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domingo, 28 de junho de 2015

Toca a pedalar para a escola!

Tenho tanta pena de não ter um daqueles programas tipo photoshop ou lá o que é, para fazer montagens de imagens!

E mais pena ainda de o «WeHaveKaosInTheGarden» já não estar ativo. É que dava-me jeito compor uma imagem do (C)rato de olhos em bico a ir de bicicleta para o ministério....

Este extraordinário ministro da Educação, depois de querer pôr os alunos do Secundário a aprender mandarim, quer pôr os alunos a ir para a escola de bicicleta... 

É que no limiar de um novo ano escolar, depois de o que está agora a terminar em que tudo funcionou mal desde a malfadada colocação dos professores até à disparatada azáfama dos exames, o mais premente é, de facto, ensinar mandarim aos alunos e definir a forma como eles se devem deslocar para a escola... 

Como sempre, à portuguesa: ataca-se o acessório e tapa-se o essencial com a peneira...

Entretanto, e para não parecer que estou sempre contra o ministro (C)rato, deixo aqui algumas sugestões para os alunos e para os pais e até para os avós levarem as criancinhas à escola.


Podem pedalar sozinhos.



Ou em grupo.



Pode pedalar o pai.



Pode pedalar a mãe.




Pode pedalar o avô.



E as professoras também podem/devem pedalar...


(daqui)
E porque não o cão?!




Que rica ideia a do ministro (C)rato!!

quinta-feira, 21 de maio de 2015

A Educação afunda-se

Foi um texto que Santana Castilho – o sempre ressentido Professor que não foi escolhido para ministro da Educação – escreveu no Público no passado mês de Abril. Tem o “romântico” título de «A Educação afunda-se com Nuno Crato a tocar no convés». Eu sei que a referência ao naufrágio do Titanic não o permite, mas, por mim, poria o ministro a tocar no porão…

Diz então o Professor no seu artigo, entre muitas outras coisas acertadas, que «as práticas que o programa [de Português, com metas como se de uma maratona se tratasse] preconiza (…) tipificam a vã glória de Nuno Crato: retroceder três décadas e sacralizar as piores práticas.» Esta afirmação refere-se ao novo de Português para o ensino básico, mas pode ser alargada a toda a governação do actual ministro. E continua o Professor: «Este programa tem uma extensão irrealista face à natureza psicopedagógica das crianças a que se destina. Este programa [como o ministro, afinal] é obsessivo em relação aos exames. O homem que se referiu às ciências da educação como ciências ocultas ficará, paradoxalmente, notabilizado por contaminar o sistema educativo com um cientismo econometrista baixo, que alastra perigosamente, aprisionando os docentes e reduzindo-os a um funcionalismo imposto pela burocratização normativa.»

Entretanto, as escolas andam numa deriva que mais não é do que o reflexo da deriva em que anda o país.

Em nome dos sacrossantos exames que, não sei por que teoria educativa aprendida por esta espécie de ministro não se sabe onde, passaram a ser realizados a partir do 4º ano, o 3º período letivo deixou de existir em termos de conteúdos. Primeiro porque os professores se sentem na obrigação de “mecanizarem “ os miúdos para a tipologia das perguntas das provas de exame a fim de terem bons resultados. Depois, e o mais caricato, os exames (do 4º e do 6º anos) são marcados para meados do mês de Maio o que transtorna completamente a vida nas escolas (e nas famílias) já que deixa parte das turmas sem aulas porque as salas e os professores estão ocupados com exames. E quem consegue manter os alunos motivados e concentrados nas aulas que se seguem aos exames se já prestaram provas? Depois de todo este desatino, há que terminar o ano letivo o mais cedo possível para se começar a tratar dos exames do 9º ano…

Enquanto no tempo de antes desde promotor de exames o 3º período terminava calmamente na última semana do mês do Junho, agora – e sempre em nome da melhoria das aprendizagens dos alunos (!) – há alunos do ensino básico que terminam as aulas já no próximo dia 5. E que fazem as famílias com eles em casa já daqui por pouco mais de uma semana?

Ah! Estranho povo que tudo suporta, que tudo tolera, que tudo aguenta, sem pedir responsabilidades a ninguém.





terça-feira, 28 de abril de 2015

O inefável (C)rato!

Então dizem que hoje é o dia do sorriso. Mas isso não nos interessa nada – fartos estamos todos nós destes «dias de inventados» à última hora! Mas só chamo aqui a aturdida efeméride porque não foi nenhum sorriso o que se me aflorou aos lábios, mas riso às gargalhadas quando li, na primeira página no jornal e em grandes parangonas, que o inefável (ou será que devo dizer ‘miserável’) (C)rato vai instituir o mandarim como disciplina obrigatória para os alunos de Humanidades a partir do 10º ano e opcional para os restantes.

É de rir até às lágrimas – ou de chorar copiosamente (já nem sei!) – esta Cratinice!! Esta entre outras e tantas! Quer dizer: não sei por que elevada razão, deixou-se cair o Latim nas Humanidades que tanta falta tem feito para um mais profundo conhecimento da nossa língua especialmente aos futuros professores de Português e vai-se obrigar a estudantada a ficar com os olhos em bico para aprender uma língua que nada tem a ver com a nossa família linguística só para atrair mais vistos Gold e mais compradores para as nossas instituições? Se a notícia fosse dada no dia um de Abril, não acreditaríamos…

De rir também a bandeiras despregadas é a conclusão a que chegou o indizível IAVE – que é onde se elaboram aquelas inexoráveis provas de exame e respetivos tristes critérios de classificação – acerca dos exames que o senhor ministro (que tanto agradou aos senhores professores…) aplicou aos miúdos dos 4º e 6º anos para elevar o ‘grau de exigência’ e assim contribuir para uma melhoria dos resultados e dos conhecimentos: pois concluíram que, afinal, os miúdos … sabem menos…

Eheheheheheh… de facto, o senhor ministro da atraente e sedutora barbicha de dois dias que tão mal disse das Ciências da Educação que apodou de ‘eduquês’ só provou que de Educação e das respetivas ciências não sabe é nada!!!

