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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

supemongas


Otto Von Schirach : Supermeng (Monkeytown; 2012)

O meng surpreendeu todos os ignorantes do Milhões de Festa! Até eu fiquei parvo e fui lá só para o ver! Dancei feito um louco enquanto o público ainda tentava perceber o que estava a acontecer... Meng, o Rei do Breakcore 'tava em Portugal pela primeira vez, mexam-se, caralho! Respeito!
Fui procurar as últimas produções do meng e apanhei o mais recente disco, que infelizmente está muito longe dos tempo em que Otto fazia música vinda directamente da Interzona e que soava literalmente a baleias zombies a peidarem MDMA ou actrizes pôrno em êxtase zoofílico-sifilítico. Eram outros tempos mais metaleiros e menos para agradar gregos e troianos... Ouve-se o Supermeng e claro que é um disco fixe de música electrónica funcional que vai buscar referências musicais ao passado - há músicas aqui que podiam ser dos 2Live Crew ou dos Sigue Sigue Sputnik - e as novas tendências como o Dubstep - mas quem é que não faz Dubstep?
É divertido e funciona bastante bem em palco mas as letras e as ideias tornam-se numa banda sonora para "comics" de sci-fi ou super-heróis. Parece ele mais um "nerd" tipo Rudolfo, quando Otto é que foi a grande influência musical e estética para o Rudolfo. O mundo dá voltas estranhas, se calhar ele nunca mais irá ordenhar "glitches" que faziam as vacas mutantes cheias de febre aftosa esporrassem todas... O Otto envelheceu! Viva o meng!

sábado, 9 de novembro de 2013

Cabeça de Ogre



OhGr : SunnyPsyOp (Spitfire; 2003)
Pailhead : Trait (TVT; 1993)

OhGr é o Ogre dos Skinny Puppy mais um gajo, Walk, que faz as programações. Ando por aí a dizer que não tenho paciência para o Pop e Rock mas sou um mentiroso, quando há coisas como este segundo álbum dos OhGr não resisto a ouvir dias a fio e pavio. Não é todos os discos que puxam desta forma, para o tribalismo electrónico, para o Cartoon com trago de Tim Burton, para uma gaguez do software e de vez enquando um trólóró com vocoder. Se Skinny Puppy sabe a um cadáver a ser arrastado pela lama por mulas mutantes, OhGr é esse cadáver a ser acordado de manhã a mamar bebidas energéticas e palmiers recheados. Talvez por isto tudo que o imaginário da banda passa pela capa realizada por Camille Rosa Garcia... Mas nada é óbvio aqui, este projecto produz faixas que mostram que se pode fazer música imaginativa sem copiar outros ou sem reproduzir os seus próprios chavões ad nauseam como todas as bandas que andam para aí - tirando Die Antwoord e Otto Von Schirach, claro! OhGr devia estar no Top+ (ainda existe essa merda?)
Foi por causa de Soulfly que fui recuperar os Pailhead... Grupo de registos fragmentados e que são todos compilados neste CD porque só fizeram seis músicas ou se preferirem três singles entre 1987 e 1988. Pailhead eram o Ian MacKaye (Minor Threat, Fugazi) com os dois mamados da fase dourada dos Ministry (o Al Jourgensen e Paul Barker) que nos anos 80 e 90 tinham projectos com toda gente alternativa nos EUA - PTP, Lard, Revolting Cocks, 1000 Homo DJ's (melhor nome de sempre!), Acid Horse, Lead Into Gold, etc... Pailhead é mais uma peça do puzzle dessa época magnífica que girava em volta da editora Wax Trax! (de Chicago) e a invenção do Rock Industrial pelos norte-americanos - daí a inclusão deste disco com o de OgHr porque acabam-se por tocar pela história comum de ligações Ministry / Skinny Puppy / Pigface. Este projecto soava mais a Hardcore ou Crossover do que a Electrónica ou Industrial, com um pé nos Killing Joke, onde se topa um baixo potentíssimo (a lembrar Ministry, claro!) e a voz (e letras) de MacKaye, esse ícone do DIY. Grande dúvida como é que o gajo Straight Edge andava com dois gajos agarradíssimos à heroína? Talvez ainda não fossem, Pailhead é anterior ao The Land of Rape and Honey que mostrou ao mundo como se fazia Metal com maquinarias, embora aqui falte o ruído bizarro de fundo que eram a marca dos Ministry. Grande som Rock! Afinal nem tudo é mau vindo de Soulfly!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Invisual 39.2 || RÁDIO ZERO

