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sexta-feira, 10 de maio de 2019

Nos 86 anos da Censura ou Lápis Azul

A Censura, cujo símbolo era o Lápis azul, foi legalmente instituída em 1933, embora já existisse uma Comissão da Censura criada em 22 de junho de 1926 que obrigava os jornais a submeter-lhe as suas notícias para avaliar os seus conteúdos. Aqueles que fossem contrários à ideologia  do regime ditatorial, eram cortados pelo dito lápis azul.

O mesmo passou a acontecer com os filmes estrangeiros e nacionais e com as obras dos escritores e poetas do país. Em 11 de Abril, há 86 anos, era promulgado o Decreto-Lei n.º 22469 que instituía a Censura com a finalidade "de evitar que seja utilizada a imprensa como arma política" que impedisse a realização do programa de reconstrução nacional por parte do Governo da Ditadura Militar.

Para relembrar os mais velhos e mais esquecidos e para dar a conhecer aos mais jovens, a Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira escolheu variadíssimos livros de tantos e tantos autores portugueses e estrangeiros que foram censurados e/ou proibidos e amarrou-os - na verdadeira acessão da palavra, com cordas grossas.

Esta iniciativa pode ser vista no endereço abaixo


https://www.facebook.com/BMALV/videos/782096735523366/ 

Para além disto organizou uma pequena exposição de fotografias de José Cardoso Pires - um dos muitos autores censurados - pelo fotógrafo Eduardo Gageiro .

















E, por fim, como todos os grandes homens da literatura, também o autor de O Delfim mostrava a sua preferência pelos gatos...




quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019



Faz hoje anos, muitos - 54 para ser exata - que os esbirros de Salazar assassinaram o general Humberto Delgado.

Depois de lhe roubaram a eleição para a presidência da República em 1958 da forma mais infame, mataram-no apenas porque era uma ameaça ao regime.

Mais infame foi que, depois da Revolução nada aconteceu a esses e a outros esbirros que atormentaram o povo, prenderam, julgaram e torturam tantos homens e mulheres - e nada de mal lhes aconteceu...

Que povo este...


«Que povo este! Fazem-lhe tudo, tiram-lhe tudo, negam-lhe tudo, e continua a ajoelhar-se quando passa a procissão.»  Miguel Torga


quarta-feira, 25 de abril de 2018

Uma História Renascida

Uma excelente reflexão de Guilherme de Oliveira Martins sobre o 25 de Abril, um pouco/muito de História que não resisti a trazer aqui.

«Não é possível entender o 25 de abril de 1974 sem o inserir no longo prazo da história. Quando lemos Fernão Lopes a descrever os acontecimentos de Lisboa de 1383, percebemos que há, na distância do tempo, elementos comuns de determinação e rebeldia, que nos levam a pensar noutros momentos cruciais de mudança política. (…)

Como disse Jaime Cortesão: «a Nação só atingiu a maioridade política e a plena expressão nacional com a revolução democrática do século XIV, conforme lhe chamou Oliveira Martins, e o triunfo e incorporação das classes populares na vida pública.» (…)

