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sábado, 9 de novembro de 2013

Cabeça de Ogre



OhGr : SunnyPsyOp (Spitfire; 2003)
Pailhead : Trait (TVT; 1993)

OhGr é o Ogre dos Skinny Puppy mais um gajo, Walk, que faz as programações. Ando por aí a dizer que não tenho paciência para o Pop e Rock mas sou um mentiroso, quando há coisas como este segundo álbum dos OhGr não resisto a ouvir dias a fio e pavio. Não é todos os discos que puxam desta forma, para o tribalismo electrónico, para o Cartoon com trago de Tim Burton, para uma gaguez do software e de vez enquando um trólóró com vocoder. Se Skinny Puppy sabe a um cadáver a ser arrastado pela lama por mulas mutantes, OhGr é esse cadáver a ser acordado de manhã a mamar bebidas energéticas e palmiers recheados. Talvez por isto tudo que o imaginário da banda passa pela capa realizada por Camille Rosa Garcia... Mas nada é óbvio aqui, este projecto produz faixas que mostram que se pode fazer música imaginativa sem copiar outros ou sem reproduzir os seus próprios chavões ad nauseam como todas as bandas que andam para aí - tirando Die Antwoord e Otto Von Schirach, claro! OhGr devia estar no Top+ (ainda existe essa merda?)
Foi por causa de Soulfly que fui recuperar os Pailhead... Grupo de registos fragmentados e que são todos compilados neste CD porque só fizeram seis músicas ou se preferirem três singles entre 1987 e 1988. Pailhead eram o Ian MacKaye (Minor Threat, Fugazi) com os dois mamados da fase dourada dos Ministry (o Al Jourgensen e Paul Barker) que nos anos 80 e 90 tinham projectos com toda gente alternativa nos EUA - PTP, Lard, Revolting Cocks, 1000 Homo DJ's (melhor nome de sempre!), Acid Horse, Lead Into Gold, etc... Pailhead é mais uma peça do puzzle dessa época magnífica que girava em volta da editora Wax Trax! (de Chicago) e a invenção do Rock Industrial pelos norte-americanos - daí a inclusão deste disco com o de OgHr porque acabam-se por tocar pela história comum de ligações Ministry / Skinny Puppy / Pigface. Este projecto soava mais a Hardcore ou Crossover do que a Electrónica ou Industrial, com um pé nos Killing Joke, onde se topa um baixo potentíssimo (a lembrar Ministry, claro!) e a voz (e letras) de MacKaye, esse ícone do DIY. Grande dúvida como é que o gajo Straight Edge andava com dois gajos agarradíssimos à heroína? Talvez ainda não fossem, Pailhead é anterior ao The Land of Rape and Honey que mostrou ao mundo como se fazia Metal com maquinarias, embora aqui falte o ruído bizarro de fundo que eram a marca dos Ministry. Grande som Rock! Afinal nem tudo é mau vindo de Soulfly!

sábado, 22 de maio de 2021

Fuck you all, é um dos melhores discos de Rock de sempre!

 


É uma merda ser kota vindo dos anos 90, não tinha guito e foi tudo ouvido em k7s manhosas, álbuns incompletos, tudo manhoso! Agora que tenho guita, YES!, posso comprar os CDs que quiser e recuperar discos do caralho, fuck you all!!! 

Fontanelle (Reprise; 1992) das Babes in Toyland é um power que está lado-a-lado com qualquer Nirvana ou Big Black. Aliás, desde este disco que não há Rock assim!!! Um dia volto a isto menos excitado!

Desculpem, podem voltar ao vosso Netflix e outras punhetas...

PS - 'pera lá, vendo a ficha técnica, finalmente, topo que a produção esteve a cargo de um Sonic Youth (Lee Ranaldo) , o "mixing" por um Skinny Puppy (Dave Ogilvie) e a "masterização" a cargo de Howie Weinberg que já trabalhou para tudo que é gato sapato neste planeta Pop, da Madonna ao "grande poeta de Chicago" (cóf cóf cóf). Isto explica o disco ser uma bujarda? Mas que significa também que afinal é um grande artifício?

PPS - ouvindo o álbum de estreia Spanking Machine (Twin/Tone; 1990) que elas já eram boas mas realmente o som é mais garage ou o que seria o Grunge. Fontanelle é outro campeonato, parece uma ópera de punks, tal é a forma como os vocais são esticados e dramatizados. Musicalmente é mais rico, com breaks e momentos Dark, como o instrumental Quiet Room. Sim, há qualquer coisa de Skinny Puppy apesar de estarmos em terrenos Rock.

PPPS - Nemesisters (Reprise; 1995) pode ser um grande título para disco mas é um bocado chato e paradoxal, tanto mantem as características da banda que tanto correm muito bem como parece uma caricatura grunge sacada ao Hate do Peter Bagge, como experimentam cenas que não tem interesse nenhum como fazer uma péssima e irónica (?) versão de We are Family das Sister Sledge, o que se tornou um paradigma nos anos 90 para bandas esgotadas de ideias. Se calhar este é o famoso "díficil segundo álbum" da banda - embora seja o terceiro, arf arf arf... Ainda assim rocka só que uma hora de disco para este tipo de som não resulta, especialmente com a palha metida pró fim.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Arte física vs Música Digital

A minha recente ida ao Porto levou-me também a gastar alguns Euros em discos na Louie Louie que estava bem guarnecida de Electrónica / Indústrial desta vez. Admito que comprei quase tudo por causa das capas e acertei nelas, na música nem por isso.

Terminal 11 já conhecia e fui outra vez na onda. Sei lá, era só 5 paus e há de se confiar em editoras como a Hymen dos quais seguem os próximos três discos aqui descritos. O CD Fractured Sunshine (2007) é um bom disco de IDM e Breakbeat caso o género em si já não cheirasse a mofo, a um anacronismo musical chato da mesma forma como o Drum'n'Bass se tornou insuportável de ouvir passado 20 anos depois. As imagens de paisagens desoladoras que percorrem a capa, contra capa e o livrinho nada têm haver com a música. Já os pássaros da capa fazem mais sentido, o IDM / Breakbeat soa à lógica desta espécie de animais, tipo irrequieto, pouco cérebro (birdbrain?) e com um bico que pode fazer barulho quando aplicado noutro material - os pica-paus são Industrial, pá! Reparo até que as últimas quatro faixas tem títulos de "bird qualquer coisa" mas nem faz muito sentido. Seja como for, é um disco porreiro de ouvir uma vez ou outra. E sempre é melhor que ouvir discos portugueses, por exemplo.

Snog é o que todos nós deveríamos ser: anti-consumistas, anti-copyright, anti-capitalistas, anti-fascistas, iconoclastas, etc... Mas como título do CD revela - Relax into the abyss (2000) - preferimos relaxar para cairmos no abismo (do Capitalismo). Mesmo passando 17 anos a capa de Chris Woods (e outras pinturas na embalagem) fazem sentido: as grandes marcas comerciais controlam a vida do planeta e tudo o que fazemos e pensamos. Mas não me parece que é também com Snog que se muda de atitude de tão pouco imaginativo que é - não que a música seja má mas também não tem nada de outro mundo. Nem fazendo misturas novas dos temas se vai lá. E como todos os discos de "remix", é um pot-pouri de intenções e desconstruções, puzzles mal-amanhados mesmo que não se tenha ouvido os temas originais. Simpático mas sem génio.

Trevor Brown na capa! Ok, ok, ok, o CD é do Venetian Snares! VS merece respeito mas o Brown tem feito capas icónicas para os terroristas sónicos Whitehouse, já para não falar da censurada capa Once upon the cross dos satânicos Deicide. Só por isso vale este disco intitulado Doll Doll Doll (2001) mas também poderia ser Dull Dull Dull. Breakcore muito excessivo em breakbeats e batidas com sabor metálico com algumas paragens em ambientes jazzísticos, não se sabe bem porquê dado ao teor pseudo-necro-pedófilo das músicas. Uma seca, é como ouvir três CDs de drum'n'bass ao mesmo tempo. As ilustrações de Brown é que são fixes, só que são de um tamanho minúsculo que dá dó. Sabem? Merda prós CDs! Ou melhor, merda para os designers idiotas que não sabem pensar em centímetros. Custava muito ter as ilustrações ampliadas ao formato do CD tal como as pinturas de Woods no "digipack" de Snog? Dah!

