Não é tão fácil ser mãe, também não é difícil. Parece contraditório, concorda? E muitas vezes é, de fato.
Enquanto filha não me recordo de pensar na maternidade como penso hoje, lógico que sempre admirei e respeitei minha mãe, discordei dela quando foi necessário, guardei as boas lembranças da infância e recordo com carinho, especialmente depois que ela se foi. Outro dia mesmo fiz um macarrão caseiro só porque fiquei com vontade de saborear o gosto daqueles pequenos e inesquecíveis momentos!
Acredito que isso aconteça com muitas mulheres antes de se verem grávidas, diante da real possibilidade de ocuparem um lugar que antes era só de suas próprias mães; e nessas horas é que nos vem à mente, com mais clareza, a importância dessa mulher que nos cativou desde o ventre, que nos ajudou em cada fase e esteve conosco nos momentos alegres e nos complicados por diversas vezes.
Amadurecemos através delas, até quando estão ausentes por qualquer motivo. Não podemos dizer: “Sou mãe por mim mesma, não precisei aprender nada com ninguém!”, pois, ao virarmos as páginas do passado descobriremos que uma imagem de mulher, de esposa e de mãe esteve presente, ainda que não tenhamos concordado com ela muitas vezes, que tenhamos desafiado o jeito de se comportar e de se impor diante da vida, afinal, nem todas tiveram as chances e facilidades que hoje temos e que nossas próprias filhas terão futuramente, tão diferentes das nossas. O mundo muda rapidamente em cada geração, temos de compreender que para cada tempo há direitos e deveres que se alteram, as mulheres do passado não são nada parecidas com as mulheres do presente e as de hoje serão menos com as do futuro, exceto por um motivo (e espero que isso não mude nunca com o passar dos anos): o desejo de ser mãe, protegendo, cuidando e amando uma criança que, num belo dia, como bem representa a figura de um pássaro, sairá do ninho e voará alto no seu próprio espaço.
O que deverá sobrar não é um ninho vazio como muitas de nós poderemos nos ressentir saudosamente, mas, lembranças e certezas de que conseguimos dar-lhes “asas fortes e confiantes” para que voem sim e possam voltar vez em quando, não se esquecendo de quem lhes ofereceu o máximo de si e isto não é cobrar amor não, é querer apenas estar perto de quem tanto amamos e amaremos a vida toda! Coração de mãe é assim mesmo e mostrarei, especialmente, para você amigo leitor que chegou até aqui, uma recordação importantíssima para mim que deixei guardada como real significado do “ser mãe” e hoje veio-me como inspiração para o título do post e todo o resto:
Fonte da imagem: arquivo pessoal
Como minha mãe mal cursou o primário, aprendeu a ler e a escrever com sua irmã mais nova, vou transcrever legivelmente suas poucas e profundas palavras para quem, talvez, não tenha compreendido uma ou outra:
“Estou escrevendo para agradecer a Deus porque meus filhos não herdarão nada dos meus defeitos. A única coisa que eu quero é que vocês herdem é o meu coração.” (Nair C. de Souza, 1949-2008)
Lindo, não? Pensar que praticamente três anos antes de seu falecimento ela havia escrito e guardado esse bilhete sem se dar conta de que causaria tanta emoção e, inclusive, suscitaria um texto. Suponho que o tenha feito num de seus momentos de crise depressiva, na solidão do “ninho vazio” e, mesmo assim, tenha apontado sua fé como alicerce de vida, tenha desejado o melhor para seus filhos. Isso é amostra de um coração de mãe e, certamente, você do outro lado da telinha tenha também mais provas de que o verdadeiro coração de mãe comporta sempre os melhores sentimentos.
UM FELIZ DIA DAS MÃES, CHEIO DE MUITOS BEIJOS E ABRAÇOS CARINHOSOS!