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Thursday, February 23, 2017

DÉFICE MAIS BAIXO, DÍVIDA MAIS ALTA, EM DEMOCRACIA


c/p Jornal de Negócios

(clicar no gráfico para o ver completo)

O anúncio, à espera de confirmação pelo Eurostat, que, à última hora, geralmente acaba sempre por desacertar-nos as contas, de que o défice do ano passado teria ficado em 2,1%, não mereceu reparo da oposição à direita, que prefere continuar a assobiar para o ar o tiroliroliro dos sms trocados com o sr. Domingues. enquanto, não surpreendentemente, o BE critica o governo por não ter gasto tanto quanto poderia ter gasto se não tivesse exagerado nos cortes para situar o défice abaixo das exigências de Bruxelas. 

Por outro lado, o assunto do recorde do défice mais baixo em democracia, foi contestado - cf. aqui, p.e, - com o argumento de que esse recorde ainda estaria no valor atingido em 1989, era ministro das Finanças o sr. Miguel Cadilhe. O gráfico publicado no JNegócios atribui o recorde a Mário Centeno. Por uma ou duas décimas, ainda sujeitas a confirmação do árbitro. 

De qualquer modo, esta é mais uma das recorrentes guerras do alecrim e da manjerona, porque nem as circunstâncias permitem comparações razoáveis nem o problema deste país é o défice mas a dívida incontrolada e os juros que ela continua a parir. Juros que, em termos históricos, nem resultam de taxas elevadas mas do elevadíssimo volume da dívida. 
Quando as taxas subirem, porque um dia destes subirão, o anunciado défice de 2,1% em 2016 será uma recordação do tempo em que, à falta de outros problemas, os sms trocados com o sr. Domingues eram o problema mais intrincado da política à portuguesa.  

Saturday, December 12, 2015

DÍVIDA E DÉFICE DEMOGRÁFICO

Paul Krugman está hoje em Portugal para participar na conferência promovida pelo Banco de Portugal de homenagem a Silva Lopes. A propósito desta visita, com o restrito intento de participar na conferência e encontrar-se com amigos, Krugman dedica hoje na sua habitual coluna no The New York Times mais uma reflexão sobre os "terrible times" que   Portugal atravessou recentemente.

Desta vez, a sua observação -Debt and Demographic Debet Spirals - incide sobre a correlação entre o crescimento da dívida e o decréscimo da popução activa em Portugal desde a erupção da crise  em 2008.


A mobilidade do trabalho é fundamental para o ajustamento dos choques assimétricos nas uniões monetárias. Mas como se garante o reembolso da dívida e o pagamento das pensões de reforma quando decresce o número de trabalhadores activos? 

Dispenso-me de transcrições: A mensagem de Krugman merece bem uma leitura no original. 



"Oh, and Lisbon is really lovely despite all 
— and seems, justifiably, to be attracting a lot of tourists, which surely helps."


Friday, October 16, 2015

FOTOS DE FAMÍLIA

- Não é grave. Vamos estar dois meses sem governo? Em 2011, a Bélgica esteve 541 dias sem governo, e não acabou por isso ... 
- Pois não, mas a questão não se dirime entre acabar ou não acabar, aguentar ou não aguentar, mas em recuperar ou continuar a penar. A economia portuguesa não tem nem parecenças nem semelhanças com a economia belga. Ou a economia irlandesa, por exemplo. A economia, as finanças públicas (e privadas) portuguesas ainda se encontram nos cuidados intensivos. Alguém tem dúvidas disso?







c/p Economist

Wednesday, August 19, 2015

SUAVE MILAGRE

O PS apresentou hoje o Estudo sobre o impacto financeiro do Programa Eleitoral do PS.
Destacam-se: 
. a criação de 207 mil empregos
. a redução da dívida até 118% 
. e do défice até 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) 
nos próximos quatro anos. 

É curiosa a diversidade de interpretações dos diferentes orgãos da comunicação social sobre as intenções alvo do documento.
Segundo,

 o Jornal de Negócios, "o PS promete a criação de 207 mil empregos até 2019 ...
 o Observador, "o PS prevê ... 
 o Diário de Notícias "o PS compromete-se ...
 o  Jornal de Notícias "o PS estima ...
 o Público, "o PS simula ...
 o Expresso,o PS assume "207 mil compromissos ...