Risos e gargalhadas!



quarta-feira, 18 de março de 2015

O PET

Não, não se trata de falarmos de animais de estimação! É mesmo daquela invenção do ministro (C)rato: o Preliminary English Test (PET) que os alunos do 9º ano vão, pelo segundo ano consecutivo, ter obrigatoriamente de realizar e que, por acaso, não tem nada a ver nem com os conteúdos programáticos do inglês do 3º ciclo nem com o estilo de testes escritos a que os alunos estão acostumados. Os resultados não contam para a nota final dos alunos e se quiserem ficar com um qualquer certificado de Cambridge para encaixilharem e exibir numa parede da sala, terão de pagar 25 euros.




Não serve para nada a não ser para trazer mais sobrecarga de trabalho para os professores, constituindo mais uma forma de os achincalhar. Os professores corretores são sujeitos a uma formação (para a qual foram dispensados das aulas, ficando os alunos prejudicados) dada pelos professores ingleses e a prova oral é realizada pelos professores ingleses. Além disso agora, de Cambridge, vêm uns livrinhos para os alunos comprarem (não sei se serão os professores a venderem-nos...) e poderem praticar, certamente nas aulas de inglês, o tipo de exercícios que vão sair no dito exame...  (uma palhaçada, digo eu!)

Numa crónica do JN muito bem escrita por Francisco Teixeira, este diz a certa altura: «Nuno Crato manda que seja uma empresa privada planetária, de marca Cambridge, a regular e certificar o ensino do Inglês na escola pública portuguesa, para o que não só lhe paga o que um contrato, sem concurso, decidiu, mas, mais ainda, para o que disponibiliza os professores do ensino público de inglês, funcionários públicos, como base operacional e científico-pedagógica do instrumento de regulação privada. Tudo isto é ficção hollywoodesca, como vê. Só num mundo de ficção excelentíssima o ensino público seria regulado e certificado por uma empresa privada que, para tal, usaria os recursos do próprio ensino público a certificar, fazendo-se pagar por essa suposta regulação e certificação.»

A propósito lembrei-me de uma anedota muito antiga, do tempo em que andava no liceu (e não tinha de fazer esta espécie de exame de Cambridge) à qual achei muita piada à época. Era assim: 

«Um promotor da Coca-cola queria à viva força que o Papa autorizasse que os padres, no fim de cada missa, dissessem “Bebam Coca-Cola!” E, com esse intento, dirigiu-se ao Vaticano e pediu uma audiência ao Papa. Foi recebido pelo secretário de Sua Santidade que o demoveu de semelhante pedido afirmando que isso nunca lhe seria permitido. Sem entender os motivos da recusa, o homem saiu do gabinete do secretário muito desgosto e, chegando cá fora, teve o seguinte desabafo: “Quanto é que o gajo da Fiat terá pago para os padres todos dizerem nas missas fiat voluntas tuas?!»

É o mesmo que eu penso: quanto é que a Cambridge terá pago ao ministério do (C)rato para fazer baixar este decreto?

E concluo: é mau de mais!!!

sábado, 14 de março de 2015

Para os matemáticos

Hoje fica aqui um problema de puro cálculo para os meus amigos/amigas matemáticos...

Só tenho pena que o meu muito apreciado (C)rato não frequente este meu espaço para vermos se saberia resolver este problema de forma tão pragmática....

(retirado daqui)

Puro cálculo...

Diferença entre 54 e 18 e 18 e 54

Um professor de matemática envia para sua esposa um fax com o seguinte:

"Querida esposa, sei que compreendes que agora tens 54 anos e que eu tenho certas necessidades que já não podes satisfazer. Sou feliz contigo, como minha esposa e, sinceramente, espero que não te sintas magoada ou ofendida ao saber que, quando estiveres lendo este fax, estarei no Hermitage Motel com minha secretária, que tem 18 anos. Mas não te preocupes que chegarei em casa antes da meia-noite."

Quando o fulano chega em casa vindo do motel encontra o seguinte bilhete da esposa:

"Querido marido, obrigada pelo aviso. Aproveito a oportunidade para lembrar-te que tu também tens 54 anos. Ao mesmo tempo comunico que, quando estiveres a ler esta carta, estarei no Motel Capri com meu professor de ténis, que também tem 18 anos.

Como és um matemático, poderás compreender facilmente que estamos nas mesmas circunstâncias, mas com uma pequena diferença:

- 18 entra mais vezes em 54, do que 54 em  18...

Portanto, não me esperes ...    ..... porque vou chegar só amanhã!"


Bom fim de semana!
(e... divirtam-se no Motel ou em qualquer outro sítio...)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Menos chumbos? E voltamos ao «eduquês»?

David Justino, ex-ministro da Educação do governo Barroso e atual presidente do Conselho Nacional de Educação, escolhido para desempenhar esse cargo por este “governo” em 2013, descobriu a pólvora! Veio agora denunciar o número excessivo de reprovações em Portugal e diz que quer os partidos a debater a questão.

Quer os partidos a debater a questão?! Mas está a brincar connosco? Foram porventura os partidos que puseram as escolas no estado em que estão e que decretaram este exagero de exames? Ou foi mesmo o ministro da educação chamado ao poder pelo seu partido que assim determinou? E não venham agora o dr David Justino e os elementos do CNE ou o seu partido ou os senhores professores alegar que não sabiam que as coisas na Educação iam evoluir como evoluíram. O dr (C)rato tinha já estas ideias involutivas, de retrocesso da Escola Pública e de regresso à elitização da educação tendo-as escrito e publicado no funesto livrito «O ‘Eduquês’ em Discurso Directo» em 2006. Não leram? Eu li – lá dizia tudo!


A ideologia ali inscrita e descrita (mal, diga-se de passagem) adicionada ao propalado princípio gestionário do «fazer mais com menos» agarrado com ambas as mãos por este “governo” dele fazendo lema deu nisto.

(in DN de ontem)
Fácil ver que desde que a tónica da avaliação foi posta nos exames que as taxas de retenção aumentaram desta maneira. E desengane-se o senhor ministro (C)rato se acredita que os alunos ficam mais bem preparados, mais bem formados, mais educados, mais cultos só por serem sujeitos aos exames. Os exames vieram, por um lado, criar problemas às escolas porque montar o serviço de exames é um enorme quebra-cabeças, uma enorme perda de tempo, de energias e de recursos. Por outro lado, bem mais penalizador, veio retirar tempo e calma à normal evolução das aulas e da aprendizagem porque professores e alunos (e pais) vivem pressionados pela ideia e pela violência dos exames. Não há a preocupação de os alunos apre(e)nderem e interiorizarem a matéria – há a preocupação de treiná-los para as respostas que as provas de exame exigem. Treinar, treinar, treinar mecanicamente nem que seja!