Não havia cinta a identificar os Monokrom e o seu CD One fine Day in the Pyramid (Ant-Zen; 2008) mas como resistir a uma embalagem feita de gesso? ... ah!?
Noise branco como umas tirinhas virgens de múmia. Felizmente faixa sim, faixa não, os Monokrom dão um bocado de ritmo à barulheira assim a dar para o Teknoise... Quando assim é, é música para foder na cama, à bruta, sonho de qualquer "teenager" - Noise + ritmo não acham? (Senão concordam é porque nunca foram jovens normais!)
Ainda estou para perceber se vou ficar com isto. Se sim é só por causa do gesso ou se é pelo gesso mais alguma barulheira que fica sempre bem lá em casa. A verdade é que já não sou "teenager" nem a minha mulher... Hum... complicado...

E por fim... Manuel Ocampo e Skinny Puppy, yes! Provavelmente uma das melhores bandas do mundo! Mythmaker (Synthetic Symphony + Hell-O dEathday; 2007) é o segundo álbum após o regresso destes destes Industrialitas de referência após um fim nos meados dos anos 90. Se o Synth sempre foi o que mais promoviam, as mutações das tecnologias obrigam-nos a irem cada vez a serem mais artificiais. Também soam mais Pop tal como aconteceu com a carreira a solo de OhGr (membro deste "cão escanzelado"). 'Tá difícil ouvir isto sem achar que é uma chachada, nem cão nem ogre. A verdade é que os Skinny conseguem sempre um bom equilíbrio entre música funcional e experimental. Um disco que é preciso dar tempo ao tempo para entrar neste emaranhado de sons.

Conclusão: Arte 5 Música 2 - a Arte ganha. O que isso quer dizer ao certo?

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Cardigans II

Mais um regresso da Suécia - eu nem queria ir, juro! - mas teve de ser, enfim... Bom umas rondas pelas discotecas, outra vez pela Repulsive - onde o dono disse-me, Estocolmo é bom para comprar discos mas não para ver concertos... pois, uma cidade de pedantes, sem dúvida!

Mas antes trouxe para a CHILI, a segunda edição de Fucking mess (Lystring; 2009) dos Brainbombs. Trata-se de um LP em vinil desta banda sueca que desde 1985 andam a impestar o mundo do Rock com as suas guitarras abrasivas, ritmos pesados e feedback activo. Podem ser postos em comparações directas com Stooges ou Alice Donut – por várias razões, até pelo uso de metais nas composições - com a vantagem das letras terem títulos porreiros como It’s a fucking mess, Stinking Cocks, Turn to shit,… Percebe-se porque o Mike Diana gosta deles!!!

As compras na Repulsive são sempre boas na segunda mão por duas razões, uma boa variedade de títulos e porque os suecos não tenho aderido ao Euro mantem preços baixos - um euro não são 100 euros mas ninguém repara isso quando paga um café em Portugal! E trago sempre coisas que os metálicos desprezam como CD's de Industrial, desta vez foi Cleanse Fold and Manipulate (Nettwerk; 1987) dos Deuses Skinny Puppy - eu sei que é foleiro escrever Deuses mas estes tipos do Canadá são mesmo bons quer queiram quer não. Pioneiros do Electro-industrial ou do Rock Industrial são uma máquina de dança e de "leftismo" tal é a inesperada informação que injectam em músicas aparetemente óbvias. Ando pouco a pouco a recolher todos os discos desta banda, afinal se alguma vez poder ser mais um velho nostálgico como muita gente anda por aí parada no tempo então é por aqui que serei tal coisa...

Bom, apesar de não haver concertos procurei por um state-of-the-art do Metal, e aconselharam-me Maranatha (Norma Evangelium Diaboli; 2009) dos Funeral Mist - que são suecos - Black Metal blasfemo, claro, rápido, claro, com partes lentas, claro, mas o que é porreiro nas partes lentas é que o vocalista (que desde 2004 também é dos Marduk!) parece que se está a vomitar todo - o que não é mau. 
Há partes calmas que entram em ligeiros psicadelismos mas o "template" em média é Black Metal sem que fiquemos pasmados. Bom para desenjoar...

quarta-feira, 4 de julho de 2007

A sample(r) story

Tenho-me esquecido de fazer resenhas a revistas de música acompanhadas de CD's por motivos pessoais e profissionais - ou porque já colaborei nelas ou porque colaboro actualmente. Por isso invés de criticar as revistas ou até a qualidade geral das colectâneas aproveito apenas para divulgar as bandas que não tem culpa de nada, até porque já se sabe que este tipo de CD tem sempre altos e baixos no seu interior. Ou porque são demasiado especializadas (e pretendem agradar nichos de mercado) ou porque dependem das apostas das editoras que pagam as suas participações.
Da "bíblia dos metálicos", a britânica Terrorizer vêm sempre a colecção "Fear Candy" cujo número 39 apesar do Death brutal dos Aborted e Abscess o que fica na memória são os Unsane que regressaram este ano via Ipecac 4 anos depois do último de originais. Também da mesma editora os Hella destacam-se pela sua epilepsia rítmica mas percebo que seja demasiado Emo para convencer seja quem for.
O Entulho Sonoro 2 mantem a biodiversidade do número anterior divulgando o melhor que cá se faz como os regressados Capitão Fantasma, os divertidos "white-trashers" Clockwork Boys (devia ter feito uma tira do concerto que vi no Natal!!!), os industriais Waste Disposal Machine (a lembrar Ministry - desconfio que não devem ser muito bons se esta comparação apareceu assim tão facilmente) e Kronos (sem dúvida os mais originais neste volume); e do pior do que se faz e aí. E é há muita coisinha má sobretudo na cena Hardcore e Punk, para não falar das ridículos Dr.Salazar e Hyubris - que acreditam em Fadas!!!! Hohohohohohohoho
Da Elegy que já me safou uma vez tem havido CD's de qualidade medíocre (o penúltimo era uma desgraça Dark-francófona), razoáveis e realmente bons, como o número 44 com Depeche Mode, Alien Sex Fiend (outro regresso mucho fixe!), Knut (remisturado por Dälek), My Dying Bride,... acabando com Rock bêbado (?) de Pere Ubu. O mais recente CD é estranhamente (Dark) Pop inexpressivo a não ser as faixas de Dälek e Jesu - projecto de um tipo de Godflesh pegou no que havia da banda e meteu uns psicadelismos My Bloody Valentine por cima, interesante embora alguns álbuns de remisturas Dub dos Godflesh já tinham estas texturas. De resto, até os grandes Skinny Puppy desiludem.
Merda, falta-me escrever sobre a Wired de Dezembro mas já foi há bué e que sa-foda todos aqueles projectos de barulhos estranhos... ok, tem sempre coisas boas para ouvir, pode-se comprar sem medos! No mundo myspace, vale a pena consultar Orgasmo Renal e Catarro - vieram nos amigos do Dark Phalo e MC Satânanás. Portugal 'tá todo fodido!

