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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Poderá a energia nuclear resolver algum dos problemas de Portugal?

A PERE é um fardo herdado do guterrismo-socratismo.

Sob o enquadramento da Produção Eléctrica em Regime Especial, principalmente durante os 6 anos do socratismo, foram assinados contratos de longo-prazo que penalizam os consumidores de electricidade em cerca de 1350 milhões de € por ano.
A co-geração calor/electricidade será responsável por um encargo de 350milhões€/ano e a energia eólica por um encargo de 1000milhões€/ano.
Este encargo de 11€/mês por cada português torna as empresas menos competitivas e as famílias mais pobres.

Fig. 1 - Carrega e não bufes.

Os custos das principais tecnologias de produção de electricidade.
A electricidade, em termos económicos,  não é um bem homogéneo.
Sendo que a procura varia ao longo do tempo, existem tecnologias que respondem à variação e outras não. Digamos que umas tecnologias têm uma "entrada na rede" que é totalmente controlável pela vontade humana (o gás natural) e outras não dependem em nada dessa vontade (a eólica).
Esta é uma das principais razões para não se dizer que a tecnologia com custos de produção mais baixos é a melhor.
Fig. 2 - Comparação das diversas tecnologias de produção de electricidade

Os custos da Fig. 2 foram obtidos com os seguintes pressupostos:

Fig. 3 - Cálculo dos custos de produção (exemplo com um taxa de juro real de 5%/ano)

A taxa de juro real é obtida retirando a taxa de inflação da taxa de juro efectiva.

Comparação entre o nuclear e o carvão.
Custo total e taxa de juro.
Para taxas de juro reais menores que 5%/ano, o carvão e o nuclear são as tecnologia que têm menores custos de produção. Quanto mais baixa for a taxa de juro mais vantagem tem o nuclear (por exemplo, nos USA ou na Alemanha o Estado paga taxas reais na ordem do 1%/ano).
No caso de Portugal, com taxa de juro reais muito acima dos 10%, não existe qualquer viabilidade económica para o nuclear.

Custo efectivo e factor de carga.
Como o nuclear tem um custo fixo muito elevado (2/3 do total), o seu custo efectivo aumenta muito se o factor de carga, a procura, diminuir. Então, a potência nuclear instalada só pode responder à procura eléctrica de Vazio descontando em termos probabilisticos a produção hidro e eólica (que têm custos de muito curto prazo quase nulos).
No caso de Portugal, a procura de Vazio é cerca de 4000MW e a mas a produção hidro + eólica, em mais de 25% do tempo, é superior a este valor.
Também por esta razão,  não existe qualquer viabilidade económica para o nuclear em Portugal.

Fig. 3 - Belezura, eu sou o carvão para deitar. Jorge Nuno me mandou para aquecer o quarto seu. Desentope aqui meus bicos do gás.

O que se pode concluir? Vamos rasgar os contratos da PERE.
Portugal não aguenta os encargos da PERE pelo que o caminho apontado será a "renegociação" dos contratos assinados pelo guterrismo-socratismo em nome do Estado Português e procurar novas condições que partilhem as perdas entre os consumidores e os agentes que assinaram esses contratos porque eles já sabiam que eram muito pesados para Portugal.

Fig. 4 - Precisam rasgar contratos? Não se esqueçam do especialista.

E se alguém nos quiser vender um relógio de ouro por 10€?
Claro que é roubado. E a nossa lei diz que "quem recepta coisa roubada, fica sem ela".
Esses contratos são autênticos roubos.
Podemos dizer que são tecnologias que custam muito dinheiro e se que não fossem estas empresas seriam outras. Que criaram muito postos de trabalho, que foi um desafio que o Estado lhes lançou, blá, blá, blá, ...
O do relógio alegou que teve que correr quilómetros para fugir ao antigo dono, que o relogio tinha gravado "para a minha amada lady Betty" e teve que pagar a um relojoeiro para alterar isso, blá, blá, blá, ...

Fig. 5 - Tens que ter paciência pá. Olha o equilíbrio Zen pá ...

Mas é ilegal
Nada é ilegal para o Estado. Altera-se a lei. Altera-se a Constituição. Já não digo que façam como o Chaves: um telefonema para que alterem "voluntariamente" os termos do contrato, senão mete os fulanos na cadeia por Atentado à Segurança do Estado.
Lá terá que ser: chamamos o Vale Tudo.

