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10/02/08

OH C'UM CARAÇAS!...IV

IV - No Público de hoje, escrito por José Sá Fernandes: «A concessão, outorgada entre outros pelo dr. Júdice em 2002, previa a construção do edifício por parte do vencedor do concurso anteriormente levado a cabo para o efeito(...)»

Dentro da minha ignorância não cabe esta! Mas, então como é que ele desconhecia tudo, como afirmou no «Público, 08.02.08
(...)
O então presidente João Soares abriu concurso público para um restaurante no alto do Parque Eduardo VII, um concorrente ganhou e assumiu em tal vitória (...)

Não soube de tal concurso, não concorri a ele, não conhecia sequer a empresa concorrente (ou os seus accionistas), não soube do resultado do concurso.(...)»

...e depois aparece a outorgar?, mas...isto não quer dizer que assinou o contrato de concessão???


Outorgar
v. tr.,
anuir;

aprovar;

conceder;

facultar;

doar;

dar por direito;

declarar em escritura pública;
v. int.,
intervir como interessado em escritura pública.


...há pr'aqui qualquer coisa que me escapa...é que não bate a bota com a perdigota, caraças!


***...***...***
(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

OH C'UM CARAÇAS!...

I
II


III - Porra!, esta gente gosta de nos fazer de mais burros, não gosta?!?

Estava com uma preguiça do caraças e não me apetecia levantar pra ir buscar o jornal. Assim, escrevi o post anterior citando mais ou menos de memória já que a leitura do dito jornal, por ser o meu dia de folga, pôde ser feita com todo o 'requinte' que sempre exijo para uma leitura de jornal diário que se preze: depois de me levantar, aí pelas onze da matina, de me aperaltar para um dia sem saltos altos nem 'pinturas de guerra', saio de casa compro o jornalinho (desta não me enganei!) e ala para o café habitual, mesa habitual e pequeno almoço mais ou menos habitual que há coisas em que gosto de furar hábitos...

Agora, relendo o tal post anterior e conferindo as fontes dei com umas quantas coisas do caraças, se não repare-se e atente-se nos bolds:

DN,
17.11.04

Desvendado o mistério dos 'Onze'
Quem são os sócios Quem é o chefe O que lá se come Como é o ambiente e a vista, duarte calvão



Já há algum tempo que se aguardava com enorme expectativa o restaurante que «um grupo de milionários» iria abrir no alto do Parque Eduardo VII, que se assumia logo como candidato a estrelas Michelin... Pois bem, o mistério abriu ontem as portas ao curioso público e não há dúvida que é de causar espanto: poucas vezes Lisboa terá visto um projecto de restaurante tão bem delineado e concretizado.

(...)

E quem são os «onze»? José Miguel Júdice, José Bento dos Santos, Américo Amorim, o arquitecto João Correia (responsável pelo projecto do edifício, construído de raiz), Stefano Saviotti, Joachim Koerper ( chefe alemão de 51 anos, duas estrelas Michelin no seu restaurante Girasol, em Alicante), o banqueiro João Rendeiro e os empresários Nabil Aouad, José Marques da Silva, Hipólito Pires e Tiago Câmara Pestana.

«É bastante exagerado falar de milionários. É antes um grupo de amigos interessados em gastronomia», esclarece Miguel Júdice (filho do actual bastonário da Ordem dos Advogados). «Depois da Quinta das Lágrimas, em Coimbra, tínhamos interesse num projecto de qualidade em Lisboa. Havia este terreno, que a câmara tinha posto a concurso e cuja concessão foi ganha pelo arq. João Correia, e vimos que precisávamos de sócios que nos ajudassem no investimento».


Público

08.02.08

(...)
O então presidente João Soares abriu concurso público para um restaurante no alto do Parque Eduardo VII, um concorrente ganhou e assumiu em tal vitória (...) o compromisso de construir um edifício de qualidade arquitectónica que, no final da concessão de 20 anos, reverte para a câmara.

Não soube de tal concurso, não concorri a ele, não conhecia sequer a empresa concorrente (ou os seus accionistas), não soube do resultado do concurso. Meses depois, através dum amigo, o meu filho mais velho soube que o accionista que controlava a empresa vencedora do concurso estava interessado em ceder as acções da sociedade, desde que fosse ele - que é arquitecto - a fazer o projecto. Juntei um grupo de amigos dispostos a dar a Lisboa um restaurante de grande qualidade (e realmente um ano depois de abrir ganhou uma estrela Michelin, ainda hoje a única em Lisboa), que aceitaram investir e correr o risco (e que mais de três anos depois não receberam um euro de resultados, apesar do sucesso financeiro que também felizmente tem tido, pois foi elevado o endividamento para a construção), e comprámos a posição do accionista da sociedade que fora vencedora do concurso. Com isso investimos quase dois milhões de euros num edifício que reverterá para o município no final da concessão, valorizado.(...)»