Depois há as ditas provas que são verdadeiras armadilhas. Tomemos como exemplo o exame de Português do 9º ano. Em hora e meia os miúdos, de 14 anos, tem de ler três textos: um texto informativo com cerca de 40 linhas sobre o qual lhes são apresentadas seis ou sete frases que têm de ordenar de acordo com o dito texto e mais cinco ou seis questões de escolha múltipla com quatro hipóteses cada uma todas elas muito parecidas para eles escorregarem bem; o segundo texto literário (Lusíadas, ou Auto da Barca do Inferno, ou um conto, ou um poema) sobre o qual devem responder a cinco perguntas de compreensão/interpretação; um terceiro texto (Lusíadas ou Auto da Barca) introduz o pedido de escrita de um texto expositivo de cerca de 100 palavras (que tem de ir contando) sobre um tema da matéria; depois vem a parte da gramática com mais seis ou sete questões com alíneas; e por fim é-lhes dado um tema geral sobre o qual devem discorrer entre 180 a 240 palavras. Em 90 minutos!! Treze páginas de exame, com linhas e linhas de ordens e orientações que os miúdos nem conseguem ler e interpretar em 90 minutos! Garanto-vos que eu não conseguiria terminá-lo e, se terminasse, imagino que nota teria!

Fui aluna naquele tempo – que é preciso esquecer e que o senhor Barroso disse que era bom – em que tínhamos exames desde a 3ª classe e a todas as disciplinas, mas posso dizer que as provas eram bem mais sérias e honestas e sem armadilhas ou rasteiras e em que os professores correctores ( e eu sei porque também o fui) não estavam absolutamente espartilhados por folhas e folhas de critérios castradores e absurdos que só levam a que as respostas – e portanto as notas – sejam cortadas.

Assim, dr David Justino, os chumbos não vão baixar tão cedo!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A estupidez à solta

Normalmente não gosto das crónicas que Vasco Pulido Valente escreve no Público nas quais, altivamente, ele dispara em todas as direcções zurzindo, à esquerda e à direita, os seus odiozinhos de estimação que, de uma maneira geral, não correspondem aos meus…  Desta vez, porém, diz na sua crónica de hoje exactamente aquilo que eu penso e defendo e fá-lo de forma tão “assertiva” dentro daquele seu estilo contundente e feroz (que tantas vezes me irrita…) que não resisto a citá-lo aqui.

Diz ele:


«Dezenas de analfabetos que gostam de se dar ares fizeram um escândalo com o aparente excesso de erros de ortografia, pontuação e sintaxe dos 2490 professores que se apresentaram à “Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades” (PACC). Deus lhes dê juízo.

Para começar, não há em Portugal uma ortografia estabelecida pelo uso ou pela autoridade. Antes do acordo com o Brasil – um inqualificável gesto de servilismo e de ganância –, já era tudo uma confusão. Hoje, mesmo nos jornais, muita gente se sente obrigada a declarar que espécie de ortografia escolheu. Pior ainda, as regras de pontuação e de sintaxe variam de tal maneira que se tornaram largamente arbitrárias. Já para não falar na redundância e na impropriedade da língua pública que por aí se usa, nas legendas da televisão, que transformaram o português numa caricatura de si próprio; ou na importação sistemática de anglicismos, derivados do “baixo” inglês da economia e de Bruxelas.

De qualquer maneira, a pergunta da PACC em que os professores mais falharam acabou por ser a seguinte: “O seleccionador nacional convocou 17 jogadores para o próximo jogo de futebol (para que seria?). Destes 17 jogadores, 6 ficarão no banco como suplentes. Supondo que o seleccionador pode escolher os seis suplentes sem qualquer critério que restrinja a sua escolha, poderemos afirmar que o número de grupos diferentes de jogadores suplentes (é inferior, superior ou igual) ao número de grupos diferentes de jogadores efectivos.” Excepto se a palavra “grupo” designar um conceito matemático universalmente conhecido, a pergunta não faz sentido. Grupos de quê? De jogadores de ataque, de médios, de defesas? Grupos dos que jogam no estrangeiro e dos que, por acaso, jogam aqui? Não se sabe e não existe maneira de descobrir ou de responder. O dr. Crato perdeu a cabeça.

Na terceira pergunta em que os professores mais falharam, o dr. Crato agarrou nas considerações tristemente acéfalas de um cavalheiro americano sobre “impressão e fabrico” de livros. Esse cavalheiro pensa que há “livros em que a beleza é um desiderato” (ou seja, a beleza do objecto) e outros “em que o encanto não é factor de importância material” (em inglês, “material” não significa o que o autor da PACC manifestamente julga). E o homenzinho acrescenta pressurosamente: “Quando tentamos uma classificação, a distinção parece assentar entre uma obra útil e uma obra de arte literária”. A obra de arte pede beleza ao tipógrafo (ao tipógrafo?), a obra útil só pede “legibilidade e comodidade de consulta”. Perante este extraordinário cretinismo, a PACC exige que os professores digam se o “excerto” “ilustra” os dois termos de uma comparação, o primeiro, o segundo ou nenhum deles. 

Uma pessoa pasma como indivíduos com tão pouca educação e tão pouca inteligência se atrevem a “avaliar” alguém.»

(sublinhados meus)

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

É preciso (des)acreditar!

É isso mesmo que o ministro (C)rato quer: desacreditar os professores (da escola pública) aos olhos da população. E vai conseguindo. Os jornais, impantes, lá anunciaram em primeira página, que «mais de um terço dos professores chumbaram na prova de avaliação». E nos telejornais lá apareceu um qualquer representante do Instituto de Avaliação, organismo responsável pela elaboração da dita prova, a dizer, com um ar zombeteiro, que «vamos lá!...» professores que não entendem a interpretação de um texto ou um cálculo deixam muito a desejar…

Já aqui disse e repito: exerci a carreira nos 2º e 3º ciclos do Ensino Básico durante 40 anos sempre com bons resultados, desempenhei cargos de chefia intermédia e de topo durante vários desses anos, cheguei a ser chefe de divisão numa Coordenação de Área Educativa, fui formadora de professores e, garanto-vos, que teria chumbado se me tivessem obrigado a passar por semelhante prova(ção)!