ALTERNATIVA - UMA CANTADA À ESPANHA
A Espanha produz 7000 MW eléctricos em centrais nucleares que quer fechar.
Tem aumentado muito o uso de carvão para responder ao aumento da procura.
Mas quer reduzir as emissões de CO2 para a atmosfera.
E aumentar a produção de energias renováveis.
Está aqui uma oportunidade de negócio para nós.

Fig. 6 - Só tenho pena que não sejas feia e gorda para veres como eu verdadeiramente te amo. Tira, tira que eu estou prisioneiro da tua inteligência, ah ah ah ah ah .... Rezamos depois ah ah ah ah ah ... Isto é asma.

Vamos convencer os espanhois.
A Espanha, apesar de estar em crise, consegue taxas de juro muito mais favoráveis que Portugal. E as centrais nucleares são produzidas pela Alemanha e França que terão interesse no seu financiamento.
Nestas condições, será possível arranjar financiamento com uma taxa de juro real abaixo dos 5%/ano.
Os espanhois podíam "comprar" (o mais correcto é dizer pagar) a energia da nossa PERE e contabilizá-la como produção deles em "tecnologias limpas".
Nós, como contrapartida, deslocamos as centrais nucleares deles para Portugal.
Neste negócio, não se diz à Espanha que ia pagar as loucuras do nosso PERE mas contabilizamos cada tonelada de CO2 não emitida a 20€/tonelada o que dá 2 c.€/kwh. Para 8000Mw dá os 1350milhões€ por ano que precisamos.

O nuclear terá mais vantagens para Portugal?
Os 8000Mw eléctricos efectivos correspondem a uma potência instalada de 10000Mw que se traduz num investimento de 2 mil milhões€ por ano, durante 20 anos. Desse total, pelo menos metade fica em Portugal.
Cria durante os 20 anos da construção mais de 25000 empregos directos na construção civil.
Cria 10000 empregos bem remunerados durante o funcionamento, 5 mil engenheiros.
Como a Espanha tem um consumo eléctrico de Vazio na ordem do 20000Mw e com tendência crescente, a potência nuclear instalada poderia ser ainda maior, ir até aos 15000Mw para uma produção efectiva de 12000Mw eléctricos.

Terá inconvenientes?
Claro que sim. Senão, os espanhois queiram-nas lá. Eles não são burros de todo.
Tem o perigo de perda radioactiva por acidente como aconteceu em Chernobyl ou Fukushima.
E temos que aceitar que vamos ficar com os resíduos radioactivos para sempre.
Mas Portugal tem baixo risco de terramoto, é um país seguro, estável, com um nível de desenvolvimento tecnológico razoável. Com bons locais para o armazenamento dos resíduos.
Mas se queremos continuar a viver bem, temos que aceitar riscos.

Um acidente pode ser muito grave mas o risco é muito baixo.
O risco de morrermos num acidente de viação é milhões de vezes maior.
O risco de morrermos de cancro da pele por irmos à praia é milhões de vezes maior.
O risco de morrermos engasgados a comer é milhares de vezes maior.

Fig. 7 - Eu quero a mulher radioactiva. Zzzz ...

Onde instalar a coisa?
A localização de uma potência tão elevada tem que ser feita junto ao mar, para ter uma boa Fonte Fria o que diminui o investimento e aumenta o rendimento, e para ter acesso ao transporte pelo marítimo.
Tem que ficar o mais próximo possível de Espanha, ser numa zona de baixo risco sísmico e ficar a mais de 20km  das cidades e infra-estruturas importantes.
Mas também tem que estar próximo de populações que possam fornecer 25000 trabalhadores.
E, ser numa zona economicamente deprimida, com taxas de desemprego elevadas.
Este local existe entre Aveiro e a Figueira da Foz. Vai captar mão de obra de toda a Região Norte.

Fig. 8 - O local óptimo para a central nuclear.

Pedro Cosme Costa Vieira

sábado, 2 de abril de 2011

As energias renováveis são um erro colossal


Nos anos 1930 decidiu-se um plano para a produção energética que incluia três tecnologias: a hidroeléctrica, a térmica a carvão e a térmica a fuelóleo. Com pequenas adaptações, este plano foi implementado antes do fim do seculo XX. Nos últimos 15 anos o Estado implementou a politica megalómana de duplicar a potência de produção com um investimento de 15000 milhões de euros na tecnologia eólica o que não tem qualquer racionalidade económica e que se traduz num buraco financeiro de 1000 milhões de euros por ano.