Afinal de que se trata: promessa, previsão, compromisso, estimativa ou simulação?
Trata-se, muito suavemente, de um milagre.

Tuesday, April 01, 2014

TODAS AS DÍVIDAS SERÃO PERDOADAS*

Mateus 18,21-35

21. Então Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?
22. Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
23. Por isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus servos.
24. Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos.
25. Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens para pagar a dívida.
26. Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo!
27. Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida.
28. Apenas saiu dali, encontrou um de seus companheiros de serviço que lhe devia cem denários. Agarrou-o na garganta e quase o estrangulou, dizendo: Paga o que me deves!
29. O outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: Dá-me um prazo e eu te pagarei!
30. Mas, sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago sua dívida.
31. Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes, vieram contar a seu senhor o que se tinha passado.
32. Então o senhor o chamou e lhe disse: Servo mau, eu te perdoei toda a dívida porque me suplicaste.
33. Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti?
34. E o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida.
35. Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração.


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*Colocado aqui

Tuesday, October 16, 2012

SÃO OS JUROS, ESTÚPIDOS!

Vítor Gaspar considerou-se ontem excepcional e longamente preparado para as funções em que foi empossado, respondendo a um jornalista que lhe perguntou se ele se considerava ser remodelável. Dito de outro modo, o ministro das Finanças considera que se for substituido não será por razões de falta de competência sua para o desempenho do cargo. E, no entanto, a contestação à política financeira que defende, e que está plasmada na proposta de OE para 2013 apresentada ontem na AR, não poderia ter um âmbito político mais alargado. De tal modo que se o OE for aprovado e a lei for promulgada pelo PR, o OE 2013 será um instrumento provisório até à queda precoce deste governo porque não existem condições fundamentais internas nem externas para que qualquer dos grandes objectivos (redução do défice, equilíbrio da balança comercial, inflexão da tendência recessiva, inflexão da tendência do aumento do desemprego) seja cumprido. Até o sucesso aparente no reequilíbrio comercial está ameaçado por uma conjuntura externa desfavorável, e, sobretudo muito criticamente para nós, a do nosso maior parceiro e vizinho.
 
A economia portuguesa (pois é aí que residem os problemas mais decisivos e ainda que, aparentemente, menos urgentes) sustentou-se na linha de água durante muitos anos agarrada ao endividamento externo que a banca, de braço dado com os governos, importou, sem olhar a riscos, para a construção civil, obras públicas e sectores protegidos. Era por demais óbvio, mas quem estava sugando não largava a teta, que uma economia não poderia perduravelmente sustentar-se a crédito. À voracidade da banca e dos monopólios de facto aliou-se a demagogia dos governos, que se sustentavam da obra (de cimento) feita, e dos donos dos sindicatos que berravam contra os empresários só quando viam estes levantar a tenda e abalar para sítios onde havia mão de obra barata.
Que o país não podia crescer adoptando um modelo económico sustentado numa política (sem progenitor conhecido) de baixos salários, todos concordavam, e o desemprego crescia.  Quando a construção civil e obras públicas pararam porque o crédito deixou de escorrer, o desemprego disparou. O ciclo da economia de fantasia tinha acabado e os credores decidiram que, a partir daí, mais crédito só com seguro de risco, de prémio elevado. Havia que reduzir o défice para conter a dívida externa, reduzindo a procura e o investimento, e o desemprego subiu mais ainda. Como prémio de consoloção a balança comercial, cronicamente negativa, observava, pela primeira vez há muitos anos, uma clara inversão de tendência.

Mas será essa inflexão suficiente para impulsionar o crescimento, abater dívida e défice, aumentar o emprego? Não creio. A estrutura das exportações portuguesas, apesar da evolução incontestavelmente positiva, para além do contexto internacional desfavorável, não é garantidamente consistente. Suportada em grande medida pela exportação de refinados de petróleo e de forma significativa por reexportaçoes (de fármacos, por exemplo) e actividades deslocalizáveis (Auto Europa, por exemplo), a balança comercial pode, de um momento para o outro, desequilibrar-se mesmo que o garrote fiscal subsista e as importações se contraiam para além da contracção consequente à queda de algumas exportações correlacionadas.