Depois veio o ministro (C)rato em defesa desta forma de testar as competências dos professores dizendo que é como o exame para a carta de condução – confesso que não entendi a arrevesada comparação, mas é como digo, não teria competências para obedecer ao perfil que o senhor ministro  delineou para se ser professor…

Que a intenção do senhor ministro (C)rato para escolher os professores com menos de cinco anos de experiência sabemos nós muito bem qual é! Não tem objectivos de qualidade coisa nenhuma! Tem o objectivo de se descartar de uma boa quantidade de professores que já serviram nas escolas na qualidade de contratados e, por outro lado, o objectivo de denegrir a imagem dos professores e da escola pública junto da opinião pública. Mostrar que eles são ignorantes, não prestam, e por isso os alunos não conseguem alcançar o almejado sucesso educativo.

Porque é que os professores das escolas privadas não têm de passar por este crivo tão irregular? Como será que os directores dos colégios escolhem os “professores de qualidade” que lá têm sem lhes aplicarem a prova?

E será que o irónico senhor representante do IAVE, ou o senhor ministro (C)rato, ou o senhor PM Coelho ou até, quiçá, o senhor presidente que ocupa o Palácio de Belém teriam passado se lhes tivessem aplicado equivalente prova de comportamentos e competências sem lhes darem a conhecer antecipadamente as rasteiras, as confusões e a abrangência desnecessária das matérias visadas? Muito provavelmente, não!

Entretanto, ao contrário do que diz a canção, é preciso desacreditar, fazer desacreditar…




terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Prova dos professores

A sério que só apetece dar gargalhadas! O pior é que é triste de mais! Neste país (já) ninguém se entende – o que também não grande admiração com as “elites” que nos “governam”… 

São do conhecimento público – eu também já tenho referido aqui algumas – as imensas «cratinices» do ministro (C)rato. Hoje, porém, há que voltar à famigerada Prova de Avaliação de Conhecimentos e Competências a que os professores contratados têm de se submeter para o poderem ser. Então não é que o Conselho Científico do IAVE (Instituto de Avaliação Educativa), que pertence ao ME, veio hoje com um relatório em que defende que a prova de avaliação docente não é «válida e fiável» no objectivo a que se propõe, tendo como “propósito mais evidente” impedir o acesso à carreira docente?

Ganda bronca!! Eheheheh!! – Não vos parece que só dá vontade de dar gargalhadas?

Mas o mais divertido é que veio logo o Conselho Diretivo (CD) do dito Instituto afirmar que não se revê noparecer divulgado pelo Conselho Científico. Para o órgão directivo, o parecer “versa sobre considerações primordialmente de âmbito político” e “extravasa claramente as competências deste órgão [Conselho Científico], de cariz exclusivamente técnico-científico”.

Agora vejam o contrassenso! Se aquele órgão tem competências técnico-científicas, a quem se não a ele, compete avaliar a parte técnica e científica da dita prova?! O CD do instituto quer, a todo o custo, demarcar-se do que os outros disseram! Pois, pois, o respeitinho é muito bonito e o (C)rato gosta…

Eheheheheh…..




sábado, 3 de janeiro de 2015

Cratinices

Sabemos que esta espécie de governo que nos calhou em sorte por culpa e descuido de muitos portugueses governa contra o povo, contra o país, contra a Constituição, contra a ética e a solidariedade sociais, contra os velhos, contra os reformados, contra as crianças, contra os diferentes. Cortaram complementos solidários a idosos, abonos de família e complementos a deficientes.


Ficámos entretanto a saber que, pelo menos, oito colégios particulares de ensino especial não abrem na próxima segunda-feira por dificuldades financeiras por pagamentos em atraso por parte do Ministério da Educação.

Já antes tinham vindo a cortar nos professores e técnicos de apoio até nas escolas de referência com unidades de ensino integrado.

E é por isto que me vejo forçada a concordar com tudo o que Santana Castilho (que, em tempos, muito se pôs em bicos de pés para tomar o lugar de ME neste “governo” notando-se-lhe sempre um certo “ressabiamento” nos seus escritos) escreveu no seu artigo de fim de ano no Público, nomeadamente no que toca à atuação do ministro da Educação.


          Diz ele:
  • «Em três anos e meio desta legislatura foram retirados ao financiamento do ensino público 3.294 milhões de euros e despedidos colectivamente 30.464 professores. O ano de 2014 destaca-se do conjunto por ter exacerbado os dois ódios de estimação de Nuno Crato: a escola pública e a Ciência, onde, de uma penada e com uma avaliação trapaceira, foi liquidado o trabalho criterioso de Mariano Gago.»
  • «Quando (…) Nuno Crato aceitou que o ensino público fosse penalizado com mais um corte de 700 milhões de euros no orçamento de Estado de 2015, logo se apressou (portaria n.º 269/2014 de 19 de Dezembro) a garantir que o financiamento público do ensino privado não fosse beliscado com qualquer corte.»
  • «Quando alunos e professores sofriam com o escândalo do pior lançamento de ano lectivo de que guardamos memória, o responsável primeiro por tanta incompetência saiu de cena. Foi para Milão, para uma reunião informal sobre… telecomunicações. Remake de pequena monta do que já havia feito aquando da sétima avaliação da troika, altura em que se ausentou três semanas. Coisa de somenos se comparada com as quatro voltas ao mundo que deu no ano em apreço. Nada, se tivermos em vista que em estudos e pareceres gastou por mês mais que um milhão de euros.»

E, depois de se estender por mais uma boa quantidade de parágrafos sobre o empobrecimento brutal da maioria dos portugueses que «serviu só para pagar juros, sem que um cêntimo tenha sido abatido ao montante da dívida» termina apelando para o renascer do «orgulho profissional dos docentes» fazendo o seguinte voto: «Que os professores se consciencializem de que o poder, particularmente o opressivo, só se exerce sob consentimento daqueles que lhe obedecem.»

(É verdade: por onde anda o Mário Fenprop«f?!...)

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Cratinices

A nossa neta Elisa, que está no 2º ano e só tem aulas no turno da tarde (agrupamento de enorme dimensão que ainda não conseguiu pôr todas as turmas do 1º ciclo a funcionar em regime normal) passa as manhãs em nossa casa e cá faz os trabalhos de casa.

