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quarta-feira, 5 de setembro de 2012







REMO DE ÁGUA
  
(Valada do Ribatejo)




Voltará o verão à terra larga
e a carne à noite branca do começo
mas tu não voltarás e não passaste
e aconteces para sempre sempre que aconteces

Atravessas um remo de água submerso
na água que inunda ao alto o meu olhar
E é então que o tempo passa e ao passar se esquece
de me levar consigo ou te deixar ficar




Por Miguel Serras Pereira
Arte de Salvador Dalí

domingo, 31 de outubro de 2010



TALVEZ UM BARCO






Podia dizer-to agora mesmo

mas do silêncio já nada me separa

ou só o tempo lento ainda de um momento

uma palavra só sem mais cansaço



Será talvez um barco se fores tu

- a chuva da manhã nos vidros limpos

e o vulto esguio perdido duna a duna

de quem regressa apenas de partida



Um pássaro esquecido brilha ainda

em dois olhares levemente embaciado

pela mesma indecisa febre antiquíssima



Podia dizer-to agora mesmo

E talvez seja um barco se fores tu

- ou serei eu talvez se for o mar






Por Miguel Serras Pereira