21ª Bienal do Livro de São Paulo: Balanço Geral
por Marcelo Moraes
Nos dias 21 e 22 de agosto, dediquei-me a um final de semana apenas para um programa: Visitar a 21ª Bienal do Livro de São Paulo. Para quem não sabe ou não se lembra, em 2008 também estive por lá realizando aquela caminhada sem direção ou sentido determinados. Quer dizer, em termos, pois o mapa da Feira nos orienta muito bem, o que não nos ajuda é a curiosidade em ficarmos parando em cada stand em que você olha e pensa: “parece que está acontecendo alguma coisa ali”, e ir matar a curiosidade; ou também, de não resistir à tentação de parar numa Editora que pouco tem acesso e que te abduz para o seu interior para você cogitar em levar este ou aquele exemplar que te atrai, te atrai e te atrai rss. Mas depois de um tempo você começa a se ambientar e não se importa em andar sem um rumo certo.
Conforme as dicas e o aprendizado na Bienal anterior, reservei-me, novamente, dois dias para a visitação. Não que eu fosse cumprir uma maratona de estandes para querer descrever o que cada uma apresentou neste ano, mas para aproveitar melhor aquele espaço, que só se forma a cada dois anos. Nesta edição, muitas novidades foram observadas em relação a anterior. Como, realmente, não dá para fazermos previsões marketeiras como costumamos fazer com a música ou cinema, com os livros tudo é tão imprevisível quanto acreditar em previsão do tempo nos últimos meses. E por falar em tempo, quanto tempo andando, meeeeeeeeu Deus! Jeeeesus! Fora as intermináveis filas para tudo o que se queria ver ou fazer que ninguém poderia fugir também, ÓBVIO! Compensei os vários dias sem caminhadas pelo parque nas férias! :D
Desta vez, não tínhamos o Dan Brown com seu Código da Vinci liderando o espaço. Se você pensou em dizer, “Já sei, vai falar do Crepúsculo?”, errou! Também esperei que fosse o dono da vez na feira, mas nem o Justin Biber conseguiu ser o senhor das vendas, apenas em estampas de revistas ampliadas para chamar a atenção da meninada. O que eu não esperava e nem me passaria pela cabeça numa aposta qualquer era de que o “Chico Xavier” fosse causar tanto frisson em algumas editoras, que investiram bem na sua divulgação. E, claro, virou uma saga, assim como foi com Dan Brown, onde todos querem dizer ou interpretar os “escritos” de Chico.
No sábado, 21, fui sem aquela intenção de comprar, então andei, andei, andei, mas não deixei de fazer uma outra tarefa importantíssima: fotografar! rss Ah, cada stand é um flash sim, merecido, pois o visual deles está ficando cada vez mais tentador. Eles te atraem pelos olhos, para depois te atrair pelas “letras e capas” dos livros, revistas, panfletos, cartões e sacolas! Pois é, milhares de sacolas rolavam e rolaram por lá! Fiquei pensando: cadê a consciência ecológica no ano que se discute a sustentabilidade? Peguei umas duas só, pois assim que os vendedores se moviam em pegar uma sacola, eu dizia: “Não precisa, vou pôr na mochila, obrigado.”
Além dos livros...
Quem foi à feira apenas para ver livros ou revistas, deparou-se com um leque de opções que faziam da feira um espaço bem eclético, variando do Espaço Gourmet até simulações de uma viagem espacial. E por falar em viagem, uma biblioteca móvel também estacionou por lá! Coisas interessantes, oportunidades de se perceber que não há limites para se contar, se escrever, se aperfeiçoar. É um mundo de novidades, do macro e do micro universo literário. Disse micro, pois havia até mini livros, para não dizer micro-livros, que chegam a ter menos de dez centímetros de comprimento! A câmera guardada e o cansaço de fim de feira, não me fizeram registrar este espaço. Mas o achei muito curioso e original.
A área voltada às crianças, que na feira anterior era um dos grandes atrativos, estava sem muitas novidades, só o encanto de livros que tocam música, ficam tridimensionais ou viram algum boneco (e cenários lúdicos). Mas o que foi impossível de se visitar foi o stand reservado às obras de Monteiro Lobato. A decoração do espaço e a disposição das imagens foram de muito bom gosto, passei por lá nos dois dias.
