25 de Agosto de 1988 - uma data que nunca esqueço. Do grande incêndio do Chiado, a zona de referência da minha infância, adolescência e juventude.
A minha zona das compras com a minha mãe; a Rua do Carmo, a Rua Garrett, as lojas onde nos conheciam: o Eduardo Martins, os Tecidos do Carmo, a Sapataria Hélio, o Ramiro Leão, o Último Figurino, o Aguiar, os Davids - a loja de fazendas escocês para fazermos os kilts, as Livrarias, a saudosa Sá da Costa, a velha Bertrand; as discotecas: a Melodia, a Sassetti, a Valentim de Carvalho.
Anos depois - poucos - as compras com a minha mãe, enquanto o marido ficava a ler o jornal e a entreter as filhas na rua....
Mais ou menos assim...
E,depois, num final de Agosto, de fim de férias em São Pedro de Moel, entra-me casa dentro uma outra amiga lisboeta de alma e coração a chorar porque soubera que o seu, o nosso Chiado estava em chamas...
Ligámos a televisão e todo o dia chorámos ela, eu e a minha mãe por aquele pedaço de Lisboa tão nosso, tão carismático, tão vivido. E não deu mais para esquecer...
Não por isso (mas também) posso afirmar sem sombra de dúvida que esse ano de 1988 foi o pior ano da minha vida: passado pouco mais de um mês, morreu-me a minha (ainda jovem) mãe, meu amparo, minha força e, pouco antes vimos ruir a empresa de família por obstinado capricho de um gerente de banco (não só por isso, mas também...)
Não dá para esquecer...
(As imagens foram retiradas do google; algumas do excelente blog Restos de Colecção)