Seguidores

Mostrar mensagens com a etiqueta Jose Saramago. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Jose Saramago. Mostrar todas as mensagens

domingo, 9 de dezembro de 2012

Ensaio sobre a Lucidez - José Saramago


            
           Saramago disse muitas vezes que não escrevia para pessoas conformadas ou satisfeitas; escrevia para leitores desassossegados. A sua escrita pretendia desassossegar. Ensaio sobre a Lucidez é mais um exemplo disso. Decorria o ano de 2004, Saramago, vencedor do Prémio Nobel da Literatura de 1998 já era uma figura mundialmente aclamada, tinha 82 anos, quem pensava que o Nobel e a idade levariam o autor ao conformismo, enganou-se! Saramago publicava mais um livro que desagrada às tais pessoas conformadas e satisfeitas. Desta vez, políticos e cidadãos eram responsabilizados pelo estado a que a democracia chegou.
                “Vi que eram quatro horas e disse para a família Vamos, é agora ou nunca.”
                Na mesma cidade onde há uns anos uma estranha doença designada Cegueira Branca tinha-se instalado, decorria um ato eleitoral. A cidade era conhecida por ter uma democracia consolidada. Estranhamente, mesmo tento em conta as condições climatéricas adversas, eram muito poucos os votantes até às três da tarde. Sem uma razão aparente, a partir das quatro horas da tarde a população dirigiu-se massivamente as mesas de voto, já passava da meia-noite quando o ato eleitoral acabou.
                “Os votos validos não chegavam a vinte e cinco porcento, distribuídos pelo partido de direita, treze por cento, pelo partido do meio, nove por cento, e pelo partido de esquerda, dois e meio porcento. Pouquíssimos votos nulos, pouquíssimas as abstenções. Todos os outros, mais de setenta por cento da totalidade, estavam em branco.”
                O estado de sítio foi declarado; os políticos não percebiam o que estava acontecer e temiam que outras cidades se inspirarem no que ali se passava; a censura voltou a ser utilizada; houve quem propusesse a construção de um muro em torno da cidade. Governo, polícia e militares abandonaram a cidade, mas estranhamente nada de novo se passava, as pessoas continuavam com a sua vida, normalmente. Porquê? Como era possível? Simplesmente os habitantes tinham tido a lucidez e a consciência da sua responsabilidade.
                “O único crime desta gente foi votar em branco, não teria importância de maior tivessem sido só os do costume, mas foram muitos, foram demasiados, foram quase todos.”
                Não basta culparmos os banqueiros, os políticos, ou os economistas pelo atual estado da nação. Não tivemos consciência, não dissemos Não, vivemos sem a lucidez destes habitantes e chegámos há situação atual. Culpados, nós? Sim, pela inércia, pela falta de consciência, porque deixámos que tudo fizessem sem nada opormos.
                Numa altura em que se comemora os noventa anos do nascimento de José Saramago, está é, pelas piores razões, uma obra mais atual do que há data da sua publicação.
                Boa leitura….

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

História do Cerco de Lisboa - José Saramago


               
              Se fosse vivo, José Saramago, completaria no próximo dia 16 de Novembro 90 anos. É um autor que não precisa de apresentações mas, para aqueles que não conhecem a grandeza da sua obra, basta relembrar que continua a ser o único autor de língua portuguesa vencedor do Prémio Nobel da Literatura.
                Na leitura deste livro não é só a historia do cerco de Lisboa que passamos a conhecer; também é contada a história da tomada de Santarém, assim como o milagre de Santo António, ou o milagre de Ourique, onde Cristo apareceu a D. Afonso Henriques, e claro a estória de como seria o cerco a Lisboa se os cruzados tivessem dito não ao Rei Português, mas esses factos não são os mais relevantes neste livro.
                “Com a mão firme segura a esferográfica e acrescenta à palavra, uma palavra que o historiador não escreveu, que em nome da verdade histórica não poderia ter escrito nunca, a palavra Não, agora o que o livro passou a dizer é que os cruzados Não auxiliarão os portugueses a conquistar Lisboa, assim está escrito e portanto passa a ser verdade”
                Raimundo Silva, no seu trabalho de revisor, acrescentou um não nesta história, e é esse não que tem mais importância neste livro, pois, na nova história do cerco de lisboa, também os soldados tiveram a coragem de dizer não:
                “Saiba vossa alteza que não, ou me pagam pela tabela dos cruzados, ou não vou mais à guerra”(…)”pensai também que acto de justiça pagar o igual com o igual, e que este país em princípio de vida só começará mal se não começar justo”
                Estas palavras do soldado Mogueime leva-nos a um raciocínio: como seria diferente a história da humanidade se mais pessoas tivessem a coragem de dizer não.
                 A história de amor entre Raimundo e Maria Sara, sua superior hierárquica, também tem bastante destaque ao longo do livro. Mas será que a história de amor de ambos é muito diferente da história de amor entre Mogueime e a prostituta Ouroana?
                “Parece que estamos em guerra, e é guerra de sítio, cada um de nós cerca o outro e é cercado por ele, queremos deitar abaixo os muros do outro e continuar com os nossos, o amor será não haver mais barreiras, o amor é o fim do cerco.”
                A Deus são feitas muitas críticas. Uma pergunta torna-se inevitável, se Deus ajudou tanto os portugueses nesta batalha, como consentiu que as tropas que lutavam em Seu nome fizessem o seguinte ato: “foi toda a população passada à espada homens, mulheres e meninos, sem diferença de idade e terem ou não terem arma na mão”. E qual será a maior e melhor divindade: Deus ou Alá?
                Boa leitura…      