A procura de energia eléctrica
Apesar de em termos individuais a quantidade procurada de electricidade ser imprevisível, em termos agregados, é variável mas tem um padrão razoavelmente estável. Observa-se uma variação do consumo ao longo do dia, da semana e do ano. A variação mais importante é em termos diários, indo de 3750Mw no período de Super Vazio (de madrugada) até 7500Mw no período de Ponta (entre as 18h30 e as 21h30). Em termos semanais, ao Domingo a quantidade procurada é menor em 1000Mw e, em termos anuais, em Dezembro a quantidade procurada é maior em 750Mw que a procurada em Maio.

 Figura 1 - Padrão de procura de electricidade ao longo do dia



Para responder à procura, existem várias soluções  técnicas para a produção de electricidade que têm diferentes custos e características.
A produção eléctrica
Um produtor eficiente procurará uma mistura de tecnologias de produção que permitam o menor custo de produção. Nos anos 1930 decidiu-se usar três tecnologias: hidroeléctrica, térmica a carvão e térmica a fuelóleo que foi implementada. 
Produção hidroeléctrica
É muito barata, entre 15€/Mwh e 25€/Mwh, mas é um recurso limitado porque depende de haver rios com elevados declives, é variável, imprevisível num horizonte temporal de um mês e não é controlável porque depende da chuva. Em termos económicos, porque são necessário grandes investimentos iniciais e não é controlável, o custo de oportunidade é quase nulo o que torna economicamente obrigatório que toda a energia hidroeléctrica produzida seja injectada na rede eléctrica.
A variabilidade da produção eléctrica resulta das alterações na pluviosidade. Em Portugal o factor de capacidade, FC, dos aproveitamentos hidroeléctricos é, em média, 25% mas varia ao longo do ano atingindo um mínimo em Agosto (na ordem dos 8%, 400MW) e um máximo em Dezembro (até 100%, 4837Mw). Como a electricidade não é armazenável, comparando com a quantidade procurada, há bastantes dias no Inverno em que, entre a 3h e as 7h, há excedente de produção que tem que ser destruída.
Figura 2 - Produção média anual hidroeléctrica (Mw)
Produção termoeléctrica a carvão
Também tem um custo baixo, entre 25€/Mwh e 35€/Mwh, tendo as vantagens de não ser um recurso escasso e de a potência produzida ser controlável. No entanto, uma máquina a carvão tem pouco controle: apenas produz com FC de 0% ou próximo de 100% e demora pelo menos uma semana a ligar. Assim, esta tecnologia não consegue responder às alterações da quantidade procurada ao longo do dia. Ao longo do ano, já é controlável ligando-se ou desligando-se uma das 12 máquinas existentes em Portugal. A potência máxima que pode ser injectada na rede eléctrica portuguesa usando o carvão é de 2486Mw.
Em termos económicos, por ter um baixo custo de produção, assumida a produção hidroeléctrica como um dado, tenta-se maximizar a produção termoeléctrica a carvão. A optimização incorpora a destruição de electricidade durante a noite (que tem um custo de oportunidade quase zero).
Produção termoeléctrica a gás natural e fuelóleo
A produção termoeléctrica a gás natural e fuelóleo é bastante mais cara que as anteriores, na ordem dos 40€/Mwh a 60€/Mwh. A principal vantagem desta tecnologia é a sua controlabilidade no curto prazo: pode-se ligar uma turbina a gás natural em 15 minutos e oscilar quase instantaneamente a sua potência entre 60% e 100%. Em termos económicos, apenas se utiliza quando não for possível cobrir as necessidades com produção hidroeléctrica e termoeléctrica a carvão. O custo de produção está muito dependente da cotação do petróleo. A potência máxima que se pode produzir é de 4941Mw.
A mistura de centrais eléctricas existentes com estas 3 tecnologias foi decidida na década de 1930 e lentamente implementada até ao fim do cavaquismo (1995) com a adaptação do gás natural. Foi desenhada para permitir responder a situações de seca extremas (pois o carvão mais o gás e fuelóleo podem atingir 7400Mw de produção) e construir uma mistura óptima na gestão corrente.
Um produtor eléctrico racional responde à quantidade procurada de electricidade tendo a produção hidroeléctrica como um dado do seu problema de minimização do custo de produção. Assim, planeia a uma semana de distância que máquinas a carvão devem ser ligadas e varia a produção eléctrica de curto prazo com as máquinas a fuelóleo e a gás natural. Apresento uma simulação para um dia de Inverno em que há um pequeno reforço da produção hidroeléctrica e térmica a carvão na hora de pico de consumo:

