Reflexões, notas, impressões, apontamentos, comentários, indicações, desabafos, interrogações, controvérsias, flatulências, curiosidades, citações, viagens, memórias, notícias, perdições, esboços, experimentações, pesquisas, excitações, silêncios.

Mostrar mensagens com a etiqueta hipocrisia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta hipocrisia. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Da vida dos insectos

Tenham medo! Andam por aí uns "intelectuais ateus" a cirandar pelo Facebook e blogosfera, galvanizados com as intervenções anti-clericais e cripto-teológicas do autor de "Levantado do Chão". Que muito em breve se transformará em S. Saramago, cumprindo a hagiografia particular dos comunistas e capelinhas afins.
A rapaziada oficiante até parece engasgada com tamanha excitação idolátrica! Calma, pessoal! Bebam água! Simples, claro. Nada de bentices nem bentunços! A malta é ateia! Todavia, tamanho frenesim, observado à lupa, revelará um microcosmo surpreendente para tanta euforia: o ressentimentozinho social, a arrogância dos pequenos e médios aspirantes a pensadores, a faustosa ignorância, a pequenez engraçadista, a incapacidade de ser compassivo,  de entender os outros... No meio de tudo isto, não me surpreenderia se lá encontrasse simplesmente tédio...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A feira

E pronto!... Hoje, em directo e ao vivo, chegou a prendinha oferecida na AR ao carrossel ruidoso dos activistas do "sector" gay (que o mercantilismo recuperou só por serem bons consumidores). Aos apoiantes que expelem a palavra "preconceito" e "discriminação" a cada 10 segundos. Uma espécie de novilíngua de conveniência de quem recusa qualquer tipo de debate democrático. A neocasste do grau zero do pensamento. E agora, já podemos dizer lá fora que somos "modernaços", apontando para as agências de rating. Aleluia! Hossana! No mesmo país onde ainda se olha de lado quando se vê uma mulher polícia e onde a pobreza aumenta a cada dia que passa... Agora, só falta mesmo ultrapassarmos a Eslováquia no ranking da UE. E sermos uma sociedade realmente desenvolvida. Onde não se confunda folclore com modernidade.

P.S.- Soube-se agora que as ardentes e fervorosas parelhas que festejaram em frente à AR eram simplesmente actrizes pagas para a ocasião. Mais palavras para quê? Ver aqui.

domingo, 6 de julho de 2008

Mais uma campanha alegre (1)

