O céu carregava um fardo imenso de nuvens cinzentas formadas por castelos de algodão arrastados pelo ar revolto.
O vento assobiava num silvo contínuo chamando pelas forças que alimentavam também as marés.
As árvores sacudidas pela ventania, ficavam cada vez mais nuas, descarnadas.
As folhas que antes as enfeitavam, deixavam a descoberto um corpo agora esguio.
A roupagem de outrora, dava agora lugar a camadas sucessivas de chuva que escorria contínua nos esqueletos arbóreos. E elas sempre lá, sempre firmes, sem hostilidades.
Acatam o tempo e os tempos! Lições de vida...
...E as folhas despedem-se num último adeus ao laço que as prendia...
...E rolam pelo chão e voam pelos ares à mercê da vontade do vento. O chão já não é tapete de folhas. Agora é tapete de lama.
...Enquanto na terra tudo se transforma, no oceano tudo se agita, numa espécie de revolta...pelos fios da chuva!
...E o vento vai-se encarregando de trazer nas asas, as nuvens cinzentas, pesadas, que vão de encontro à terra, precipitando-se em pingas cada vez mais grossas, cada vez mais atrevidas, cada vez mais azedas...
...E magoam as poucas flores outonais acostumadas aos beijos mansos do outono leve, calmo...
...E ficam amuadas por tão pouca delicadeza, tombando sobre si mesmas...(continua)
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