Figura 3 - Mistura óptima de produção electrica ao longo do dia

Produção eléctrica eólica
É uma tecnologia muito cara, na ordem dos 60€/Mwh a 70€/Mwh. Tal como a produção hidroeléctrica, obriga a grandes investimentos; tem um custo variável de produção baixo, na casa dos 10%; é um recurso limitado porque depende de haver locais com vento; é muito variável e muito imprevisível num horizonte temporal de um dia; a produção é maior no Outono/Inverno e não é controlável. Tem um FC média na ordem dos 20%. Dada a grande potência instalada, 10000Mw, e a variabilidade dos ventos, existem períodos em que a potência injectada na rede eléctrica é praticamente zero e outros em que é superior ao consumo total de pico, 8000Mw. Tem então as desvantagens da produção hidroeléctrica (não controlável e variável) e as desvantagens da produção a gás natural e fuelóleo (muito cara).
Acresce como desvantagem que no período em que há mais vento, o Inverno, também é quando há maior produção hidroeléctrica que já era excedentária em parte desse período. Então, a energia eólica é pouco aproveitável (ver, fig.3). No Verão, quando seria necessária para compensar a menor pluviosidade, também não há vento. Na primavera e Outono, a grande oscilação diária prejudica o uso das máquinas a carvão e obriga a expandir o uso das máquinas a gás que são uma tecnologia cara.
Independentemente de a electricidade produzida ter não uso, o Estado garante um preço próximo dos 75€/Mwh.
Figura 24 - A inutilidade de grande parte da produção electrica de origem eólica

O investimento feito em parques eólicos foi da ordem dos 15 mil milhões de euros que estão garantidos pelo Estado. Assim o Estado Português comprometeu-se a pagar, melhor dizendo, obriga os consumidores de electricidade a pagar, mais de 1300 milhões de euros por ano por uma mercadoria que vale, a preços de mercado, pouco mais que 300 milhões de euros por ano. Assim, a fachada de ir à ONU anunciar que somos dos países do mundo que temos maior produção eólica tem um custo para Portugal de mais de 1000 milhões de euros por ano. Este é mais um buraco financeiro que deveria estar contabilizado na Dívida Pública e que ajuda à descida do rating da república.
Centrais hidroeléctricas reversíveis
A electricidade não se pode armazenar em grande quantidade. Mas é possível, com as centrais hidroeléctricas reversíveis, usar os excessos de produção das máquinas a carvão durante a madrugada, que tem um custo de oportunidade quase nulo, para aumentar a produção durante a hora de ponta. Não é viável a transferência enérgicas a uma distância maior que um dia.
É um recurso muito escasso porque obriga a zonas com muito elevada inclinação e que permitam a construção de barragens com muito volume de água. Como tem um investimento que é o dobro de uma hidroeléctrica normal, o custo de produção ficará entre os 40Mwh e 50Mwh. Além disso, por cada Mwh produzido consome 1,5Mwh.
Esta tecnologia não tem grande interesse para mitigar o problema do excesso de produção eólica do Inverno porque nessa altura do ano já existe uma produção hídrica excedentária. Será mais um elevado encargo para o país que não resolve nada.
Carros eléctricos
Outra forma de tentar resolver o problema da irracionalidade do investimento megalómano em energia eólica é actuar do lado da procura. Assim, o Governo lembrou-se dos carros eléctricos. Mas isso, contrariamente ao anunciado, fica muito caro.
Um litro de gasolina tem 8.1 Mcal. Um automóvel que consome 6l/h, que tem um motor com rendimento de 45% então, terá uma potência útil média de 35cv que são 25Kw. Aparentemente custa 9.60€ porque o preço da gasolina é 1.60€/l. Mas nesse preço o custo é de apenas 0,68€/l a que acresce  0.12€/l da margem de comercialização e 0,90€/l de impostos. Assim, para o país, o custo do carro a gasolina é de 4,1€/h. O resto não é custo mas uma receita do Estado (1350 M€ por ano) e das bombas de gasolina.
O custo de produção da electricidade eólica é 0,070€/kwh a que tem que se acrescentar o custo do transporte da electricidade, 0,05€/kwh, mais as perdas na rede, na bateria e no motor eléctrico que soma pelo menos 30%. Então, o carro eléctrico a circular com a mesma potência custa 4.35€/h. Fica mais caro que o carro a gasolina e ainda temos que somar que um carro eléctrico é bastante mais caro que um carro a gasolina e é mais pesado pelo que gasta mais energia e tem pior performance.
Podem dizer que o custo de oportunidade da electricidade é zero mas então que a disponibilizem já a preço zero para consumo doméstico e industrial.
Produção termoeléctrica nuclear
É muito barata, entre 20€/Mwh e 25€/Mwh, mas, como o investimento é muito grande, a máquina nuclear tem que trabalhar com FC de 100%. Desta forma, o dimensionamento da produção nuclear tem que considerar apenas o consumo de Super Vazio que em Portugal é de 4000Mw. Como existe produção hidroeléctrica que cobre esse período durante 4 meses do ano, a opção nuclear não é viável em Portugal. Se acrescentarmos a variabilidade induzida na rede pela produção eólica, fica totalmente fora de questão.
Se Portugal quiser investir na tecnologia nuclear terá que ser para o mercado espanhol que tem um consumo em Super Vazio de 20000Mwh e pouca produção hídrica.