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Falha de memória



Omala : Relicon (Frequent Frenzy; 1991)

A loucura do presente? O presente da loucura? Vamos até 1994 ou 1995 quando descobri a compilação Art of Life (Fast Forward ; 1993) que para mim será sempre o melhor disco de música experimental - não só porque foi a primeira colectênea de música "fora" que ouvi mas porque os projectos têm realmente interesse. Entre eles encontravam-se os suecos Omala com um tema muito bonito e hipnótico, Helicoid, drone de oito minutos que pensava que era a onda do projecto.
Anos mais tarde, 2013 aliás, a Internet e a discogs.com  oferecem o que quisermos, basta ter alguns euros no paypal para satisfazer as nossas vontades. Lembrei-me dos Omala não sei porquê, e apesar de ter a hipótese de ouvir primeiro este disco antes de o comprar, decidi não o fazer porque sei que tudo o que saco para computador não oiço e/ou vai parar ao lixo mais tarde ou mais cedo.
Omala é uma segunda geração de som Industrial, e por isso é menos martelada pneumática e serrote amplificado e mais electrónico. Este álbum é uma compilação de temas que sairam no seu único disco de originais (?), juntamente com temas de instalações e performances enchendo o CD de informação / tempo, tornando a sua escuta integral tão pesada como tantos outros discos que andam por aí. Os momentos variam em música ambiental Dark e Synth Industrial, e até há situações que lembra os Goblin com as suas bandas sonoras para filmes de terror italianos. Talvez se possa meter os Omala numa intersecção entre Laibach e Skinny Puppy sem qualquer construção de canção. Os drones planantes e suaves à Helicoid é que nem "ouvisto". Nada.
É óbvio que me arrependi de comprar o disco, realmente mais valia ter "checado" antes no youtube ou descarregando o dito cujo invés de gastar dinheiro mas pelo menos sei que o ouvi como deve ser e com interesse, coisa que não posso dizer de tanta outras coisas que tenho descarregado... Estes gestos soam a anacrónico e a rídiculo, afinal como é que alguém em 2013 vai comprar um disco sem o ouvir primeiro na 'net? Mas considerando que o que é rídiculo mesmo é comprar discos a mais de 10 euros e que as melhores coisas da vida são aquelas que são conquistadas com esforço, acho que só assim é que vale a pensa ouvir música nos dias de hoje, não? Senão é fácil demais.
Uma batota positiva?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

P/B



Duas bandas míticas da cena EBM / Industrial. Um disco de merda e outro bom. Os Nitzer Ebb pode ter um dos melhores temas de dança de sempre (Getting Closer, de 1990) mas nem tudo o que fizeram era bom - os Front 242 passavam-lhes à frente - e ainda menos quando é um regresso de envelhecidos. Industrial complex (Major; 2010) é tão óbvio onde querem chegar que nem dá vontade de partir. Pior ainda é o CD extra de remisturas, perfeitamente redundante e anacrónico. A evitar. É terrível quando estas cenas acontecem. Já os Skinny Puppy nunca deixaram isto acontecer, hanDover (Synthetic Symphony / SPV; 2011) obriga a ouvir várias vezes à procura de novas leituras e desnortes sonoros. Sons de máquinas levados à procura de Humanidade e humanos a tentarem ser nano-insectos-robots, em que há lugar para drama teeny-boper, foleirada Dark e dança adulta. É o terceiro álbum quando os membros da banda voltaram a dar as mãos (ó capa tosca! nem parece da banda que é) e nem que passe 40 anos nunca nunca nunca irão desiludir!

quinta-feira, 31 de julho de 2014

CaCHoRRo eSFoMeaDo

Passo a vida a repetir isto porque a malta não aprende: as bandas do Canadá são "erradas"! Parecem que querem soar às dos EUA porque partilham o mesmo continente mas não conseguem. Há sempre algo de errado (ou deveria dizer "europeu"?) que mete-se lá para o meio e muda o som de forma estranha! Pensem nos Malhavoc, Voivoid, Bran Van 3000, Fuck The Facts, D.O.A., Front Line Assembly, NoMeansNo e claro nos divinos Skinny Puppy!

Banda Electro-Industrial criada nos anos 80, interrompeu actividade discográfica entre 1996 e 2004. Há uma contante no trabalho deles e que se topa por exemplo em Mind: The Perpetual Intercourse (Nettwerk; 1986) que é o (ab)uso de sintetizadores que invés de fazerem coisas bonitas e Pop, criam antes ambientes claustrofóbicos, labirínticos, distorcidos e libidinosos. As letras são sobre a grande merda que é a Humanidade, a defesa dos animais e um despertar ecológico - depois de vomitar umas 15 imperiais da noite anterior! O som de tão "errado" que é (numa perspectiva Pop/Rock) faz-nos antes em pensar em contacto sexual com peles humanas e gordura animal. Foram assim durante muito tempo, o que se traduz em muitos discos em que os mais fora do baralho são Last Rights (Nettwerk; 1992), o meu favorito e que já apanhei um fã a dizer que é um disco que não faz sentido (!) e The Process (American; 1996), disco limpo e pronto prá MTV da altura para competir com Ministry ou N.I.N., ou seja, um álbum tão "norte-americano" como o nome da editora. É também neste disco que as desgraças abatem-se na banda - a morte do teclista Dwayne Goettel por tomar cavalo a mais, as pressões da editora, etc... - e "acabam".

A banda volta mais tarde aos discos com este The Greater Wrong of the Right (Synthetic Symphony; 2004) e têm editado regularmente ao longo deste milénio. A dura tarefa nem era sequer trair o passado mas sobretudo ser mais do que uma peça de museu que voltou à vida com mil imitadores nojentos (da cena EBM) à volta. Felizmente os músicos fizeram projectos bem bons ao longo da hibernação do cachorrito - como o magnífico OhGr - e trouxeram as suas influências para a banda.
Daí que este álbum de regresso não é um clone de algo passado mas uma obra contemporânea que mantêm o "erro" a funcionar ao mesmo tempo que pisca o olho para novas linguagens urbanas - não é por acaso que o video do tema Pro-Test são góticos num desafio de Breakdance na "streeta" ou que no disco participe o jovem monstro Otto Von Schirach ou ainda que o "artwork" deste disco seja feito pelo francês Fredox, o artista mais escatológico do colectivo Le Dernier Cri... Os Beats são modernos para uma nova pista de dança que provavelmente terá de procurar novos boémios com coragem para experimentá-la.
Este disco de alguma forma parece aquelas histórias dos cães que se perdem do dono, fazem uma viagem de 100 quilómetros mas acabam por encontrar a casa passado duas semanas e tal. Good dog!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Trash Converters, receptor

Com a desmaterialização da música os preços dos CD's só tem de baixar... E realmente, menos as novidades, os CD's estão a baixar. Resta saber porque ainda se quer comprar CD's nos tempos do saca-saca da 'net. Pelas capas? É melhor regressar ao vinil, como aliás, já está a acontecer... Talvez por isso que indo às lojas Cashland pode-se encontrar coisas muito boas apenas por 2,5€. Claro, que é preciso sujar os dedos e eventualmente contrair uma doença dérmica ou duas. Mas até vale a pena, lembro que em 2004 numa loja (ainda chamada Cash Converters) encontrei coisas porreiras como o louco do Eugene Chadbourne e os Die Warzau (cena da boa velha Wax Trax!). Recentemente tenho passado pela loja na Praça do Chile e tenho sido tentado a levar algumas cenas estranhas de HipHop e Metal. Há para lá CD's de Punk / Hardcore, mas sinceramente não tenho paciência para esse som de fascistas mentais.

Algumas compras, o primeiro álbum dos Zen, uma das melhores bandas portuguesas dos anos 90, bem mereciam um artigo mais extenso mas não tenho tempo para pensar nisso, para a próxima... já agora, trata-se do The Privilege of Making The Wrong Choice (Revolver; 1998)

O álbum homónimo de estreia dos The Psycho Realm (Ruffhouse /Columbia; 1997) em que participa o nasalado B-Real dos Cypress Hill, Hip-Hop retrato melodramático da podridão e da violência urbana de uma megalópole como Los Angeles - ao ponto que um dos irmãos foi atingido por uma bala em 1999, deixando-o paralizado. A samplagem tem uma forte componente hispánica (a colecção de vinis dos pais deverá ter sido pilhada?) e uma atmosfera pesada, urbana e depressiva. Não é mau de todo mas passado um pouco chateia e penso que não será um CD que ficará muito tempo na colecção...

Segue uma compilação Inhale 420: the Stoner Rock Compilation (Spitfire / Eagle Rock; 2000) com 13 bandas como os norte-americanos Crowbar, os argentinos Natas, ... mas apesar das diferentes coordenadas o caminho vai dar ao mesmo: Black Sabbath (heil heil!) e o espírito rock psicadélico dos anos 70. Algumas músicas até soam a Grunge, e na realidade estes géneros tem bastantes pontos e heranças em comum. Destaque para os suecos Terra Firma (mucho mucho sabbathiano!) e norte-americanos (e instrumentais) Mystic Krewe of Clearlite, ligados aos Crowbar, ligeiramante Kyuss e Karma to Burn.