Eu sei que sou e sempre fui de Letras, mas capaz que fui de completar uma licenciatura daquelas de cinco anos e três pós-graduações, sempre pensei que também seria capaz de a acompanhar nos trabalhinhos de Matemática, nomeadamente a fazer umas meras contas de somar e de subtrair. Pois. Mas o certo é que tenho-me visto à nora! É que a moda (C)rato manda que, para se ensinar aquilo a que tradicionalmente se chamavam com tas com transporte, se faça um algoritmo, uma complicação do caraças que não sou capaz de entender e, pelo que se tem visto com a vergonhosa colocação de professores no presente ano, o senhor ministro, que até é doutorado em Matemática, também parece não entender. Vale-me que a garota até tem facilidade para os números e lá me vai dando umas orientações para fazer os benditos dos algoritmos… Mas será que essa complicação será de fácil entendimento para todos os miúdos?

Cratinice de muito maior monta – ou talvez não, sei lá! – é a que fazia manchete (não confundir com Machete, que esse é outro que tal) um dia destes no jornal e que dizia que  «Por cada professor que dispensarem câmaras recebem 13 600 euros»! Na sanha de fazer implodir o ministério – e o país! – o querido (C)rato, de quem a grande maioria dos meus (ex)colegas esperava que “pusesse o ensino e os alunos no lugar” e lhes “devolvesse a autoridade” (!!!), quer agora sacudir a água do capote e mandar os professores para a dependência das autarquias, que os contratará e despedirá a seu bel-prazer e que – espanto dos espantos – poderá reduzir o número deles em cada escola, o que trará mais fundos para aqueles organismos.

Que o número de assistentes operacionais, vulgo “pessoal auxiliar”, (classe já na dependência das autarquias) é por de mais exíguo e substituído por tarefeiros a quem pagam dois euros e tal à hora, num máximo de quatro horas diárias, já é mau de mais. Agora diminuírem o número de professores, só aumentando o número de alunos por turma (lembro-me que no meu 6º ano de Liceu no Maria Amália éramos 48 alunas na turma de Letras…) e aumentando o número de horas semanais dos professores, o que é bárbaro. Ou será que para obviar esse encolhimento de docentes as escolas poderão contratar “regentes” – talvez semi-graduados com aquelas meias licenciaturas que o (C)rato também inventou [o fulano é cá um inventão!!] – a quem se poderá pagar talvez três euros e tal à hora?

Sabemos há muito que o charmoso ministro das falinhas mansas e da barba de três dias quer baixar a qualidade da escola pública para poder enricar a escola privada. Sabemos que o ministro quer criar uma escola para ricos e uma escola para pobres – a sua (do “governo” em geral) mentora Merkel – fiel herdeira dos genes hitlerianos – até já disse que em Portugal há licenciados a mais. Sabemos que o (C)rato não é sério, nem pessoa de bem (como, aliás, todos os seus companheiros de “governo”). Mas perante todas estas barbaridades e outras que possam ainda vir ainda a lume, onde está a bravata dos professores que só porque os queriam avaliar – processo que estava já em curso para com os restantes funcionários do Estado – vieram para as ruas aos magotes e aos pinotes para as ruas por todo o país gritando e vociferando como se lhes estivessem a arrancar a pele? E onde anda o sr. Mário Fenpof, grande agitador das massas docentes e grande empreendedor de manifestações de milhares e milhares de professores pelas avenidas de Lisboa?


Não será tudo isto muito mais grave do que uma mera avaliação do desempenho?



terça-feira, 21 de outubro de 2014

É um regabofe na Educação!

Não, hoje não venho falar no desastre total que tem sido e continua a ser o processo de colocação de professores contratados no presente ano letivo. Nem venho falar nas demissões já ocorridas no ME que continuam a deixar o ministro a assobiar para o lado enquanto o pm segue tecendo-lhe os mais rasgados elogios. Ainda menos venho falar do corte de 700 milhões na Educação previsto no Orçamento de Estado para o próximo ano que isso é uma coisinha de nada.

Venho falar de como o ministro – que tanto agradou aos professores quando foi nomeado e que agora dizem sentir-se enganados (não me canso de dizer isto!) – em nome da “bendita” autonomia das escolas – que nada, mas absolutamente nada tem a ver com aquela autonomia que o excelente ministro Roberto Carneiro e a sua equipa de académicos decretou – descarta para cima das escolas e respectivas direcções o trabalho, a responsabilidade e o ónus de procederem à contratação de professores para horários incompletos e dos técnicos especializados sem definir critérios sérios e objetivos que, de alguma forma, garantissem um mínimo de equidade no processo. Em vez disso, dá “autonomia” às direcções (muitas das quais não têm a mínima noção do como o fazerem) para definirem critérios, muitos deles feridos das ilegalidades e inconstitucionalidades mais espantosas. De facto, as escolas não dispõem de advogados que as aconselhem nesta e noutras situações e, quando recorrem aos serviços intermédios de apoio do ME (antigas DRE), praticamente desativados, recebem respostas evasivas, por defesa e/ou por incompetência, do estilo “sim, não, talvez, pelo contrário” como as dadas pelo dr. Apolinário da DREC “que deus tem”.

 Para além deste desnorte, 35% da pontuação da grelha de avaliação para o processo de contratação é reservada para uma entrevista aos candidatos para a qual também não são dadas quaisquer orientações superiores que promovam uma certa igualdade entre as escolas de norte a sul e que permite que se façam as escolhas que muito bem apeteçam às escolas, independentemente da experiência, do tempo de serviço, das habilitações até. Muitas escolas optam, e bem, pelo professor ou pelo técnico especializado já conhecido e para isso têm, muitas vezes, de recorrer a estratagemas mais ou menos obscuros para os manterem quando uma simples recondução por parte da direcção evitava esses constrangimentos e muito trabalho.

Para que este sistema de “autonomia” funcionasse, seria necessário termos a seriedade e a noção de justeza e de verticalidade que têm os suecos ou os dinamarqueses… Mas infelizmente assim não acontece e assistimos a dislates como os narrados no DN de ontem. O que não é o pior!