Pensar no 25 de abril é, assim, referir um acontecimento que se insere numa longa continuidade histórica, que Francisco Sousa Tavares bem compreendeu no Largo do Carmo, em cima de uma guarita, como o primeiro civil, invocando o paralelismo com o Primeiro de Dezembro de 1640. Ao fazê-lo, afirmou que era um sinal inequívoco de independência histórica que ali estava a ser dado. De facto, 1974 situou-se num encadear de acontecimentos que vêm da independência do Estado no século XII. Daí se parte para o misterioso desenlace da crise de 1383-85, continuando na afirmação dos tempos de coruja e de falcão do Príncipe Perfeito, na chegada à Índia com D. Manuel e no movimento pendular que envolve o desastre de Alcácer-Quibir e o renascimento da Restauração da independência – e desde o século XVIII: a glória do ouro, a maldição do terramoto, e reconstrução e a reforma de Pombal, a guerra peninsular de libertação nacional; bem como a difícil afirmação do liberalismo constitucional – 1820, guerra civil, vitória liberal, revolução de setembro de 1836, nova guerra civil, estabilidade da regeneração, ultimatum, bancarrota, I República, Estado Novo. Eduardo Lourenço [diz]: «As Nações, com a responsabilidade histórica da gente portuguesa, não podem imobilizar-se estaticamente, nem devem iludir-se infantilmente; têm de desentranhar sucessivamente da massa das suas tradições e aspirações, um ideal coerente com a conjuntura histórica, que exprima e defina o seu estar em concordância com o seu ser permanente.» a pertinência da consideração não oferece dúvidas. Daí que falar do 25 de abril de 1974 seja superara comemoração de quatro décadas, para atingirmos o cerne da afirmação da liberdade, da democracia e da emancipação cívica.» (…)


(Guilherme de Oliveira Martins, in “Ao Encontro da História” Gradiva, 2018 – com supressões)


F. Sousa Tavares a discursar no Largo do Carmo no 25 de abril de 74
(daqui)


segunda-feira, 9 de abril de 2018

A Batalha de La Lys: um relato



A Batalha de La Lys, travada no Sul da Flandres em 9 de Abril de 1918, constitui o momento mais traumático da acidentada participação portuguesa na Primeira Grande Guerra.

Esta batalha insere-se na investida que a Alemanha desencadeou na Primavera desse ano com o objetivo de quebrar a resistência dos Aliados e acabar rapidamente com a guerra, buscando alcançar a vitória antes que os contingentes norte-americanos, que desembarcavam em França a um ritmo crescente, tomassem parte no conflito.

O novo poder instalado na Rússia, saído da Revolução de Outubro, logo em Novembro assinara um cessar-fogo e em 3 de Março de 1918 firmara a paz separada com os Impérios Centrais. O exército alemão agora com uma só frente de luta na Europa, a ocidental, volta-se para a Flandres e decide a chamada "Operação Georgette” para retomar a cidade de Ipres e abrir caminho até Calais e Boulogne. É nesta operação que se enquadra o combate da planície do Lys. As forças militares em presença são, de um lado, a 2.ª Divisão do Corpo Expedicionário Português comandada pelo general Gomes da Costa e as Divisões 40ª e 55ª do Reino Unido, e, do outro lado, o 6.° Exército alemão, com oito divisões em primeira linha, outras quatro em apoio e mais sete em reserva.

A batalha começa às 4,15h com um bombardeamento alemão maciço sobre as trincheiras, sobre as primeiras e segundas linhas de infantaria. O comando português foi colhido de surpresa e levou algum tempo a perceber que não se tratava de mais um raid. As comunicações ficaram todas cortadas desde as 4,30h, quer as ligações telefónicas, quer o telégrafo. A batalha transformou-se numa série de combates locais de iniciativa dos oficiais subalternos.

Sem comunicações, logo desde o início cada unidade ficou entregue a si própria sem qualquer direção do comando e ficaram também comprometidas as transmissões entre a infantaria e a artilharia que a apoiava. Durante horas de bombardeamento pesado, a artilharia germânica conseguiu varrer as linhas de abastecimento e as posições da artilharia, e destruir completamente todas as fortificações da linha de defesa em frente ao setor português.

 Às 7h, as primeiras linhas de infantaria portuguesa eram "uma massa de escombros, de terra, de revestimentos despedaçados, amalgamados com os cadáveres das guarnições!"

Pelas 7,50h, os soldados alemães, a coberto da sua barragem de artilharia e do nevoeiro, saltam os parapeitos das trincheiras, atravessam a terra de ninguém, e atacam diretamente as posições defendidas pelos restos dos Batalhões de Infantaria, que os recebem à baioneta até serem completamente avassalados pela enorme superioridade numérica contrária, que avança em ondas sucessivas.