Desta leva, já que sou um sucker for Industrial e afins, tinha de comprar um álbum dos Prong, Rude awakening (Epic / Sony; 1996). Prong é uma banda medíocre que sempre saltou ao sabor do vento da música pesada. Ora foram pelo Hardcore, ora pelo Trash e a meio da carreira foram pelo Metal Industrial na linha de Ministry mas mais virado para o Groove de um Rob Zombie. No fundo é Rock pesadito com balanço de anca. Não é mau de todo mas também não é brilhante. Creio que deverá uns bons tempos lá em casa...

Outro fenómeno porreiro para encontrar bons discos a preços fixes é andar a ver em lojas do interior. A malta do interior que tinha bom gosto, agora deve estar na casa dos 30 com filhos e um écran plasma e já não deve ouvir, resultado devem estar a despachar as loucuras da juventude. Por exemplo, na XM (Coimbra), comprei um álbum dos Pigface, uma super-banda marada que merecia um artigo extenso - e quem sabe farei isso mesmo. Notes of thee under ground (Invisible / Devotion; 1994) é mais um tratado de excentricidade e hetereogeniedade musical sempre à batuta do Martin Aktins, baterista brutal (inconfundível como será Grohl ou Lombardo), programador e produtor. Como é normal, cada música do disco é feita com músicos diferentes, embora haja uns quantos repetentes como o Ogre (Skinny Puppy) e Genesis P-Orrigde, como os gajos dos Red Hot Chili Peppers, Jello Biafra, Shonen Knife, Michael Gira entre outros dos colectivos alternativos dos anos 90. Algumas colaborações desiludem por serem umas participações muito simples como as de Shonen Knife em Fuck it up ou Jello Biafra em Hag-seed (um tema que parece Gorillaz, curiosamente) que quase nem damos por eles. A biodiversidade musical é tanta como o número de faixas: tribal & industrial, experimentações & desconstruções, noise rock & punk tótó, new age para macacos, goth psicadélico, samples irritantes e electrónica lo-fi. «It's garbage, it's garbage» repete um sample durante dois (longos) minutos. Talvez... mas o lixo de uns é o luxo de outros...

terça-feira, 15 de março de 2011

Trust



Uma ida à Carbono para colar um certo belo cartaz fez-me disparar o sentido consumista há muito adormecido. Mas nada de CD's de 10 euros ou vinis de 5eur... nã! Fui ao refugo dos CD's a 2,5 eur que a loja nem se dá ao trabalho de guardar a rodela fora da caixa. E encontrei na secção Metal/Goth umas coisas bizarras que me puxavam prá nostalgia do Rock Industrial dos anos 90. Não resisti em comprar 4 CD's por causa:
a) da editora: Afterburn : WaxTrax! Records '94 and beyond (WaxTrax / TVT; 1994), compilação com os meus queridos KMFDM, e Pig, Die Warzau, Chris Connelly, e mais conhecido ainda Underworld e Richard H. Kirk (Cabaret Voltaire). A WaxTrax! foi uma editora que lançou os mamados do electro-industrial norte-americano (de Chicago) que produziram obras inesquecíveis ou pelo menos os melhores nomes de bandas como Revolting Cocks ou 1000 Homo DJ's. Também levavam para a América licenças de disco do melhor que se produzia na Europa como Laibach ou Front 242. No príncipio dos anos 90, com a explosão da "música alternativa", os artistas começaram a fugir da WaxTrax para irem para editoras "majors" (e no caminho a lixarem-se com isso, como aconteceu com os Melvins ou os Butthole Surfers) deixando as editoras "indies" à rasca, ou seja, sem os artistas que vendiam melhor. A TVT comprou a WaxTrax e passou a meter toda a música electrónica nesta "label", sobretudo licenças da Warp para os EUA. Esta compilação é disso resultado, entre o Electro-Rock-Industrial de marca como os KMFDM (que procurava) saltam os beats limpos e bem-comportados de Mark Franklin, B-12,... Talvez este foi o epitáfio da "label", acertei na mouche!
b) do nome: Vómito Negro seria o suficiente comprar só pelo nome... Vale os 2,5 eur! Mas comprei porque conhecia o nome destes belgas nos meus velhos tempos de Universidade embora não me lembre de alguma vez os ter escutado. Bom... tive de os experimentar tal como se experimentam drogas novas... The New Drug (Antler Subway; 1991) é o quarto álbum desta banda electro-industrial que baseia-se nos Cabaret Voltaire e salta para as linhas posteriores de exploração dos conterrâneos Front 242 ou dos Skinny Puppy. As faixas dividem-se EBM de primórdios e em Dark Ambients. Tem força dramática para não se querer dançar...
c) da capa: ia jurar que à primeira vista que Also sprach Johann Paul II (A.M.D.G.; 1997) de 300.000 V.K., seria uma banda de Power-Metal cristão. Fiquei banzado com esta capa do papa-porco-polaco e a contra-capa com o tipo vestido de armadura!? Como é possível tal obra? Como ficar admirado? Ainda há pouco tempo fizeram um musical dedicado ao Papa morto e eque esteve em exibição em Lisboa porque não um CD de... Techno!? Algures vi uma referência ao NSK e percebi que havia dedo dos Laibach por aqui. Investigações posteriores confirmaram isso, é um projecto paralelo de alguns membros do grupo esloveno que neste segundo disco fazem um Techno Trance tão chato como o Techno Trance geralmente é. No meio é identificável alguns maneirismos militares de Laibach mas basicamente é uma bosta musical total. Dedica-se ao triunfo do Cristianismo, ao Nietzsche, ao Richard Strauss e a Zaratustra mas os sinais "iconoclastas" são dificeis de identificar deixando no fim sem paciência para os decifrar. Certo mesmo é que ei-de oferecer este CD a alguém que curta Deus e isso tudo...
d) da imagem da banda: os Skin Chamber mal sabia que era um projecto paralelo dos Controlled Bleeding, projecto mítico q.b. já editado em Portugal na Fast Forward e nos CDs da colecção Antibothis. Este álbum de estreia - só haveria mais outro álbum - Wound (Roadrunner; 1991) tem umas fotos homoeróticas da banda com os dois tipos em tronco nu ou em couro num ambiente de garagem / fábrica abandonada. Coisa paneleirota mas a indicar o Industrial, tipo Tom of Finland com ferrugem que receava a ser aldrabado pró EBM. Mas não! O som é uma brutalidade Industrial-Metal mais próxima e pesada de Godflesh do que Ministry e tão lenta e "mantrica" como Swans. Apesar destas balizas não é um disco para ser desprezado porque é como se fosse Grindcore em slowmotion!!!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

web .2 tone .3

Não há nome para esta nova música  Clipping  excitante como   #Stealing Orchestra ou   #Dälek  novos territórios  Hip hop serve de base  CLPPNG de 2014 pela   Sub Pop   exemplo   video-clips   #Whitehouse goes MTV  coros infantis  único R'n'B aceitável com alarme do despertador com o único R'n'B aceitável no Universo  berbequim Techno Tarantino    #John Cage shit  Trap mutante  Noise para as massas  how high is your low brow? Razia!  Random Music mas com  atitude   O Cage foi à disco engatar

Culpados disto tudo  se calhar  Death Grips que desde cedo com o seu segundo álbum (ou primeiro oficial?)  The Money Store   (Epic; 2012)   mostraram que seriam sempre  rock híbrido - chama-se a isso de   punk rock  ? o feeling é esse mesmo que já não se possa meter o mofo da bateria + guitarra + baixo + voz   isto é rock ciborgue  electrónica rapada  para mim é impossível dizer o que soa   Eu Juro!  já ouvi este CD   mil vezes   e sempre quando ele acaba   ainda não percebi o que se passou  o que ouvi  o que aconteceu  é como ouvir a primeira vez o Last Rights dos #Skinny Puppy  ou  Beers, Steers and Queers dos #Revolting Cocks   Rembradt Pussyhorse dos #Butthole Surfers  não é todos os dias que isto acontece ...  Punk weight!



