Mostrar mensagens com a etiqueta Adélia Prado. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Adélia Prado. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 10 de junho de 2010



TEMPO





A mim que desde a infância venho vindo

como se o meu destino

fosse o exato destino de uma estrela

apelam incríveis coisas:

pintar as unhas, descobrir a nuca,

piscar os olhos, beber.

Tomo o nome de Deus num vão.

Descobri que a seu tempo

vão me chorar e esquecer.

Vinte anos mais vinte é o que tenho,

mulher ocidental que se fosse homem

amaria chamar-se Eliud Jonathan.

Neste exato momento do dia vinte de Julho

de mil novecentos e setenta e seis,

o céu é bruma, está frio, estou feia,

acabo de receber um beijo pelo correio.

Quarenta anos: não quero faca nem queijo. Quero a fome.





Por Adélia Prado
Arte de Van Gogh

EXPLICAÇÃO DE POESIA SEM NINGUÉM PEDIR






Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica,

mas atravessa a noita, a madrugada, o dia,

atravessou minha vida,

virou só sentimento.





Por Adélia Prado