O pior mesmo é o stress e o terror em que os candidatos andam. Primeiro porque têm de correr de escola para escola, umas bem longe das outras, para uma espécie de entrevistas em que não fazem a mínima ideia do que lhes vai ser perguntado. Depois porque, como já disse acima não somos suecos nem dinamarqueses e (peço desde já desculpa se vou chocar alguém com esta minha opinião construída em 40 anos de magistério) a prepotência é uma das formas de atuação de muitos professores alcandorados ao poder e ainda por cima com a recente denominação de «directores».

Considerem a situação de A, moradora em Coimbra, que obteve uma colocação numa escola a 30 Km da sua residência. Duas semanas depois, dentro do período legal de rescisão do contrato, granjeou colocação em Coimbra e, naturalmente, optou pela segunda. O director da escola preterida destratou-a e, aos berros, garantiu-lhe que nunca mais voltaria a ser aceite naquela escola.

Considere-se a situação de B que granjeou contrato durante três anos consecutivos na escola X. Ao fim desse tempo, para experimentar outra realidade, concorreu a outra escola e foi contratada. Quando a vaga deixou de existir na segunda escola, não voltou mais a ser aceite, de castigo, na escola X apesar de ter muito mais tempo de serviço e de experiência que os restantes candidatos.

Veja-se a situação e C que, tendo sido alvo de graves irregularidades do seu processo de contratação, recorreu – de acordo com as normas legais – para o ministério e para a inspecção-geral de onde recebeu resposta muito tardia dizendo que «a direcção do agrupamento garantiu-nos que fez tudo de acordo com a lei». (Aprenderam esta resposta com o senhor presidente da República…)


Mérito? Qualidade de trabalho? Bom desempenho? Tretas!! É preciso é saber “lamber as botas” ao senhor director…



domingo, 12 de outubro de 2014

Curta metragem

Uma curta metragem para um final de noite diferente (ia dizer "divertido", mas retrocedi perante a tragicomédia que se vive atualmente na Educação. Ah! E na Justiça! E também na Saúde! E também... E também... E também...)







Bom final de fim de semana!

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Pedidos de desculpas

Das tarefas que mais prazer – e trabalho – me davam quando, durante vários anos (alternados) da minha vida profissional, desempenhei a função de presidente da direcção da “minha” escola/agrupamento era receber os alunos no gabinete e tratar com eles os problemas – fossem disciplinares, pessoais, familiares, relacionais ou outros.

Quando apareciam dois ou mais deles, ou delas, que se tinham envolvido em lutas físicas, de palavras ou de comportamentos, e o ofendedor me dizia muito aliviado e descansadinho «já pedi desculpa!» como se a ofensa tivesse deixado de existir, ficava possessa e passava-lhe um “sabonete” daqueles!

Infelizmente não acontece apenas com os alunos, pequenos adolescentes de personalidade e educação pessoal ainda não completamente formadas. Grassa por entre este povo uma cultura de desculpabilização, de desresponsabilização depois dos pedidos de desculpa apresentadas que brada aos céus. Irónica como sou, dizia aos alunos uma daquelas minhas máximas: «Ah, desculpe se o matei!»

Agora essa hipocrisia que precede e esse lavar de mãos que procede o “pedido de desculpas”, chegou ao grupo que se pretenderia mais elevado da nação: o “governo”.

Ontem, depois de mais de duas semanas de verdadeiro caos nos tribunais à conta da irresponsável pseudo reforma judiciária que a senhora ministra da Justiça quis implementar a toda a brida sem sequer ouvir quem sabe e acautelar todo o aparelho nomeadamente o programa informático, a loira senhora veio à televisão declarar: “Não há paragem, nem qualquer caos. Houve transtorno e problemas, e por eles peço desculpa.”

Hoje, foi a vez do patético ministro da Educação – o tal da implosão do ministério – que, depois de negar os erros na colocação dos professores e querer atirar as culpas da duplicação nas colocações para os directores das escolas, veio, em plena Assembleia da República e da forma mais teatral, assumir as culpas do erro matemático – matemático, imagine-se!! – do programa informático e “pedir desculpa aos pais, aos professores e ao país”… Entretanto, e porque, com aquelas falinhas mansas, ele de simples nada tem, foi chamando a atenção de todos e foi-se gabando de que era a primeira vez na História que um ministro chegava ao Parlamento, assumia a responsabilidade de um erro e disso pedia desculpas ao país. Ridículo!!

Tal como dizia aos miúdos lá na “minha” escola, desde que se peça desculpa, o erro, a ofensa, a agressão deixam de existir, não? «Desculpe se o matei!»


Em qualquer país de forte senso de cidadania implantado, qualquer destes ministros (ou espécie de ministros) teria de imediato pedido a demissão do cargo. Aqui em Portugal  porém, pedem desculpa, aceitam as demissões dos directores-gerias ou dos chefes de gabinete e continuam no seu lugarzinho – que tantos lhes custou a granjear – para, numa próxima oportunidade voltarem a «prevaricar» e voltarem a …  pedir desculpas…




quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Os vampiros

Só lhes faltava mostrar os dentes pontiagudos de cada vez que sorriam – sorriam, não, que o sorriso é um sinal de amor, de compreensão, de satisfação benigna e eles queriam manifestar tudo menos isso.

Quais vampiros adejaram muitos e muitos dos nativos deste "país de gente culta e sabedora" por sobre as notícias que jorraram (e continuam a jorrar) por todos os lados sobre os resultados da vergonhosa, da desastrosa prova de avaliação de conhecimentos e capacidades a que os professores contratados foram submetidos, em busca dos erros, das falhas, dos chumbos que muitos deles sofreram.

Como se daí viesse a salvação do país ou mesmo do mundo, os resultados obtidos foram esquadrinhados ao milímetro para mostrar como os professores são uma cambada de energúmenos ignorantes e preguiçosos que não merecem nem sequer viver.

Imagine-se, disseram os vampiros, que houve não sei quantos professores que deram não sei quantos erros de ortografia e não sei quantos erros de pontuação – disse também o IAVE que, como o ministro (C)rato, considera que estes resultados “permitem verificar a importância de uma avaliação como esta”. E, de seguida, veio o puxa-saco do dito professor Ramiro Marques, da Escola Superior de Educação de Santarém – que foi daqueles sortudos a quem o Ministério mandou para Boston nos anos 80 fazer uns mestrados de três ou quatro meses de forma a poder semeá-los pelas recém-criadas Escolas Superiores de Educação – dizer, cheio de razão, que os alunos não trazem do Secundário hábitos «de escrita de textos com sentido» e que isto acontece «por causa da degradação progressiva do ensino da língua nas últimas décadas, da falta de rigor que passou a existir nas salas de aula (…)»

A chamada tutela e os seus puxa-sacos querem muito, por questões não só economicistas mas também e especialmente de ideologia, desvitalizar a chamada escola pública e desacreditar os professores junto do público é um processo fácil e produz efeitos.