PS  O   2 tone   era nome para um   Ska   não racista em que o ponto de honra era ter uma banda que tivesse elementos branquelas e negros  Clipping e Death Grips  sabendo das cores de peles dos seus elementos   (como se na verdade isso importasse para uma coisa - bom, na Amérikkka  importa pelos vistos)  parece isso   um 2 tone para um mundo de Trampa  mergulhado na   deep web

espera

há mais


Apareceu Zeal And Ardor... WTF!?  Imaginem o coninhas do Moby a fazer Black Metal   essa seria a melhor ilustração para este disco Devil is Fine (Reflections; 2016)  música de escravos americanos a cantarem Blues ou Gospel invertido, ou seja, a louvor de Satanás Nosso Senhor invés ao Porco Nazareno   Devil is fine (o primeiro tema) abre-nos o coração, não não são samplers como o triste do Moby a voz é verdadeira  In ashes arrebenta com os primeiros Blasts de Black Metal e ficamos confusos  claro  e mais ficaremos com intermezzos de electrónica  que tanto podem ser Trip Hop ou caixa de música de criança  como gamanço de arabescos à Çuta Kebab & Party   ou What Is A Killer Like You Gonna Do Here? é uma pequena intervenção Tom Waits    Children's summon parece o sonso do  Gonza Sufi mas com Black Metal            sempre isso "mas com Black Metal"   o xoninhas do José Luís Peixoto escreveu há 10 anos um artigo qualquer a dizer que o Black Metal nunca seria popular pela sua violência - já na altura o que ele escrevia era errado porque bastava entrar no metro de Berlim e ter bem presentes outdoors do último disco de #Dimmu Borgir   God good is a dead one entretanto fizeram um segundo disco a explorar a fórmula que não tem piada nenhuma apesar das revistas especializadas virem dizer muito bem, os metaleiros andam atrasados!

vi os Ho99o9 no Milhones 2016 e foi das melhores coisas que vi há             imenso       tempo      ! Era como ver Bad Brains ou Black Flag e nunca o poder ter os visto porque não tinha idade para estar lá em Washington D.C. nos anos 80 nem nunca iria/  irei aos EU da amerdikkka    a sério!       Andei  louco até conseguir um disco deles  há um álbum - United States of Horror (Toys Have Powers; 2017)     fazem Hardcore melhor que a malta do Hardcore            e metalada, isto sim digno de sucessão de Discharge ou Slayer (vai na volta até samplam Slayer) ... mas fazem também dark Trap que a malta curte e tal em 2018 fuck! Tudo convive num disco de 46m que nada enjoa nada
a música pesada voltou a ter um ambiente de perigo depois de vinte anos de repetições ad nauseam



ESTE post ORIGINALMENTE foi escrito por uma máquina-humana-digital em 2018 e entretanto já há passado e futuro para este som indescritível ...

 FUTURO são estes Prison Religion que tocaram no BARreiro e que admito estar velho demais para consegui acompanhar esta fritice!!!! 

E PASSADO, eis os Beatnigs que em 1988 já faziam Hardcore    com    Industrial e algo   Abstracto digno de Death Grips, ora não? Mais politizados na vertente Malcolm X  Foi a Alternative Tentacles a editar o seu único LP. 
 Michael Franti (e Rono Tse) seriam mais tarde os fantásticos Disposable Heroes of Hiphopricy recuperado o excelente Television ...

Há sempre um primeiro gajo a 


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Invisual 40.2 || RÁDIO ZERO

Esta Quarta, às 20h vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, a 40ª e última emissão da "segunda temporada" do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música. Produzido por Marcos Farrajota, este programa terá as habituais pérolas e novidades ligadas à bd e música.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

I wanna vocoder you (you already know)


Factor Activo : em directo do fim do mundo (Loop Recordings; 2004)
Malhavoc : The Release (Epidemic / Metalblade / Devotion; 1992)

O que liga isto tudo? Akon incluido (ver vídeo abaixo). Pouca coisa ou quase nada... Na mesma semana que oiço o Akon - uma experiência inacreditável sobretudo quando não se pode fugir - vieram-me parar às mãos dois CD's que também usam efeitos nas vozes mas com muito menos razões de vergonha que o Akon. Talvez em comum haja este ponto, todos eles são esquecidos da História (pelo menos espero que Akon venha a ser esquecido).
O primeiro caso é dos poucos casos em que o Hip Hop português deveria ter orgulho tal é a qualidade instrumental da banda que usa a Electrónica para fazer Hip Hop quente e texturado, ao contrário da falta de originalidade instrumental portuguesa (excepção para os MatoZoo, Nerve e pouco mais). Vindos da Covilhã é natural que tenham sido injustamente reconhecidos por mais que o Rui Miguel Abreu (editor da extinta Loop e jornalista) deva ter mexido os cordeis da sua influência na imprensa (há boas críticas em jornais e sites ao disco). As letras falam da vida no interior do país, seja lá o que isso quer dizer nos dias de hoje, e ainda tem o cliché "do interior" de um rap em francês (sigam este pensamento: interior -> emigração -> França) mas todo o disco tem "more than meets the eye". Vale a pena investigar mesmo que a banda parece ter desaparecido depois de gravar o primeiro álbum passado 14 anos de existência. Dizia noutro dia ao Dr. Fom Fom que em Portugal não há o famoso "difícil segundo álbum" como nos países civilizados, cá é mesmo o "díficil primeiro álbum" que geralmente gera no final da banda e pouco mais.
Os Malhavoc (que soa muito foneticamente em português: "malha-voc") tal como várias bandas do Canadá (NoMeansNo, Voivod, Skinny Puppy, por exemplo) é estranha, como explicar melhor? Há qualquer coisa nas bandas canadianas que soa sempre a bizarro, ao mesmo tempo que são tão funcionais como o seus vizinhos dos EUA mas sempre com algo de errático no "programa", geralmente orelhuda mas sem ser linear. No caso dos Malhavoc sendo seminal no Metal Industrial, ao lado dos Ministry e Godflesh, mistura guitarras Trash/ Death com ritmos electrónicos e Hip Hop com vocalizações distorcidas e samples de mass-media, talvez nada de novo e nada que valha mistificar numa resenha crítica. Pode ser algo pessoal (não necessáriamente nostálgico) ou pelo facto desta versão em CD incluir dois álbuns da banda The Release e Punishments em que há temas que se repetem com misturas que confundem a memória. De resto, o projecto acabou por ir perdendo membros e presença dos meados aos finais dos anos 90, investindo cada vez mais em Electrónica. No myspace - gerido pelo fundador e vocalista da banda, James Cavalluzzo (cavalo luso?) - dá para ouvir uma excelente versão de Human Fly (dos Cramps).
Boa sorte para quem for ver isto:


sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Vanguarda onde andas?


Ninguém sabe responder à pergunta mas os Metaleiros sabem! (Não, não sabem!) O que interessa aqui é saber em 2017 se há alguma revista de Metal que não seja uma granda seca. Eis que apareceu pelos press-centers do país a revista inglesa Heavy Music Artwork dedicada à Arte (visual) no mundo do Rock Pesado. Por acaso, em contraponto, até é levezinha nos textos e tem muita imagem para adorar. A vantagem é que selecciona só os monstros relevantes (Skinny Puppy? Sim senhor!!!) e não temos de ler mil e um resenhas e entrevistas de merda como nas outras revistas do género (Metal). As entrevistas aos ilustradores / artistas na realidade são tão más como as entrevistas sempre iguais dos músicos a bandas (nesta e noutras publicações), também eles se repetem em lenga-lengas em versão artista, tipo "as bandas muitas vezes não tem um conceito para a capa, eu discuto com eles, leio as letras, bla bla bla..." Mas, pá! Curti a revista!
Já agora, considerando a falta de cultura visual e bom gosto (uma coisa implica a outra) da cena portuguesa aconselho as bandas a fazerem a assinatura da revista para não massacrarem os artistas quando os abordam para as capas dos seus discos sucedâneos - ou até para os editores fonográficos e editores de revistas piegas. Ah! Sim, o tema do último número era "vanguarda", sem comentários.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Invisual 25.2 || RÁDIO ZERO

Esta Quarta, às 20h vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, a 25ª emissão da "segunda temporada" do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
Produzido por Marcos Farrajota, neste programa ouviremos as habituais pérolas e novidades ligadas à bd e à música. O ciclo de músicas dedicadas ao sub-anormal do Super-Homem desta vez é satisfeito com Superman dos Unwritten Law, tema incluído no álbum Oz Factor (Epic; 1996).
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É repetido no Sábado, às 13h. Playlist: Jono el Grande, sunn 0))), Jazkamer, Iron Monkey, Funeral Mist, Melanie is Demented, Playboys e Skinny Puppy. Podcast aqui depois da emissão.
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imagem: excerto do postal / bd SPX 2008 de Marcos Farrajota

sábado, 13 de março de 2010

CD... GO!