Esta Quarta, às 20h vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, a 39ª emissão da "segunda temporada" do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música. Produzido por Marcos Farrajota, neste programa dá numa de egocêntrico - que novidade - e só divulga as suas tiras de críticas a discos em BD - In DJ Goldenshower Record Collection.
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É repetido no Sábado, às 13h.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

CaCHoRRo eSFoMeaDo

Passo a vida a repetir isto porque a malta não aprende: as bandas do Canadá são "erradas"! Parecem que querem soar às dos EUA porque partilham o mesmo continente mas não conseguem. Há sempre algo de errado (ou deveria dizer "europeu"?) que mete-se lá para o meio e muda o som de forma estranha! Pensem nos Malhavoc, Voivoid, Bran Van 3000, Fuck The Facts, D.O.A., Front Line Assembly, NoMeansNo e claro nos divinos Skinny Puppy!

Banda Electro-Industrial criada nos anos 80, interrompeu actividade discográfica entre 1996 e 2004. Há uma contante no trabalho deles e que se topa por exemplo em Mind: The Perpetual Intercourse (Nettwerk; 1986) que é o (ab)uso de sintetizadores que invés de fazerem coisas bonitas e Pop, criam antes ambientes claustrofóbicos, labirínticos, distorcidos e libidinosos. As letras são sobre a grande merda que é a Humanidade, a defesa dos animais e um despertar ecológico - depois de vomitar umas 15 imperiais da noite anterior! O som de tão "errado" que é (numa perspectiva Pop/Rock) faz-nos antes em pensar em contacto sexual com peles humanas e gordura animal. Foram assim durante muito tempo, o que se traduz em muitos discos em que os mais fora do baralho são Last Rights (Nettwerk; 1992), o meu favorito e que já apanhei um fã a dizer que é um disco que não faz sentido (!) e The Process (American; 1996), disco limpo e pronto prá MTV da altura para competir com Ministry ou N.I.N., ou seja, um álbum tão "norte-americano" como o nome da editora. É também neste disco que as desgraças abatem-se na banda - a morte do teclista Dwayne Goettel por tomar cavalo a mais, as pressões da editora, etc... - e "acabam".

A banda volta mais tarde aos discos com este The Greater Wrong of the Right (Synthetic Symphony; 2004) e têm editado regularmente ao longo deste milénio. A dura tarefa nem era sequer trair o passado mas sobretudo ser mais do que uma peça de museu que voltou à vida com mil imitadores nojentos (da cena EBM) à volta. Felizmente os músicos fizeram projectos bem bons ao longo da hibernação do cachorrito - como o magnífico OhGr - e trouxeram as suas influências para a banda.
Daí que este álbum de regresso não é um clone de algo passado mas uma obra contemporânea que mantêm o "erro" a funcionar ao mesmo tempo que pisca o olho para novas linguagens urbanas - não é por acaso que o video do tema Pro-Test são góticos num desafio de Breakdance na "streeta" ou que no disco participe o jovem monstro Otto Von Schirach ou ainda que o "artwork" deste disco seja feito pelo francês Fredox, o artista mais escatológico do colectivo Le Dernier Cri... Os Beats são modernos para uma nova pista de dança que provavelmente terá de procurar novos boémios com coragem para experimentá-la.
Este disco de alguma forma parece aquelas histórias dos cães que se perdem do dono, fazem uma viagem de 100 quilómetros mas acabam por encontrar a casa passado duas semanas e tal. Good dog!

domingo, 31 de dezembro de 2006

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Otto Von Schirach "MaxiPad Detention" (Ipecac)
Buraka Som Sistema "From Buraka to the World EP" (Enchufada)
Depth Affect "Archie-Lymb" (Autre Directions in Music)
Ghostigital "In Cod We Trust" (Ipecac)
Hawnay Troof "Dollar and deed" (Southern)