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

segunda-feira, 18 de junho de 2012

José Saramago deixo-nos há dois anos


     Faz hoje dois anos que José Saramago nos deixou, não morreu, porque pessoas como Saramago nunca morrem. Muitas vezes, foi através dos olhos deste homem que eu tomei conhecimento das maiores atrocidades que o ser humano é capaz de fazer.Não é do escritor que tenho mais saudades, para mim Saramago ainda tem muitos livros inéditos, pois ainda não os li todos, tenho bastante saudade é de ouvir as suas opiniões, sobretudo aquelas que publicava no seu blog.


Sugestões e citações de livros de Saramago:
http://sugestaodeleitura.blogspot.pt/search/label/Jose%20Saramago

terça-feira, 13 de março de 2012

José Saramago - Cadernos de Lanzarote Diário II



Cadernos de Lanzarote, Diário II, foi escrito há 18 anos. Todos os dias José Saramago escrevia nesse seu caderno. A pergunta que se coloca é inevitável: Será proveitoso ler um diário escrito no ano de 1994? Infelizmente o mundo não mudou tanto assim deste então, razão pela qual este diário ainda é bastante atual.
Muitos amigos de Saramago são mencionados: Jorge Amado; Siza Viera; José Rodrigues Migueis; Eduardo Lourenço; Mário Soares, mas também fala de pessoas que não gosta como Cavaco Silva; Mario Vargas Llossa; ou António Lobo Antunes.
O Nobel que chegaria em 1998 já era tema de algumas crónicas. Deus, também ocupou várias páginas. Com uma humildade extrema, revela que muitas vezes teve na fila da sopa dos pobres, também dá a conhecer que estava previsto ser preso pela PIDE a 29 de Abril de 1974.
Sobre os seus livros garante que o Memorial do Convento “já está na História de Portugal”. Também publica um excerto de uma crítica ao Memorial, onde Ângela Caires afirma: “Para não falar do flop total de outra tentativa, Memorial do Convento, de que seguramente ninguém guarda memória.” O Evangelho também é abordado, e nesse ano escrevia o Ensaio Sobre a Cegueira.
O seu ceticismo perante as atitudes dos seres humanos é bem patente ao longo de todo o diário, entre outras coisas, fala sobre o holocausto e do medo que possa um dia voltar, critica a política de Fidel Castro além de manifestar apoio ao regime. Sobre a europa prevê que um dia será comandada pela Alemanha, relativamente a Portugal, afirma que os nossos maiores inimigos somos nós mesmos.
 O reconhecimento pelo seu trabalho chegava dos mais diversos recantos do mundo, o que o levou a afirmar que razão tinha quem dizia que ninguém é profeta na sua terra.
Muitas mais coisas são abordadas neste diário, o melhor é mesmo lê-lo, eu já comecei a ler outro, o diário I.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

José Saramago, Cadernos de Lanzarote

Não consigo é mais forte do que eu....
Cada vez que pego num livro de Saramago apenas para ler algumas páginas, acontece-me sempre a mesma coisa, acabo por o ter que levar comigo e lê-lo todo.
Cadernos de Lanzarote Diário II é só mais um exemplo do que sempre acontece.

Sugestões de leitura e citações de livros de Saramago:
http://sugestaodeleitura.blogspot.com/search/label/Jose%20Saramago

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

José Saramago - Ensaio Sobre a Lucidez


Os tornados são fenómenos meteorológicos pouco frequentes no nosso país. O livro que acabo de tem a força de um tornado, mas dos mais violência que a história registou. Em pouco mais de 300 páginas, Saramago mostra-nos como é a actual democracia e como todos nos somos responsáveis por está situação.
Se chegamos à situação que o país se encontra, deve-se muito a falta de consciência das nossas populações. Não foram só os políticos, os banqueiros, ou os especuladores que nos levaram há actual crise. Não tivemos consciência e portanto somos todos responsáveis. Acho que essa é uma das principais mensagens a reter em Ensaio Sobre a Lucidez.

Sugestões e citações de livros de Saramago:
http://sugestaodeleitura.blogspot.com/search/label/Jose%20Saramago


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

José Saramago em Ensaio sobre a Lucidez



Sobre o número da grave geral de ontem

"Se ainda cá estivessem os aritméticos da polícia diriam que, ao todo, não eram mais de cinquenta mil pessoas, quando o número exacto, o número autêntico, porque o contámos todas, uma por uma, era dez vezes maior."


Sugestões de leitura e citações de livros de Saramago:
http://sugestaodeleitura.blogspot.com/search/label/Jose%20Saramago

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Saramago completava hoje 89 anos...