Uma hora depois, a Divisão Britânica começa a retirar, deixando o flanco português desprotegido a norte. Às 9,30h, as forças alemãs atacam as linhas de separação entre as congéneres portuguesas e inglesas em ambos os lados. Às 10,30h, os Britânicos da 55ª Divisão, a sul, avisam que também vão recuar e estabelecer posições defensivas. Assim, as divisões em que os flancos da Divisão portuguesa se apoiavam "retiravam para formarem flanco defensivo, deixando aberturas por onde o inimigo penetrou com mais facilidade".

A partir desta hora começa a desorganização de muitas unidades, completamente destroçadas, com os soldados errando desgarrados depois de abandonarem os seus postos.

Muitos são mortos e feridos, e milhares são feitos prisioneiros. As hostes portuguesas e britânicas não conseguiram aguentar o embate e cederam perante uma avalanche que chegou a ser na proporção de dez para um.

Cerca de 400 portugueses morreram nessa batalha e mais de sete mil portugueses terminaram a guerra em campos de prisioneiros alemães, onde enfrentaram condições de vida muito complicadas.

O seu desenlace feriu profundamente a alma nacional, chegando a falar-se de um novo Alcácer-Quibir.

(Texto adaptado de “Batalha de La Lys: um relato pessoal” recolhido e tratado por Guilhermina Mota. Trabalho completo em:


(Prisioneiros portugueses)

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Lembrando a nossa epopeia

Sei que a época dourada da nossa História durou apenas uma dinastia - a segunda - e pouco mais de 60 anos - o tempo das descobertas. Mas não há como não relembrá-la e homenagear aquele povo corajoso e louco que "inventou o mar".

Impossível que me foi encontrar aquela canção cujo refrão diz e repete mais ou menos isto: «quem inventou o mar, sem naufragar, sem naufragar...» e de que tanto gosto, deixo os «Sete Mares» em dois momentos, se bem que pela mesma banda.

Recordemos.







sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

A Restauração


«Sábado, primeiro de Dezembro de 1640 (dia memorável para as idades futuras), a nobreza da Cidade de Lisboa, para remédio da ruína em que se via, e ao Reino todo, aclamou por Rei o Duque de Bragança Dom João, príncipe begniníssimo, magnânimo, fortíssimo, piedoso, prudente, nos trabalhos incansável, no governo atento, no amor da república cuidadoso, de seu acrescentamento ardentíssimo, e vigilante, legítimo sucessor do Império Lusitano.»

(A Elrey N. S. D. João IIII, Coimbra, 1641, p. 3)


Assim se descrevia numa edição da Universidade de Coimbra, menos de um ano depois dos acontecimentos, os primórdios da aclamação do 1 de Dezembro, posteriormente consagrada como uma das datas emblemáticas da História nacional. Fica claro que o ponto de partida foi, pois, uma conspiração urdida por um número razoavelmente definido e bem delimitado de fidalgos (…).

Nos seus primórdios, o 1 de Dezembro foi, pois, um típico golpe palaciano, perpetrado por um grupo de algumas dezenas de fidalgos, depois identificados como os referidos «quarenta restauradores». O golpe, rigorosamente executado para tomar conta de uma cidade onde estanciavam apenas algumas centenas de soldados castelhanos, foi acompanhado de uns poucos assassínios políticos, incluindo a célebre defenestração ritual – com antecedentes na Europa barroca – que atingiu Miguel de Vasconcelos, secretário de Estado em Lisboa e símbolo local da administração espanhola do conde-duque de Olivares.

(in «História de Portugal», Rui Ramos (coord), A Esfera dos Livros, Lisboa, 2009, pp 295-296)





(Ai se no 25 de Abril tivessem, de igual modo, defenestrado uns tantos traidores e assassinos...)

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Viva a República!

5 de Outubro de 1910. 

Viva a República!!




Ai, pobre Zé Povinho, que tanto te engana(ra)m!

