one comix collection about the
WINTER (Inverno, in Portuguese) to comemorate 20 years of the zine
Mesinha de Cabeceira created by Pedro Brito and Marcos Farrajota in1992
published by
Chili Com Carne
edited by
Marcos Farrajota
designed by
Joana Pires
covers by
José Feitor e
Pedro Brito
500 copies, 352 A6 b/w pages ALL in ENGLISH
...
Antologia comemorativa dos 20 anos do zine
Mesinha de Cabeceira, criado em 1992 por Pedro Brito e Marcos Farrajota.
Publicado pela
Associação Chili Com Carne
Editado por
Marcos Farrajota
Design por
Joana Pires
capas:
José Feitor e
Pedro Brito
Foram impressos 500 exemplares, são 352 páginas A6 a preto e branco. todas as BDs foram redigidas em inglês.
Com trabalhos de / comix by
João Chambel, Daniel Lopes, Sílvia Rodrigues, Afonso Ferreira, Rafael Gouveia, Sara Gomes & André Coelho, José Smith Vargas, Bruno Borges, João Maio Pinto, Silas , Stevz (Brazil),
Martin López Lam (Peru/ Spain),
Lucas Almeida, Dice Industries (Germany),
Uganda Lebre, Filipe Abranches, Tea Tauriainen (Finland),
João Fazenda and
Zé Burnay.
Apoios / support:
Instituto Português do Desporto e Juventude e
Trienal Desenho 2012
BUY BUY BUY @ chilicomcarne.com/shop
Lançamento na exposição 20 anos do Mesinha de Cabeceira, 25 de Outubro, às 19h, na Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos, Lisboa.
To be released 25th October at the exhibition "20 years of Mesinha de Cabeceira" at Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos, Lisbon.
Antes de apagar a luz...
Não vou dizer que 20 anos passam rápido - embora seja verdade quando se ultrapassa a barreira dos 30 - como também não vou dizer que tudo mudou desde do dia 22 de Outubro de 1992 quando eu e o
Pedro Brito lançamos o número zero do
Mesinha de Cabeceira.
Se nesse ano, o MdC era uma reacção à apatia que a BD sofria na altura, em 2012 os motivos para continuar um título embevecido de "bedroom punk" não são muito diferentes apesar de tudo. Aliás, é curioso que quando houve uma “época alta” para a Nova BD Portuguesa - ou seja, entre 1996 e 2002 aquando da Direcção de João Paulo Cotrim na Bedeteca de Lisboa - foi nessa altura que o MdC teve menor actividade editorial. Quero dizer com isto que vejo o MdC como uma “oposição”, não necessariamente a um sistema ou uma ordem instituída mas contra a modorra e a inércia no mundo da BD portuguesa. Geralmente cada número é feito para dar o exemplo, é portanto um projecto moralista... O que soa muito mal mas parece que faz algum sentido.
Em 1992, eu, o Pedro Brito e alguns amigos precisamos de zines de desenhos xungas com argumentos escatológicos, e porque os zines de BD que existiam não abriam portas a toda uma cultura urbana que estávamos a descobrir (música, poesia, colagem), foi a nossa mini-vingança a todos os coninhas que nos rejeitaram! Em 1995 precisava de deitar a BD autobiografia que passei da dedicar-me, coisa inédita na BD portuguesa. Em 1997 ninguém queria saber do meteórico
Nunsky e fez-se uma edição especial, já ela comemorativa e de passagem para uma produção profissional. Em 2000 não se faziam concursos de BD em que se contemplasse a publicação de monografias dos trabalhos vencedores... Fez-se então! Em 2002 era porque ninguém ligava ao
André Lemos nem à técnica de serigrafia. Também o polémico autor norte-americano
Mike Diana não tinha um livro a solo, mais dois monográficos! Em 2003 só se pagava 10 euros por página em revistas de editoras profissionais, então a pobretanas da Associação Chili Com Carne, até ela, seria capaz de dar esse miserável valor e preparou três números do “laboratório sincopado de texto + imagem”! Em 2006 já não me lembro, foi apenas por luxúria ou porque tinha deixado de haver BD portuguesa... Em 2009 o
João Maio Pinto merecia um livro num formato de meter respeitinho. Em 2010 foi para limpar a minha honra pessoal de muitos trabalhos para projectos falhados que tinham de sair por algum lado! Na coincidência cósmica da coisa tive acesso a uma nova geração de autores brasileiros a merecer embaixada em Portugal. E em 2012?
