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Não leio tudo o que gostaria, todavia, quando leio algo que atrai minha atenção procuro aprofundar, um pouco que seja, detalhar ou descrever para mim mesma como se fosse um quebra-cabeças, as peças têm que se encaixar em algum lugar e de algum jeito, caso contrário, perde a graça; ao menos é assim que vejo o hábito da leitura atualmente, não posso dizer que o fizesse deste modo na adolescência, tudo era muito mecânico (a velha decoreba!) e, talvez por isso, aliada à divisão do tempo entre família, trabalho e casa, não leia mais do que deseje hoje. Aproveito muito do que absorvo e abstraio nas leituras pela Internet, em especial pela blogosfera, isso é coisa que jamais imaginei fazer no passado, pois, as bibliotecas eram o meu único reduto de pesquisa e estudos, e não lamento por isso, pelo contrário, acredito que são locais onde a energia é outra, consequentemente, a leitura também, é muito diferente folhear livros e procurá-los pelas prateleiras – tem um gostinho diferente se comparado ao ato solitário diante da tela, sem o colorido das capas e os cheiros das páginas, aquele clima de leitura e descobertas por si é desafiador, sem a boa e prática ajudinha do Google!
Embora muitos pensem que somente matemática, química ou física “queime neurônios”, enganam-se! Ler é uma espécie de equação. Estranho, não? A mim não parece tanto, principalmente depois de refletir o hábito da leitura nos meus anos de estudo e vê-lo através das pessoas, no dia a dia, em contato com o mundo. Meu marido (cursou matemática, pois, o homem dos números! Avesso às letras – e minha recíproca é verdadeira! Contudo, trocamos sacrifícios na direção oposta também…rs) veio com uma curiosa indagação por conta de um e-mail no qual é discutida a questão do analfabetismo e não fiquei tão surpresa quando ele disse “serem qualificados como analfabetos aqueles que não interpretam textos”, diferente de uns 50 anos atrás em que o analfabeto seria alguém que tão somente não conseguisse “fazer um Ó com o fundo da garrafa” (minha mãe deixou-me por herança alguns bons e velhos ditados!).
Algumas manias particulares de leitura fundem-se também às da escrita, acredito que seja um movimento semelhante ao "na Natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma" (Lavoisier) porque ao utilizar recursos de pesquisa como dicionário e gramática, inclusive a Internet, além da fonte inesgotável de ideias (e prazer!) feito os livros, descubro que o impulso em ler isto ou aquilo não vem por si só (do nada!), vem atrelado a alguma necessidade ou gosto específicos, se não há nenhum interesse em ler é provável o fracasso no escrever e não estou discutindo “estilo”. Quem já não se deparou com bilhetes ou cartazes mal escritos, em que fora necessário um esclarecimento pessoal para se entender o conteúdo? Provável terem sido obras de leitores com déficit na sua alfabetização. Também tenho lacunas no aprendizado ao longo da vida, entretanto, sou da opinião que nunca é tarde para melhorar ou mesmo para começar! Quem não se encanta com histórias de conquistas por pessoas idosas? Alguns dirão que é bobagem um senil formar-se na faculdade ou recomeçar a vida após os 60 (quando muitos esperam que apenas se aposente e, silenciosamente, fique na cadeirinha de balanço sob o sol da varanda!), eu discordo e apóio os que queiram se aventurar. Tive um amigo na faculdade com seus mais de 40 anos, grande ser humano e que, apesar das dificuldades, superou e caminhou com os mais jovens, orgulhei-me em trabalhar com ele nos estudos em grupo.
Ler não é só decodificar caracteres automaticamente, ler exige mais, contudo, retribui os sacrifícios em forma de encantamento e aprendizado contínuos. Procuro ler no silêncio, barulhos tumultuam minhas ideias (e como é difícil obter silêncio com o matraquinha do meu filho! Missão praticamente impossível!), não é à toa que reduzi muito a leitura de livros do começo ao fim nesses últimos anos, tenho lido capítulos, páginas… ainda assim são leituras proveitosas, enriquecedoras. Leio para ele também, volto às raízes da infância e desejo que esse interesse natural da criança pelas histórias perdure em sua vida.
Além do silêncio, do aprofundamento, das pesquisas de apoio ao texto (dicionário, gramática), uma nova mania se fez nesta leitora, advindo do blog: linkar. Muitos já utilizam o termo como parte da rotina da rede, porém, antes de saber com exatidão e usá-lo tanto nos últimos meses, ouvia professores “linkando um texto ao outro”, “linkando parágrafos, frases, orações…” que nos serviam de exemplo nas aulas e, compreendendo que linkar era o mesmo que ligar uma coisa à outra, não fazia ideia de que na prática esse hábito me levaria a diversas leituras, o que muito tem contribuído por aqui (na vida real e na virtual!).
Este texto faz parte da blogagem mensal do “Vou de Coletivo!” sendo o tema do mês de outubro "Hábitos de leitura: quais são as suas manias na hora de ler?"