(imagens do Museu da República, Troviscais, Pedrogão Grande)

domingo, 3 de setembro de 2017

A Sinagoga de Leiria

A Igreja da Misericórdia encontra-se encravada nas ruinhas do chamado centro histórico de Leiria. Um monumento imponente, mas triste, cinzento, abandonado pela instituição Igreja, sempre de portas fechadas, abrindo apenas para servir como casa mortuária da cidade, que não tinha outra. Era assim nas décadas de 70, 80, 90. Depois da construção da casa mortuária a triste Igreja da Misericórdia fecharia portas, pensava-se que definitivamente.

Felizmente, a atual edilidade, forçada talvez pelos investigadores que lhe andam por perto ou pela vontade determinada de que a cidade possa vir a ser Capital Europeia da Cultura em 2027, tomou em mãos a sua recuperação e foi assim que, no final do passado mês de Julho, procedeu à inauguração de uma Igreja da Misericórdia completamente renovada, linda e luminosa, onde fez nascer aquilo a que chamou Centro de Diálogo Intercultural de Leiria.

Este nome advém do facto de aquele espaço da cidade corresponder à antiga Judiaria de Leiria, acreditando-se mesmo que a Igreja terá sido construída sobre aquilo que foi a Sinagoga de Leiria.

No Jornal de Leiria podemos ler que «Apesar de serem escassas as notícias sobre a presença de judeus na cidade de Leiria no século XIII, é de crer que já existiria ali uma pequena comunidade desde os inícios daquela centúria.

Num documento de Dezembro de 1219, encontramos a primeira referência a Jucefe de Leirena “um judeu de Leiria”. Na obra Os Judeus de Leiria Medieval como agentes dinamizadores da economia urbana, o investigador da Universidade de Coimbra, Saul António Gomes, escreve que “ultrapassada uma fase inicial marcada pela insegurança e instabilidade que as razias muçulmanas provocavam, cerca de 1147, ano em que se conquistaram as cidades de Santarém e Lisboa, Leiria cresce demográfica e urbanisticamente, multiplicando-se as suas freguesias religiosas e provocando mesmo o estabelecimento dos frades menores por 1230. Esse crescimento populacional e urbano deve ter atraído as atenções dos judeus estabelecidos em cidades mais antigas como Coimbra.

(…) A própria rua direita – a atual Rua Barão de Viamonte – tinha grossas portas de ferro que se fechavam ao pôr-do-sol, enclausurando os discípulos de Moisés no interior do gueto húmido, pela proximidade do curso original do Lis, até ao romper do dia seguinte.
O local onde os judeus se estabeleceram era, na década de 1150, um caminho marginal à cidade, extra-muralhas, junto ao acesso às Portas do Sol da povoação, caminho que evoluirá para rua direita.(...)

(…) Com o crescimento urbano, a "Juyaria de Leyrêa" acabou por ficar num local central da cidade com o valor de espaço comercial e mercantil por excelência, naquele burgo medieval. Na judiaria de Leiria, as pequenas vendas e bancas dos ourives, tintureiros, latoeiros, correeiros, ferreiros e outros mestres artesãos faziam a minúscula cidade fervilhar de vida.»

Localização da judiaria de Leiria

A Igreja da Misericórdia antes de ser renovada.






E agora.




O diálogo entre as religiões do Livro: Cristianismo, Judaísmo e Islão.


Num pano de fundo de discreto cristianismo, de uma enorme abertura numa luminosidade radiosa.






Pormenores do teto.





A sacristia, que sempre permanecera fechada.




O chamado Nicho

Depois há o acesso à parte superior do monumento, de onde se pode ter uma visão global da nave bem como do interior onde se encontra uma escada de caracol que dizem ser o único vestígio visível de reparações anteriores ao século XVIII.






Andando pelos corredores lá de cima, ainda temos aquela vista maravilhosa que é o bijouzinho da cidade...



Lá está ele...



Tudo muito bem explicado, muito bem documentado. Merece mesmo uma visita demorada.