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

CENAS QUE realmente CURTI em 2013



1. Die Antwoord : Ten$ion (Zef / Downtown; 2012)
2. Martín Lòpez Lam : Parte de todo esto (De Ponent)
3. Francisco Sousa Lobo : O Desenhador Defunto (Chili Com Carne) + Toma lá 500 paus e faz uma BD!
4. Simon Reynolds : Retromania : Pop Culture's Addiction to its Own Past (Faber and Faber; 2011)
5. Greil Marcus : Marcas de Baton : uma história secreta do século vinte (Frenesi; 2000)
6. Otto Von Schirach no Milhões de Festa + Supermeng (Monkey Town; 2012)
7. Ghunagangh ao vivo no VI Matanças (Casa Viva, 22 Dez)
8. The Bug singles pela Acid Ragga
9. Berliac : Playground (Ediciones Valientes)
10. Rui Eduardo Paes : "a" maiúsculo com círculo à volta (Chili Com Carne + Thisco)
11. Ursula K. Le Guin : Os Despojados - Uma Utopia Ambígua (Europa-América; 1983)
12. Xavier Löwenthal, Ilan Manouach : Metakatz (5éme Couche)
13. Amanda Baeza : Our Library (Mini Kuš! #13) + Nubles de Talco (Bombas para Desayunar)
14. Ocelot Kid
15. Sektor 304 + Le Syndicat : Geometry Of Chromonium Skin (Rotorelief)
16. Jucifer no Festival Ramboia + за волгой для нас земли нет (Mutants of the Monster)
17. Mikhaïl Bulgákov : Coração de Cão (Estúdios Cor; 198_)
18. Brian Eno

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Invisual 30.2 || RÁDIO ZERO

Esta Quarta, às 20h vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, a 30ª emissão da "segunda temporada" do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.

Produzido por Marcos Farrajota, neste programa ouviremos as habituais pérolas e novidades ligadas à bd e à música.
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É repetido no Sábado, às 13h.
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Playlist: Jack the Rapper, Negativland, Petro Loa, Horrors, Ezofaj, Sad Rockets, Dorothy's Magic Bag, End, Otto Von Schirach, Mr. Bungle e Bizarra Locomotiva.
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Podcast aqui depois da emissão.

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Singela Sabotagem


Faleceu, ou pelo menos foi noticiado no passado dia 15, o "Zé Maria da Sabotage". Os aspas significa isso tudo. Ninguém sabe o seu nome como deve ser, a sua data de nascimento e ao certo as suas actividades, de tão resguardada que era esta pessoa. 

Da minha parte nada poderei dizer mais do que foi escrito na 'net excepto que lhe tenho em dívida uma cultura de música "Rock" quando ele tinha a sua distribuidora de discos Sabotage nos anos zero deste novo milénio. Não fosse ele nunca saberia quem eram os génios como End, sunn0))), Dälek ou Otto Von Schirach ou os géneros musicais como o Dancehall ou o Afrobeat ou editoras como a Anticon e Web of Mimicry.

Melómano e reservado, pouco mais poderei contar porque mais nada saberei, apesar de me encontrar com ele regularmente quando escrevia para a Underworld / Entulho Informativo, entre 2003 e 2006, e ia ao seu escritório-armazém, em Cascais, buscar "promos". O contacto era mínimo e sentia até um desconforto ao início porque vinha de uma revista ligada ao Metal. Aos poucos provei que conseguia escrever sobre os discos sem ter uma censura metaleira (que havia mas sempre consegui mandá-la à merda!) e com entusiasmo - pudera! dado os discões que recebia!

Lembro-me que a dada altura deixei livros da Chili Com Carne e da MMMNNNRRRG com a Sabotage - para eles venderem em feiras de discos? - e que ele e a sua companheira, Ana Paula, gostavam deles. Tanto que passados uns bons anos sem contacto - quer a revista quer a distribuidora desapareceram com o "fim" dos discos - quando decidem abrir uma sala de espetáculos com nome homónimo, contactaram-me para lhes sugerir alguém para fazer um mural no clube. A escolha recaiu sobre o João Maio Pinto, que quase passou a fazer tudo para eles. É irónico que não houvesse espaço visual para mais e sem "censura metaleira" mas a cultura visual portuguesa sempre foi sempre será limitada, pelos vistos...

Sem uma relação pessoal, a notícia da sua morte entristeceu-me e com dúvidas lá escrevi esta elegia. Ela tinha de ser escrita. Não teria a coragem de ser unDJ sem os terrores e os prazeres proporcionados pelos discos do "Zé Maria da Sabotage". Seria injusto não o recordar por mais "apagado" ele fosse. Seria ingrato senão o agradecesse publicamente, mesmo que o tenha agradecido várias vezes em privado pelas pérolas sonoras. 

Obrigado, mais uma vez!


PS - E lembrei-me que foi graças ao Zá Maria que conheci outro cromo, o João Mascarenhas dos Stealing Orchestra, um dos projectos musicais portugueses mais inteligentes, com quem tive a oportunidade de trabalhar com ele na banda sonora do Futuro Primitivo. Memória, onde estás?

quarta-feira, 5 de março de 2014

Remexer no lixo

A Matéria-Prima fechou as portas em Lisboa no final de Janeiro como anunciei aqui. Fui lá comprar em promoções alguns discos, curiosamente todos caiem de uma forma ou de outra na repropriação / remix / re-qualquer-coisa.

