Mostrando postagens com marcador Ivonne Bordelois. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ivonne Bordelois. Mostrar todas as postagens

domingo, 19 de dezembro de 2010

Ferida narcísica


"(...) a paixão gera um ferida no narcisismo justamente porque racha o controle onipotente da razão. Enquanto o amor salvaguarda a distância entre sujeito e objeto, o desejo proveniente da paixão, esse orienta rumo à fusão total com o objeto, o que significa o risco de devorá-lo ou ser devorado por ele mesmo. Compreende-se que muitos conflitos derivem da quebra de poder que representa o advento da paixão, ocasionando sofrimento: o obsessivo a vive como instância de perda de controle; o fóbico, como transgressão à distância que é necessária; o paranóico, como perseguição de um inimigo que ameaça devorá-lo."

(Etimologia das paixões, Ivonne Bordelois, p. 61)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Vai minha tristeza, e diz a ela...


“(...) o amor é uma energia que expulsa a tristeza”, dizia com razão Andréa Capellano".

(Etimologia das paixões, Ivonne Bordelois, p. 129)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

*Eis


"Os dicionários etimológicos que estabelecem e enumeram, com seus significados, as raízes do indo-europeu consideram unanimemente que a raiz *eis se restringe a termos relacionados com a paixão.
(...) Mas *eis é sem dúvida a mais diversa e misteriosa, a que mais nos desafia na leitura de seus sentidos plurais, de uma complexidade enigmática, que irradia uma fascinação comparável ao deciframento de um código enterrado embaixo de muitos palimpsestos. (...) Mas *eis designa acima de tudo um movimento veloz. (...) Esta raiz também aparece em palavras que descrevem o espírito ardente daquele que oferece sacrifícios. Em síntese, a raiz expressa, através de suas diversas ramificações, o que é vivente e forte, dinâmico e veloz, com uma força que deriva dos deuses, portanto, é sagrada. Essa intensidade do movimento que resplandece e deslumbra na rapidez dos cavalos, das bailarinas e dos estandartes, essa aceleração irrefreável que os possui, parece ser um dos primeiros indícios indiscutíveis da presença da paixão, seu selo inconfundível e necessário. (...) Quando examinamos a descendência semântica de *eis nas línguas clássicas, em particular o grego, afloram muitas surpresas. Por exemplo, um descendente de *eis em grego é hieros, que significa o sagrado, o que é tocado ou invadido pelos deuses. (...) Esta raiz hieros aparece (com seus equivalentes em outras línguas românticas, como o francês, o italiano e o português) em termos como hierático (sagrado), hierofante (sacerdote cego que iniciava nos mistérios de Ceres), hierarca (chefe superior eclesiástico), hierarquia (ordem ou gradação de pessoas ou coisas) e hieróglifo (signo sagrado esculpido)".

(Etimologia das paixões, Ivonne Bordelois, pgs. 28-32)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

o amor é uma espécie de furor


Para ouvir, um bom membro do "clã-dos-adeptos-de-furor"

"Platão não aprova esse descontrole: “Não há companheiro mais funesto que um homem apaixonado”, “como o lobo ama o cordeiro/assim o amante ama o amado”, “A ternura de um amante não é afeição benévola,
mas apetite que quer ser saciado”. A idéia central de Platão em Fedro é que “o amor é uma espécie de furor”. E furor significa, nesse contexto, precipitação e loucura".

(Etimologia das paixões, Ivonne Bordelois, p. 48)