Vejamos:
  • uma empresa de arquitectos(?) ganha um concurso na câmara...elucidativo!, e o que é que arquitectos percebem de cozinha de estrelas Michelin????
  • logo de seguida (meses depois de se vencer o concurso) JMJ entra no negócio para o qual convidou o tal grupo de amigos ricos...mas que se endividaram!, claro é para isso que servem os bancos, para emprestar dinheiro a quem o tem...que o digam pai e filho Jardim Gonçalves!
  • Curiosa esta sorte de acontecimentos...logo na altura em que, segundo o filho de JMJ: «Depois da Quinta das Lágrimas, em Coimbra, tínhamos interesse num projecto de qualidade em Lisboa. Havia este terreno, que a câmara tinha posto a concurso(...)» aparece o arquitecto que afinal não queria ser cozinheiro...
  • os investidores (com o dinheiro dos bancos, bem entendido) ainda não viram um chavo de lucros, mas...que se lixe!, JMJ e eles por arrasto só queriam dar um restaurante de luxo com estrelas Michelin a Lisboa!, e os ingratos dos lisboetas e restantes bloguistas são uns mal agradecidos...
...depois admiram-se que o povinho mande postas de pescada pró ar...


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09/02/08


Pois é, sou teimosa e gosto pouco (ou nada!) se 'estórias' mal contadas. Também não acho piada a meias verdades e menos ainda a mau jornalismo. E gente que se faz de vítima estando quase sempre na mó de cima, então, é que me dá mesmo para desatar a barafustar.

Vem isto a propósito do artigo do JMJ no Público de ontem [Espaço Público: Caluniai, Caluniai].

Primeiro, não entendi se aquela é uma 'coluna de opinião' do autor, se um espaço de 'direito de reposta', mas como tenho na ideia que sim, que o JMJ tem uma coluna de opinião no Público, acho de muito mau gosto usá-la em proveito próprio. Se eu quiser fazer o mesmo tenho de pagar, não? O que vale é que ele é muito honesto e recto e cheio de valores e não usa de favores de nada, nem de ninguém.

Por outro lado, acho que a 'estória', a vir a lume como veio, deveria ter sido explanada no seu todo e depois os leitores (pagantes de impostos!) afeririam da justeza da concessão dum espaço público ao preço da uva mijona, tendo em conta que o dito espaço foi valorizado com a tal construção de 'griffe', dado o projecto ser da autoria dum reconhecido arquitecto que (por acaso!?) até era um dos interessados no negócio, mas isso são outros quinhentos, passe a redundância da piada...certo, certo, é que passados 20 anos o referido espaço será devolvido à propriedade da CML, com uma mais valia muitíssimas vezes acima do valor pago pelos vinte anos de (ridícula!) renda. É claro que o facto de se saber, por experiências anteriores, que o mundo dá muitas voltas e as coisas acabam sempre por nunca ficar a favor dos interesses públicos, mas sim dos privados que sabem (e podem!) fazer negócios chorudos, é irrelevante para esta questão. Pois!

Depois, também achei piada aquela dele escrever que se juntaram onze investidores que se endividaram (achei piada porque um dos investidores não é qualquer coisa tipo banqueiro???) e que nos três anos que o restaurante leva de activo, apesar do imenso sucesso e da estrela Michelin, ainda não começou a dar frutos... E é suposto um investimento daquela envergadura começar a rentabilizar ao fim de quanto tempo???, mesmo contando com rendas de 500 euros...

Resumindo...até pode não ter havido favorecimento nenhum, ah pois pode!, mas a gente cá está pra ver o que vem a seguir...Lamentável é que se levantem estas lebres e acabe tudo em águas chocas, como sempre!


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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

05/02/08


Tal como com as 'estórias' de canudos&mamarrachos azulejados' tanto se me dá que a renda de quinhentos euros tenha sido obtida à custa de favores...assim como assim é essa a 'filosofia' de vida do português, em geral; uns mais, outros menos, mas todos acabamos aqui e ali a recorrer a um qualquer favorzinho que nos facilite a vida e não me venham cá com coisas que aqui não há inocentes. Não quero, com isto, dizer que o hábito faz o monge, mas...alguém vê alguma luzinha ao fundo do túnel para acabar com este compadrio que nos suga os impostos???

No entanto, a razão deste post nem é juntar-me ao coro de protestos (passivos, sempre passivos!) serve de alguma coisa?, precisamente pela passividade...mas achei graça aquelas frases ali em cima linkadas...quer dizer: o problema nem é o ridículo da renda que faz supor favorecimentos camarários, o problema é ter-se sabido e ter-se sabido porque - coitado! - o Júdice estava metido ao 'barulho'!, não fosse ele e a coisa passava despercebida como tantas outras por esse país fora e aí...bahhhh, aí não havia problema nenhum!(?)! Isso e a mania destes gajos - agora promovidos a 'elites da blogosfera' - meterem a boca no trombone por dá cá aquela palha e estragar, assim, os perfis de gente realmente de elite, neste país.

Eu bem vos dizia: ao pé dos advogados, construtores civis/engenheiros/arquitectos e autarquias são meros anjinhos de coro na bola de neve dos compadrios fraudulentos...



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