Uma coisa não impede uma outra e vamos em frente com um encontro mais complexo e completo.
Os Fanzines poderão ser um artesanato urbano da Era da Informação, publicações amadoras em marginalidade bibliográfica, galerias nómadas e precárias, reacções à tirania da História. Desde os anos 30 que sofrem mutações e provocam dores de cabeças a todos que gostam de gavetas bibliográficas. Nesta exposição, da colecção particular de Marcos Farrajota, são mostradas uma série de publicações independentes deste universo, buscando mostrar a sua riqueza de temas e formatos, tudo graças à sua livre circulação.
Exposição É Só
Vaidade!
Colecção da Fundação Farrajota
Os Fanzines poderão ser um artesanato urbano da Era da
Informação, publicações amadoras em marginalidade bibliográfica, galerias
nómadas e precárias, reacções à tirania da História. Desde os anos 30 que
sofrem mutações e provocam dores de cabeças a todos que gostam de gavetas
bibliográficas. Nesta exposição, da colecção particular de Marcos Farrajota,
são mostradas uma série de publicações independentes deste universo, buscando
mostrar a sua riqueza de temas e formatos, tudo graças à sua livre circulação.
A selecção de títulos foi pensada em grandes temas dos
fanzines espalhados em sete mesas -
música, BD, literatura, cultura, política, arte, culinária – para além
de obras de referência e nove capas de formatos grandes que “rockam” (passe o
anacronismo)!
Fanzines de Música
Um dos grandes
géneros de fanzines, que durantes décadas divulgavam bandas e discos que a
imprensa oficial não queria (e continua a não querer) saber.
- Mouco #1 (1999?; Porto) Edu &
Luís, fanzine de Indie Pop
- Garagem #1 (2000, Guimarães),
Garagem, fanzine acompanhado pelo primeiro disco de drum’n’bass
português
- Headless'zine #2 (Set'95; Pragal),
Gonçalo Prazeres, fanzine de Metal
- Underworld / Entulho Informativo #16
(Jul'05, Lisboa) Joaquim Pedro, importante fanzine no meio português underground, sobretudo
no espectro Metal, Hardcore e Punk. Capa de Fredox (França)
- Ice Cream Star#1 (Dez'94; Lisboa)
Elsa Pires, fanzine de música Indie Pop, ligada à editora Beekeeper
- Anita #2 (Primavera 2014,
Portugal/China?), Joana Matias, perzine e zine de viagem de Joana Matias na China, este número
dedicado à música.
- Neural Therapy #7 (Primavera 1998,
Reguengos de Monsaraz) Jorge Mantas, fanzine de Música Extrema
- Sanabra Enxebre (Dez'09, Porto)
Latrina do Chifrudo, fanzine de Música satânica
- Maximumrocknroll #396 (Mai’16, EUA), fanzine Punk, criado em 1982 e extinto este ano
- Punk Magazine #17 (Mai'79, Nova
Iorque), John Holmstrom, mítico fanzine de Punk, e que vulgarizou o termo nos EUA
Fanzines de Culinária
Vegetariana
Antes da
popularização da Internet, era normal encontrar informação alternativa em
fanzines, como é o caso do vegetarianismo. Comer também é um acto político.
- Grime
+ Nourishment : A Vegan Cookbook (200_, Londres) 56a Infoshop
- Como manter um Panda Gordo (2012,
Porto) Joana Valente / O Panda Gordo
- Lo Pikante Natural (199_?,
Portugal), ?, acompanhado com um panfleto anti-MacDonalds
- Comilona : Vegetais e mais (2003,
Caldas da Rainha), Filipa Pontes
- Guia de Alimentação Vegetariana (Out'97,
Lisboa), Cadernos para a Autosuficiência
Fanzines politizados
Os movimentos
libertários desde sempre usaram a “pequena imprensa” para disseminar pensamento
e crítica política. Nesta selecção há um enfoque nas publicações de BDs politizadas.
