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Monday, June 15, 2020

PANDEMIA EM SINTRA

Senhor Presidente da Câmara Municipal de Sintra

É com muita preocupação que ouço e leio notícias dando conta que a pandemia está a alastrar-se na área da Grande Lisboa e Vale do Tejo, assumindo valores de crescimento máximo diário no concelho de Sintra nas últimas semanas. em segundo lugar, a seguir a Lisboa, em valores totais de infectados.

Residindo no concelho há mais de 20 anos, solicito-lhe que, em defesa da reputação de Sintra, indique publicamente em que locais ou freguesias está a ter o surto maior incidência; na ausência desta informação todo o concelho é suspeito, para os que nele residem e para quem pretenda visitar.

Julgo ter ouvido, a este propósito, a senhora Directora-Geral de Saúde afirmar que não é possível a desagregação de valores a nível de freguesias porque o segredo estatístico o impede. Trata-se, certamente, de alguma interpretação muito restrita porque há freguesias em Sintra, e não só, que têm muito mais habitantes que alguns concelhos.

Diga-me, por favor, senhor presidente, se sair de casa para um pequeno passeio ao ar livre que áreas do concelho devo evitar.

Obrigado pela atenção que o assunto lhe possa merecer.

Atentamente


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Já depois de ter enviado a mensagem atrás transcrita, recebi número de contacto telefónico do responsável (concelhio?, não percebi) do serviço de protecção civil.
Coloquei-lhe a mesma questão objecto da mensagem dirigida ao presidente da câmara.
Não soube responder-me porque não recebe da DGS as informações que solicitei.
Qual o papel da defesa civil do território que, repetidamente, nos fogos e agora na pandemia, dá demonstrada incapacidade ou incompetência para intervir na realização daquilo que lhe compete, ou devia competir?
Se a defesa civil não comparece ou claudica na primeira linha, e foi isso que aconteceu quando a pandemia entrou, foi aquela que devia ser a segunda linha a ser chamada, o SNS, os médicos, os enfermeiros, entre outros agentes de defesa da saúde pública, que foram chamados para suportar o embate na primeira linha.
Hoje foram notificados mais 346 casos de infectados, assumindo Portugal a liderança em número de casos diários infectados em toda a União Europeia.
E a defesa civil do território considera que o assunto não lhe diz respeito.
Temos uma defesa civil do território que não sabe como defender o que lhe compete defender.
Temos um Ministério da Defesa (militar, subentende-se) que não sabemos o que defende.

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Mais 346 casos confirmados em Portugal, a pior segunda-feira desde 20 de Abril - c/p aqui


Portugal regista, nesta segunda-feira, mais três mortes pela covid-19, um aumento de 0,19% face aos números de domingo. No total, desde Março, somam-se 1520 mortes em Portugal.
Houve ainda um aumento de 346 casos positivos nas últimas 24 horas – uma taxa de crescimento de 0,94%, a mais alta desde quinta-feira. Este é o maior número de novos casos registado a uma segunda-feira desde o dia 20 de Abril. Por norma, as segundas-feiras são dias com números mais baixos de novos casos, tanto pelo menor número de testes feitos ao longo do fim-de-semana, quanto pelos potenciais atrasos na comunicação dos novos casos positivos. O Governo não revelou, em conferência de imprensa, quantos testes foram realizados no fim-de-semana.

Os números do dia em detalhe e com gráficos




Exmo. Senhor Rui Fonseca,

Acusamos a receção do presente email, o qual mereceu a nossa melhor atenção.

Face ao seu conteúdo, informa-se V.Exa. que o mesmo foi remetido para o Grupo de Trabalho responsável pelo acompanhamento da evolução, propagação e implementação das medidas e ações adequadas de prevenção e intervenção do Coronavírus (COVID-19), para os fins tidos por convenientes.

Com os melhores cumprimentos,

Teresa Antunes
(CoordenadoraTécnica)

Saturday, July 08, 2017

O JOGO DA CABRA CEGA

Normal, em Portugal:

"Suspeito de ter desviado peças do Museu da Presidência da República, o antigo director da instituição, Diogo Gaspar, apresentou-se ao serviço na passada segunda-feira, ao fim de um ano de suspensão de funções. No entanto, não regressou ao anterior cargo. Foi de férias logo de seguida. "-  aqui

Aconteceu há um ano em instalações onde a passagem de visitantes é guardada por agentes da GNR com equipamento radiográfico idêntico ao usado nos aeroportos.
E ainda há quem nos queira fazer crer que do assalto ao paiol de Tancos é responsável a ausência do sistema de audio vigilância.