Estive no Porto, passei pela loja CDGo.com, - muito simpática! - e apanhei uma série de CD's em promoção, que aproveitei logo... eis os resultados que foram mais tesão de mijo do que serem mesmo bons - caso contrário porque raios haveriam de estar em promoção!? A (falta de) memória pregou-me uma partida, lembrava-me há 10 anos de ouvir os Raggasonic e achar que era de uma violência Ragga e que justificava o nome. Ouvindo Raggasonic 2 (Source; 1997) não encontrei o "sónico" só o Ragga que não foge ao "normal" do Ragga/ Reggae/ Dancehall mas cantado em francês, claro, não fossem estes tipos uma instituição em França antes de acabarem após este álbum. Continuaram com álbuns a solo e isso tudo. Será que só o primeiro disco é que é "ragga sonic"? Ou será que nos 90's eramos menos rápidos? 

Este Rock the Kasbah : Songs of Freedom from the streets of the East (EMI; 2004) foi uma coincidência cósmica... No fim-de-semana passado esteve em Lisboa um autor de bd / ilustrador Alemão, o ATAK, que me gravou um CD-R com uma série de músicas. Entre os clichés (Joy Division, Gun Club, etc...) havia uma bela versão arabesca de Rock The Casbah dos Clash por um tal de Rachid Taha... O ATAK até me explicou de onde tinha sacado a música mas nem sabia o nome da colectânea nem nada... Uma semana depois apanho o disco! Um disco na essência limpinho, felizmente eclético, "todo o público" e pouco Rock (embora isso não seja importante, é mais por paradoxo ao título da colectânea). Reunindo artistas da Algéria, Iraque, África do Sul, Síria, Malásia, Líbano, Paquistão, Egipto, Irão e Costa do Marfim, quase o que une todos os projectos é o activismo político (mais ou menos directo) dos músicos, a maior parte até perseguidos e expatriados em França e EUA. Os melhores momentos são os "étnico-arabescos" muitas vezes com Electrónica à mistura nas mãos de quem sabe: Transglobal Underground e Fun-Da-Mental, este último curiosamente com os Jesus & Mary Chain à mistura! E mesmo quando o Techno-Allah é do pior como o de Yuri Mrakadi não deixa de ser divertido e festivo. De evitar é o Rock meloso FM dos Blend e Junoon, "kebabes" das bandas manhosas Muse ou Bush. No final do CD, fecha-se com uma versão de Joe Strummer & The Mescaleros de Redemption Song (de Bob Marley) à procura do aval espiritual de Strummer que tinha morrido hà pouco tempo (em 2002). Sendo ele um "Punk do Mundo", sem ele não haveria Mano Negra e muitos outros híbridos transglobais, e mesmo muito do que aqui se apresenta seja "burguesito", restam as estórias que o influenciaram a escrever Rock The Casbah, ou seja, a tentativa dos regimes opressores de proíbirem a miscigenação cultural ou de calar as vozes dissidentes. 

  Por fim, 666 Mix (Stones Throw?; 2006) de PB Wolf é um disco que mistura metalada velha guarda (Black Sabbath, Venom, Led Zeppelin), os Quatro Couveiros do DeathCalipse (Death, Cannibal Corpse, Morbid Angel, Deicide), a velha guarda xunga (Mötley Crüe, Queensryche), os grandes Slayer, Pantera e Sepultura, Electro Industrial (Revolting Cocks, Skinny Puppy, Front 242, Nitzer Ebb, Clock DVA) e ainda The Cure, Ministry, Cabaret Voltaire, Satyricon e os Iron Monkey - caramba, os Iron Monkey, é preciso saber o que se está a fazer! Tudo razões para fazer uma grande misturada - aliás, a edição deste CD é marada porque não tem nome de editora nem "copyrights", será uma mix pirata? - mas algo falha. Não há mistura com sofisticação apenas uma mudança de disco para disco, ou faixa para faixa. Não há scratch que poderia ter piada com esta matéria-prima - só topei no Roots, Bloody Roots dos Sepultura. Nem sei se seria fixe para uma festa de metaleiros... Talvez seja fixe como "Metal 1-0-1", como os temas seguem-se uns aos outros e de forma mais ou menos rápida, é óptimo para explicar a alguém que nunca tenha ouvido Metal e não perceba a diferença entre Morbid Angel ou Deicide, ou que Slayer é assim (mais histriónico) e Sepultura é assado (mais denso)... talvez seja bom para isso! Esperava mais daqui...

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Robocopo III



Por acaso tem havido ultimamente uma revisão da história belga do Pop / Rock e a chegar-se à conclusão que havia muita electrónica por aquele país. Os Front 242 já são velhinhos, começaram em 1981, mas ainda hoje se consegue ouvir a sua discografia sem parecer anacrónica ou desactualizada - aliás, como poderia se no século XXI tudo é "re-actualizado"?

Se nos primeiros registos a banda ainda soa bastante a Kraftwerk mas com um sentimento mais Dark, pouco a pouco, eles próprios irão cunhar o termo "electronic body music" (EBM) para justificar esta música que não pretendia ser um "computer love" dos alemães mas algo mais orgánico, homo-erótico e militar - o que sempre lhe deu para receber extrema direita como público. É curioso que a extrema-direita nunca percebeu o fundo homossexual dos fascistas mas sempre podemos pensar que é a nossa derradeira vingança, quando um neo-nazi é violado pelo seu colega-de-armas, não? Foram-te ao cu porque és ignorante, meu facho de merda!

Claro que a banda queria alertar justamente para o contrário e talvez Front by Front (Red Rhino Europe; 1988) lembra que Hakim Bey afirmou que vivemos "uma cultura do chui" - ler um dos capítulos do livro Zona Autónoma Temporária (Frenesi; 2000). Ou seja, mais que um Big Brother, a cultura da TV e do Cinema adoptou a figura do bófia como a personagem principal, justamente para nos doutrinar. A ideia é que passamos a pensar que os bófias são pessoas como todos nós - alguns bons, outros maus, com problemas e falhas como tu e eu. O que é uma aberração porque estes "seres humanos" optaram por serem cães de guarda do sistema, pessoas com autoridade, poder e com licença para matar. Mas voltando ao disco, temas como Circling Overland ou Headhunter (foi um "hit" na altura) tem essa mesma ressonância de vigilância e perseguição, uma adrenalina de quem detem poder. Ora, esse poder cega-nos e é hiper-energético para a pista de dança, algo robótico mas com uma pulsão humana, como o Robocop. É música para mexer-mos com um robot em pane mas com capacidade para improvisar passos de dança cibernéticos inesperados.

O futuro era pessimista em 1988, mal sabia-se que o Muro de Berlim iria cair no ano seguinte e que o capitalismo iria vencer o código binário que se vivia. No entanto outro código binário iria reger a banda em 1993 quando lançam 06:21:03:11 Up Evil (RRE / PIAS) seguido de outro CD irmão (será antes irmã pela quantidade vozes femininas?) mas que prefiro nem falar de tão diferente que é da carreira dos F242 (realmente, vozes femininas em F242 é estranho). Sobre "Up Evil" falo eu bem até porque foi o disco que me iniciou à banda - soa a paneleiro isto! O inimigo já não são os comunas mas o mundo árabe, patente com os acontecimentos como a primeira guerra do Golfo e os genocídios na ex-Jugoslávia. Não é à toa que a estação de propaganda norte-americana Radio Free Europe / Radio Liberty se tenha virado para os países muçulmanos depois do fim do comunismo. Por isso que o Diabo anda sempre à espreita neste(s) álbum(ns) a começar pelos títulos e capas. Este que vos escrevo é o álbum mais físico da carreira dos F242, ao mesmo tempo que a sua componente dançante tem maneirismos da grande festa Techno. Estamos nos "90s", o Diabo que fez-nos mexer as ancas já se expandiu por todo o espectro musical. '93 é pós-Industrial (o Rock Industrial só espera por Nine Inch Nails para entrar no Top 10) e é pós-Rave, a alma já se vendeu à máquina e a tecnologia inunda o disco com uma quantidade maníaca de sinais electrónicos que fazem mantas de texturas sonoras inacreditáveis. A produção é ruídosa como era muita do género dessa altura - Ministry ou Skinny Puppy, com as suas devidas distâncias. Este disco é um monstro imoral que até o seu tema mais forte chama-se Religion! A banda passado 10 anos deve ter deixado algumas máquinas pesadas e anacrónicas para trás e metido-se em "softwares" novos, não se deixando dormir para uma concorrência lixada da altura como The Orb ou The Prodigy.

