Para todos os interessados aqui fica o Despacho da PIDE que autoriza a publicação do Hospede de Job de José Cardoso Pires.
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terça-feira, 9 de outubro de 2012
Despacho da PIDE que autoriza a publicação do Hospede de Job de José Cardoso Pires
Para todos os interessados aqui fica o Despacho da PIDE que autoriza a publicação do Hospede de Job de José Cardoso Pires.
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
O Hóspede de Job - José Cardoso Pires
Outubro é o mês que se assinala a data
do nascimento assim como da morte de José Cardoso Pires. Nasceu na aldeia de
São João de Peso, conselho de Vila de Rei a 2 de Outubro de 1925 e foi em Lisboa,
a 26 de Outubro de 1998, que viria a falecer.
Ao longo da sua carreira publicou vários
livros e conquistou vários galardões literários. Com “O Hospede de Job” venceu
o Prémio Camilo Castelo Branco, obra dedicada ao seu irmão que perdeu a vida
quando cumpria o serviço militar obrigatório.
“Na véspera, as mulheres tinham marchado
sobre a Vila e, todas em coro, apresentaram-se na Câmara. Pediam pão para casa,
trabalho para os maridos.”
Editado pela primeira vez em 1963 mas
escrito em 1953, O Hóspede de Job é um livro que descreve muito bem o Portugal
de então. Dessa forma descobrimos um país onde o desemprego abundava e a fome
era uma constante; onde as pessoas, pela força da necessidade, faziam muitos
quilómetros a pé na esperança de arranjar emprego; onde já existiam algumas máquinas
agrícolas, mas onde essas mesmas máquinas preocupavam os trabalhadores pois
pensavam que ainda iriam agravar mais a falta de trabalho; nessa altura os guardas
andavam pelas aldeias a cavalo e prendiam muitas pessoas por aspetos políticos
e os jovens eram obrigados a cumprir o serviço militar.
“Na grande maioria são homens-operários,
homens-camponeses, cobertos com uma farda que cobriu antes deles outros
operários, outros camponeses, ou pescadores”
O filho de Aníbal é um desses homens. No
quartel onde está fazem-se testes militares comandados pelo hóspede de job,
Gallager, um americano a mandar nas nossas tropas. João Portela, que esfomeado
andava naquela zona há procura de emprego fica sem uma perna por causa dos
testes militares, ele simboliza todos aqueles que ficaram sacrificados pela
tirania de uma ditadura. Tio Aníbal é o típico português que se preocupa com a
vida dos outros. Floripes, uma jovem, está pressa numa cela por cima de uma
Igreja, sitio onde já poucas pessoas rezam.
“Tu não pertences aos presos comuns…”
Este livro reaviva o passado para que
essas memórias não sejam esquecidas, mas existe uma pergunto inevitável: Como é
que a PIDE autorizou a publicação da obra?
Boa leitura…
domingo, 9 de setembro de 2012
José Cardoso Pires em O Hóspede de Job
Após a amputação da perna de João Portela:
"Agora ainda não é nada. O pior vai ser quando acordar. Diz o nosso sargento que as pessoas continuam durante muitos dias a julgar que têm perna, braço ou seja lá o que perderam. Chegam a sentir dor, vê tu. Já pensaste o que é ter dor numa coisa que não existe? Procurar aqui e não achar nada."
Excerto da página 144.
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