A primeira razão seria vaidade pura pelos 20 anos de existência que noblesse oblige tem de se comemorar. E chegava-se ao número 23 que sempre foi uma das obsessões do Pedro Brito - e de muita outra boa gente - para que ele voltasse aos comandos do MdC e acabava-se com a coisa, afinal 20 anos é demasiado tempo para um fanzine. Para quem não sabe o Pedro Brito por volta do número 6 abandonou o barco para se voltar para outras actividades profissionais mas nunca deixamos de ser amigos. Este 23 seria uma forma de amizade sacana de lhe passar uma batata quente mas ele conseguiu afastar-se outra vez. Entretanto à perna foi feito compromisso de participar na
Trienal Desenha 2012 que incluía uma exposição retrospectiva no
Museu da Água / Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos entre 25 de Outubro e 16 de Dezembro.
Sendo um número de despedida, o
“Inverno” como tema seria ideal porque representa o "final" (a morte ou um final de um ciclo) e como o número zero do MdC começou com "Outono... regresso às aulas" (que merda de tema juvenil, pá!), a estação do frio traria o sentido para fecharmos esta publicação de vez. Só que entretanto comecei um trabalho de grande envergadura que me exigiu uma publicação regular para conseguir concluí-lo, logo já saiu o número 24 em Julho 2012 sem este 23 ter ainda a sua forma completa - e em breve sairá o 25 e mais alguns números nesse registo.
E como se poderia comemorar? A forma iria ditar o conteúdo porque queria-se um objecto grosso que se pudesse abrir com prazer à mesinha-de-cabeceira a caminho do descanso merecido do final do dia - uma pretensão que explica o seu nome, para quem nunca o adivinhou... Um bloco de papel que tivesse muita BD de preferência com forte narratividade - embora se aceite outras deambulações textuais. Eis uma situação complicada num período (outra vez) negro da BD portuguesa em que os autores (e tudo mais) perderam as evoluções que se registaram no mundo ocidental nos últimos... 20 anos! Falo da ascensão da BD de autor, a abertura das livrarias, galerias e instituições a este médium (na sua vertente literária e artística, não pela mera sociologia da popularidade), a interactividade entre agentes no plano internacional, o uso da autobiografia - e as vertentes paralelas dos diários de viagens, jornalismo, ensaio, crítica e reportagem - para expandir o meio, a imposição comercial do romance gráfico como modelo editorial, etc… Aspectos todos eles de máxima importância e que tenho orgulho - e talvez o único que tenho nestes 20 anos de actividade - ter difundido pelos meios limitados que tive acesso. Aproveito para agradecer à
Associação Chili Com Carne (e à
El Pep) por terem editado alguns dos números do MdC, algumas vezes até com apoios institucionais para ajudar a causa. Já agora, sobre os outros “selos”, a
FC Kómix (doze primeiros números) e a
MMMNNNRRRG (quatro números) não contam para os agradecimentos porque são estruturas por onde me escondo...
Voltando à irritável BD portuguesa, este MdC deveria ser um "tour de force" para mostrá-la energética e com (alguma) saúde, cof cof... e tal como em 1992 conseguisse chegar aos objectivos. Criou-se um tema, um formato e encomendas que foram recebidas com atenção e amor por colaboradores originais da estaca zero (
Pedro Brito, João Fazenda), alguns que participaram anteriormente em números antigos (
João Chambel, Rafael Gouveia, João Maio Pinto, o alemão
Dice Industries, Filipe Abranches, José Smith Vargas, Stevz, José Feitor, Daniel Lopes, Bruno Borges, Silas) e algumas estreias absolutas como
Sílvia Rodrigues, Afonso Ferreira, André Coelho, Sara Gomes, Martin Lam López (Peru/ Espanha),
Lucas Almeida, Uganda Lebre, Tea Tauriainen (Finlândia) e
Zé Burnay. A todos eles agradeço o empenho e (espero eu) gozo que tenham tido para me ajudarem a marcar a data.
Modestamente o vosso criado,
Marcos Farrajota
29/09 Lx
Agradecimentos a Ana Guerreiro / Trienal Desenha 2012, Ana Laborinho / EPAL, Travassos / Trem Azul, André Lemos, Diego Gerlach, Rudolfo e David Campos. Em especial à Joana Pires que acabou de "crashar" no sofá depois de uma derradeira sessão de design deste extenso volume.