Erros de ortografia, de pontuação, de sintaxe, de semântica, toda gente faz: uns mais, outros menos e os professores não são exceção. Muito mais graves serão os erros de didáctica, de pedagogia, de avaliação, de relação pedagógica, de entendimento psico-pedagógico da pessoa que é cada aluno. E com esses, o senhor (C)rato bem como o senhor Ramiro e outros quejandos não estão nada preocupados. Até porque esse tipo de erros o grande público nem entende.

Duas ou três coisas para concluir:

Primeiro é que os livros que li da autoria dos senhores acima citados, não tendo embora erros ortográficos, até porque foram sujeitos a correctores, não estavam mesmo nada bem escritos;

Em segundo lugar, do alto dos meus 40 anos de leccionação, da minha licenciatura de cinco anos, das minhas três pós-graduações em Ciências Pedagógicas e em Administração Escolar, e do meu estatuto de formadora de professores, continuo a dizer e a bradar aos quatro ventos que, se tivesse de ser submetida a essa espécie de prova de conhecimentos, poderia não dar os tais cinco erros, mas podem ter a certeza que chumbaria;

E, por último, uma pergunta retórica, naturalmente!: que percentagem alcançariam o senhor (C)rato e outros bons rapazes lá do ministério se, por uma qualquer ironia do destino, fossem também à dita prova submetidos?...


sábado, 19 de julho de 2014

Mais uma cratinice!

Mesmo «de férias» não dá para ignorar mais esta aleivosia por parte do senhor (C)rato e da sua maravilhosa equipa. 

E nem vale a pena voltar a perorar sobre o caso. Basta transcrever parte do editorial do DN de ontem para se ficar a entender a atitude persecutória aos professores por parte do ministro.

«O Ministério da Educação publicou ontem em Diário da República um despacho em que agenda para a próxima terça-feira, 22 de julho, a Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC), imposta aos docentes contratados. (...)

A avaliação profissional, seja em que atividade for, faz parte do escrutínio e é um instrumento indispensável para aferir da qualidade e do mérito de quem trabalha. Mas o que está em causa é o método adotado pelo ministério liderado por Nuno Crato.


Convocar os professores para um exame obrigatório apenas com três dias úteis de antecedência, em que muitos já estão em pleno gozo de férias, é pouco sério e revela uma postura quase revanchista em relação a uma classe profissional que, naturalmente, tem usado de todos os meios legais à sua disposição para travar as intenções do Governo. É evidente que é necessário escolher os melhores e também é normal que, a este processo, corresponda uma redução do número de professores contratados com base em critérios de qualidade aferidos através da avaliação. O que não é aceitável é que o Executivo transmita a ideia de que o seu único objetivo é contabilístico, isto é, a eliminação de professores da folha de pagamentos do Ministério da Educação. É que, em política, o que parece é.»

(DN, 18 de julho de 2014, sublinhados meus)




segunda-feira, 7 de julho de 2014

Em tom de desagravo

(Li há muitos, muitos anos no «Diário de Sebastião da Gama», obra de leitura obrigatória pra quem entrava no estágio para professor no pré-25 de Abril, um diálogo deveras interessante entre o malogrado poeta e um companheiro de viagem de comboio, em que ele terá dito para o desconhecido companheiro qualquer coisa como isto: «Peço desculpa desde já pelas coisas que eventualmente possamos vir a dizer durante a viagem…» Assim estou eu agora e quase sempre que começo a escrever um texto para apresentar aqui: peço desde já muita desculpa pelo que eu possa eventualmente dizer aqui hoje…)

Quando depois de 2005 a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, iniciou a reforma do 1º ciclo e introduziu a escola a tempo inteiro criando as Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) pagas pelo ministério e/ou pelas autarquias, para variar e elevar a qualidade das atividades e até para não sobrecarregar o horário dos colegas do 1º ciclo, utilizei de acordo com o que a lei me permitia e na minha qualidade de presidente do Conselho Executivo e Pedagógico do agrupamento, as horas dos professores com horários incompletos e uma pequena parte das horas não letivas de um pequeno número de colegas dos 2º e 3º ciclos para irem às nossas escolas dos mais pequenos a fim de dinamizarem alguns daqueles espaços curriculares tendo em conta as suas formações de base.

Embora tenham já passado alguns anos, não esqueço a guerra que esses colegas me moveram! Ralharam, ameaçaram, disseram as barbaridades máximas, pretenderam negar-se a cumprir os horários, meteram atestados médicos, deixaram de me falar, acabaram por conspirar com a “oposição”. E chegaram alguns ao ponto absolutamente desprezível de responderem com esse azedume a muitas das questões postas pelos inspetores da Avaliação Externa em curso, levando a que a avaliação de um agrupamento de escolas de fama e prestígio ficasse muito aquém do verdadeiramente merecido.

Compreensível se pensarmos como somos um povo adverso à mudança e à tão falada “perda de direitos” ( leia-se “mordomias”). E dos professores então nem falar é bom! (Quase) todos uns Velhos do Restelo mesmo que não tenham lido e/ou entendido o episódio da nossa epopeia renascentista.

Toda essa mudança – não falo agora apenas da “mudança” que levei a cabo na escola, mas a mudança que a ministra, no seu imenso saber, pretendeu realizar (o seu principal erro foi querer fazê-lo muito rapidamente) levou a que o indizível Mário Fenprof conseguisse arrebanhar hordas de Velhos do Restelo e muitos outros acomodados que grassavam pelas escolas em manifestações nunca vistas e derrubar a ministra (sinistra – como lhe chamavam). Este derrube foi o início da queda que levou ao abismo em que nos encontramos. Lá nisso o senhor Mário Fenprof pode sentir-se um verdadeiro herói!

