Diz o Priberam:
"correr", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/correr [consultado em 20-03-2017]
1. Ir com velocidade (diz-se de pessoas, animais e coisas).
2. Sair em corrente.
3. Passar, ir passando.
4. Efectuar-se ; realizar-se.
5. Estender-se.
6. Ter curso.
7. Procurar com empenho.
8. Fluir, derramar-se.
9. Divulgar-se, propalar-se.
10. [Direito ] Estar afecto .
Para mim, "correr" será sempre significado daquilo que, ontem de manhã, contra todas as expectativas, consegui fazer: Acabar uma Meia Maratona.
Se aqui há um ano me dissessem que o ia fazer, teria ignorado tal informação.
Se aqui há um mês me tivessem dito que o ia fazer, mesmo sabendo que estava inscrita na corrida, eu teria dito que ia "correr" a Meia Maratona a andar.
Se ontem de manhã me tivessem dito que ia aguentar os 21 quilómetros a correr, e que ainda ia ter energia para um sprint final no último quilómetro, teria chamado essa pessoa de louca.
Mas... consegui... Concluí a Meia Maratona de Lisboa.
Foram três horas e oito minutos a correr. Sim, fui parando a corrida de vez em quando. Confesso que ao quilómetro 6 pensei mesmo em desistir. Não que estivesse cansada, que não estava, mas estava-me a fazer imensa confusão estar a correr sozinha, estava a achar aquilo tudo muito chato! Precisava de alguém com quem correr e os amigos que me desafiaram a ir fazer a corrida já tinham passado por mim todos (e gritado alto e bom som CATARINA!!).
Ainda por cima, claro que como achei que não ia correr tudo, não me preparei minimamente nem olhei para o mapa da corrida. Assim, fui sempre com a sensação que nunca mais chegava ao fim de metade do caminho para voltar para trás.
Para quem conhece Lisboa, foi ali perto da zona de Santos que o momento de aflição aconteceu... Nunca mais vinha a curva para voltar para Belém, curva essa que só chegou no Cais do Sodré... Estive ali vai não vai para desistir...
Depois, já em Belém, vi uma família de um senhor com idade para ser meu pai e os seus dois filhos. Quando ia a correr ao lado deles, o pai começou a dizer que ia desistir e, claro, a Catarina teve que se meter e dizer "Se desistir eu desisto, e já agora quero chegar ao fim." E lá fomos os quatro. Sem eles acho mesmo que teria desistido. Já estava farta de correr. Não cansada. Farta.
No final, aquela medalha simbólica que dão foi mesmo uma espécie de culminar de todo o sacrifício.
Pela corrida, pelo desafio que tem sido esta perda de peso, por mais uma conquista que não estava à espera de alcançar, mas que... alcancei.
E agora, para acabar este artigo de uma forma ligeira: NINGUÉM ME AVISOU QUE AS MAMAS IAM FICAR TODAS ASSADAS! Credo! Quando fui tomar banho nem queria acreditar na dor horrível que estava a sentir nas mamocas! Portanto, tenho a marca do soutien à volta do tronco e as próprias das mamas tenho assim em espécie de carne viva ou o que é. Sim, já pus creme, mas alguém me podia ter dito que isto ia acontecer! De todo, foi a lesão menos expectável do esforço de ontem...
E agora, se me perguntarem se vou voltar a correr uma Meia Maratona, digo-vos já que não! Está feito. Prova superada. Foi uma sensação do caraças (e ainda é!) chegar ao fim dos 21 quilómetros, mas já vi que correr não é para mim e, não, não tenho curiosidade nenhuma em ver se consigo fazer melhor que três horas e oito minutos!
Fica este sorriso para a posteridade,
Catarina