Este país não é, por enquanto, a Grécia, com a qual não queremos que nos confundam, mas também não é a Irlanda, com a qual queremos equiparar-nos. A diferença toda está na estrura económica que nos aproxima a passos largos muito mais dos gregos e nos distancia cada vez mais dos irlandeses. Essa diferença impossibilita-nos de dar o golpe de rins que poderia evitar a reestruração da dívida e a redução dos juros.
Assim, é impossível.

Vítor Gaspar, excepcionalmente capaz para o lugar que ocupa não entende assim ou faz-se desentendido? Em nome de quê? Ou à espera de quê?
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Correl.- Se é assim em 2013 como será 2014? (Bagão Félix)
Metas do défice absolutamente inviáveis (Ferreira Leite)
Estou a retribuir ao país a educação cara que tive (Vítor Gaspar)
Não há margem de manobra para inverter o rumo (Vítor Gaspar)
Ministro desafia deputados a proporem cortes na despesa do Estado
Um ano é pouco para Portugal resolver so seus problemas (F. Ulrich)
Gaspar vai aferir posição oficial do FMI sobre efeitos da austeridade
Previsões do Governo são uma coisa imaginária (Silva Lopes)
Se não fizermos o que é necessário vamos sair do euro mais cedo ou mais tarde (Vítor Bento)
É triste dizê-lo mas Portugal exporta muito pouco (Francisco Van Zeller)
Portugal foi o terceiro país da OCDE que mais empregos destruiu
Gaspar e Cavaco em desacordo sobre FMI
Gostava que este Governo deixasse de estar à direita do FMI e começasse a bater o pé por nós (José Eduardo Martins)
Há espaço para mais corts na despesa (Miguel Relvas)
... não há alternativa - pelo menos para mim, que não consigo vislumbrar futuro fora da zona euro e da União Europeia (Fernando Alexandre)
Algumas medidas do OE são para ganhar tempo  (F Ulrich)
O grande problema está nos bancos (Pedro Lains)
Gosto de chamar ao professor Gaspar "Miguel Vasconcelos" (José Miguel Júdice)
OE é significativamente mau (Tomás Correia)
O OE não é o melhor estímulo para a economia (A Santos Pereira)
Ao segundo dia CDS continua em silêncio (Expresso)
Orçamento é proposta de emêrgencia que vai por coligação e PS à prova (Braga de Macedo)
Presidente da Grécia diz a Merkel que imponha austeridade a outro povo mas não aos gregos
Carga fiscal pode gerar uma septicémia na economia (Bagão Félix)
Não estou disposto a ser cozido em lume brando (Passos Coelho)
Novos cálculos do FMI apontam para queda até 5,3% em 2013 (J Negócios)
Católica prevê uma recessão de 2% (J Negócios)
OE não teve o apoio dos ministros e dos secretários de estado do CDS (vice-presidente do CDS)
Europa tem de perceber que sem crescimento não resolveremos o problema da dívida (A Santos Pereira)
Gaspar pôs o lugar à disposição e Passos responsabiliza Portas por um eventual segundo resgate ( J Negócios)
É uma sorte para Portugal ter Vítor Gaspar como ministro (António Borges)
Portugal está a pagar caro os erros cometidas por outros (François Hollande)
Postos de trabalho na Autoeuropa não estão garantidos (Melo Pires, vice-presidente da Autoeuropa)
CDS vota a favor do orçamento mas quer melhorar a proposta (Paulo Portas)
Previsão do PIB já incorpora o maior impacto da austeridade (Abebe Selassie / FMI)
Espero que o Governo esteja em plenitude de funções depois do OE (Miguel Cadilhe)
Redução do Estado ajuda a cortar 4 mil milhões de euros até final 2014 (J Negócios)
Sacrifícios actuais são peanuts comparados com a saída do euro  (Mira Amaral)
Queda do PIB será muito superior ao previsto (Citigroup)
A troica não vê margem para cortes na despesa ( J Negócios)
É uma verdade de La Palisse que austeridade tem custos no crescimento e no emprego (Passos Coelho)
Há tensões na coligação mas Portugal não deve ter uma crise política (Paulo Portas)
Hollande reconhece vantagens dos países ricos com taxas de juro elevadas dos outros (Público)
O Governo não tem estratégia orçamental (Paulo Trigo Pereira)