- Suburbano : Fanzine Implicativo com a Situação [s.n.] (2001?,
Lisboa), ?, fanzine de recortes de imprensa, saíram dezenas de números
(sem numeração ou data)
- Os Bárbaros #3 (2001?, Coimbra), Hurso
- Plain Rapper Comix #2 (1992?, Inglaterra), Pete Loveday / AK
Press, número dedicado à cultura canábica
- Last Hours #17 (2008, Londres), Indy & Ink
- World
War Illustrated #49 : Now it’s time of Monsters (2018, EUA), AK Press, fundada em 1980 por Peter Kuper e Seth Tobokman
- It’ Ain’t Me Babe (1970, São Francisco), Last Gasp, primeiro livro de BD produzido inteiramente por mulheres,
incluindo as autoras Trina Robbins e Barbara "Willy" Mendes.
- Inguine Mah!gazine #6 (2005, Itália), Coniglio
Publicações de
Referência
Dada a efemeridade e
a falta de oficialidade dos fanzines, começaram a serem editados fanzines dedicados
aos fanzines (directórios ou “metazines”), bem como livros técnicos ou de
História desta cultura.
- Computer Arts Projects #99 (Julho 2007; Inglaterra) Future
Publishing, estranha temática deste número desta revista em que explica
como replicar as estéticas underground através de ferramentas digitais!!
- D.I.Y. : The Rise of
Lo-Fi Culture
(2005; Inglaterra), Amy Spencer / Maron Boyars
- Whatcha mean, what’s a zine? (2006, EUA), Mark Todd &
Esther Pearl Watson / Graphia
- Catálogo Expofanzines 2000/2001 (2001, Galiza), Colectivo
Phanzynex
- Fancatalog (2008, Almada), catálogo da IX Feira Internacional do Fanzine de Almada, um
dos primeiros eventos dedicados ao tema
- Na Silu / By Force :
Submit of cheap laser graphics (2010; França / Sérvia), Turbo Comix
Fanzines e a Literatura
Os fanzines são mais
conhecidos nos meios da música ou BD mas sempre trataram de “mil” assuntos
diferentes. Desde os primeiros de Ficção Científica nos anos 30, passando por
assuntos culturais até aos diários de vários escritores com assuntos tão pessoais
que a designação “fanzine” deixou de fazer sentido (fãs de quê?). Nos países
anglo-saxónicos começou-se a usar a terminologia “zines” ou “perzines”
(personal zines / zines pessoais).
- Divided by Zero (1999; Inglaterra), Noek K. Hannan / Antkh, Fanzine de Ficção Científica
- Mondo Brutto #23 (2001, Madrid), El Viejo de la Montaña &
cia, Revista espanhola dedicada ao lixo cultural
- Zundap #11 [#6] (2002?, Lisboa), José Feitor, Fanzine cultural
- Conto de Natal para Crianças (1972, Lisboa), Mário-Henrique
Leiria / Forja, Edição de autor com fotomontagens
- Escavações Arbitrárias (2012, Cascais), Rafael Dionísio, Zine de poesia (ou plaquete?)
- Murder Can Be Fun #9 (1998, EUA), John Marr / Slave Labour, comic-book baseado no fanzine
- Murder Can Be Fun #20 (2007, EUA), John Marr, Fanzine dedicado a homicídios
- Safety Zone #3 (1996; Cascais),
Afonso Cortez, perzine
- Laca #3 (2003; Porto), A. Afonso, F. Gingão e S. Dias, fanzine cultural, especial tecnologias
Graphzines
Fanzines gráficos são
verdadeiras galerias de arte nómadas, algumas baratas outras com requintes de
luxo com impressão em serigrafia, por exemplo. O movimento mais influente deste
tipo de zines veio de França e os colectivos Bazouka (1972), Elles sont de sortie (1976) ou Le Dernier Cri (1995). Em Portugal
de referir a enorme existência deste tipo de zines nas Caldas da Rainha a
partir dos anos 90 com a abertura da ESAD.