Só 10 anos depois de Up Evil é que aparece um novo álbum de originais, Pulse (XII Bis), que mostra que a banda não estava morta, muito antes pelo contrário, estava melhor do que nunca - e passam-se mais 10 anos sem que este disco seja batido. Geralmente queixo-me dos discos que ultrapassem os 60 minutos de música não é o caso deste que começa com uma festa Techno e vai subindo e descendo em ambientes e humores. Os melhores são mesmo os maus-humores, as músicas da depressão cheias de dramatismo de telenovela "teen" - na realidade uma pessoa nunca cresce. Os F242 aproveitam o "state of the art" atingido pela tecnologia e pelos próprios para encher o disco de Glitches e texturas sintéticas fazendo dele um caleidoscópio "emo-digital", obrigatório para quem gosta de electrónica, quer venera ou não antigos heróis e pioneiros. E realmente, a única coisa negativa desta banda a apontar é que deve ter sido a que infelizmente mais influenciou TOCs a fazerem música...

quinta-feira, 27 de abril de 2006

ElectroZone

A música electrónica tem tido os seus altos e baixos como toda a gente sabe. O problema tem sido o anacronismo aborrecido e o mau gosto extremo de alguns projectos.
Vieram-me parar mais uns CD's de EBM - o que um gajo pode dizer mais depois daquele artigo "EBM Zone" no Entulho Informativo #15?

Feindflug com Volk und Armee... (Black Rain; 2005) explora tematicamente a capitulação de Berlim em 1945 dando aquele piscar de olhos à lá nazi tão típica da cena Dark/Industrial. Não passa de uma aberração criativa porque só temos batidas Teknoise sincopadas para a dança com meia dúzia de samples, ou pior, em alguns temas são inseridos (a martelo!) ritmos militares - uma Electro-Marcha? Mein Gott! Safa-se o tema Tauchfahrt, que se "actualiza" no tempo com ritmos Drum'n'Bass. Fazer uma obra militarista com EBM não lembra ao diabo, só mesmo a um Nazi muita-tolo! Se não for Nazi, peço desculpa, é apenas muita-tolo. [2,1; despachá-lo!]

O Bê-Á-Bá da coisa são os Supreme Court com Yell it out (Black Rain; 2005): som "vintage" (o ex-líbris é sempre aquele som de sintetizadores foleiros) que prolonga todos os temas acima dos 4 minutos sem de trazer nada de novo a não ser uma lembrança que isto já devia ter acabado. O que há aqui é só mesmo falta de imaginação sob o ponto de vista externo (usar um subgénero aberrante) e interno (dentro da própria cena conseguir não avançar um milímetro que seja). [2; oferecé-lo!]

Não estou a gozar mas os To Avoid com Voyage into the past (Promo Select / Cop International; 2005) apesar do nome patético, são os mais interessantes deste lote por parecerem os mais Dark de todos - embora, o que este pessoal curte mesmo é a Hello Kittie e outras fofuras cor-de-rosa. As composições são mais complexas, as vozes são distorcidas à Skinny Puppy, as batidas electro-industriais são porreiras, a samplagem é um bocado cliché mas todo este projecto destes alemães é cliché. Ainda assim algo de suportável e de gosto menos duvidoso que os outros. [3,1; trocar um dia destes]

Os chilenos Vigilante com The heroes code (Black Rain; 2005) avariam no Hard (onde cabe um jogo de guitarra metálica e sintetizadores nojentos) que pode fazer lembrar os momentos mais dançantes dos Rammstein se não fosse a voz melosa de "Chuva de Estrelas" que se ouve. Podiam ter ficado pela América já que fazem questão de soarem a gringos. [1,9; colocar o papel no papelão e a rodela no plasticão!]

Fora do EBM, a Bela e o Monstro.

A Bela é o Junkie XL (conhecido pelo Top 1 que conseguiu em 46 países com a remistura do Elvis Presley) tem com Today (Roadrunner / Universal; 2006) o seu mais recente álbum, baseado na ideia que alguém ainda vai querer um sub-produto do que os dinâmicos/potentes Chemical Brothers (são os maiores!) ou do "carismático" (eu não gosto nada dele) Moby. São canções bem feitas de essência Pop-Techno que os New Order já fizeram melhor há mais tempo. [2,5; atirá-lo pró lixo?]

E o Monstro é o álbum homónimo de estreia de shhh... (Thisco / Fonoteca de Lisboa; 2006), à muito esperado dada às impressionantes participações nas várias colectáneas da Thisco, essa grande editora de electrónica alternativa portuguesa, que não vai por modas e facilitismos. Caracterizado pelo Breakbeat negro, silêncios perturbantes, ambientes cinematográficos e até um HipHop teórico, é um dos projectos mais coerentes da Thisco. Merece muita atenção e um [4,2; já faz parte da colecção e em festa rende uma faixa ou outra]!

domingo, 30 de janeiro de 2005

Guantanamo questionnaire : Stealing Orchestra

Entrevista por e-mail para revista Underworld / Entulho Informativo #14 (Jan'05)

Dois álbuns editados, três EP's lançados na net, remisturas para projectos tão diferentes como Holocausto Canibal, Mão Morta, ou Legendary Tiger Man, é assim o historial dos Stealing Orchestra. The incredible Shrinking Band foi, sem dúvida, um dos álbuns nacionais de 2003. Este ano a sua actividade passa pelo EP Bu, o qual inaugura a "netlabel" de nome irónico: You Are Not Stealing Records [entretanto em baixa, desactivado?]. Eis o maestro João Mascarenhas.