Meu Deus, como é possível sermos governados por pessoas tão incompetentes?
Nossa Senhora de Fátima, que apareceste para salvar Portugal, como permites que 30% do povo tenha intenção de votar nos incompetentes que nos levaram à bancarrota?

Fig. 5 - I'm the father of the electro-eolical-country, the bancarroted portugalo

Pedro Cosme Costa Vieira

sexta-feira, 18 de março de 2011

O porquê de tanta destruição em Fukushima


Quando travamos um carro a fundo ele não pára imediatamente acontecendo o mesmo com uma central nuclear.  Assim, se falhar a refrigeração, um reactor completamente desligado liquefaz-se ao fim de poucas horas. As centrais nucleares prevêm esta situação pelo que, acontecendo, é grave mas não é o fim do mundo.
A inércia
Todos sabemos que quando travamos um carro a fundo ele não pára imediatamente e que a distância de travagem é crescente com a velocidade a que vamos. À dificuldade em travar chama-se inércia do sistema. Por exemplo, um carro em piso bom e seco, a 100km/h pára em 60m e a 200km/h pára em 240m.
Uma central nuclear é como um carro a 130 000 km/h. Isto porque uma tonelada de combustível nuclear tem o poder energético de 130 000 toneladas de carvão. A densidade energética dentro do reactor nuclear é equivalente a ter 130kg de carvão em cada centímetro cúbico.
Como ao desligar o reactor nuclear não pára instantaneamente, é necessário continuar a arrefecê-lo. Num shutdown normal, a potência do reactor diminui à velocidade relativa de 3.5%/s. Por exemplo, depois de desligar um reactor com potência térmica de 3200MW, ao fim de 1 minuto, a potência reduz-se a 400MW. Em caso de emergência, a potência pode cair até 8%/s. A partir de uma potência de 7%, o decaimento fica mais lento. Por exemplo, ao fim de 15 minutos a potência é de 50MW, de 1 hora, a potência é de 35 MW e ao fim de 24h, a potência reduz-se a 15MW.
Figura 1 - Evolução da potência termica do reactor ao longo do tempo