Estou a ler o Ensaio Sobre a Lucidez, cada vez tenho mais a certeza de uma coisa: Saramago não tem bons livros, ou são muito bons, ou simplesmente são obras de arte.
Este pequeno video bem podia servir de introdução ao Ensaio Sobre a Lucidez.

Sugestão de leitura e citações de livros de Saramago:

terça-feira, 13 de setembro de 2011

José Saramago em A Viagem do Elefante

O mesmo céptico, se aqui estivesse, não teria outro remédio que depor por um instante o seu cepticismo e reconhecer, Bonito gesto, este carnaca é realmente um bom homem, não há dúvida de que as melhores lições nos vêm sempre de gente simples.

Outras citações de Saramago:
http://sugestaodeleitura.blogspot.com/2011/08/jose-saramago-cadernos-de-lanzarote.html

Sugestões de leitura de livros de Saramago:
A Viagem do Elefante:
http://sugestaodeleitura.blogspot.com/2009/01/aviagem-do-elefante-jose-saramago.html
O Evangelho Segundo Jesus Cristo:
http://sugestaodeleitura.blogspot.com/2011/06/o-evangelho-segundo-jesus-cristo-jose.html

terça-feira, 2 de agosto de 2011

José Saramago - Cadernos de Lanzarote

"Não foram poucas as vezes, no tempo da adolescência, que ocupei um envergonhado lugar na fila de aspirante à sopa e ao quato de pão que se serviam naquele atarracado e soturno edifício fronteiro à igreja dos Anjos."

Sugestões sobre livros de Saramago:
O Evangelho Segundo Jesus Cristo:
http://sugestaodeleitura.blogspot.com/2011/06/o-evangelho-segundo-jesus-cristo-jose.html
A Viagem do Elefante:
http://sugestaodeleitura.blogspot.com/2009/01/aviagem-do-elefante-jose-saramago.html

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Evangelho Segundo Jesus Cristo - José Saramago

                No próximo dia 18 de Junho fará um ano que José Saramago nos deixou. Publicado em 1991, O Evangelho Segundo Jesus Cristo foi o seu livro mais polémico. O livro era candidato a melhor romance europeu do ano quando, o governo de então, liderado por Cavaco Silva, decidiu censurar a participação da obra nessa distinção. Em virtude disso, Saramago foi viver para a ilha espanhola de Lanzarote com a sua esposa Pilar del Rio. Não ganhou esse galardão, mas em 1998 tornou-se o único autor de língua portuguesa a vencer o Premio Nobel da Literatura, o mais importante prémio literário mundial.
                A figura central deste romance é Jesus, filho de José e de Maria. Jesus vive maritalmente com Maria de Magdala que antes de o conhecer era prostituta. São muitos os temas abordados ao longo do livro. É através de Jesus que ficamos a saber, por exemplo, que Deus tem pouco ou nenhum respeito pelas mulheres; ou que adora que em sua devoção lhe sacrifiquem animais vivos, mas só se estes não tiverem qualquer espécie de deficiências; em diálogo com Jesus, Deus revela que para ambos se tornarem famosos terão que existir muitas guerras, assim como as Cruzadas e a Inquisição, onde milhares de pessoas serão mortas, outras torturadas, outras ainda mutiladas (“quanto de morte e de sofrimento vai custar a tua vitoria sobre os outros deuses, com quanto de sofrimento e de morte se pagarão as lutas que, em teu nome e no meu, os homens que em nós vão crer travarão uns contra os outros”). No fim do livro Jesus afirma, referindo-se a Deus: “Homens, perdoai-lhe, porque ele não sabe o que fez.”
                Este é um livro para ser lido tanto por crentes como por ateus porque como o autor afirma: “ Tudo quanto interessa a Deus, interessa ao Diabo.”
                Boa leitura…

sábado, 10 de janeiro de 2009

A Viagem do Elefante - Jose Saramago


Partindo de uma história real, o novo livro de José Saramago conta a história da viagem de um elefante indiano, que já se encontrava em Portugal á dois anos e que foi oferecido pelo Rei João III ao seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do imperador Carlos V. A caminhada aconteceu no século XVI entre Lisboa e Viena.
No entanto, o autor ressalva: “Aquilo que deu sentido, literariamente falando, há vida do elefante e sem a qual provavelmente o livro não teria existido é o final da vida do elefante. Se quando o elefante morre não lhe tivessem cortados as patas dianteiras para fazer delas bengaleiros, provavelmente o livro não tinha sido escrito.”
Com base nesses escassos elementos históricos e sobretudo valendo-se da sua poderosa imaginação, o vencedor do Premio Nobel da Literatura de 1998 escreveu o seu novo livro - A Viagem do Elefante.
Para além do livro ter mais de 250 páginas, o autor prefere chamar-lhe conto em vez de romance “porque falta uma história de amor”, Saramago ironiza “o elefante não conhece nenhuma elefanta no caminho.”
Porque todos nós um dia perdemos as “patas dianteiras”, o conto A Viagem do Elefante é um livro a não perder
Boa leitura…