Como estão a correr os downloads do "Bu"? Estão a correr muito bem. Temos um novo website [www.stealingorchestra.com] com uma parte de estatística na administração tão porreira que permite ver de que países tivemos visitas. Temos Portugal e Estados Unidos empatados em primeiro e lá no fundo países como Vietnam, Marrocos, Lituania, Bulgária, Nigéria... países que nunca esperei que nos viessem visitar. Mas a verdade é que com a netlabel e os contactos que fizemos lá fora o EP circulou bastante. Ainda por cima o espaço do website foi oferecido por um fã da banda e os mp3 estão num servidor americano que fornece espaço a netlabels, o archive.org. Daí que, mesmo que ande com pouco tempo para a netlabel, as coisas correm bem sem precisar de me mexer muito. O mês passado um amigo disse-me que viu uma revista espanhola em Barcelona que escolhia a You Are Not Stealing Records como a netlabel do mês, o que tendo ainda apenas 2 EP's me deixa espantado.
E tens reacções escritas / por e-mail do pessoal que tem sacado os EP's? Algum tipo da Nigéria já te escreveu? ;) Por e-mail tive reacção de pessoas dos Estados Unidos e França por exemplo. Todos me asseguram que gostaram tanto que mostraram a amigos e que lá na zona onde eles vivem já dava para encher uma casa para um concerto. O que é sempre bom de se ler, no entanto, nem cá em Portugal estamos a dar concertos para já. Mas.. a ver vamos onde isto vai parar. O Fernando está neste momento com os X-Wife nos EUA, daí que só faltava eu e o Gustavo metermo-nos num avião ao lado dum terrorista e irmos para o país das oportunidades.
Já tens ideias para mais EP's para download ou já se prevê um novo álbum? Novo álbum é muito cedo.. a média tem sido 3 anos para fazer um álbum, o que quer dizer que provavelmente só em 2006. Mas até lá vai haver muitos EP's a sair pela netlabel, tanto de Stealing Orchestra como projectos individuais nossos ou com/de amigos. Na netlabel sempre de borla. Só me mete um nojo desgraçado estarmos a oferecer as músicas às pessoas gratuitamente e saber que elas ao passarem em algum lado tipo rádio, TV ou bar... vão pagar a taxa aos ladrões da SPA. É uma nojeira termos instituições que roubam os portugueses e com o apoio do estado. Vê lá tu que até um Cine-clube mesmo que sem fins lucrativos que passe umas musiquinhas no intervalo dos filmes, tem de pagar à SPA. Morte na maior agonia possível, é o que desejo a essa gente.
Percebo... uma das vezes que fiz de DJ foi num bar do interior - já agora, o bar Oráculo em S.Romão / Serra da Estrela - e a preocupação maior do dono era pagar os 8 contos à SPA e não fazer a lista das obras / músicas que passei nessas noites - por acaso até passei umas duas de Stealing. É que se chega lá a inspecção e a licença não estiver paga, eles podem multar e confiscar o material de som. Uma vez que o bar tem uma onda diferente (numa zona como aquelas) já tem os seus n problemas e não quer saber da lista dos temas passados para nada. Mas a verdade é que a SPA não fornece o formulário para executar essa lista, ‘tão-se a cagar, querem é o guito! Desculpem o desabafo! Mas se estás chateado com isso não estás com o facto de poderem sacar gratuitamente a tua música, como "planeias viver da música"? Que é o principal problema destas questões da música gratuita, e também arma de arremesso dos “proibicionistas”... Até agradeço o Desabafo, cada vez vejo mais pessoas enojadas com a SPA. É daquelas coisas que a União Europeia tem de acabar. Têm de acabar estes escândalos como a SPA e o IGAC, que cobra uma percentagem por cada DVD ou VHS vendidos em Portugal. É dos poucos países do mundo a ter isso, se não o único. E o dinheiro é pura e simplesmente para eles. Não tem utilidade para os portugueses, no entanto andam a roubar-nos e tal como a SPA, com o apoio do Estado. Quanto a viver da música, eu não quero ganhar dinheiro com a venda de discos. Eu sempre fiz outras coisas. Não posso nem imaginar viver deste tipo de música num país como Portugal. Mas há outras formas de ganhar dinheiro e a música pode ajudar-me chegar a elas. Como banda, ganha-se mais a tocar ao vivo, e um disco é promoção. De borla ou pago, a banda ganha sempre o mesmo com a venda dum disco - nada. Mas nada foi o que paguei por fazer este EP, daí que enquanto pudermos fazer EP's de borla, em casa ou em estúdios de amigos, eles podem ser de borla na internet.
Isso é Punk! Que eu saiba não tens um passado Punk mas sim Industrial, falo do projecto Hardware que foi o teu começo na música, fala um bocado sobre isso… A banda que me fez começar a fazer música electrónica foi Young Gods quando tinha uns 15 anos. Nessa altura ouvia muitas merdas industriais como Test Dept., SPK, Skinny Puppy, Nitzer Ebb, Front 242, Ministry... e como qualquer puto normal fiz o que aqueles que eu admirava faziam. Mas olha que quanto ao Punk, deixa-me dizer-te que a minha primeira banda era Punk. Qualquer músico dos que faz apenas o que gosta tem de ter começado por uma banda Punk, foda-se! É o mais básico e simples. Mas ao mesmo tempo era fã dos Pogues, daí que pegar no acordeão do meu avô e começar a aprender foi um passo. Hardware apanhou uma fase em que já ouvia também muito Heavy-Metal e as primeiras cenas de Techno. Hardware se te lembras era uma mistura de Metal com Techno, Electrónica com voz Death. Um disparate, mas era o que eu curtia nessa altura... devia ter uns 17 ou 18 anos.
É a tua opinião... eu fui dos poucos que teve acesso aos Hardware e achava fixe. E como foi a transição para os Stealing? E como integras o acordeão nos Stealing - uma banda essencialmente de samples? Depois de Hardware ainda experimentei Jungle que mais tarde se veio a chamar Drum'n'Bass quando se tornou numa moda. Em pouco tempo percebi que a minha cena não é tanto o ritmo mas mais a melodia. Stealing Orchestra apareceu ao samplar uma guitarra acústica de Grant Lee Buffalo e mistura-la com a voz num pitch lento da Dolores Pradera e com uma batida meia Hip-Hop, que deu origem à música “Mujer”, a primeira de Stealing. Senti que tinha descoberto o meu som, a minha identidade musical. O facto da batida ser Hip-Hop nada tem a ver com o que marca a sonoridade da banda. Mas tinha descoberto o conceito ou o molde. Stealing usa realmente muita samplagem para chegar onde quer, mas não deixa de haver muito trabalho de guitarras, bateria e acordeão, dependendo dos temas. Acordeão era o instrumento que eu gostava e sabia tocar e que era perfeito para a sonoridade que queria fazer e mesmo antes de começar a toca-lo por cima de músicas, já o tinha usado samplado (de Astor Piazzolla) nos primeiros temas. Isto antes dos merdosos dos Gotan Project. Sabes, as vezes não é tanto o ter-se sido pioneiro em alguma coisa, o que provavelmente não aconteceu da minha parte, mas é mais gajos como esses Tanga Project fazerem tanto alarido de uma merda de nada que toda a gente os come como grande cena. Depois é só uma questão de tempo até toda a gente dizer "bah. afinal aquilo é xunga". Já me estou a perder, que se fodam os gajos!
“Don’t believe the hype” já diziam os Public Enemy. Realmente existe um público nacional muito otário, que come uma série de merdas pseudo-cosmopolitas. Deve ser por uma questão de complexo de inferioridade que essas pessoas engolem “Gotans” para se mostrarem que também são “cidadão do mundo”. No início até pensei que os Stealing faziam parte dessa onda de Electrónica “clean” e asséptica. Entretanto que a vossa atitude não é a electrónica pela electrónica só porque “gamam” sons mas mais pela amalgama de sons como uns Mr. Bungle, End, Secret Chiefs 3… Mas como estas bandas tem sons mais pesados os críticos acham feio comparem-vos com elas. Queres aproveitar para nos dares referências de arrepiar? Já sei que fizeste uma versão de Marco Paulo, tens singles de Quim Barreiros, vá conta o que mais de tenebroso tens nos teus caixotes e estantes… Se há coisa que Stealing não é uma cena clean e asséptica ou robótica e fria. A amalgama de sons não tem que ser vista peça a peça, ou como uma soma de partes, o que interessa é apenas o resultado, o todo. É como um quadro de uma gaja nua feito com rebuçados, papeis, arames, moedas, etc... isso é a técnica mas o que tu vês é uma gaja nua. A soma de todas as sonoridades que juntamos resulta na nossa própria sonoridade, é apenas essa que nos interessa. Cabe à imprensa descobrir o que ali está, se quiser. Normalmente somos associados a bandas que não gostamos ou nunca ouvimos falar. E realmente das bandas que aí andam das poucas com que temos ligação é mesmo Mr. Bungle, Fantomas, Secret Chiefs 3 e depois coisas como The Lonesome Organist ou A Hawk and a Hacksaw.
Não tenho singles do Quim Barreiros mas tenho uma data deles do Marco Paulo. É uma das colecções parvas que faço, singles xungas com capas ridículas, e o Marco Paulo tem muitas. O disco mais parvo destes de música popular portuguesa é de um gajo que toca acordeão. É um disco musical e “spoken word”. Começa um juiz a contar a história dum gajo que matou a mulher e que com a emoção perdeu a fala, daí que vai usar o acordeão no tribunal para responder às perguntas do juiz. "Qual a sua nacionalidade?" e o gajo toca o hino nacional, e por aí fora com todos os fadinhos e cançonetas cujo titulo vai dizendo o nome, idade, etc… até no fim revelar que lhe tinha posto os palitos.
Enquanto o novo álbum e novos EP’s não saem, o que os Stealing tem remisturado nos últimos tempos? Para já há planos para um projecto do Gustavo (baterista) chamado Sweet Monster em EP. E mais outro EP com as primeiras musicas de Stealing. Mixes fizemos do Legendary Tiger Man e estamos para fazer uma dos Norton. Mais tarde vai haver mais EP's de outros projectos e vamos voltar aos concertos.