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segunda-feira, 25 de maio de 2015

Bizâncio - Yasmina Khadra

Sim sim, eu sei que venho tarde na divulgação das novidades que me interessam MAS, é tanta coisa para fazer que enfim.
Este mês saiu mais um livro do fantástico escritor Yasmina Khadra e posso só dizer uma coisa? Primeiro, adoro a capa! Já ouvi dizer que não tem muito a ver com a história, mas sinceramente, a julgar pela sinopse, até tem. Segundo, o titulo está literal e não me parece que houvesse muita volta a dar quanto ao assunto. Isto tudo, mais uma vez, porque tenho lido por aí comentários de pessoas que não gostam, nem do título nem da capa, nem da letra, nem da cor... bahh já perceberam. Eu acho é que, se gostam do autor, toca a meter os dramas de lado e a comprar o livro para ler. Porque é isso que aqui está em causa.
Li este ano, pela primeira vez na vida Yasmina Khadra, e posso dizer-vos que o seu livro Cada dia é um Milagre, foi até agora, o melhor livro lido este ano! Porquê? Porque o autor cumpre todos os requisitos que um leitor procura num livro e satisfaz a todos os níveis.
Portanto, tendo isto em conta, como poderia eu perder tempo a julgar o livro pela capa, quando já conheço a qualidade do escritor? Percebo que esses aspectos são decisivos quando não se conhece um autor. Mas estamos na era da tecnologia... eu uma rápida pesquisa pela Internet, esclarece rapidamente qualquer indeciso quanto a este senhor.
E pronto. Agora que já sabem a minha opinião sobre o assunto (que é de facto very mucho importante) ide lá ler este grande escritor! =)


Sinopse: Uma jovem estudante é encontrada assassinada na floresta de Baïnem, perto de Argel. Uma mulher, Nora Bilal, é encarregada de conduzir a investigação, longe de pensar que a sua rectidão é um perigo mortal num país entregue aos tubarões de águas turvas.
Que esperam os macacos é uma viagem pela Argélia de hoje onde o Mal e o Bem se sentem constrangidos no meio dos malefícios naturais dos homens.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Cada dia é um Milagre - Opinião

Opinião: Por recomendação da minha querida Carla (que sabe o quanto eu gosto de um bom drama) li Cada dia é um Milagre de Yasmina Khandra. Esta foi sem dúvida uma das melhores recomendações alguma vez feita. Estou até agora, fascinada, parva com o que li e sem saber bem o que dizer acerca deste magnifico livro.
Cada dia é um Milagre, conta-nos a história de Kurt, um médico de sucesso alemão, que no decorrer de uma tragédia familiar, parte à aventura com o seu amigo Hans. Paro já aqui para vos dizer que esta pequena grande tragédia que ocorre na sua vida, logo logo nas primeiras páginas, me deixou a chorar. E continuamos, que é para vocês começarem já a imaginar o drama da coisa e a madalena que eu sou. 
Os dois amigos partem num veleiro com destino às Comores e infelizmente, são interceptados por piratas que os fazem reféns. A partir daqui acompanhamos o drama vivido pelos dois num continente desconhecido, sem leis, sem regras e aparentemente desprovido de esperança. O livro encontra-se dividido em 3 partes: Frankfurt, Blackmoon e Regresso. Em cada uma delas acompanhamos o desenrolar deste rapto e as suas consequências.
Não posso deixar de sentir que diga eu o que disser, escreva eu o que escrever, vai sempre ficar muito por dizer. Yasmina tem definitivamente um dom. O da escrita, o da palavra, o do pensar. Criou uma história aterradora com uma componente humana tão crua e tão profunda, que não consigo deixar de pensar no livro. Um dos aspectos de que mais gostei na história, foi acompanhar não só a perspectiva do Kurt, mas de certa forma, entender as motivações dos raptores. Isentas de lógica, sem dúvida alguma, mas repletas de fundamentos... Joma, o raptor, terá sido por ventura, a personagem que mais me surpreendeu e que mais me chocou. O autor consegue com bastante facilidade criar personagens empáticas e com as quais conseguimos criar uma relação. Resta-me apontar o Francês, a minha personagem preferida. Apanhado no meio de todo este drama, sem ser de facto um estrangeiro mas um nativo de coração, acaba por ser ele o grande apoio de Kurt e o grande motor para o final que o livro teve. 

O único aspecto menos bom que posso apontar, tem a ver com a escrita maravilhosa do autor que referi em cima. Da mesma forma que é envolvente, em alguns momentos, tornou-se arrastada e difícil de acompanhar. Claro que ler este livro à noite não foi a melhor escolha, pois a sua carga emocional é tão grande, que dei por mim muitas vezes exausta ao fim de poucas páginas. 
Enfim, é um livro absolutamente sublime e que me fez gastar uma data de post its a marcar frases e passagens que simplesmente adorei. Se acham que têm estômago para a coisa, arrisquem e fiquem perante um dos melhores escritores que alguma vez li.

" Resiste.
Cada dia é um milagre." -
Hans

"Não escolhi a violência. Foi a violência que me recrutou. De minha livre vontade ou sem dar por isso, não interessa. Cada pessoa lida com o que tem. Não quero mal a ninguém em particular e, portanto, não percebo porque não hão-de estar todos na mesma situação difícil. Para mim, brancos ou negros, inocentes ou culpados, vítimas ou carrascos, é tudo o mesmo. Sou demasiado daltónico para distinguir o trigo do joio. Além disso, o que é o trigo e o que é o joio? O que é bom para uns é mau para outros. Tudo depende do lado onde nos encontramos. Não é necessário sentir pena ou remorso. De que servem quando o mal está feito? Em pequeno, talvez tivesse coração, hoje está calcificado. Quando levo a mão ao peito, só sinto a cólera a jorrar dentro de mim. Não sei comover-me porque ninguém se compadeceu de mim. Sou apenas o suporte da minha espingarda e ignoro qual de nós, eu ou a minha espingarda, comanda o outro" - Joma



Sinopse: Na sequência de um terrível drama familiar, e a fim de superar a sua mágoa, o doutor Kurt Krausmann aceita acompanhar um amigo às Comores. O seu veleiro é atacado por piratas ao largo do litoral somali, e a viagem «terapêutica» do médico transforma-se num pesadelo. Feito refém, espancado, humilhado, Kurt vai descobrir uma África de violência e de miséria insuportáveis onde «os deuses já não têm pele nos dedos de tanto lavarem as mãos». Com o seu amigo Hans e um companheiro de infortúnio francês, descobrirá Kurt a força necessária para superar esta provação? Oferecendo-nos esta viagem surpreendente de realismo que nos transporta, da Somália ao Sudão, para uma África Oriental alternadamente selvagem, irracional, circunspecta, orgulhosa, digna e infinitamente corajosa, Yasmina Khadra confirma mais uma vez o seu imenso talento de narrador. Construído e conduzido com mão de mestre, este romance descreve a lenta e irreversível transformação de um europeu, cujos olhos se vão abrir, pouco a pouco, para a realidade de um mundo até então desconhecido para ele. Um hino à grandeza de um continente entregue aos predadores e aos tiranos genocidas. 


Um relato sublime sobre a perda e o poder de redenção.