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sexta-feira, 1 de julho de 2011

TARDES MANSAS

"Paisagens Naturais" de Helena Chiarello
cacadorinfoto.blogspot.com

Os dias quentes de verão eram o repouso imposto aos corpos exaustos, castigados pelo trabalho árduo
do campo.
A sombra das laranjeiras casava-se com a folhagem oferecida da ramada, donde pendiam agora os cachos negros de verdelho e retinto e que serviam de suporte a ninhos de cerezinas que espreitavam curiosas os estranhos vultos humanos...
...Mas as tardes tinham outro encanto!
O tempo ia correndo preguiçoso entre o rio e um livro à sombra da laranjeira pingando flores intensamente brancas, intensamente perfumadas...
...e deixava  o "amor" adormecido no meio  do romance e fazia-me ao rio com um pequeno e rudimentar apetrecho de pesca...
Tardes de pura quietude!
 Deixava-me absorver pela  mansidão das águas e dos pequenos peixes em recreio, que brincavam com as libelinhas que sobrevoavam a capa das águas  que também  dormiam e onde eu me espelhava juntamente com os choupos  que emolduravam o meu corpo.
Era um cheiro a frescura, a água lavada, misturado com o lodo verde onde serpenteavam enguias e trutas esguias...
...e lançava o meu isco...e sorria...
...Os peixes, numa desconfiança atrevida, apareciam parcimoniosamente picando o anzol, com um "não te quero" ..."mas volto"...
...e davam meia volta como num bailado sem vénias!
... E... nada!
Mas era gostosamente doce e relaxante, sentir o vai-e-vem, o sossego que os barbos e bogas me transmitiam...
...e eu não queria o peixe...eu queria o prazer da tranquilidade das águas sobrevoadas pelas libelinhas , e que se agitavam em tremura, juntamente com o voo rasante das andorinhas...
...E neste relaxamento induzido pelo coaxar das rãs e o borbulhar das águas transparentes nos seixos, onde o céu azul mergulhava, transportava-me para o meu lugar seguro, onde não tinha necessidade
de defesas nem de escudos...
...Era eu própria!
Deixava-me embalar nesta onda de paz...
...olhava o Universo...
...e sentia-me à porta de minha Casa!
Corria uma maré frisante que arrepiou os meus cabelos acordando-me do torpor de pensamentos.
Mergulhei na água cristalina que me acordou...
...as folhas dos choupos dançavam dizendo adeus...
...e enfeitei os meus olhos com espelhos de água e libelinhas num entremeio de renda...
... por onde os raios de sol penetravam...
... bordando este lençol  que cobre ainda o meu berço de menina!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

RASGANDO A TERRA


A terra ainda  não acordou  do seu longo pousio...
O sol aquece-lhe as entranhas preparando-a para mais um êxtase à vida....
...E Junho desperta essa sensação de plenitude, numa comunhão entre o homem e o planeta.
...E o tempo atravessa memórias escondidas neste  iceberg inconsciente onde se fecham imagens sinestésicas do tempo que foi...
Deixo fluir esta sensação estranha e distante onde se cruzam vozes do arado e cor e ritmos e cheiros a erva moída pela máquina artesanal que vai rasgando a terra com a ajuda da força hercúlea e penosa de bestas , numa batalha entre o Homem, as suas sinergias e o solo ...
O chão verde do campo anoiteceu com a terra revolvida, escurecida pelo húmus, agora  preparada como ventre de vida...
...Enquanto o sol vai queimando corpos, a luz penetra a terra , num despertar das sementes adormecidas, para mais uma festa da Natureza...
...E estalam as cores em pétalas de fogo, explodindo  o pólen num abraço sensualmente discreto...
E o tempo flui tão mansamente
Que de repente
Sou outro Junho...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

AGORA, Primavera


É impossível não ficar rendida à Primavera!

Ela é o encontro de todos os perfumes, explosão de cores, sinfonia de piscos e merlos, e a barulhenta bateria dos pardais!

Todos eles disputam o território e a eleita que há-de ser só SUA!Todos queremos TER!

Ontem como hoje, a mesma luta.

Mas hoje já não ouço o cantar da poupa tão feminina, o cuco malandro,e os gaios atrevidos.


Mas sinto o cheiro do meu enorme roseiral de tantas cores, reflectindo a cor do Criador!

E se a vida dorme na cama das recordações, deixem -me embalar e adormecer Agora na magia da Saudade!