"Depois de 12 anos à frente do museu, Diogo Gaspar foi detido no Verão passado, por indícios de abuso de poder, tráfico de influência, peculato e participação económica em negócio, entre outros crimes. Móveis antigos, tapeçarias e quadros foram alguns dos objectos do espólio museológico apreendidos pela Polícia Judiciária em sua casa e em casa de amigos seus, nas buscas da chamada Operação Cavaleiro – assim baptizada por ter sido com este título referente à Ordem de Santiago que Cavaco Silva o agraciou quando estava a terminar o seu último mandato em Belém, no final de Fevereiro de 2016. Foi detido quatro meses depois, faz agora um ano.
E é precisamente por ter passado um ano desde que foi constituído arguido, sem que tenha sido produzido ainda um despacho de acusação contra ele – ou, em alternativa, que o processo tenha sido arquivado – que caducaram as medidas de coacção que lhe tinham sido impostas pela juíza de instrução criminal do processo, explica o seu advogado, Raul Soares da Veiga. Medidas essas que incluíam a suspensão de funções.

Diogo Gaspar ficou proibido de entrar na secretaria-geral da Presidência da República, no Museu da Presidência e no Palácio da Cidadela, em Cascais (que também faz parte da Presidência), além de ter sido proibido de contactar com diversas pessoas. Motivos invocados pela magistrada: perigo de continuação da actividade criminosa e de perturbação do decurso do inquérito.
“À cautela, embora a caducidade seja automática, requeremos ao tribunal que reconheça que as medidas de coacção já caducaram”, explica o advogado. “Como Diogo Gaspar é um funcionário zeloso e cumpridor apresentou-se ao serviço. Tem o dever e o direito de exercer o seu trabalho”.
Acontece que durante este ano outra pessoa foi nomeada para ocupar o cargo de principal responsável pelo museu – e não de forma interina. Trata-se da directora do Museu do Azulejo, Maria Antónia Pinto de Matos, que passou a acumular funções. “Seria natural que Diogo Gaspar reassumisse as suas funções, mas agora parece que existem dois directores para a mesma instituição”, observa Raul Soares da Veiga.

A Presidência da República não partilha, porém, deste entendimento. O despacho de nomeação da nova responsável é de 30 de Setembro de 2016 e nele está escrito que naquela data cessava a comissão de serviço de Diogo Gaspar. O último despacho de nomeação deste é de 1 de Outubro de 2013 e tinha efeitos por três anos." 

Wednesday, July 05, 2017

INFAME

"Faltam recursos"

é a justificação frequentemente utilizada para todas as calamidades que nos assaltam por falhas graves, incompetência, desleixo ou venalidade daqueles a quem retribuímos os serviços prestados com o pagamento de impostos. Mas não só eles. 
Também os políticos, quando são oposição, arremessam os mesmos argumentos contra os que ocupam o poder sem vergonha do efeito boomerang das suas arremetidas pífias.

Há militares, incluindo um general e outros oficiais superiores, presos preventivamente por suspeito envolvimento em crimes que lesaram os contribuintes por falcatruas de conivências entre eles e os fornecedores das messes em bases da Força Aérea?
Os cortes dos orçamentos morderam-lhes nos salários e obrigaram-nos a lançar a mão aos abastecimentos, argumentava ontem num programa televisivo um militar do topo sem pejo da infâmia que lançava sobre toda a corporação. Quantas vezes não ouvimos já a mesma justificação para práticas com fins invocadamente idênticos por elementos das forças de segurança?
Ouve-se, e quase ninguém levanta a voz em nome da honra da grande maioria que honestamente cumpre a sua missão. 

Por que aconteceu a tragédia de Pedrogão Grande? Por falta de meios, é o argumento geralmente mais invocado. Da incompetência, da desorganização, da falta de preparação, fala-se em surdina, da irracionalidade económica da estrutura da propriedade fundiária fala-se agora para se deixar de falar quando passar o verão. 

Não há meios humanos nas Forças Armadas que garantam a segurança e a defesa do pessoal, das estruturas e das armas? 
O PSD e o CDS acusaram hoje o Governo de ter retirado meios à tropa, em nome do cumprimento das metas défice e, deste modo, ter impossibilitado o roubo das armas em Tancos. 
Respondeu "o ministro das  Finanças, acusando o anterior Governo de ter reduzido o número de bombeiros em 10% e o número de militares em 15% durante o período da 'troika' por "opção política" - aqui
Quem é mais ridículo?
Por eles, somos todos aos olhos dos que nos vêm de fora: El polvorín de Portugal robado: garitas vacías y soldados sin munición - aqui

Nem a actual Oposição, anterior Governo, nem o actual Governo, anterior Oposição, sabem disto?