- Nótibó (200_?; Caldas da Rainha),
João Cabaço
- Ex-Man (2001; Porto) Miguel Carneiro
- As aventuras de qualquer coisa
(2018, Lisboa), André Ruivo / Stolen Books
- Mix Tape (2008?, Dinamarca), Allan
Haverholm
- Patau (2012, Coimbra), Manuel
Pereira / Black Blood Press
- El Temerário #8 (2012,
Valencia), Ediciones Valientes
- Hopital Brut #5/6 (2001, Marselha),
Le Dernier Cri
- Revue 1.15 # 24 (2017; França), Loïc
Largier
- Elles sont de sortie #40? (1994,
Espanha), Bruno Richard & Pascal Doury/ 10 000 Humans
Fanzines de
Banda Desenhada
Num meio débil de
edição de BD em Portugal, os fanzines foram uma forma de desenvolver obra com a
vantagem da sua completa liberdade formal e de conteúdos – formatos minis ou
gigantes, numerações negativas, o troco já incluído, nomes jocosos, jogos de
narração, paginação em acordeão, mapas, desdobráveis, enfim, o que for
necessário para não ser… quadrado! Um movimento que
curiosamente aparece antes do 25 de Abril de 1974.
- Herpes Labial (Out’97, Alverca),
Geral & Derradé
- Pintor & Meio #3 (1991?,
Almada?) Rodrigo Miragaia
- Não ‘tavas lá!? Especial Tremor #4 (2017, Chili Com Carne),
Marcos Farrajota, BD reportagem do festival Tremor (nos Açores), um
desdobrável distribuído ao público na última noite do evento.
- Aleph #2 (Mar’74; Lisboa), José
Morais C. de Faria, dos primeiros fanzines portugueses, dedicada ao estudo da
BD, número de cisão maoísta
- G.A.S.P. #1 (1992?, Lisboa), [Diniz
Conefrey], número especial “BD no feminino”
- Besta Quadrada #1 (1993, Lisboa),
João Fonte Santa
- Besta Quadrada #3 (2008, Caldas da
Rainha), André Caetano & Tiago Baptista, zine que se dá conta neste terceiro número que houve
outra “Besta Quadrada” nos anos 90
- Sub #3+5 [8] (Out’99; Lisboa),
Pitchu, capa em alcatifa, mais tarde o seu autor andou a promover a
ideia que o próximo número teria uma capa em pele humana!
- História em que o autor apaga a própria
história (2012, Lisboa), Xavier Almeida
- The Thin Thing (2008?, Noruega), Dongery
- Que Suerte! # Petróleo [9] (2001, Madrid), Olaf Ladousse
- Sing it out (2008, Noruega), Pitchu, Bendik Kristoffer &
Flu / Dongery
- Há Festa na Selva (1994?, Lisboa), João Chambel
- Lisboa #4 (2008?, Noruega), Sindre Goksoyr & Kristoffer /
Dongery, noruegueses obcecados com Lisboa!
- Bio Edificio 421 (2012, Itália), Lök, mistura de tiras de BD com várias narrações possíveis!
- Succedâneo #-29 (Mai’03, Porto), João Bragança, o mais extravagante dos títulos que alguma vez apareceu em
Portugal (1996-2006) usando toda a espécie de materiais para embalar a
publicação, desde carteiras do Pekemon até luvas de jardineiro. Número dedicado
ao trabalho.
- Reencontre Fortuite (1997, França), Carole Toulose &
Sébastien Détreq / Des Gribouillis, duas BDs que se cruzam a meio do fanzine
- Petit Paresseux (Jan’19, Angoulême), Thy-Lane Monnet / Trés
Trés Bien
- ? (201_?,
China), Nhozigna
- Totentanz (2012, França), Marcel Ruijters / Garage L, impresso em serigrafia, paginado em acordeão
- Boswash (2000, EUA), Nick Betozzi / Lux, desdobrável
- Brilliant Inc. (2003, Finlândia), Mikko Väyrynen, desdobrável