Reflexões, notas, impressões, apontamentos, comentários, indicações, desabafos, interrogações, controvérsias, flatulências, curiosidades, citações, viagens, memórias, notícias, perdições, esboços, experimentações, pesquisas, excitações, silêncios.

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terça-feira, 9 de março de 2010

O homem do aparelho

A corrida eleitoral no interior do PSD está ao rubro. Só espero que, ao longo da campanha, o debate politico-ideológico, e não simplesmente os casos da actualidade, seja o cerne do argumentário. Sobre Passos Coelho, já aqui tornei público por várias vezes o que penso acerca dele: um produto genuíno dos berçários partidários. Está mais firme do que nunca a minha convicção de que se trata de uma espécie de Sócrates laranja, só que aprumado como quem vai para um baile de finalistas do liceu. Recentemente, um amigo relativamente bem colocado na engrenagem daquele partido, relatou-me um episódio assaz curioso. Porventura à semelhança de outras organizações, existe no PSD uma figura carismática e privilegiada, no que toca ao seu modus operandi: a secretária das secções. É por ela que passa toda a informação relativa à actividade política, à logística, às finanças. É a secretária o elo incontornável, o filtro, o pilar silencioso, mas insubstituível. Por isso mesmo, desde sempre, à cautela, instalou-se a ideia de que, quem quer que ambicione a liderança ou um lugar de destaque nas estruturas do partido, não pode ignorar o verdadeiro poder paralelo das secretárias. Passos Coelho, ao que parece, foi mais longe. Ainda líder da JSD, contou-me o meu amigo, chegou a memorizar a lista das secretárias das secções mais importantes do partido, tratando-as pelo nome antes de iniciar qualquer expediente organizativo. Imagino mesmo que, no limite, teria uma agenda com o rol completo. Just in case!!!...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O cluster


Este novíssimo velho, nascido para a vida política por via de um longo e extenuante tirocínio da carne assada, num desses aviários de mediocridade que dão pelo nome de juventudes partidárias, tem funcionado recentemente, no PSD, como a reserva moral que busca a respeitabilidade, a réplica "xóven" de um acácio queiroziano que abrilhanta os salões e emudece os basbaques. Para Sócrates, este personagem que é oposição (dentro do PSD) mas afinal não é, que pisca o olho aos liberais, mas afinal gosta de grandes investimentos públicos, que está mas não está, que vai passeando a sua irrelevância intelectual pelos lustres e pelas ribaltas oferecidas pelo jornalismo "oficial", veio a revelar-se de uma enorme utilidade. No fundo, tiveram ambos o mesmo percurso: os anos de "formação" nas respectivas juventudes partidárias, a existência televisiva, umas golpadas aparelhísticas aqui e acolá, umas sinecuras nos entretantos. Com uma diferença: mesmo tendo frequentado a mesma escola e participado nas mesmas brincadeiras, Sócrates vem da pequena-burguesia da província; por sua vez, Coelho vem da burguesia da linha. Uma diferença considerável. Mas que não deixa de incentivar os cruzamentos, as confluências, as afinidades comuns, o gosto por soundbites vazios. O último, veio agora a saber-se, é apologista do TGV, mas defende a criação de um "cluster". Um "cluster"? A coisa aconteceu num jantar promovido pelo "Economist". Ver aqui a notícia. Embora diga que não, Coelho assume-se pois como contraditor qualificado da líder do PSD. Mesmo defendendo uma insanidade como a construção de um TGV num momento de recessão como o que vivemos.