Passados 4 anitos veio o Holland dizer o mesmo mas agora para a França. Fez campanha de que a França deveria deixar essa treta da consolidação orçamental e passar ao crescimento e ao combate ao desemprego e o povo francês acreditou nisso.
Parem com a austeridade. Parem de escavar mais o buraco.
Grita o Sócrates com os olhos esbugalhados.
É muito importante ver o que a "politica de crescimento" causou nestes 2 países por oposição à "politica de austeridade" da sr.a Merkell porque essa conversa de adormecer é o mote para o nosso PS pedir eleições antecipadas. O presente de hoje da França será o nosso futuro com o PS. Só fazendo esta comparação é que poderemos avaliar se o nosso caminho sob batuta do Seguro ou de outro palhaço qualquer (perdoem-me os palhaços) vai mesmo ser de crescimento.
O que estavam a fazer os alemães?
Depois da unificação alemã, o conservador Helmut Kohl tinha gasto de mais (tipo os nossos Santana Lopes + Paulo Portas de 2004) o que tinha desequilibrado as contas públicas e externas e a adaptação da economia tinha feito o desemprego aumentar.
Vinco que o Kohl era conservador para verem que a loucura do Guterres + Sócrates não teve a ver com serem esquerdistas mas apenas que quem está lá, quer gastar para capturar votos.
Quando em 1995 o socialista Gerhard Schröder entrou para chanceler, identificou que havia necessidade de reduzir os custos do trabalho e o peso do Estado. Reconhecido o problema e identificada a solução, no espírito alemão, deu-se inicio ao processo de implementação do tratamento.
Reforço que o Schroder era socialista, como foi o Mário Soares de 1982-4 (na gaveta).
Quando em 2005 a Sr.a Angela Merkel foi eleita chanceler, como era do partido do Kohl, chegou-se a pensar que iria alterar o rumo traçado por Schoder mas não, continuou o seu caminho de consolidação orçamental.
O que resultou do "caminho de austeridade" alemão?
Primeiro, o Schroder perdeu as eleições. Da mesma forma que o Soares perdeu em 1985, que o Cavaco perdeu em 1995, que o Durão teve que dar à sola em 2004.
Segundo, nos primeiros anos, a taxa de desemprego alemã aumentou muito em termos absolutos e relativamente à média da Zona Euro (ver, Fig. 2) e relativamente à Espanha e França (ver, Fig. 3). Em 2005 ultrapassou os 11% da população activa o que, desde o fim da segunda guerra mundial, nunca tinha sido observado.
Também, em termos do PIB, parecia que estava tudo mal para os lados da Alemanha. A França e, principalmente, a Espanha aproveitou a Zona Euro para crescer a uma velocidade muito maior que a Alemanha. O problema é que, chegado 2006, o crescimento destes 2 países latinos mostrou-se ser uma bolha baseada em crédito que rebentou (Ver, Fig. 4).
O que será que a Alemanha fez em oposição à Espanha e França?
Nós, países latinos, estamos na fossa e em total negação.
Em vez de olharmos para a Alemanha como um exemplo a copiar, batalhamos na ideia de que a nossa política foi sempre a mais correcta, que os alemães estiveram sempre errados, e que, em vez de adoptarmos a politica alemã, temos que reforçar as politicas que nos levaram à bancarrota.
Batalhamos que foi a crise internacional, o mau tempo, os mercados, os especuladores, o presidente da republica, o diabo que o carregue.
Mas disso tudo também não foi vitima a Alemanha e demais países do Norte da Europa?
Então porque eles deram a volta por cima e nós estamos cada vez mais enterrados na merda?
Não me canso de dizer que o ajustamento em câmbios fixos passa pelos preços relativos que obriga a mexer nos salários. Entre 2000 e 2008 os custos do trabalho na Espanha aumentaram 35% relativamente aos custos do trabalho da Alemanha. Está a corrigir mas o preço é uma taxa de desemprego próxima dos 30%.. A França está 10% acima da Alemanha e teima em manter-se lá.
É este o nosso futuro sem Passos + Gaspar.
Teimar que a culpa é dos outros, teimar que os que estão bem têm politicas erradas e estão bem porque vivem à nossa custa, pedir solidariedade dos que estão alegadamente mal governados e aguentar com desemprego, estagnação e emigração.
Interessante que o Santana é igual ao Sócrates.
Vir dizer que "se isto fosse em 2004, quando eu era primeiro ministro, era enforcado", é exactamete o discurso do Sócrates: o passado.
Não nos podemos concentrar numa divisão esquerda / direita pois politicos populistas e demagogos existem por toda a parte.
Pedro Cosme Costa Vieira