"... os países europeus, que têm vindo a diminuir globalmente as suas despesas militares, abrandaram a queda em 2015, mas alguns - incluindo Portugal - subiram significativamente a percentagem do PIB empregue. Lideram a subida a Lituânia (+31,9%), o Luxemburgo (+25,3%) e a Polónia (+21,7%), mas são de destacar os aumentos na Grécia (+10,1%) e Portugal (+8,6%), apesar da crise que os afecta nos últimos anos. Portugal, com 2491 milhões de dólares gastos em 2015, ou seja, 1,39% do PIB."aqui

Forças Armadas contratam segurança privada por "ausência de recursos próprios" 
Nos últimos anos, vários quartéis e instalações militares têm recorrido a serviços de “vigilância e segurança” prestados por empresas privadas. Governo garante que infra-estruturas como o paiol de Tancos “são asseguradas apenas por meios militares”- aqui

Temos 31500 militares, pagamos para a defesa  um preço relativamente superior a outros membros da NATO, e mesmo assim recorrem as Forças Armadas a empresas de segurança privada para a vigilância de instalações militares. 
E, a este respeito, quem deveria falar, cala-se.
Quarenta anos depois da instauração da democracia em Portugal, quem tem medo destes militares? 

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Correl . OUTRA DE CABO DE ESQUADRA



Saturday, April 05, 2014

GRANDES GOZOS

Por exemplos, estes:

Descobriu o "Diário de Notícias" que - vd. aqui - "o ex-procurador-geral da República Pinto Monteiro recebeu directamente do Estado 40 mil euros quando, em Outubro de 2012, cessou funções, montante respeitante a férias vencidas a 1 de Janeiro do ano da cessação (2012 e anteriores) e não gozadas, bem como à remuneração das férias adquiridas pelo tempo de trabalho prestado no ano da cessação". Descobriu ainda que "também o antigo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Luís Araújo, encaixou cerca de 30 mil euros ilíquidos por férias não gozadas em 2012 e 2013, a que acresceram os dias adquiridos pela via de uma licença de mérito."

Lê-se isto, e fica-se com, pelo menos, uma dúvida: São regras da justiça e da defesa, e toda a gente goza dos mesmos gozos, ou reservadas aos comandos máximos das instituições que não lhes deram gozo em devido tempo?

A propósito de gozos na justiça e defesa, o mesmo DN tinha já descoberto esta semana que, segundo o Tribunal de Contas - vd. aqui -, "a secretária de Estado da Defesa, Berta Cabral, recebeu ilegalmente 19250 euros em senhas de presença enquanto presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada" e que "18 autarcas de cinco municípios da ilha de São Miguel que receberam quase 400 mil euros ilegalmente nestas senhas de presença."

Monday, November 04, 2013

A SUBTIL IRONIA DO CORONEL CRACEL

A Associação de Oficiais das Forças Armadas sugeriu a extinção do Ministério da Defesa Nacional , argumentando que, para fazer os cortes que faz, o Ministério das Finanças chega e sobra. Há uma semana atrás, o Ministro da Defesa defendeu que todos os chefes militares, comandantes e soldados "são obrigados a ser ministros das Finanças".

Irónico, o Coronel Cracel?
Não tanto. O que faz o Ministério da Defesa, o que fazem as forças armadas, para além de pagar e receber? Se fazem muito mais que isso, o cidadão comum não dá por ela.

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Correl .- Despesas militares em percentagem do PIB

Sunday, October 21, 2012

UMA BORRADA EM TRÊS ACTOS

Primeiro Acto - O ministro da Defesa convida o senhor Francisco Van Zeller para presidir à comissão especial de acompanhamento da reprivatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e o senhor Van Zeller aceita a incumbência. O que é que terá levado o ministro Aguiar-Branco, ou alguém por ele, a lembrar-se do ex-presidente da CIP, um engenheiro de 74 anos, sem credenciais de gestor industrial acima da mediania, para acompanhar (e o que é isso, perguntar-se-á?) uma empresa publicamente conhecida como problemática em todos os sentidos, é um mistério insondável aos olhos do cidadão comum. Que o senhor Van Zeller, um homem a quem não devem faltar recursos para atravessar a crise, tenha aceitado a incumbência, sabendo o que o esperava, é outro intrigante mistério.
 
