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22/04/07

Por acaso não é nada que não tivesse já pensado...

Macroscopio: A Amok ainda anda enjoada; «A Amok anda com o "amok"... É por estas e por outras que a Uni já perdeu mais um cliente...»

Às vezes dá-me pra começar a fazer balanços: do que fiz, do que não fiz, do que estive quase a fazer, do que nunca faria...e às tantas dou comigo a pensar se, realmente, me é tão importante a falha de nunca ter chegado a tirar nenhum canudo!?...eu que apregoava que iria andar a estudar até ser velhinha e de bengala...o que me fez 'desistir'?, depois de inúmeras tentativas para regressar...em vão! É certo que nunca soube o que queria ser 'quando fosse grande' e até hoje não sei!

A dado momento parecia que sabia, mas rapidamente mudava de ideias: queria ser enfermeira porque achava o máximo aquelas capas que via na propaganda da outra senhora pra cativar as jovens(zinhas) do meu tempo, passou-me rápido quando a minha mãe me levou ao cinema...pra ver um filme de guerra; queria ser secretária particular (no tempo em que se 'usavam' secretárias particulares:=>) porque adorava o som das máquinas de escrever e por causa desta tive belas guerras familiares porque era suposto as secretárias particulares gozarem da fama, pouco recomendável, de dormirem com os chefes. Mais tarde quase tive de dar a mão à palmatória quando fui assistente dum 'figurão'(zinho) e este me dizia que isso (de dormir com o chefe) era naturalíssimo dado o muito tempo que passavamos juntos e o envolvimento intenso a que o trabalho (apaixonante, é certo) nos levava; também queria ser Psicóloga, mas logo desisti quando percebi que tinha de ter matemática; mantive, ainda, o sonho de ser advogada à conta dos muitos Perry Mason's que lia, mas rapidamente comecei a perceber que este tipo de advogados era um mito e neste mundo os maiores criminosos são, quase sempre e em diversas áreas, os advogados!

Resultado? Desisti de procurar, deixei-me andar ao sabor das oportunidades: porque diabo escolher uma coisa se gostava de fazer tantas? Nos entretantos vinham as paixões que são 'coisas' que, na vida duma rapariga, acabam sempre por nos desviar quando os objectivos não são muito claros. Tirar o canudo para fazer o quê? Que canudo tirar se não sabia o que queria fazer? Às tantas e não há muito tempo, num dos vários regressos (falhados) pra tentar ir em frente fosse lá pra onde fosse - isto porque a ideia de continuar a estudar pla vida fora ainda persistia - dei com um Prof de Filosofia que me ajudou (sem sequer o perceber) a decidir: pronto!, vai ser Filosofia! Porquê? Porque disso eu gostava. Não tanto da filosofia em si, mas da História da Filosofia...foi isso que aprendi com o tal Prof e acho que foi, até hoje, a única coisa que percebi claramente querer fazer: conhecer a História da Filosofia.


Esta lenga-lenga vem toda a propósito desta mania de toda a gente querer ter um canudo dê lá por onde der e depois ninguém sabe o que fazer com ele porque, o facto de ter um canudo, não é garantia de emprego e menos ainda de melhor emprego, nos dias que correm. Mas, há sempre um mas...o que me choca mais é os 'encanudados' acharem um grandecíssimo desperdício exercerem uma profissão que não esteja dentro do âmbito do tal canudo. Isto é tão disparatado, quase tanto, como ficar tudo embasbacado a olhar pra mim quando digo que queria tirar um curso de Filosofia: 'filosofia pra quê?, de que raio te serve a filosofia no que fazes?, filosofia para ires fazer o quê?, o que é que isso dá?' . Pois...a maior parte das pessoas que chega ao mercado de trabalho (os que não têm canudo, mas também os que o têm) esquece que estudar não rouba nada a ninguém, pelo contrário: com uma bagagem cultural mais alargarda as hipóteses são sempre mais alargadas também, e ter um canudo duma determinada área não obriga, necessariamente, a aplicá-lo nessa mesma área. É isto que fica difícil incutir nos jovens que estão a estudar, tal como fica para quem acaba o curso e quer ver de imediato o 'lucro' dos anos de universidade, como se entrar no mercado de trabalho com um canudo fosse garantia do saber fazer! Os segundos são os que mais desencorajam os primeiros evidenciando as dificuldades em arranjar enprego que são reais, mas bastante sobrevalorizadas pelas expectativas extremamente altas, em termos de vencimentos a auferir, como se o canudo libertasse da necessidade de se mostrar o que se vale na pratica e pra lá das teorias dum curso.

Ora, vem isto também a propósito - e acho que já me espalhei demais - do meu enjoo citado pelo Macro e a sua referência ao meu não alinhamento na lista de clientes duma qualquer UnI_da_treta! É claro que eu nunca iria para uma universidade daquelas, pra quê? A ideia dum curso, pra mim, é mais uma questão de valorização pessoal a nível intelectual e não a nível profissinal, pelo que cursos 'empacotados' não me serviriam de nada...e, realmente, o que é que eu ia fazer com um curso 'empacotado', ensinar??? Que os deuses me livrem de tal castigo!

E, assim sendo, porque raio anda esta gentinha a bater no ceguinho (mas que vê mais que eles todos!) exigindo ao PM que faça prova de sabedoria pra construir pontes e demais obras de engenharia civil se o homem, desde sempre, se mostrou bem alheio a essas tretas, sendo que o 'negócio' dele é (e ao que parece sempre foi!) a política!?! Rai'os parta, a estes invejosos e frustrados de mentes rascas, que me fazem defender um gajo que eu até detesto!