A visita continua na chamada Casa dos Pintores, mas dessa me ocuparei noutra publicação.

Para saber mais, consultar.

http://www.cm-leiria.pt/frontoffice/pages/760?news_id=1320 

 https://www.visiteleiria.pt/pontos-de-interesse/patrimonio-cultural/centro-de-dialogo-intercultural-de-leiria/ 


terça-feira, 4 de julho de 2017

Morte à morte!




Volveram, no passado dia um, 150 anos sobre a assinatura da Carta de Lei que aboliu a pena da morte em Portugal. Foi no dia 1 de Julho de 1867.

Estava-se no reinado do ilustrado rei D. Luís, segundo filho da Rainha Educadora, a Senhora Dona Maria II e de Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, o rei artista.

Portugal foi dos primeiros países do mundo a abolir a pena de morte, o que fez com que tenha sido muito felicitado por muitos governantes e, em especial, pelo escritor Victor Hugo que enviou uma carta ao parlamento português em que diz:

«(…)Felicito o vosso parlamento, os vossos pensadores, os vossos escriptores e os vossos philosophos! Felicito a vossa nação. Portugal dá o exemplo á Europa. Disfructae de antemão essa immensa gloria. A Europa imitará Portugal. Morte á morte! Guerra á guerra! Ódio ao ódio! Viva a vida! A liberdade é uma cidade immensa, da qual todos somos cidadãos. Aperto-vos a mão como a meu compatriota na humanidade. (…) Victor Hugo.»

Que orgulho! Ainda hoje pode e deve ser para todos nós um motivo de orgulho este passo dado, ainda em meados do século XIX, por um país tão pequeno, pobre e periférico em direção à cidadania universal e nos princípios da liberdade e da justeza. De facto, a última condenação à morte em Lisboa deu-se em 1842 e ocorreu, dizem, «sob o manto de uma enorme comoção social.» Dizem ainda que «a pena de morte estava já banida nas consciências.

Que temos uma alma (nacional) grande, íntegra e abrangente não é novidade para ninguém.

Que somos bons de mais com as palavras no que às leis avançadas concerne também parece não haver dúvidas.

Então como explicar que sejamos tão displicentes, tão relaxados, tão negligentes, relapsos, tortuosos e até, e especialmente, parciais e facciosos na aplicação das mesmas?!


domingo, 28 de maio de 2017

Para que não esqueça

Passam hoje 91 anos sobre o golpe militar de 28 de Maio de 1926 que abriu as portas a um longo período negro - não foi cinzento, não. Foi bem negro - da nossa História recente: a ditadura salazarista do auto-proclamado Estado Novo. 

Não há como tentar esquecer, como não há como tentar esquecer a sangrenta e repleta de bárbaras atrocidades (passe o pleonasmo) Guerra Colonial. 

Recordemos brevemente os acontecimentos.

Vindo de Braga com as suas tropas








Note-se a "data gloriosa"!...


E o senhor António Ferro, grande promotor das "belezas" do Estado Novo, até encomendou ao António Lopes Ribeiro um filme de propaganda sobre a "maravilha" do 28 de Maio, com canção cantada por Maria Clara - todos artistas do regime e que me desculpe o Dr Júlio Machado Vaz  que tanto considero e aprecio.


Filme "Revolução de Maio" (1937)

(imagens retiradas da net)

quarta-feira, 19 de abril de 2017

O Castelo de Arouce

Então ontem era dia de visitar Sítios e Monumentos e eu, sempre tão atenta (!!) trouxe para aqui música como se do dia dela se tratasse! Não me parece bem… E, para me redimir de tão grave falha, hoje convido-vos a visitar comigo o imponente Castelo de Arouce.

Vai uma pessoa, desavisada, visitar as aldeias de xisto ali da Serra da Lousã e depara-se na curva do caminho com esta muralha ali plantada a pique. Um espanto! Mas, o que é isto?! Um castelo? Uma torre apenas?