Segundo Acto - O senhor Van Zeller declara, em entrevista à Antena 1, na terça-feira, 16, que os ENVC têm um passivo gigante mas que havia um passivo pior: a mão-de-obra muito antiga, muito desactualizada e com maus hábitos além de um sindicato comunista muito violento que está enquistado na empresa. (cf aqui). Admitamos, sem grandes reservas, que o senhor Van Zeller disse meia dúzia de duras verdades. Qual era o objectivo do senhor Van Zeller? Prevenir os potenciais interessados de que a fruta que o tinham incumbido de vender estava bichada? Sabotar a reprivatização? Provocar a sua demissão depois de tomar conhecimento daquilo que ele, segundo os seus critérios de avaliação, não podia ignorar quando aceitou o convite? Outro mistério.
 
Terceiro Acto - A Comissão de Trabalhadores ( i. e., o sindicato comunista muito violento enquistado na empresa) pede a demissão do senhor Van Zeller, e este pede a demissão. O ministro aceita e procura agora outro actor. Que, das duas uma, ou demonstra que o aviso do senhor Van Zeller foi uma calúnia contra os trabalhadores que, por não passar duma calúnia, não prejudicou o valor de reprivatização nem o futuro da empresa, ou não, e subscreve, implicitamente, as declarações de Van Zeller. Aposto que, na primeira hipótese o ministro convidou o senhor Carvalho da Silva e, na segunda, o senhor Ferraz da Costa.
 
A factura, que já era pesada, continuará a engordar, e continuará a pagamento pelos senhores contribuintes, sem defesa contra a inimputabilidade do senhor Van Zeller e do senhor ministro da dita.

Thursday, February 09, 2012

AO ATAQUE

Ouvi a entrevista dada por Aguiar-Branco à Sic Notícias a propósito da carta aberta enviada pela Associação de Oficiais das Forças Armadas na sequência das declarações do ministro da Defesa sobre a dispensabilidade daqueles que não se encontrem confortáveis com a carreira profissional que escolheram. Antes daquela entrevista tinha passado uma declaração do Bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, criticando a  posição do ministro.

Aguiar-Branco esteve bem nas respostas às questões colocadas pela entrevistadora e foi convincente: As Forças Armadas Portuguesas não são sustentáveis sem reformas de fundo. Há escolas militares a mais, há hospitais militares a mais, há muita coisa que consome o dinheiro disponível sem enquadramento numa política de defesa consequente com as exigências actuais. Os militares reclamam as promoções a que tradicionalmente têm direito mas esse direito só pode ser satisfeito se forem cortadas despesas que deixaram de fazer sentido. Em resumo: O dinheiro disponível é pouco, é muito menos do que tem sido gasto até aqui.

Mas, independentemente das escassez de dinheiro, e muito mais relevante que essa questão, está a necessidade de inteira reformulação de uma política que se adeque às exigências de defesa da soberania do Estado num mundo em evolução tecnológica num grau sem precedentes na história. Não é preciso ter conhecimentos das profissões castrenses para perceber que umas forças armadas envolvendo 40 mil homens estão sobredimensionadas em número de meios humanos para as missões em que Portugal participa ou venha a participar. 

Aguiar-Branco não podia ser mais claro. 

Evidentemente, a problemática da defesa deveria ser uma das áreas em que a União Europeia se deveria unificar. Ninguém levanta a questão por razões de preconceitos nacionalistas serôdios mas, como já mais de uma vez referi neste bloco de notas, enquanto não houver união de facto nos  requisitos elementares de uma união efectiva - Moeda, Orçamento, Representação Externa, Defesa - consagrada pelo voto democrático, a União Europeia desmoronar-se-á mais tarde ou mais cedo. E, ai do europeus, se nessa altura as forças armadas dos seus ex-membros intervierem umas contra as outras.

Mas isto, evidentemente, Aguiar-Branco não disse.

Thursday, November 17, 2011

GUERRA CONTRA A CRIMINALIDADE

A criminalidade está a aumentar e, particularmente grave, a criminalidade violenta, informou ontem o ministro da Administração Interna. Com o aumento da recessão previsto para 2012 (em 2011 e 2012 o PIB deve cair 4%, segundo declarações do ministro das Finanças, também ontem) crescem os factores mais determinantes da criminalidade. Para travar a tendência e as expectativas, o MAI vai aumentar os efectivos da PSP e da GNR. Percebe-se, ainda que a eficácia das forças policiais não dependam essencialmente do número de efectivos ao seu serviço. Se assim fosse, não seriam necessários mais polícias uma vez que a relação polícia/habitante não se encontra aquém da média observada na União Europeia. 

Mais do que mais polícia do que o país precisa é de melhor polícia. Mas, admita-se que, em caso de emergência, mais número possa colmatar a menor qualidade. 

O que não se percebe é que o país continue com um efectivo militar que ronda os 38 000 homens, um contingente que se situa claramente acima das nossas necessidades de defesa. (vd aqui ).

Insisto no que já tenho apontado neste bloco de notas: Porque não se reduzem os gastos com a defesa, porque não se vendem muitas instalações desactivadas ainda sob gestão dos militares, e se reforçam os meios necessários à segurança interna? Porque não se transferem efectivos das forças militares, que não sabemos de quem nos defendem, para forças de segurança interna, necessárias para o combate numa guerra em crescendo?

Até quando o fantasma de Otelo, ou de outro otelo qualquer, vai continuar às nossas costas?

Sunday, January 16, 2011

OS NEGÓCIOS DA GUERRA

É frequente ouvir-se o interesse dos lobbies ligados aos fornecimentos de armamentos, entre outros, no fomento das guerras em que os EUA têm intervido.
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O artigo publicado no Washington Post - Myths about defense spending - é, de uma forma sintética, esclarecedor.
Ou pretende ser.

Friday, January 14, 2011

BOAS NOTÍCIAS


Há males que vêm por bem.
Para já poupam-se custos de funcionamento.
Esperando-se que a reparação esteja abrangida pela garantia.
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Diz a notícia que as placas de revestimento não aguentam o Atlântico.
Terão encomendado um submarino para submergir em água doce para pescar caranguejo?
Por que não se devolve? Sempre dava para amortizar uma quarta parte do buraco do BPN.
Com um pouco de sorte, talvez o segundo também tenha os cascos moles. Devolvam-se os dois e fica metade do BPN aviada.
Têm é que ser devolvidos imediatamente porque o buraco do BPN cresce fulgurantemente em cada momento que passa.
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Se nada for feito nem os submarinos submergem nem nos livramos do estafermo a que os idiotas ainda chamam banco.

Sunday, May 23, 2010

O JOGO DA CABRA CEGA

Desapareceram papéis dos submarinos.
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Os submarinos foram mais caros porque foram exigidas contrapartidas, disse o almirante Melo Gomes, chefe do Estado-Maior da Armada ao Expresso desta semana: "Em boa verdade (as contrapartidas) têm sempre associadas um custo de equipamento e tudo o que estiver nas contrapartidas estará inerentemente posto no preço". Ou seja, encarecem-no. 
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Ou seja, o preço dos submarinos incorpora um valor equivalente às contrapartidas não recebidas. Percebe-se.
Então por que razão foram envolvidas contrapartidas? Ninguém sabe?
Talvez os papéis, por acaso,  desaparecidos. A quem competia a sua guarda? Ninguém sabe?
Quem devia saber não diz. Quem devia saber? Devia saber-se.

Wednesday, March 11, 2009

CONTRA OS BETÕES

As oposições são contra os betões, os governos a favor. Como quem manda são os governos, os betões não param de crescer em Portugal.
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Ontem, segundo relata o Público de hoje, num seminário da CAP, João Salgueiro considerou arriscado que os planos contra a crise assentem numa política de betão, que não resolve os dois grandes problemas que agora se enfrentam: o desemprego e o desequilíbrio da balança comercial. "Deveria haver uma campanha nacional para explicar o potencial da agricultura ... Quando vemos o que os países mediterrânicos exportam para o resto da Europa vemos o que não fizemos em Portugal".
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O mesmo jornal publica um artigo - Riqueza gerada pela agricultura caiu 23 por cento desde 1992 - respigado de um balanço da integração da agricultura portuguesa, da autoria de Francisco Avilez, e de onde se salienta, para além da queda brutal de quase 1/4 da riqueza produzida pelo sector em menos de 20 anos, a forte componente dos subsídios (63%) e a débil contribuição da venda dos produtos (37%) no rendimento das explorações agrícolas.
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A perda da importância do sector primário, e nomeadamente da agricultura e das pescas, já vem de longe. Não só em termos de emprego (que seria sempre inevitável) mas, sobretudo, da perda de produção, uma perda perigosamente demolidora da independência alimentar dos portugueses, sendo este um aspecto que nunca vi abordado pelas oposições, e aos governos, já se sabe, importam mais os betões.
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Porque, mais do que ser subsídio dependente, o que é gravíssimo é a incapacidade da agricultura portuguesa para reequilibrar a balança alimentar externa. Mas, pior do que esta incapacidade (que não é senão reflexo da incapacidade de formação de competências e de criar condições para conseguirmos o que os outros europeus conseguem) é a falta de consciencialização colectiva da ameaça que paira sobre a colectividade, e que ninguém vê.
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Partimos do princípio de que, como o nascer do Sol, a nossa alimentação está garantida, venha ela de Espanha, França, Nova Zelândia, do Chile, ou de outra parte qualquer. Mantemos um exército, marinha e força aérea, para o eventual ataque de um inimigo que não sabemos por onde irá entrar. Esquecemo-nos, porém, que, em caso de um conflito que nos obrigue a justificar a existência da tropa, a primeira coisa que vai acontecer é a ruptura dos canais de abastecimentos externos.
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Poderemos ter (e ninguém acredita que tenhamos), em caso de guerra, as armas e os homens preparados para repelir o inimigo; o que não teremos, seguramente, é o sufiente para comer.
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Também nunca entendi porque razão a tropa não é mobilizada para a vigilância das florestas durante o Verão. A forma mais fácil e eficaz do inimigo atacar Portugal seria lançar fogo ao paiol em que se transforma a floresta portuguesa durante o tempo quente.
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Quando o desemprego aumenta, o abandono da terra continua, a dependência alimentar cresce, há algo que está errado. Ou não?

Thursday, October 30, 2008

A DEFESA, AO ATAQUE

Em tempos de crise e no dia em que, sintomaticamente, é lançado o seu novo livro, "Como evitar um golpe de estado", Loureiro dos Santos entendeu, mais uma vez, ser porta voz do descontentamento dos militares perante aquilo que consideram um tratamento desigual relativamente a outras funções públicas relativamente às quais se consideraram sempre equiparados.
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A mensagem seria adequada se não tivesse extravasado para a ameaça velada de que poderiam, em retaliação do tratamento que consideram injusto, os jovens oficiais optarem por caminhos de insubordinação ou mesmo golpistas: alguns disparates, na terminologia de Loureiro dos Santos, que se deve ter apercebido a meio do discurso da gravidade das suas declarações.
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A defesa é provavelmente um dos tabus mais cerrados da política nacional. Com um passado, ainda relativamente recente, muito impregnado da influência militar, não foi até hoje convenientemente discutido pelas forças políticas o papel a que se deveriam remeter os militares num país pequeno, membro da União Europeia e da NATO, não sujeito a ameaças externas que possam justificar o peso global que ainda detêm no contexto da função pública.
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Enquanto não for esclarecido que esse papel não pode ter o recorte que sobejou da tradição mas deve ser reequacionado tendo em conta o novo contexto político em que Portugal se insere, os militares continuarão a sobrevalorizar a sua importância e a reclamar equiparações que, se tiveram pertinência no passado, deixaram de fazer sentido nos tempos que correm.
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As oposições, como de costume, não dizem nada.

Thursday, July 05, 2007

O INTRIGANTE MAJOR THOMPSON


Fui esperar o Major Thompson ao aeroporto numa tarde de finais de Junho de 1975. Fazia calor de Junho em Lisboa, as alterações climatéricas, se já existiam, tinham sido completamente obnubiladas pelas alterações políticas, que estavam ao rubro.
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O Major Thompson não se chamava Thompson, mas eu já não me recordo do nome dele, que era arrevesado. Sei que, para comodidade comunicacional interna, passámos a designá-lo por Thompson, a verdade é que há muitas coisas na vida que não têm explicação plausível, e esta é uma delas.
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Chegado ao local das chegadas, coloquei-me na primeira fila para interceptar o primeiro passageiro que se apresentasse de cabelo ralo e bigode farto e ruivo, tais tinham sido as indicações recebidas do escritório da nossa associada em Londres para caracterizar o Major. Como ele viajava em executiva e transportava apenas consigo uma mala de mão, foi o segundo ou terceiro a sair, e a figura correspondia sem tirar nem pôr às especificações. Era um homem mais baixo e mais entroncado que um inglês normal, entrado nos cinquenta, a pele pintalgada por essas sardas que se acentuam com a idade e atacam mais os ruivos, como era o caso.
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A caminho do Hotel Tivoli, ele foi-me dando algumas referências do seu currículo, eu fui-lhe precisando a razão pela qual o tínhamos chamado a Lisboa. O Thompson, só então fiquei a saber, não era inglês, era sul-africano, há muito radicado no Canadá, e tinha combatido na Segunda Guerra Mundial como piloto aviador ao serviço da RAF. Nos últimos anos quinze anos vinha desenvolvendo actividades como Consultor para assuntos de Defesa, colaborando com a empresa inglesa com a qual mantínhamos uma ligação de representação em Portugal.
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Nós tínhamos sido contactados por um capitão de administração militar da Força Aérea Portuguesa para apresentarmos uma proposta de formação de oficiais superiores em PPBS (Programming, Budgetting System) e o coordenador da área tinha considerado que eu, por ter cumprido o serviço militar obrigatório na administração militar das FAP, era a pessoa indicada para desempenhar a missão. De nada me valeu argumentar repetidamente que não fazia sequer a mínima ideia do que era o PPBS, e muito menos tinha qualquer experiência de aplicação dele.
Tudo verdades irrefutáveis, mas era norma da empresa não voltar as costas ao inimigo, de mais a mais a Força Aérea. Aliás, relembrou-me o Coordenador, não há nada que não esteja nos livros.
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Vivíamos, então, em Portugal uma situação de inversão total das hierarquias, não só em órgãos do Estado mas também em muitas empresas. Na Força Aérea tinham passado a comandar os capitães e outros oficiais subalternos, obedecendo cautelosamente a generalidade dos oficiais superiores e generais. Terminadas as operações nas ex-colónias, sem missões nem massas, os capitães de administração militar tinham entendido reciclar os majores e coronéis nas artes de bem gerir sem ter dinheiro. E a algum deles terá ocorrido o PPBS como instrumento mais adequado para a ocasião.
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Tinha recorrido à Biblioteca e, o Coordenador tinha razão, havia um pequeno tratado sobre PPBS e um outro sobre assunto parecido: "Racionalization des choix budgétaires". Com eles tinha preparado uma exposição, apoiada nos mais requintados meios audiovisuais da época, acetatos retro projectados, para ser servida em quatro doses, uma por dia de segunda a quinta, na sexta-feira teríamos a competente conferência sobre o assunto de um experimentado consultor em PPBS.
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De segunda a quarta coloquei o PPBS nos píncaros perante uma audiência atenta e subjugada, constituída em parte por oficiais que eu tinha conhecido uns bons anos antes. Fui brilhante, admito-o sem modéstia. O PPBS, na pior das hipóteses, estaria a governar a nossa Força Aérea dentro de meia dúzia de meses;
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Estava a acabar o relato do que tinha ocorrido naqueles entusiasmantes quatro dias, quando chegámos ao Tivoli. O Major fez o check-in, e antes de subir para o quarto, combinámos jantar daí a uma hora no magnífico restaurante do hotel.
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Apreciada a ementa e feitas as escolhas, o Major olhou para mim alguns instantes, e disse-me:
Sr. F., ouvi com toda a atenção o que me disse e, pelo que me disse, eu não faria melhor. Sinceramente. Acontece que o PPBS, uma ideia que Mcnamara levou para o Pentágono quando foi Secretário da Defesa, foi abandonada logo que ele deixou o cargo. É, como pôde perceber durante o seu trabalho de recolha e preparação da sua exposição, uma metodologia complexa que quadra dificilmente com a realidade que passa pelas repartições e pelos quartéis.
Percebi que os seus amigos da Força Aérea se encontram em crise, mas isso acontece sempre que termina uma guerra. É natural: não se importunam os aviões por ficarem em terra por falta de missões ou de meios para pagar o combustível. Mas os homens ficam nervosos por lhes faltarem desafios. Claro que o mais normal era dispensá-los e reduzir o efectivo. No caso da Força Aérea, os pilotos não terão grandes dificuldades, antes pelo contrário, em continuar a voar. Mas os burocratas, os seus amigos da administração militar, sem pilotos a voar não têm com que se entreter, e inventam. A falta de meios de pagamento que o país defronta poderia impor uma redução, mas não impõe. Nunca nenhum país resolveu os seus problemas de sobredimensionamento da função pública cortando-lhes no orçamento. A redução vai observar-se mas a muito longo prazo, se as coisas correrem bem. Tendo em conta a actual situação política em Portugal, não me admiraria nada que se agravasse ainda por algum tempo, reclamando os militares mais meios em tempos de paz do que em tempos de guerra. Não seria inédito. A situação só se inverterá com a democratização do país e a criação de condições para definir com realismo as atribuições das vossas forças armadas em tempo de paz. Enquanto não for respondido pelo país para que quer forças armadas e que forças armadas, estas continuarão a marcar passo e a comprar material por uma questão de inércia e interesses pessoais.
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No dia seguinte apresentei-me à turma militar ao lado do Major. Feitas as apresentações, Thompson pigarreou e começou por dizer:
Venho aqui a convite dos meus amigos portugueses para vos falar da minha experiência com a aplicação do PPBS. Lamento desiludir-vos, mas não tenho nenhuma.
Depois disse-lhes a eles, temperando num ponto ou noutro, o que me tinha dito a mim na véspera. Ninguém ficou agastado. Afinal estávamos ali todos convocados por um equívoco.
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Recordei-me deste episódio, com mais de trinta anos, a propósito de uma troca de ideias acerca da melhor forma de redefinir o perímetro de atribuições do Estado.
Já me ocorrera, há tempos, a propósito dos aviões que foram vendidos sem nunca terem sido desencaixotados e, mais recentemente, de uma outra notícia acerca do custo de formação de um piloto para a Força Aérea (aproximadamente 2,5 milhões de euros) que, em muitos casos, ao fim de oito anos se mudam, sem armas nem bagagens, para a aviação civil.
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Tudo pago, directa ou indirectamente, com os impostos que pagamos.

Friday, November 24, 2006

O PASSEIO DA TROPA

Comentário colocado no dia 16 em
Canhoto
a propósito do post “Folgas para o Deficit” e outro, ontem, no
Lobi do Chá
a propósito das despesas militares, em Portugal, e do “passeio” de contestação realizado por militares, incluindo alguns generais:

A questão da Defesa ainda é tabu em Portugal. E já devia ter deixado de o ser há muito.Há dias noticiava um jornal diário que o quadro de generais considera 81 lugares. Temos 125. Para quê?Como, segundo os teóricos das organizações, os postos se reproduzem a partir do vértice, a base não pode deixar de estar excedentária em idêntica proporção, pelo menos.Num momento em que tudo é posto em causa porque (ainda bem) os meios são escassos, porque razão escapa a Defesa ao escrutínio público?Precisamos de forças armadas? Se precisamos, quais? Alguém sabe a resposta?Há tempos, aqueceram os ânimos acerca do envio ou não envio de tropas para o Líbano. Com muito ruído, decidiram enviar uma brigada de engenharia. Se não forem destacados para missões externas o que fazem os militares nos quartéis?Estarão à espera de Godot?
…………..
as forças armadas não são propriamente os bombeiros voluntários, com o devido respeito por estes. As forças armadas têm deveres e direitos próprios e entre aqueles incluem-se o de subordinação a uma cadeia hierárquica. Sem este princípio não há forças armadas, poderá haver, quanto muito, forças rebeldes. Ora nós podemos contestar, ou discutir (deveríamos discutir) que forças armadas precisamos e outros assuntos afluentes. O que os militares não podem é, ultrapassando as hierarquias, vir para a rua passear o seu descontentamento.Se estão descontentes devem queixar-se ao chefe respectivo. Se não aceitam essa norma preliminar das forças armadas devem ir fazer outra coisa na vida.
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E talvez ganhássemos, todos, alguma coisa com isso.

Tuesday, October 10, 2006

TABU


“Os negócios no sector da defesa são os segundos (os primeiros são os das obras públicas/construção) mais propensos à corrupção. A Comissão Europeia e a OMC querem regular este negócio e acabar com a falta de transparência e de responsabilização. Portugal tem, neste momento, em curso, contratos de aquisição de material militar que custam quase tanto como três pontes Vasco da Gama” in PÚBLICO 9/10/2006.

De vez em quando, timidamente, vêm à tona os submarinos. Depois, como é próprio dos submarinos, os submarinos desaparecem. Ninguém fala deles, não se sabe deles, se estão vivos se mortos, se estão a crescer ou na mesma.

Discute-se o TGV, a Ota, as Scut, o que é salutar, porque faz bem à dieta a que o País não pode deixar de se submeter, pela incontornável razão de não haver dinheiro para tudo e as máquinas emissoras terem os seus programas de fabrico controlados. Dos submarinos não há notícias nem preocupações. Faltará dinheiro para as pensões, não faltará para os submarinos.

Por carotes que sejam, os submarinos são, pelos vistos, indispensáveis e, sendo indispensáveis, são indiscutíveis. Os submarinos e tudo o mais que precisamos para a nossa defesa.

Qual defesa? A defesa não se discute. Discute-se se um batalhão, uma companhia, um simples pelotão de tropas, deve ser enviado para o Líbano, Timor ou Afeganistão. O que não se discute é o que a tropa faria ou que faríamos com a tropa se não fossem estas encomendas de participação em missões fora de portas.

A tropa, está mais que visto, do que precisa é de encomendas.