Os aprendizes de cacique com discurso provinciano são uma das minhas iguarias favoritas. É claro que não é difícil encontrá-los. Basta ir ao seu habitat natural: uma delegação partidária, uma direcção de uma associação de estudantes, à saída de uma assembleia municipal, no corropio famélico em busca de uma assessoria ou de uma sinecura partidária. Alguns podem mesmo ser encontrados nas colunas dos jornais locais. Depois de muito suor, conseguem alinhar dois parágrafos sem um único erro ortográfico. Um feito notável. Onde debitam resma e meia de lugares comuns para encher o olho (salvo seja) à populaça, naturalmente sequiosa de mais uns artistas que a salvem. Porém, há artistas e artistas. Alguns nem mesmo numa loja gourmet se encontrariam. Pois a fortuna veio em meu auxílio, trazendo-me o créme de la créme desta espécie. Nada mais nada menos do que a última estrela da política de veludo guardense (na feliz designação de Pacheco Pereira para a rede de interesses promíscuos de que se nutre a partidocracia local e autárquica), o apóstolo da nova trilogia: ouvir, dialogar, trabalhar (a parte do "diálogo" traz-me logo à memória não sei o quê, um dejá vu qualquer...bom... adiante!), a grande esperança do PS no distrito da Guarda, o homem que não deixa de frisar que está perto de Lisboa (ouviram bem, meninas e meninos, perto de Lisboa!)... Senhoras e senhores, convosco o camarada José Albano Marques!
I - Comecemos então pelo princípio: sabiam como é que este patusco conseguiu as assinaturas para se candidatar à Federação Distrital? Através do milagre do sangue comunitário. Passo a explicar. Desde Janeiro deste ano, entre os 400 novos militantes do distrito da Guarda inscritos no PS , contam-se "trinta dadores de sangue" e apareceram 18 "a morar na mesma casa". Em relação ao primeiro caso, vamos supor que uma onda de generosidade invadiu 30 cidadãos, que decidiram acampar junto à sede da associação de dadores, disponíveis para qualquer emergência. No entanto, desconheço se foram informados do facto de entre cada dádiva deverem decorrer três meses para os homens e quatro para as mulheres. Mesmo assim, louva-se a sumptuosa solidariedade manifestada por estes bravos. No segundo caso, das duas uma: ou esse grupo de 18 intrépidos cidadãos têm o mesmo grupo sanguíneo e resolveram acampar no mesmo local, para o que desse e viesse; ou são adeptos das experiências comunitárias anos 60 e 70, resolvendo implantá-las num recanto serrano da Beira, podendo tratar-se mesmo de um grupo de squatters criativos, também conhecidos por okupas, acabados de desembarcar num prédio devoluto da região. Mas porquê?, perguntareis vós. Aa razões não são exactamente deste mundo, meus caros: 400 cidadãos, em diferentes coordenadas GPS, receberam em simultâneo uma radiosa e inefável revelação do Divino. Era o Albano, envolto numa aura celestial cor de rosa, assessorado por um arcanjo menor, que servia de ponto. Insinuando a salvação eterna, lá ia indicando aos incréus o caminho da virtude e do futuro, ao mesmo tempo que disponibilizava a ficha de inscrição na congregação. "Milagre! Milagre!", gritavam os escolhidos pela Graça Divina. "Quando preencherem a fichinha, entreguem aqui ao Tony", ouviu-se sussurrar, por fim, com voz melíflua, o ditoso Albano. Por outro lado, 40 dos recém filiados militantes deram como "residência" o mesmo apartado postal, sendo os apartados mais vezes repetidos registados como pertencentes à Associação de Dadores de Sangue da Guarda e ao PS de Celorico da Beira. Para explicar este caso, aplicam-se as hipóteses referidas, podendo ainda tomar-se em consideração outras possibilidades: estes 40 "caloiros" afinal fazem parte de uma seita milenarista, tendo optado por cometer um suicídio em massa, aproveitando os bons ares da região; constituem um grupo de investigadores da lagarta dos pinheiros em trabalho de campo; um retiro espiritual de representantes do príncipe da Transilvânia, mais conhecido como o Drácula dos tótos; são simplesmente clones (ou hologramas) de José Albano Marques.
II - Pois bem, instalados e domiciliados os putativos apoiantes do Albano (seriam todos do tipo O, tipo AB? não se sabe) faltava o corropio habitual para a contagem das espingardas: 1º cativar os caciques de base; 2º trazer para si a inenarrável "J"S, para compôr a tribuna com carinhas larocas e carregar os pianos; 3º cheirar o rabiosque a um naipe escolhido de notáveis retirados ou no activo, bem como aos proverbiais assessores, situados muito pertinho, vá-se lá saber como, de Lisboa. Aliás, vendo bem, em Lisboa mesmo, diria até na zona de S. Bento, no gabinete do Sócrates mesmo mesmo (não é excitante?), a cheirar-lhe mesmo o cuzinho com regularidade, com sofreguidão canina, de modo a que esta cadeia de empatia olfactiva vença distâncias e embaraços, assegure "atenções" futuras, caucione promessas presentes e salvaguarde rabos de palha passados. Um mimo. (continua)

