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quarta-feira, 8 de julho de 2009

Uma Beirã com raizes no Rio Dão

Esta e a próxima semana o Clube das Mulheres Beirãs dedica este espaço à Drª Claudia Pino, Gerente de um Instituto Público de Aveiro, uma grande mulher com profundas raizes na Beira Interior, que prontamente aceitou o meu convite para partilhar connosco o seu percurso e experiência de vida, como filha de pais beirões,(que iremos agora abordar nesta primeira parte) e como mãe, esposa , dona de casa e profissional de sucesso, face a dilemas que enfrenta no desempenho desses papéis (que será abordada na próxima 4ª feira) no contexto das Beiras.

Marcámos o encontro para uma excelente tarde de Domingo, à beira do Rio Dão, nas Termas de S. Gemil-Tondela (Viseu), onde a Drª Claudia e a sua família gostam de tomar o café aos fins-de-semana e nas férias.
Drª Claudia assume-se como uma mulher beirã , de 38 anos, com ligações profundas à linda terra de Tondela, de onde os seus pais são naturais: o pai é natural de Lobão da Beira e a mãe da Lageosa do Dão, ambas freguesias pertencentes a Tondela, Viseu.

De Tondela tem um especial carinho. Grande parte da sua infância, principalmente durante as férias de Verão, era vivida aí. Era aí que brincava e tinha um contacto extraordinário com a natureza,com o rio, com as pessoas e vivia intensamente as tradições da terra. Ainda hoje faz questão de levar a sua família, sempre que pode, a visitar os amigos, a assistir às festas da terra, como foi o caso deste fim de semana, que houve a Festa do Senhor do Calvário ,na Lageosa do Dão, a terra da sua mãe.



Coisas simples como, o sossego, o relaxe, a calma, o ar puro, os aromas, o ambiente, o clima (seco e quente por natureza no Verão), as tradições e, acima de tudo, as pessoas, a seu ver bastante mais calorosas e próximas de si; são razões suficientes para considerar as terras de Tondela como um lugar de eleição para a sua família se descontrair e aliviar do stresse e da rotina que se vive na cidade.
É um lugar onde nunca se cansam de ir.
Dela carrega memórias que certamente nunca mais se repetirão, como as brincadeiras de menina a saltar pelas lajes, enquanto a mãe e a avó colocavam o milho a secar ao sol, ou a apanha das batatas e das uvas, que comia mais do que colhia... Experiências estas que eram levadas sempre na brincadeira, como qualquer criança da sua idade, sem dar o devido valor à vida que os seus avós levavam no campo.

Ao recordar essas memórias, fica a saudade, o seu reconhecimento e admiração pelos seus avós.
Agora que tem uma experiência de vida, e já não é uma menina, sabe qual foi o verdadeiro significado do campo para os seus avós:

Significava um modo de subsistência, um trabalho árduo de sol a sol. E a verdadeira felicidade!
Podiam trabalhar horas a fio, de sol a sol, com poucos recursos, carregando a pé, com o seu carrinho de mão os produtos da terra, mas eram livres e despreocupados, sem prazos para cumprir, sem stresse. Conseguiam viver uma vida calma, pacata e despreocupada, com tempo para conversar à sombra da parreira, no verão e para trabalhar. Mas viviam felizes!

Sente pena por os seus filhos não terem este privilégio, pois os tempos são outros, assim como o modo de vida mudou. Os seus avós já faleceram e os seus pais trabalharam e vivem em Aveiro.

A sensação que tem ainda hoje, sempre que visita das suas terras e gentes é precisamente o relaxe em que estas vivem mergulhadas.



Na próxima semana iremos saber um pouco mais sobre esta senhora, numa outra vertente, enquanto mãe, esposa, dona de casa e lutadora por uma carreira profissional.

Espero que tenham gostado tanto como eu, de conhecer um pouco das suas vivências.
E até à próxima 4ª feira.