos nós, comunistas do Século XXI, impulsionadores das forças capazes de dar a volta que permita ao mundo apostar no futuro.



Artigo de opinião de Aurélio Santos no Jornal Avante nº 1920

http://www.avante.pt/

domingo, 25 de julho de 2010

O Portugal das Injustiças



O Parlamento debateu o estado da Nação. Foram visões distintas sobre o País as que estiveram em confronto faz hoje oito dias. Ao injustificado optimismo do primeiro-ministro, traçando um quadro sem correspondência com a realidade, contrapôs o PCP a verdade nua e crua de «um País mais injusto, mais desigual, mais dependente e mais endividado».

Coube ao PCP, uma vez mais, desmontar esse mecanismo e pôr em evidência a real situação do País, mostrando, nomeadamente, que a não ocorrer uma ruptura e uma mudança de política continuaremos no caminho do retrocesso social e do declínio nacional.

José Sócrates preferiu, num balanço à governação, enveredar uma vez mais pela fantasia, dourando o cenário num discurso onde quis passar a imagem de defensor do Estado social e de firme actor no combate à pobreza, socorrendo-se para o efeito da ajuda de indicadores do INE, publicados na véspera.

«Se alguma coisa mudou foi para pior», ripostou Jerónimo de Sousa, para quem o quadro traçado pelo primeiro-ministro, tirando a referência a uma ou outra «medida pontual», «não corresponde à realidade que o País vive».

Alvos de dura crítica do PCP foram também o PEC e as medidas adicionais entretanto aprovadas com o apoio do PSD, que levam o Governo PS a «redefinir sacrifícios».

E a questão que Jerónimo de Sousa quis ver esclarecida, sem que tivesse obtido resposta, é a de saber «se têm de pagar tanto os culpados como aqueles que não tiveram culpa nenhuma».

É que, observou, «quem paga mais é precisamente quem não contribuiu para a crise», dando exemplos: « É no IRS, no IVA, nos cortes ao subsídio de desemprego, nos cortes aos subsídios sociais, que não poupam desempregados, idosos, crianças, pessoas com deficiência, enfim, os mais fragilizados».

Daí o repto ao chefe do Governo para este «quantificar o valor que é sacado a quem vive dos rendimentos do seu trabalho e qual a quantia que é facturada à banca, às mais-valias bolsistas, aos lucros acima de 50 milhões de euros, aos capitais que voam para off-shores».

Perguntas, também estas, que ficaram sem resposta.

Resumo do artigo do Jornal Avante sobre o Debate da Nação de dia 15 de Julho de 2010

Pode ser lido na íntegra em: www.avante.pt