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Os talibãs de sempre

O "deslize" de Cavaco no 10 de Junho, ao falar em "dia da raça", motivou uma reacção do PCP e BE, exigindo ao P.R. um acto de contrição e 10 avé-marias por tal blasfémia. Para os comunistas, tratou-se de "uma expressão pouco compatível com os valores de Abril e o regime democrático". Os bloquistas falam em "terminologia racista e segregadora do Estado Novo". Há claramente um défice de ocupação por parte destas luminárias. Atarefadas com trivialidades, enquanto o mundo se transforma, cada dia que passa, em direcções que estas mentes ressabiadas nem sequer sonham. Os mesmos que defendem o actual estado de laxismo e facilitismo no ensino, desde que isso envolva a captação de clientelas eleitorais, que albergam grupos terroristas (as FARC na "Festa do Avante"), que se estão nas tintas se os jovens sabem quem foi Gil Vicente, o Padre António Vieira, ou Antero de Quental (que também utilizou por várias vezes a expressão "raça"), que promovem o relativismo ético e a duplicidade em relação aos fundamentalismos. Pois agora, como sempre, querem dar lições de moral, num misto do jesuitismo de Louça, com as práticas inquisitoriais estalinistas do PCP. Estes episódios têm uma virtude impagável: lembram-me quem é quem, reforçam gratuitamente as minhas convicções.

NOTA: sobre o assunto, ler este magnífico texto, no "Cachimbo de Magritte"; do outro lado, no"5 Dias", prossegue a saga deste grupinho politicamente correcto em relação ao lapsus linguae presidencial. Nota-se claramente um défice crónico de tema. É que a silly season está a chegar e estes revolucionários de vão de escada, em vez de irem limpar as armas para uma qualquer Sierra Maestra, estão mortinhos por ir de férias, como os comuns mortais. São os descendentes directos do radicalismo europeu chic, com expressão a partir dos anos 60, que consiste em as ideologias perfilhadas por cada indivíduo nada terem a ver com as suas práticas e modos de vida.

quarta-feira, 5 de março de 2008

A grande marcha

O PCP organizou uma manifestação intitulada "bifanas à jerónimo". Agora a sério, chamava-se "Marcha Liberdade e Democracia". Mais a sério ainda, esta força política deveria especializar-se em turismo sénior, na modalidade "pacote manif liberdade e democracia", sendo destinos preferenciais Cuba, China, Irão, Coreia de Norte, Líbia e Bielorrússia. Tudo incluído, é claro. Mesmo uma estadia prolongada custeada pelos respectivos Estados, num local convenientemente resguardado e à sombra. Isto sendo optimista, é claro. Segundo os organizadores, foram 50 000 os desfilantes. Suspeito que, desta vez, valeu tudo. Até os coxos e os mendigos foram requisitados. Os lares da 3ª idade da margem sul ficaram vazios. Alguns proverbiais professores "em luta" foram também vistos. Parece que os celebrantes mostraram os seus cartões, en passant. E o chefe do coreto bramiu umas palavras de ordem contra a "ofensiva aos direitos dos trabalhadores", o "grande capital", "as políticas de direita" e outras frases evangélicas. O rebanho acatou, ergueu o punho, agitou umas bandeiras, entoou vários hinos, fez as genuflexões da ordem em honra dos "partidos irmãos" e das "lutas contra o imperialismo" (FARC incluída) e... bom, para já, não me ocorre mais nada. Desde Novembro de 1975, era eu um puto, que assim dou conta da força do PC.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

A lição

(via "Atlântico")
Como é sabido, enquanto o Dalai Lama visitava Portugal, no mês passado, o Governo e o PR assobiavam para o ar. Segundo Amado, havia umas negociatas com a China em risco. Convenientemente acenado pela diplomacia imperial. Parecia teatro de marionetas de má qualidade. Entretanto, aquele líder espiritual é hoje recebido oficialmente pelo presidente Bush. Com pompa e circunstância. Conclusão: quem pode pode. Quem não pode, rasteja.

sábado, 8 de setembro de 2007

O PCP no fundo do poço

Tomás Vasques dá-nos vários exemplos ilustrativos daquilo a que chama "Geografia ideológica do substantivo abstracto democracia." São eles:

1. «Tenho dúvidas que [a Coreia do Norte] não seja uma democracia» - Bernardino Soares, deputado do PCP.

2. «…não tenho conhecimento da existência de presos políticos [em Cuba]». - Bernardino Soares, deputado do PCP.

3. «Os traços da deriva antidemocrática e fascizante” [em Portugal]» - Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP.