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Saturday, August 20, 2022

É MERDINA A MAIS

Ingenuidade a mais ou falta de vergonha?

"Empresa de filho de Sérgio Figueiredo recebeu 350 mil euros de Câmara liderada por Medina

Autarquia lisboeta concedeu o apoio a empresa de Sérgio Jacob Ribeiro para a realização do Planetiers World Gathering 2020, numa altura em que o atual ministro das Finanças era comentador na TVI24 a convite de Figueiredo."  ....  Continua aqui

Pergunto-me: Como é que um político, que sonha voar mais alto, se deixa estatelar por actos, que até podem ser legais, mas são moralmente destruidores da sua reputação?

Como ministro não sabe nem encontra na função pública pessoa ou grupos de pessoas competentes para desempenharem as atribuições que quis entregar a quem não apresenta curriculum que, inquestionavelmente, o recomende para o objectivo definido?

Como presidente da Câmara de Lisboa, não sabia que um apoio atribuído ao filho do director de televisão, que o convidou como comentador político sem contraditório, era promiscuidade ou ingenuidade a mais que, mais tarde ou mais cedo, seria conhecida?

Saturday, January 04, 2020

DOIS MUSEUS



Washington DC reune no National Mall, uma alameda que desde o Capitólio se prolonga ao longo da Consitution Avenue,  uma  concentração ímpar de museus e monumentos.
Dois deles, os mais recentes, foram instalados no Mall nos últimos 15 anos: o National Museum of the American Indian em Setembro de 2004 e o The National African American History and Culture inaugurado em em Setembro de 2016 pelo Presidente Barack Obama.
Só ontem nos foi possível visitar este último.

São muito diferentes um do outro, salvo na intenção de exorcizar más memórias: no primeiro caso, do genocídio índigena, no segundo da escravatura.
No primeiro, enaltece-se tanto quanto possível a subsistência de reminescências de algumas culturas indígenas mas nenhum líder sobrou para incentivar o seu povo a reeguer-se. Foram todos mortos num tempo em que não havia nem registo de imagens nem de voz. Hollyood elevou o genocídio a uma gesta heróica.
No segundo, o homem reergue-se dos tempos da escravatura, num caminho que sobe do nível mais substerrâneo do edifício, o quinto, para o mais elevado, também o quinto, impulsionado pela luta que durou séculos até ao orgulho de ser negro.

No nível mais baixo, uma informação deprimente para quem sinta ter culpas no cartório: 5,8 milhões de negros terão sido escravizados e transportados em barcos portugueses, atingindo um recorde diabólico.
A história explica-se pelas causas e as consequências de cada momento relevante.
Recentemente, foi objecto de discussão pública a instalação de um museu da escravatura em Lisboa. Não sei em que ponto se encontra a ideia, se ficou bloqueada ou apenas supensa.
Mas é uma má ideia. Porque os pecados, se pecados houve, não se exorcizam com uma exposição pública. Aconteceram porque houve causas, e houve consequências, que só a História pode explicar a quem quiser entender. 



 Se não puder visitá-lo, veja algumas imagens aqui


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É certamente insólito que coloque aqui uma das peças menos representativas do espírito criador do museu: uma instalação a que o autor, B.K. Adams titula "Transformation "Blue Horse".

Só há uma razão: Também eu um dia pintei um burro de verde, que o professor traçou, indignado, com cruz vermelha. 
Não há burros verdes!, disse ele. Mas há. E azuis também ...
Já contei essa história lá bem para trás, que agora não consegui localizar. Ficará para mais tarde.


Sunday, June 17, 2018

À ESPERA DOS ALARVES


Ontem,
Metro de Lisboa
Entrada na estação Restauradores

Nunca a tinha visto limpa. 
Camadas sobrepostas de borradas davam aquele espaço a sensação de entrada num submundo repelente.
Agora, que a vemos limpa, a pergunta ocorre: Por quanto tempo?
Se a Câmara (ou será o Metro?) não tiverem câmaras de visualização montadas e os agentes organizados para encurralarem os alarves em flagrante delito, dentro de pouco tempo eles voltarão a conspurcar o espaço  que é de todos mas que eles consideram privativo para imporem as suas artes. 

Sunday, December 10, 2017

NO PAÍS DOS BOYS

"Câmara de Lisboa vai ter 124 assessores e secretárias para apoiar 17 vereadores e já começou a assinar contratos. Alguns eram candidatos autárquicos que não foram eleitos." 

Vi esta notícia referida aqui.
O abuso que governantes centrais e locais fazem de dinheiros públicos para emprego de correlegionários, amigos, familiares e coniventes vem de longe. Como em outros aspectos da vida pública, a imoralidade anda de mãos dadas com a conivência das conveniências e a par da falta de exigência de civismo colectivo. Que vingam com um generalizado encolher de ombros e a conclusão adquirida como inamovível de que "todos fazem o mesmo".

Se a notícia tem fundamento, que posição tomaram ou vão tomar os vereadores da oposição na Câmara de Lisboa? Calam-se todos? 
É o mais provável: O PSD/PPD e o CDS porque, também eles, têm clientelas partidárias e interesses particulares envolventes à espera de oportunidades futuras , o PCP porque, para os comunistas, quanto mais gente mamar  do Orçamento mais se engrandece o Estado.
E o BE é outra vez parte do governo camarário em Lisboa.

Valha-nos Centeno, presidente do Eurogrupo, agora atado de pés e mãos aos limites impostos de fora. 
A nossa independência, e o que é isso?, é um perigo. 

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Correl. -
A redução da dívida é absolutamente fundamental (Público - 10/12/2017)
O calcanhar de Centeno  (26/8/2017)
O calcanhar de Centeno - 2 (1/9/2017)

Sunday, October 15, 2017

LISBOA, AMOR AO PASSADO


Alguns povos de Espanha podem não se sentir confortavelmente sob a mesma bandeira mas nunca senti da parte daqueles com quem contactei, ocasionalmente ou por razões profissionais, algum resquício de chauvinismo relativamente a Portugal. Mas conheci, e conheço muitos portugueses, que continuam a sentenciar que "de Espanha nem bom vento nem bom casamento". 

Habituei-me desde muito jovem ao convívio com espanhóis que nos meses de Agosto e Setembro desciam de Salamanca, Castelo Rodrigo, Zamora, e de outras paragens de Castela, para a praia que noutros tempos foi reclamada "a rainha". E sempre me perguntei se, visto à distância de mais de três séculos, em 1640 não se redobrou o isolamento de Portugal relativamente ao centro da Europa, onde se desenrolava o progresso o cultural e económico. Não pode rebobinar-se a história mas podem avaliar-se as consequências das circunstâncias que nos conduziram por um caminho e não pelo outro. 

Alguns anos antes dos acontecimentos, que fizeram evoluir Portugal e Espanha para regimes democráticos e, posteriormente, com a entrada na União Europeia, para a eliminação das fronteiras fiscais entre os dois países, a raia era, de um lado e doutro, a faixa mais deprimida económica e culturalmente da Península Ibérica. Do estrangulamento das comunicações provocado pela barreira fronteiriça continuam ainda hoje os povos do interior a sentir-lhe os efeitos porque não se desobstruem em três décadas as bloqueios com séculos. 

A propósito registo um artigo - Lisboa, amor al pasado - publicado anteontem no "El País", um jornal onde, com alguma frequência, se podem ler notícias, comentários, reportagens sobre Portugal. 
Nem sempre laudatórias, diga-se em abono da isenção de um dos mais prestigiados jornais do mundo.
Nesta edição o assunto são as lojas antigas de Lisboa "ameaçadas pelo turismo massivo, estando o município a tentar travar o seu desaparecimento". 



En la barbería Campos (1886) se afeitaba el escritor Eça de Queiroz
 y uno de sus clientes es el presidente portugués, Marcelo Rebelo de Sousa. 

Sunday, August 06, 2017

O METRO DE LISBOA - SINTRA - CASCAIS - LISBOA

Entre Sintra e Cascais não há ligações ferroviárias.
Nunca houve, aliás.
Só há ligações rodoviárias. Quem se dirige a Sintra, ou a um destino intermédio, de comboio, e pretenda, a partir de Sintra, ir a Cascais, ou a um destino intermédio entre Cascais e Lisboa,  tem de ir de táxi ou de demorado autocarro. 
Resumindo: o triângulo Lisboa-Sintra-Cascais não é viajável em comboio.
Esta é uma das razões, a juntar a várias outras, que explicam o trânsito automóvel entre Sintra e Lisboa, Cascais e Lisboa, Sintra e Cascais. E, obviamente, nos sentidos opostos. 
E, pelas mesmas razões, entram diariamente em Lisboa, segundo contagens relativamente recentes, cerca de 370 mil veículos automóveis, complicando o trânsito, poluindo a cidade, atravancando as ruas. 

Recentemente, o sr. Fernando Seara, anterior presidente da Câmara de Sintra, agora candidato à presidência de Loures, apresentava em modo histriónico o feito de ter conseguido que alargassem o IC19 para 3 faixas (referiu 4) de rodagem em cada sentido. Mas nem ele, nem os seus antecessores se propuseram a, em parceria com a Câmara de Lisboa, completar o triângulo ligando as linhas de Sintra e Cascais entre si, imprimindo-lhe ainda a qualidade, em pontualidade, segurança, comodidade e oferta suficiente, que agora não tem, suficientemente competitiva para retirar do IC19, da A5 e das ruas de Lisboa as centenas de milhares de carros que todos os dias entram e saem da capital, poupando horas e euros aos que hoje gastam naquelas rodovias parte significativa das suas vidas e das suas despesas. 

Nem eles nem nenhum dos candidatos às eleições no próximo dia 1 de Outubro.
Que se saiba.

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Hoje (7/08), observo que em outdoor muito recente da candidata à presidência de Cascais, a excelente pianista srª. Gabriela Canavilhas propõe-se dotar Cascais com metrobus, uma ideia que o o actual incumbente sr. Carlos Carreiras avançou, cf. aqui, em conferência do International Club of Portugal em Junho último. Estarão os dois a pensar na mesma coisa? Não sabemos. O que depreendemos é que as ligações entre Sintra e Cascais não fazem parte das suas preocupações.
A cada qual o seu quintal. 

Saturday, July 22, 2017

ANDA CÁ ABAIXO MARQUÊS!


Não sei se a srª. Teresa Leal Coelho tem alguma proposta que mereça suficientes votos para a colocarem na presidência do município de Lisboa. Ouvi parte de uma entrevista de um canal de televisão e pareceu-me descortinar-lhe um desfasamento entre o processamento e a emissão das ideias que já tinha provocado a hilaridade ou sobressaltos contidos na abertura da apresentação mediática da sua candidatura quando se embrulhou nos nomes que, admitiu ela, teriam sido mais fortes para disputar o lugar ao sr. Fernando Medina. 

O que deduzo, porque me deparei ontem com um estendal propagandista a tapar visão do Parque Eduardo VII a quem circula no Marquês, é que aquela desmesurada mancha só pode significar que os argumentos da candidata se medem em metros quadrados de outdoor.
Como os outros candidatos irão pelo menos caminho, com menos metros quadrados porque a praça é grande mas não é extensível, o Marquês parecerá um redondel até às eleições autárquicas.


Aos ajardinamentos feitos pela C M Lisboa, presidida pelo sr. Fernando Medina, apontou o meu cepticismo o trivial em Portugal em matéria de investimentos públicos: os orçamentos quase nunca contemplam o suporte das despesas de manutenção. No caso dos jardins a situação agrava-se pelas condições climatéricas, cada vez mais agudizadas, de estios que desanimam as melhores intenções. 
Estamos em meados de Julho, pouco mais de um mês depois de dadas por acabadas as obras que mereceram aplausos generalizados, e os efeitos do tempo quente e seco estão à vista em locais que se pretendiam verdes.

É o caso, por exemplo, da Avenida Praia da Vitória, em frente do Dolce Vita Monumental ao Saldanha.
Foram plantadas heras, uma planta relativamente pouco exigente, que não resistiu ao tempo seco, ao vento, ao calor, mesmo se o sistema de irrigação gota a gota não avariou ou secou. Resultado: mandou a Câmara recolher os secos e as ervas em sacos de plástico preto que ontem aguardavam que passasse carro que os transportasse. Visível agora só a terra seca e as tubagens. Entretanto, já estão a aproveitar-se de parte do espaço alguns automobilistas com excessivo sentido de oportunidade.

Apenas dois exemplos a juntar a tantos outros que apontei neste bloco de notas, o penúltimo dos quais aqui.

Friday, July 07, 2017

ALICE NO PAÍS DAS TIAS


Em cena no Teatro Aberto.

Vá ver e verá que valeu a pena.
***
---
Mas, se for de carro, prepare-se para pagar taxa de estacionamento de Zona Vermelha.
É inconcebível, mas é verdade.
Debatendo-se o teatro com muita dificuldade para cativar o interesse dos portugueses em geral, a decisão do município lisboeta é lamentável. Porque coloca a zona circundante ao Teatro Aberto passível de taxa máxima de parqueamento até à uma da manhã, porque limita o estacionamento a duas horas.
Se o espectáculo tem uma duração superior a duas horas, e é o caso, têm os espectadores que sair do teatro para introduzir mais moedas que permitam prolongar o estacionamento para além das duas horas consentidas. 
Acresce que, segundo o que se lê no programa, o Teatro Aberto é apoiado financeiramente pelo município.


Thursday, June 15, 2017

NÃO HÁ AUTARCAS MAUS

É um dado adquirido pela generalidade dos media que as eleições autárquicas em Lisboa e Porto estão decididas: ganham os incumbentes. E esta quase certeza de que quem hoje se senta nas cadeiras do poder local tem, na generalidade dos casos, garantida a sua reeleição, não é de agora porque se vem repetindo desde a instauração da democracia em Portugal. Enquanto a instabilidade na rotatividade dos governos centrais tem sido a regra e o ajustamento dos períodos de governo aos prazos de legislatura a excepção, no poder local a renovação dos mandatos é regra e a alternância a excepção. A perenidade no cargo dos titulares autárquicos é tão evidente que há muito tempo lhes granjeou o apodo de dinossauros e suscitou a emergência legislativa de limitação do numero de mandatos sucessivos. 

Aliás, os exemplares mais desenvolvidos de dinossauros autárquicos não se têm observado em Lisboa e Porto. Cito Lisboa e Porto porque sendo os dois municípios politicamente mais relevantes do país é mais evidente o contraste entre as dificuldades que se colocam aos titulares de cargos no poder central e a garantida popularidade dos autarcas. Regra geral: os ministros claudicam, os autarcas cimentam-se. Por que é que instabilidade é norma a nível central e a continuidade no poder local tão excessiva que foi necessário por-lhe cobro?

Aos autarcas não se colocam opções de decisões politicamente fracturantes, a opinião pública aplaude-lhes a obra que, geralmente, é obra de cimento, ainda que, não raramente, seja de gosto e interesse colectivo duvidosos. Como as obras autárquicas são pagas pelos impostos cobrados pelo poder central, que dificuldades se colocam à gestão autárquica para além da concorrência dos interesses dos empresários que lhes batem à porta? 

No Porto, Fernando Gomes (PS) foi presidente da Câmara entre 1990 e 1999, completando dois mandatos de 4 anos.  A meio do terceiro mandato foi tentado pelo cargo de Ministro Adjunto e da Administração Interna, mas sucumbiu menos de um ano depois de tomar posse ferido pela polémica morte de touros em Barrancos. Ainda tentou voltar à presidência da Câmara do Porto mas, nessa altura, o incumbente Rui Rio cumpriu a regra.

Rui Rio (PSD), eleito pela primeira vez em 2002, sucedeu a Nuno Cardoso, que terminou o terceiro mandato de Fernando Gomes envolvendo-se em várias polémicas, completou o limite, já em vigência, de três mandatos.  Sucedeu-lhe o independente Rui Moreira que agora parece ter a reeleição garantida apesar de não contar com apoios partidários e estar envolvido numa polémica em que se confrontam interesses familiares e do município a que preside. 

Em Lisboa, Nuno Krus Abecassis (AD) completou três mandatos, sucedendo-lhe Jorge Sampaio, então líder do PS, que arriscou a candidatura quando nenhum dos outros principais dirigentes do partido se dispuseram a concorrer. Sampaio completou um mandato, sucedendo-lhe no início de um segundo mandato João Soares, que perdeu a eleição para novo mandato. Nomeado Ministro da Cultura do actual governo presidido por António Costa, João Soares claudicou após envolvimento polémico com dois colunistas do Público.

Sucedeu-lhe Santana Lopes que intercalou o mandato com o curto cargo de PM. Substituiu-o Carmona Rodrigues que, por envolvimento em polémicas com contornos de prevaricação de titular de cargo político, abriu caminho a António Costa que não completou o segundo mandato por ter assumido o cargo de PM, sendo substituído na presidência da Câmara por Fernando Medina.

O desempenho de Fernando Medina tem sido geralmente aplaudido pelas obras (sempre as obras) de reabilitação que a câmara tem vindo a realizar. Algumas delas, já o tenho apontado neste caderno de apontamentos, só fariam sentido se os investimentos feitos tivessem a garantia de suporte financeiro para a sua manutenção. Lamentavelmente, não é essa a tradição em Portugal. Pelo contrário, feitos os investimentos, falham normalmente os serviços de manutenção, e as obras desfazem-se com o tempo. 

Por outro lado, há obras que podem embasbacar muita gente mas são, do meu ponto de vista, despropositadas em número ou em dimensão.


Tradicionalmente, os quiosques de Lisboa têm um carácter distintivo que os torna parte do imaginário identificador da cidade. De tal modo que os CTT os celebraram emitindo há uns anos uma série de pinturas de Maluda.


Por razões económicas que desconheço e de estética duvidosa, instalou a câmara de Lisboa, pelo menos, dois quiosques que são duas enormidades, um dos quais junto ao Monumental - um centro comercial sem grande afluência-, e outro em Campolide, e, próximo deste, uma parede vegetal. Para quê? Havia falta de espaço comercial no Saldanha? E em Campolide? E aquela parede vegetal por quantos meses vai perdurar?
Recordo-me, a propósito, que quando João Soares era presidente, a Câmara colocou mais de uma dúzia de quiosques quadrangulares, modelo caixote, feitos em aço inox, no Martin Moniz. Passado algum tempo, e porque a ideia era bizarra e ninguém pegava nos caixotes, andou a Câmara a oferecê-los a diversas entidades para dispersar a bizarria.
Casos destes há, de Norte a Sul, às centenas.
Foi por estas e por outras do estilo que o sr. João Soares foi batido (à justa) pelo sr. Santana Lopes?
Não foi. Falta-lhe vocação para ganhar eleições.


Friday, May 19, 2017

DEMAGOGIA A METRO QUADRADO

Continua a habitual plantação de outdoors.
A freguesia de Avenidas Novas, pelos vistos bem abonada demais, depois de uma campanha massiva de cartazes XL a comprar votos nas próximas eleições com o embuste do "orçamento participativo", plantou  nova emissão de outtdoors, desta vez a encostar-se às obras da Câmara e a informar que corta os relvados. Em próximos cartazes informará, provavelmente, que também regista caninos.




O primeiro outdoor está colocado atrás do segundo. Em frente deste, a uns trinta metros, isto:


clicar para ver melhor

Friday, October 21, 2016

O JOGO DA CABRA CEGA

"O Tribunal Arbitral condenou a Câmara Municipal de Lisboa a pagar 138 milhões ao grupo Bragaparques, no caso da venda e permuta dos terrenos do Parque Mayer e Entrecampos, atos que foram considerados nulos pelos tribunais." ... "O executivo de Fernando Medina admitia apenas pagar 50 milhões de euros ...." aqui ... 

"Não há culpados. Carmona Rodrigues, Fontão de Carvalho e Eduarda Napoleão absolvidos" - aqui

Não há culpados. 
Mas há castigados:
- Os portugueses em geral.
- Os contribuintes, em particular. 

Castigados pela falta de sentido cívico que consente que subsistam, convivendo sem indignação colectiva, durante muitas décadas, com estas enormidades urbanísticas, estas aberrações legais, esta despudorada inimputabilidade dos que permitiram, e continuam a permitir, por acção ou omissão, estes rombos nos cofres públicos, estas imagens de um património degradado, escancarado para regalo do turista encantado com ruínas do último terceiro mundo do ocidente. 
Que ameaçam continuar a esboroar-se durante outras tantas longas décadas sem que ninguém diga basta! e faça o que deve ser feito: dessacralizar os direitos de propriedade individuais quando estão em causa os interesses da sociedade. 

Tuesday, September 27, 2016

A PROPÓSITO DE IMPOSTOS SOBRE O IMOBILIÁRIO




Quanto pagarão de IMI estes prédios, situados na mais central avenida de Lisboa, emparedados há dezenas de anos? 
São apenas três exemplares entre milhares, privados e públicos, imagens da degradação urbana, da indolência humana, da falta de civismo colectivo, da ganância, de um  país que quer afirmar-se como um dos destinos turísticos de excelência Europa. 
Ou para turistas à procura do último reduto do terceiro-mundo ocidental europeu? 

                                                         (fotos copiadas aqui)
- E a culpa é de quem?
- Dos deputados e das câmaras.
- Hum! Porquê dos deputados, porquê das câmaras?
- Das câmaras porque lhes compete, além do mais, defender a imagem da cidade ...
- Os vereadores não percebem nada de urbanismo ... quem dita as regras são os directores ... aqueles que lá estão há muitos anos ...
- São incompetentes, portanto!
- Não diria tanto... são inexperientes, talvez. 
- Não os desculpabilizes. Se foram candidatos e eleitos, deverão ser julgados pelos resultados das dos órgãos de que fazem parte. Não vamos responsabilizar quem não elegemos, pois não?
- Depois, as câmaras não dispõem de meios legais para intervirem nesses assuntos. Fazem o que podem ...
- Se não há leis, reclamem-mas!
- Reclamar, reclamar, mas julgas tu que é assim tão fácil. Há muitos interesses envolvidos ...
- Não tenho dúvidas que há. Parece-me que entoaste um fado, ou ouvi mal?
- E a quem deveriam eles reclamar?
- Junto de quem tem poderes legislativos ...
- Hui! Em que país é que pensas que moras?

(aqui, remata a guitarra)

Sunday, August 14, 2016

PORTUGUÊS SUAVE*

Apontei aqui há dias a balbúrdia provocada pelas obras ditas de requalificação no eixo central de Lisboa entre o Marquês de Pombal e Entre Campos, implicando a redução de duas faixas de rodagem a favor de mais espaços ajardinados. Como é habitual em Portugal, feito o investimento e cobrados os votos por altura das eleições que se aproximam, os espaços verdes passam em pouco tempo a espaços abandonados porque no orçamento não há cabimento para a sua manutenção. 

A confusão, no entanto, não se limita ao eixo central. No Cais do Sodré, por exemplo, proliferam agora também os blocos de plástico vermelhos e brancos que são a  imagem de marca de uma cidade invadida por uma incontida vontade  camarária de obrar e não limpar, agravando os congestionamentos de trânsito.

Alguns desses ovnis chegaram e ficaram, parece que para sempre.
É o caso do espaço envolvente daquela infame Salomé que há um quarto de século exibe a quem passa na Praça do Areeiro a face decapitada de Sá Carneiro.

Sá Carneiro deveria ser merecedor de mais respeito por parte da Câmara e dos lisboetas.
Mesmo aceitando que a obra de Soares Branco é polémica mas não desprestigiante da figura do homenageado, o abandono a que está votado o espaço à sua volta seria revoltante se houvesse uma centelha de consciência cívica colectiva nos residentes e alguma ponta de vergonha nos autarcas.

Mas não acontece nada.
Para além, evidentemente, de uma permanente fuga em frente, a obrar e andar.
---
A praça ( Francisco Sá Carneiro) insere-se no plano do Bairro do Areeiro, desenhado em 1938 pelo arquitecto e urbanista João Faria da Costa, ficando o projecto dos edifícios da praça a cargo do arq. Luís Cristino da Silva. A praça é unanimemente considerada um dos marcos do denominado Português Suave." - c/p aqui



Monday, May 30, 2016

ARCO DA CONTEMPORÂNEA


ARCOmadrid abriu este ano uma extensão em Lisboa.
Ontem, último dia na Cordoaria Nacional, observava-se um número apreciável de visitantes, a grande maioria dos quais certamente mais motivados pela curiosidade que os objectos e quadros expostos em feiras de arte contemporânea geralmente suscitam do que interessados em adquirir fosse o que fosse do que estava exposto. 
Apreciável nestas ocasiões é o comportamento dos visitantes ocasionais, compenetrados a mirar e remirar sem comentar, deambulando de galeria em galeria, parece que levados por uma devoção mística.

Não sei se esta experiência da ARCO, atentos os resultados, vai repetir-se.
Se for o caso, e se a Cordoaria Nacional continuar a ser o espaço oferecido pela Câmara, espera-se que, pelo menos, haja o cuidado de mandar limpar as camadas de pó acumuladas nos vãos das janelas. 

A menos que tenhamos tomado por camadas de pó aquilo que na exposição é instalação permanente de arte contemporânea. 



Friday, May 27, 2016

DE QUEM É A TROPA?

A notícia foi, de modo muito bem observado, comentada aqui.
Mas não mobiliza o sentido cívico colectivo dos portugueses que se embasbacam com o persistente obrar de muitos governantes para proveito próprio, pelo menos sobre a forma de votos recolhidos, e dos obradores de obra nova. 




A mim, que um dia, vindo de uma aldeia, há muitos anos já, desembarquei numa Lisboa que me chocou pela degradação urbana, pela extensão das áreas ocupadas por barracas, pelo número de famílias a viver num quarto, continua a perturbar-me a generalizada insensibilidade das pessoas perante situações de desaproveitamento evidente de construções e terrenos pertencentes ao Estado, além da tolerância perante as situações expectantes de propriedades privadas degradadas e abandonadas. 


De todos estes (muitos) casos aberrantes, pela sua extensão e centralidade, destaco todo aquele espaço ladeado de muros pinchados na Conselheiro Fernando de Sousa, Artilharia Um, Marquês de Fronteira e Duarte Pacheco Pereira.
Aquilo, não encontro qualificativo mais apropriado, é um nojo. 
Dizem-me: é da tropa.
E de quem é a tropa?

Ainda a propósito desta incontida vontade obradora dos nossos governantes para eleitor ver:
Quem agora, e não sabemos por quanto tempo, tenha de percorrer em viatura a via central de Lisboa, desde o Marquês até ao Campo Grande, vê-se obrigado a circular entre obras de que não se vislumbra o mérito. Sobretudo não se compreende como se aplicam recursos, certamente escassos, em obras que não resolverão o problema do congestionamento de trânsito na cidade. Porque este só se reduz reduzindo o número de viaturas que nela entram todos dos dias. Mas esta redução só acontecerá se restringirem as entradas, actuando sobre os acessos ferroviários ou, preferivelmente, criando condições de mais habitabilidade na cidade. Onde há ainda bastante espaço disponível e prédios degradados à espera que os reabilitem. É uma questão que exige soluções políticas que, se forem as adequadas, não implicam encargos para o OE. 

---

Rectificação:

Disse-me um amigo, hoje, 31 de Maio, que os terrenos a que me refiro neste apontamento "já não são da tropa". Foram vendidos há cerca de 10 anos a um coleccionador de terrenos expectantes. Que compra e deixa ficar à espera que a expectância lhe multiplique convenientemente o investimento. 
- E não assumiu nenhuma obrigação de construir em tempo razoável?
- Pois, parece que não.  Mudaram-se as moscas mas o nojo é o mesmo.
- E ninguém mais dá por ele.

Tuesday, March 15, 2016

LISBOA EFERVESCENTE

...
- Lisboa está efervescente! Não há casas em Lisboa, nem para vender nem para arrendar. Conheço muito bem Lisboa, e garanto-lhe que se tivesse mais casas neste momento para vender, vendia-as de um dia para o outro. 
- Mas vê-se alguma reabilitação...
- Alguma??! Lisboa está outra vez cheia de gruas.
- E há ainda muitos terrenos para urbanizar ...
- Não há. Está tudo comprado. Já não há mais... Agora, só nas zonas mais periféricas.
- Não sei se posso concordar consigo... Por exemplo, muito próximo das Amoreiras, há um quarteirão inteiro, enorme devoluto...
- Não estou a ver ...
- Todo aquele espaço enorme ladeado pela Rua Artilharia 1,  pela Avenida Conselheiro Fernando de Sousa, pela Avenida Duarte Pacheco e pela Rua Marquês da Fronteira...
- Isso é da tropa. Ninguém se mete com a tropa.
- Mas há mais, há muitos mais. Casas e terrenos devolutos, expectantes, não faltam em Lisboa
- Talvez. Mas não são habitáveis. O que lhe garanto é que, o que é habitável, neste momento em Lisboa está tudo vendido. Os preços já subiram imenso e vão continuar a subir. ..
- Os chineses, pelos vistos, continuam  atrás dos vistos gold...
- Agora menos. Agora são mais franceses ... ingleses ... 
- ... por causa da isenção de impostos...
- Também porque em Lisboa têm um custo de vida mais baixo, têm sol, têm segurança ...
- São os estrangeiros que estão a repovoar a cidade.
- Na parte antiga, sem dúvida. Mas também há muitos portugueses, gente nova, sobretudo.
- E os angolanos ...
- Esses só compram filet mignon ...
- Agora compram menos ...
- Ainda compram, ainda estão a comprar
- É bom para os bancos ...
- É bom para toda a gente!
- Porquê?

---
Correl . - Lisboa é uma das capitais mais baratas da Europa, estando agora mais barata que há um ano, segundo o Worldwide cost of living survey do Economist.

Saturday, December 12, 2015

DÍVIDA E DÉFICE DEMOGRÁFICO

Paul Krugman está hoje em Portugal para participar na conferência promovida pelo Banco de Portugal de homenagem a Silva Lopes. A propósito desta visita, com o restrito intento de participar na conferência e encontrar-se com amigos, Krugman dedica hoje na sua habitual coluna no The New York Times mais uma reflexão sobre os "terrible times" que   Portugal atravessou recentemente.

Desta vez, a sua observação -Debt and Demographic Debet Spirals - incide sobre a correlação entre o crescimento da dívida e o decréscimo da popução activa em Portugal desde a erupção da crise  em 2008.


A mobilidade do trabalho é fundamental para o ajustamento dos choques assimétricos nas uniões monetárias. Mas como se garante o reembolso da dívida e o pagamento das pensões de reforma quando decresce o número de trabalhadores activos? 

Dispenso-me de transcrições: A mensagem de Krugman merece bem uma leitura no original. 



"Oh, and Lisbon is really lovely despite all 
— and seems, justifiably, to be attracting a lot of tourists, which surely helps."


Friday, December 11, 2015

RUA NOVA DOS MERCADORES


Um artigo do Público de ontem que vale muito a pena ler e arquivar quem ainda não leu ou não puder adquirir o livro que o motivou.















                           clicar para ampliar


Monday, December 07, 2015

ARTES E DESASTRES DE RUA

A reportagem está publicada aqui, e dá conta da recuperação, pela arte pública, da imagem de um bairro degradado na periferia de Lisboa.

grafiti é, na esmagadora maioria dos casos, sinónimo de degradação, marginalidade, falta do mais elementar respeito pela propriedade pública. Mas é também, quando deixa de ser um acto de vandalismo, qualquer que seja a motivação que lhe esteja subjacente, um modo artístico digno de aplauso, atingindo alguns desses trabalhos valores de mercado que se perfilam pelas obras mais procuradas de arte contemporânea.


Das câmaras municipais, e nomeadamente de Lisboa, têm-se ouvido de vez em quando intenções de disciplina e repressão dos abusos dos grafiteiros. Mas os resultados não são muito visíveis, e a degradação é repulsiva. 


Passagem inferior nos Restauradores, em Lisboa.
Nesta passagem subterrânea, como em muitas outras, há aliança entre o grafiti intimidativo e evidências de falta de higiene.

Tuesday, August 18, 2015

ONDE SE VIVE MELHOR?

 

Segundo o  2015 Global Liveability Ranking comentado sinteticamente aqui, Lisboa estará aproximadamente ao mesmo nível que New York City ou Londres, mas não pelas mesmas razões, quanto a qualidade de vida oferecida aos seus residentes ou visitantes.
Das 10 cidades que ocupam o top do ranking, três são da Austrália, três do Canadá, três da Europa e uma da Nova Zelândia. 
Nos últimos cinco anos, Lisboa manteve a sua posição relativa neste ranking. 
Nada mau.