Sucesso Garantido
O universo dos quadrinhos é mesmo fascinante. Não há formas de descrever tamanha atração que eles causam em todos nós, que sempre vão de encontro a algum personagem que compõe a nossa “história”. O estande da Comix e Panini, só pela observação, foram os mais visitados, ou pelo menos, os que mais público mantiveram cheios os seus espaços. Para entrar na Comix era necessário entrar na fila. Entrei, para ver o que viria por lá. Uma overdose de mangás de tantos jeitos que me senti um patinho feio diante de tantos emos, adolescentes e adultos falando de um idioma que eu viajava legal! Saí logo para não me sentir pagando mico a mim mesmo rss Do lado de fora me senti em casa, pois era onde ficavam expostos os gibis da Turma da Mônica, que desta vez, apresentava suas versões em Inglês e Espanhol. E esta turma é mesmo do barulho, pois a presença da Mônica e do Cebolinha no estande da Editora Globo causou o maior frisson por lá, coisa digna de celebridades “reais”! A criançada deixou os pais enlouquecidos. Fiquei deveras impressionado com o poder que estas figuras (fantasiadas) mexem mesmo com a fantasia de qualquer “criança”. Palmas para eles, palmas para o Maurício que mantém nosso produto multinacional sempre vivo!
No geral, ficou mais claro que esta feira não investiu num tema específico, deram mais espaço às obras diversas para atrair todos os nichos que elas atingem, pois quando focam num tema, muitas vezes o stand lota de curiosos e de poucos visitantes pagantes, que saem de lá insatisfeitos por não poderem visitar o espaço que lhes interessa. Achei muito bom este comportamento das editoras em relação à Bienal 2008.
Blog na Bienal?
E foi podendo visitar os estandes menos populosos que conheci o Prêmio BLOG BOOKS, que a Vanessa do Fio de Ariadne está participando. Eu o desconhecia por total. Em linhas gerais, é um concurso para eleger blogs que têm seus conteúdos focados na literatura, para virarem livros. Retirei o catálogo 2010, que tem um resumo de cada obra selecionada no prêmio anterior. Achei esta ideia muito chique! :D Para quem não bloga, é um meio de conhecer o espaço de quem bloga. Mas para mim, o gosto bom continua sendo o de ver tudo aqui pelo universo ponto com, não acha? Bora torcer para a Vanessa? Clique aqui e deixe o seu voto!
Seguindo a tradição destas feiras, durante o evento, algumas editoras levam alguns de seus autores para fazerem a “tarde de autógrafos”, que começa logo no início da feira e se estende até a noite. E neste tempo encontrei, novamente, com Ziraldo, Maurício de Souza, Pedro Bandeira e, desta vez, Gabriel Chalita.
Finalizando, no dia 22, claro, fui passar pelos caixas para aproveitar as promoções de fim de feira: comprei (quase) todos os livros e revistas que me atraíram com descontos de 25% a 70%. Quase porque, mesmo com os descontos, a tentação sempre fala mais alto, né? Mas o auto-controle estava no modo ON rss.
Como eu disse: “Conforme as dicas e o aprendizado na Bienal anterior” aprendi esta lição. Mas é um evento que faço questão de ir, não para voltar carregado de livros, mas para conhecer o que rola entre as editoras, conhecer novas e, claro, sentir o prazer de estar num ambiente rico de palavras, gestos, sons, imagens e conhecimento.
Os prós e os contras…
Na Bienal passada elogiei o esquema de transporte do metrô à feira e da mesma ao metrô, porém, desta vez, o que pecou foi a organização, por parte da feira, de não distribuir MAIS (muito MAIS) funcionários para darem uma organizada nas filas que cresciam num piscar de olhos. Dos poucos que ficavam por lá, as caras de “meu Deus, quanta gente!” eram tão comuns quanto reclamar do calor que nos tocava a cada instante na fila. Neste quesito, a feira teve nota baixa, pois os ônibus, pelo contrário, tinham até ar condicionado e bancos estofados!
A próxima Bienal do livro de São Paulo será em 2012, antes mesmo da Copa de 2014. Mas com tantas especulações e “previsões” que andam fazendo acerca destas datas, será que vai rolar? :p
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