 Como o volume do reactor é muito reduzido, estes níveis de potência ainda são muito grandes. A dilatação diferencial causada pelo calor que acontece nos diferentes matérias é suficiente para destróir o exterior do edifício da central nuclear. É como se aquecêssemos com um maçarico muito potente um copo de vidro: rachava logo o copo todo.
A altas temperaturas, acontecem ainda reacções quimicas que libertam hidrogénio (oxidação do Zircónio) o que foi o agente causador das explosões visíveis.
Será que nunca ninguém pensou nisto?
É sabido que num reactor nuclear pode acontecer uma falha total na refrigeração e que o reactor  completamente desligado, ao fim de algumas horas sem arrefecimento liquefaz-se, funde completamente.
Primeiro, funde o combustivel mas fica dentro do reactor (que é de aço). Foi o que aconteceu em Three Mile Island.
Segundo, o proprio reactor funde misturando-se com o combustivel e escorrendo para o chão da central como metal fundido.
Terceiro,  o combustivel e o reactor interagem com o betão do edificio e do chão decompondo-o e fundindo-o. O material fundido denomina-se de Corium que é uma espécie de lava.
Então, como estas situações foram estudadas, as centrais nucleares são construídas de forma a poderem resistir a esta possibilidade: o seu chão é ligeiramente enterrado, oval e feito em betão refractário (resistente ao calor) com uma espessura de 2m: é o fosso de segurança. Assim, se a central fundir completamente, fica como um alto-forno em que o material nuclear se mistura com o aço e com o betão.
No caso de o reactor fundir completamente, está previsto que seja coberto com areia refractária (alumina) podendo ser arrefecido com água.

Figura 2 - Solução técnica para uma fusão total do reactor nuclear


Um reactor nuclear fundir é muito grave mas não é o fim do mundo.
Haverá sempre fuga de muito material radioactivo para o exterior que é extremamente grave mas está prevista uma solução técnica que minimiza este problema. Perdem-se os elementos com baixo ponto de ebulição. Destes, o elemento mais grave é o Iodo 131 porque se acumula na tirode. No entanto, é um problema de curto prazo pois a sua actividade diminui rapidamente com o tempo: ao fim de 2 meses já desapareceu 99.5% da quantidade libertada.
A actividade do reactor, do corium, vai diminuindo e ao fim de umas dezenas de anos, todo o material pode ser reciclado e o local completamente descontaminado ou definitivamente sepultado (como virá a acontecer em Chernobyl).
Tenhamos esperança na capacidade e engenho da humanidade para resolver os problemas que vão surgindo associados ao progresso técnico.
E Chernobyl?
A União Soviética era um país relativamente pobre com ânsia de mostrar ao Ocidente progressos tecnologicos. Desta forma, apesar de saberem ser potencialmente mais perigoso, construiram centrais nucleares moderadas a grafite que são a solução mais barata. O perigo advém da grafite poder arder. Por outro lado, quando falhou a refrigeração, o reactor de Chernobyl estava à potência máxima e em Fukushima estava a 1.6% da potência máxima (quando a refrigeração falhou já tinham  decorridos 15 minutos desde o shutdown, fig. 1: ponto X ).
Também importante para a dimensão do acidente de Chernobyl foi o acidente ter sido tratado pelo exército que não tinha treino nem informação sobre como resolver tecnicamente o problema do incêndio da grafite.
Por fim, apesar de o reactor de Chernobyl não ter fundido completamente, as mais de 100 toneladas de grafite que existiam no seu interior incendiaram-se criando fumos radioactivos.
Figura 3 - Reactor de Chernobyl destruido vendo-se que tem fosso de segurança
O acidente de Fukushima é principalmente grave porque acontece num país que segue todas as regras de segurança mas a sua resolução também terá menos impacto negativo que Chernobyl e será útil no melhoramento das condições de seguraça de todas as centrais nucleares.

Pedro Cosme Costa Vieira

quarta-feira, 16 de março de 2011

Progresso tecnológico e a qualidade de vida – Carvão versus Nuclear

A qualidade de vida
Para podermos viver temos que consumir bens e serviços, B&S, que são produzidos com recursos naturais e trabalho. Apesar de haver quem defenda que podemos aumentar a nossa qualidade de vida fazendo meditação transcendental, o mais certo é que tal aumento obrigue a que haja maior disponibilidade de B&S. Como os recursos naturais são limitados e não aumentam ao longo do tempo, parece lógico concluir não ser possível o aumento do nível de vida.
No entanto, quem tem memória sabe que agora vivemos melhor do que viviam os nossos pais porque o trabalho é mais produtivo. Os dados históricos dos últimos 30 anos confirmam esta impressão pois mostram que a produção de cada trabalhador português, a produtividade do trabalho, tem aumentado à média de 1,67%/ano. Mas o crescimento da produtividade não cai do Céu. Comparando, por exemplo, Portugal com o Brasil (de que há o mito de que é uma economia muito dinâmica), vemos que o mais natural é a estagnação:
Produtividade (PIB por trabalhador)