Começo por um clássico que nem sabia que existia... Christian Marclay, que pelos vistos bate o John Oswald que era a minha referência para quem rouba e manipula a música de outros, na verdadeira atitude "plunderphonics". Este artista suiço-americano pelos vistos desde os anos 70 que faz destas coisas, trabalha música com o gira-discos como instrumento, em paralelo com a malta do Hip Hop - o que mostra que as ideias podem tanto fluir num tipo com educação universitário como como no "guetho". No caso de Marclay até é um bocado mais radical porque também trabalha os próprios vinis para além do gira-discos. Como se pode saber pelas notas de More Encores (ReR; 1997) na faixa de John Cage, ele chega a pegar em vários discos deste compositor, corta pedaços e colá-os fazendo um novo disco (literalmente). As faixas deste CD (originalmente lançado como um vinil de 10" em 1988) têm os títulos dos músicos que Marclay manipulou mas apesar de tudo não os descontextualiza, por isso John Zorn ou Fred Frith continuam a soar a "aliens" do Free, ou Martin Denny a sonhos exóticos... Talvez o caso mais radical será o de Jimi Hendrix que soa mais a uma fritaria feita em estúdio pelos Butthole Surfers do que Hendrix per se. Fruto de masturbação é Marclay manipular o seu próprio trabalho na última faixa. You know, artists...

V/VM diz-vos alguma coisa? Não!? James Leyland Kirby? Não!? E que tal The Caretaker? Ahhh... pois! Antes da moda dos termos "Hypnagogic Pop" e "Hauntology", especialmente neste último caso em que The Caretaker é o seu expoente máximo, o tipo fez parte da linha da frente da "música indefenivel" que explodiu especialmente após o myspace.com (teoria do Gamão dos Traumático Desmame). Se o Punk aproveitou a fotocopiadora e a k7 para cortar de vez os cordões umbilicais da cultura que tinha de ser feita sob um acordo social qualquer, com a Internet, ou melhor, a web.2 essa atitude popularizou-se ainda mais porque qualquer um pode publicar (no sentido de se expor e não no sentido tradicional de edição física) a merda que quiser. E quando escrevo "merda" não é para armar-me em escritor mal-criado que diz "merda" para dar estilo. Não senhor! É MERDA mesmo! Ao início ainda chamavam a este tipo de música de Noise mas como o Noise ainda assim era uma estrutura intelectual com gente séria (alguns até vinham da Direita) o termo não era suficiente. No máximo apanhou-se a vaga do "Mash Up" para rotular "isto". O pessoal já que fazia o que lhe apetecia, então porque também não se livrar dos espartilhos comuns e criar os seus próprios termos musicais? Talvez foi isso que fez aparecer o "shitcore" (ah pois!) ou "chungwave" (lá pra Braga). Pelo planeta deve haver milhares de pessoas a fazer esta música não muito séria, que usa tudo o que tem há mão, do Techno ao Grind, do Hip Hop à Pop, para gozar e desconstruir o que existe. É que existe muita merda para reciclar por aí - basta olhar para a capa deste disco, It's Fan-Dabi-Dozi! (V/Vm Test‎ ; 2003). A V/Vm (editora) ou o V/Vm (artista) lançou singles, mini-CDs, CDs duplos (como é o caso deste), enfim todos os formatos possíveis, com V/VM ao leme, ou usando mil pseudónimos, ou com artistas na mesma onda. Nesta compilação vale tudo: Noise como é o caso de Cock ESP, o Porno Hop dos Suicidal Rap Orgy, músicas "cartoonescas" do Gorse, Breakcore de Toecutter, versões adulteradas e estupidificadas de Stevie Wonder, Whitney Houston (com a Kevin Blenchdom) ou Bangles - o Eternal Flame com voz Death é o sonho de qualquer gajo que cresceu a ouvir a merda dos 80s. Obrigado Rank Sinatra! Divertido e desafiante, ouve-se como se estivessemos a ouvir rádio, uma rádio cujas ondas passaram pela retrete da Interzona, claro, ou cujo director da estação são os Negativland num dia mau.

Já agora aproveito para relembrar que por cá também tivemos coisas do género como foi a compilação Xupa (Useless Poorductions; 2007), verdadeira marmelada de lixo psicótico. Hum... isto até dá que pensar em duas teorias...