Grande parte dos professores meus colegas por esse país fora, mesmo que já muitos aposentados, estão da mesma forma abrangidos por essa heroicidade. Mas agora pergunto: como reagirão aqueles colegas do meu agrupamento de que falo acima que agora que, por força das “extraordinárias” medidas do “excelente” ministro (C)rato (que nada tem de sinistro como a outra ministra!) são obrigados a dar, mas dar mesmo, aulas noutros ciclos que não aqueles em que se profissionalizaram,  AEC(s) e tudo mais que os diretotes lhes mandem fazer e é se não querem perder o seu lugar – mesmo que do quadro – nas escolas onde estão?!

É que o senhor (C)rato, que se está verdadeiramente «borrifando» para os professores e para a qualidade da educação e do ensino, até já põe a hipótese de dar prémios aos municípios (para onde ele tem pressa em despejar as escolas públicas) que consigam reduzir o número de professores nas escolas…

Onde andará o senhor Mário Fenprof?!



terça-feira, 20 de maio de 2014

O raço do «eduquês»!

Não chegava os nossos jovens engenheiros fugirem para a Alemanha onde são recebidos de braços abertos nas fábricas e nas empresas.

Não chegava os nossos jovens cientistas emigrarem para os países onde a investigação é financiada, incentivada e acarinhada e nos quais fazem um excelente trabalho.

Não chegava os nossos jovens enfermeiros serem atraídos para a Inglaterra e Irlanda às centenas.

Também fiquei hoje a saber que o Reino Unido recruta duzentos alunos portugueses, do ensino secundário por ano para integrarem as universidades inglesas garantindo-lhes isenção de propinas.

A minha questão é a seguinte: se realmente, como o ministro (C)rato e os seus apaniguados do tipo Henrique Neto, Guilherme Valente e outros quejandos, o nosso ensino nos últimos vinte ou trinta anos tem sido baseado no facilitismo, sem os alunos terem sido sujeitos a exames nacionais desde o 4º ano, sendo antes sujeitos ao método do «eduquês»,  como é que as elites culturais dos países ditos civilizados e desenvolvidos aceitam e até vêm buscar estes nossos jovens?

E põe-se-me outro problema: é que, por enquanto, são apenas duzentos alunos do secundário que são, anualmente, levados para fora. Agora imaginem quando no secundário passar a ser leccionado o mandarim, as paletes de alunos que vão ser recrutados para as universidades chinesas! Vão ser charters e charters cheios de jovens a voar para a China. E então é que o país vai envelhecer…

(daqui)

sábado, 12 de abril de 2014

Cratinices



O ministro (C)rato embandeirou em arco com os resultados do Eurostat que registaram o aumento do número de licenciados em dois pontos percentuais e a redução do abandono escolar em 1,6% no ano de 2013. Muito bem!

Também os resultados apontados no relatório PISA 2012 foram bem favoráveis para Portugal já que refere o nosso país como um exemplo de evolução positiva no que respeita às Ciências, à Leitura e à Matemática tem do os resultados melhorado sobretudo na Matemática. Neste caso o ministro (C)rato, não se sabe muito bem porquê, desvalorizou um bocado as evidências dizendo que «ainda muito há a fazer».

Suponho que se esquece o douto ministro, bem como supostamente os habituais “treinadores de bancada” da educação (Guilherme Oliveira, Henrique Neto, Graça Moura, Ramiro Marques e outros entre os quais muito professorzinho) que, mau grado para eles, estes resultados decorrem em proporção direta com aquilo a que esses senhores apelidaram de “eduquês” e que nasceu das tendências inovadoras suscitadas pelas Ciências da Educação – tão mal vistas por eles – e postas em prática após a chamada reforma do excelente – não me canso de o dizer e repetir – Ministro – este sim escrito com letra maiúscula – Roberto Carneiro.

É que as coisas em Educação não têm resultados imediatos. Não se tomam medidas num ano para os resultados aparecerem no ano seguinte. Sabemos disso. (Saberemos?) Tudo é lento na Educação e os resultados demoram por vezes décadas. (Como na mudança das mentalidades – estas com um ritmo muito mais lento.)

Agora pense-se no retrocesso que vão sofrer os relatórios internacionais que se venham a lavrar acerca da Educação daqui a meia dúzia de anos decorrentes das medidas pedagogicamente infundadas e desconexas que o ministro (C)rato tem vindo a tomar desde que, com grande aplauso de grande parte dos professores, tomou conta deste ministério. A saber:

  • A indizível protecção do ensino privado em desfavor da escola pública;

  • A redução drástica do número de professores por escola;

  • O fecho dos quadros das escolas, não permitindo a substituição dos professores efectivos que se têm aposentados aos milhares – o que produz a não fixação dos docentes às escolas, prejudicando grandemente a aprendizagem dos alunos;

  • O aumento do horário lectivo dos professores (com a respectiva diminuição dos vencimentos e subsídios…) É muito comum haver professores com oito ou nove turmas, o que poderá corresponder à leccionação de 250 alunos. Como se conhecem, se diferenciam, se ensinam se avaliam de forma séria 250 alunos, cada um com o seu ritmo de aprendizagem e os seus condicionalismos?

  • O aumento excessivo da carga burocrática e da exigência informatizada que recaiu sobre os professores e a disparidade de tarefas que têm de desempenhar semanalmente;

  • O aumento desconforme do número de alunos por turma; o número de turmas do 1º ciclo com diferentes anos de escolaridade tem vindo a crescer;

  • A redução do número de aulas no horário semanal dos alunos;

  • A redução violenta dos apoios pedagógicos e técnicos para os alunos com dificuldades de aprendizagem e com necessidades educativas especiais;

  • A loucura dos exames nacionais desde os dez anos. As provas de exame, além de serem um crescendo de rasteiras e armadilhas para o aluno “cair” e um amontoado de “critérios” que espartilham a correcção das mesmas, não provam minimamente o que o aluno sabe ou não sabe. Além disso, os professores vêem-se forçados a gastar aulas e aulas a preparar os alunos para saberem onde hão-de colocar as cruzinhas para contornarem as armadilhas em detrimento da prática da compreensão da leitura, da escrita criativa, do conhecimento articulado das matérias. Digo muitas vezes por brincadeira, mas talvez sem cair em erro que se o Fernando Pessoa tivesse de responder a uma prova de exame do 12º ano sobre um dos seus poemas, certamente não passaria do 10!

  • E por último, mas não em último, o falacioso crescimento da autonomia das direcções das escolas. Tomariam as direcções e os professores gozar da autonomia de que se gozou a partir de finais de 80!