E depois descobriu-se mais.




E mais...














E no seu todo...


(esta fotografia foi retirada do site da CM da Lousã)




Apesar de não existir documentação que permita dizer com precisão quando foi construído o Castelo de Arouce, existe uma lenda local que dá a entender que a construção deverá ter ocorrido ainda no tempo da dominação romana. Conta-se que, certo chefe mouro de nome Arunce foi repelido dos seus estados em Conimbriga por inimigos que vinham do mar.

Assim, ele refugiou-se nesta zona da serra da Lousã, dando o seu nome à localidade e edificando aí um Castelo onde pretendia resguardar a sua filha Peralta, e também guardar os seus tesouros. No entanto, muitos historiadores não dão qualquer valor a esta lenda local e atribuem a edificação do Castelo de Arouce ao Conde Sesnando, em 1080, ano em que Fernando Magno lhe concedeu o governo da vasta circunscrição conimbricense.


Mais tarde, em 1151, D. Afonso Henriques passou a Arouce um foral, que viria a ser confirmado por D. Afonso II. Nesses documentos pode ler-se que Arouce era nessa época uma vila, ao passo que Lousã era uma aldeia.

No entanto, com o passar dos tempos, Lousã foi crescendo e, quando D. Manuel I fez a reforma foraleira, em 1513, o foral já não foi atribuído a Arouce, mas sim à Lousã. Nessa altura, a povoação de Arouce provavelmente já teria desaparecido pois o Castelo mencionado no foral já é denominado de Castelo da Lousã. 


http://www.historiadeportugal.info/castelo-de-arouce/ 





Espero que a visita a este Sítio e a este Monumento tenha sido do vosso agrado!


terça-feira, 28 de março de 2017

Dia Nacional da Juventude

Celebra-se hoje, em Portugal, o Dia Nacional da Juventude. (Não confundir com a celebração do Dia Internacional da Juventude que acontece a 12 de Agosto e foi escolhido na Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude, realizada em Agosto de 1998, em Lisboa.)

Este dia, 28 de Março, nasce da luta da juventude pela paz, da sua reivindicação e comemoração, mas também da sua ausência num país que continuava subjugado pela ditadura fascista, enquanto o mundo celebrava o fim da Segunda Guerra Mundial e a vitória dos povos sobre o nazi-fascismo.

A 10 de Novembro de 1945, a Conferência Mundial da Juventude, reunida em Londres, fundava a Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD), continuando a ação do Conselho Mundial da Juventude que se constituíra durante a II Guerra Mundial para a luta contra o fascismo. Nascia, assim, uma federação de organizações representativas de mais de 30 milhões de jovens com diferentes ideologias políticas e crenças religiosas, oriundos de 63 países de todo o mundo, unidos pela necessidade de um mundo de progresso e justiça, onde se insere a luta pela paz.

No seu seguimento, organizou-se uma Semana da Juventude dedicada à paz em todo o mundo, afirmando a amizade, a solidariedade e a cooperação na luta por este objetivo, à qual a juventude portuguesa aderiu entusiasticamente, reivindicando também um Portugal livre e democrático.

Assim, milhares de jovens de todo o país, conscientes da importância da paz para o progresso e o desenvolvimento dos povos, reuniram-se em dois acampamentos, em Bela Mandil (Olhão) e em São Pedro de Muel (Marinha Grande), respetivamente, a 23 e a 28 de Março de 1947.

Estas confraternizações em ambiente de alegria e amizade transformaram-se em eventos trágicos, pois foram reprimidos pela PIDE, com a agressão e prisão de muitos dirigentes estudantis, nos tempos do fascismo e da ditadura do regime.

Desde então, assinala-se o dia 28 de Março, em Portugal, como o Dia da Juventude e da sua luta pela paz e democracia, mas também pela defesa e consagração dos seus direitos, liberdades e aspirações.

Passam hoje 70 anos.

Acampamento de Bela Mandil, em Olhão