Uma delas tem haver com este senhor: Albert Kuvezin e a sua banda Yat-Kha e o disco Re-Covers (2005). O CD é um disco de versões de temas Pop, passando pelo mais emblemático do que há no Blues, Rock, Hard Rock, Reggae, Electrónica, easy-listening,... Por isso temos Led Zeppelin, Kraftwerk, Hank Williams, Joy Division, Motorhead, Paul Mauriat, Bob Marley, Rolling Stones transformados em folclore transiberiano porque os senhores são de Tuva, em que a técnica gutural de música mongol também se aplica por aqui.
De resto nada de novo no factor exótico. Quarteto de cordas a fazer versões de temas Metal? Já é velho. Easy listening de Grunge? Claro que sim... Êxitos Pop em estilo Bossa Nova? Nem comento. Já para já não falar do grande Richard Cheese ou do Señor Coconut... Se já se tornou prática comum a versão de um estilo musical por outro, ou de um lado do planeta para o outro, só nos resta - e isto é uma das teorias - que um dia esse mundo oculto do Pop anglo-saxónico comece mesmo a fazer "trash" (shitcore?) como o da V/VM. Essa será a grande descoberta nos próximos anos, quando alguém da Somália fizer uma versão toda fodida de um tema popular de lá ou coisa que o valha.

Outro mestre que transforma lixo em luxo é Jason Forrest. Lady Fantasy (Sonig; 2005) é um EP que vale a pena ter em vinil porque tem um tema extra no labo B. Apesar do susto inicial da primeira faixa levarnos para sítios meramente "indie" ao segundo tema arranca o Breakcore / IDM respingador de Disco e o que houver dos anos 70 para samplar, modificar, acrescentar beats Techno e o que for necessário para identificar a música como Jason Forrest.
O lado ou tema B é a confirmação do som Forrest mesmo que a samplagem vá ao Jazz com pinta de careta e o ritmo abrande para um "chill-cool" de bar da moda. No entanto é isso que a samplagem ou a música feita sobre outras musicas têm de vantagem. Melhorar o que foi feito para trás e torná-lo excitante. A caveira cristalizada é justamente a antítese do que Forrest, ou ainda Otto Von Schirach ou End, fazem. É o ataque ao museu que os marialvas dos Futuristas não tiveram coragem de o fazer.

E se o EP de Forrest é acolhido cá em casa com o prazer por ser em vinil, já IIron (Mego; 2011) de CoH tenho as minhas dúvidas. Nada contra a música, muito antes pelo contrário mas porque a música dele confunde-se tanto com os problemas de ouvir vinil (ou seja, o disco estar sujo e riscado) que foi difícil perceber se estava a ouvir bem a obra, para além da seca que é ter de virar o disco para ouvir duas músicas de cada vez - é uma chatice a edição de álbuns em vinil-duplo!
Com tempo e coragem lá fui conseguindo entrar neste universo de Glitch-Metal. CoH é russo e neste disco recupera (recicla? não é este o tema deste "post"?) alguns riffs de Heavy Metal que ele tocou nos anos 80 quando este género de música era proíbido na Rússia - que país merdoso, não acham? A melhor forma de pensar neste disco é pensar como os sunn0))) fariam um disco de música electrónica - a associação até é meio óbvia porque a capa do disco é de autoria de Stephen O'Malley! Uma lógica de música electrónica - quase numa veia de Techno minimal - percorre o disco mas invés de procurar fantasmas nas máquinas ou os seus erros electro-magnéticos e digitais (um cliché da música electrónica nos últimos 20 anos), CoH escolhe como matéria-prima o ruído da gravação e da riffagem metaleira para construir um mundo épico para máquinas gadelhudas. Ainda não percebi se é música para estar no sofá a imaginar decadências ou se é para estar numa pista de dança pós-industrial. Espero que tenha sido considerado um dos discos do ano de 2011!

Peraí, não faltava uma outra ideia ou teoria ou lá o que é? Ah sim, que isto do "shitcore" e do "noise" são estilos realmente estranhos de criticar porque desde logo assumem-se como algo "mau" ou "anti-música", ou que mostra que ou vivemos uma sociedade sem critérios ou que a Anarquia já chegou e não sabemos ainda. É curioso que o Noise tenha sido o género que mais se tem destacado neste novo milénio pós-web.02, ou seja, numa altura que a informação tende para ser horizontal. Sendo díficil criticar Noise e afins, deixa de haver críticos, ou seja menos um intermediário e uma relação de poder. Não sei se isto faz sentido mas tenho de me ir embora agora!