Progresso tecnológico
O crescimento da produtividade acontece por haver progresso tecnológico que se materializa na invenção de modos mais eficientes de produzir os B&S existentes e a criação de novos B&S com maior valor.
Se não houvesse progresso tecnológico ainda hoje viveríamos nas cavernas. Se não tivesse sido o progresso tecnológico dos últimos 30 anos, um trabalhador que ganha actualmente 1000€/mês, veria o seu salário reduzido para 665€/mês. Infelizmente, se o crescimento da produtividade foi induzido pelo endividamento externo, então será isso que vai acontecer.
Mas o progresso tecnológico também tem um lado negativo. É como aqueles medicamentos que fazem bem às dores de cabeça mas também fazem mal ao estômago. Umas pessoas só vêem o mal que o medicamento faz ao estômago enquanto que outras só vêem o bem que faz às dores de cabeça.

A radioactividade, os computadores, a internet, os transgénicos e a clonagem.
No último século houve grandes descobertas. Uma das grandes descobertas foi a radioactividade. Descoberta em 1896 por Becquerel como um fenómeno natural, decorreram apenas 50 anos até à explosão da primeira bomba nuclear e 60 anos até ao aparecimento dos primeiros reactores nucleares para a produção de electricidade.
Não existe qualquer controvérsia no uso da tecnologia nuclear nos tratamentos contra o cancro (a radioterapia) porque não existe alternativa. Foi a criação de um B&S complemente novo.
Já na produção de electricidade, a tecnologia nuclear é uma inovação na forma de produzir um B&S previamente existente, a electricidade, tendo como alternativa a anterior tecnologia: a produção à base de carvão.
Central terrmoeléctrica a carvão tipica

Se uma central nuclear tem um investimento inicial muito elevado (cerca de 5000€ por KW de potência instalada) e custos em combustível e operação muito pequenos, uma central a carvão tem um investimento inicial bastante inferior (cerca de 2000€ por KW de potência instalada) mas um custo em combustível bastante mais elevado. Com ambas as tecnologias, o custo de produção anda próximo dos 0.03€/KWh e, por terem grande inércia, apenas podem fornecer a potência eléctrica de “Vazio”.
Em termos de efeitos colaterais, as centrais nucleares produzem resíduos radioactivos e podem ocorrer acidentes com elevado impacto negativo enquanto as centrais a carvão usam um recurso natural não renovável (o carvão) e emitem CO2 para atmosfera.
Central terrmo-nuclear-eléctrica de Quinshan
Ponderando as vantagens e as desvantagens, actualmente não existe uma resposta clara sobre qual a melhor tecnologia. Um país que não tenha em consideração a emissão de CO2 para a atmosfera e tenha pouco capital deve optar por centrais a carvão enquanto que outro que pretenda reduzir as emissões de CO2 e tenha capital para investir deve optar por centrais nucleares.

No futuro, sendo o Carvão uma tecnologia mais antiga, baseada num recurso não renovável e com elevadas emissões de CO2 para a atmosfera, é provável que a decisão penda para o lado da tecnologia nuclear.

Será o acidente de Fukushima, e a radioactividade no geral, muito perigosos?
Está claro que um nível muito elevado de radiação mata os seres vivos (frita-os como uma mosca no microondas). E em termos celulares, é sabido que destroi o DNA podendo induzir cancro. Mas é controverso o efeito de níveis baixos de radiação (até 1000x a radioactividade natural) numa população: como vamos todos morrer, os estudos têm que comparar a esperança de vida de uma população sujeita a um nível “médio” de radiação com uma população sujeita a um nível “baixo” de radiação. Comparando, por exemplo, a população de Hiroxima com a população de outras cidades japonesas, não se observam diferenças populacionais significativas.
Existem em Portugal zonas na Beira Alta (zonas de falha na região de Nelas e Mangualde) onde foram medidos níveis de radioactividade superiores aos níveis observados nas zonas de exclusão absoluta de Chernobyl, >40 curries/km2. E não parece que haja diferenças significativas na esperança de vida das populações destes concelhos em comparação com a média nacional. Também ninguém se tem preocupado muito em medir as diferenças.
É minha opinião que o medo da radioactividade libertada nos acidentes das centrais nucleares é psicológico e não tem fundamento nos dados.

Pedro Cosme Costa Vieira

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